Vs. Chespin
Prólogo
A lua cheia brilhava em um lindo tom de amarelo. As folhas que ainda restavam nas árvores estavam agitadas por causa do vento, que soprava muito forte e muito, mas muito frio. A grama estava encharcada de orvalho e pequenos flocos de neve caíam do céu, deixando-a mais úmida ainda. Não era possível ver um movimento lá fora, exceto pelos pokémons com hábitos noturnos, que tinham uma coragem imensa, saindo de suas tocas naquele inverno para caçar. Minha casa estava fazendo barulhos estranhos. Era possível ouvir as telhas se mexendo, como se saltassem do telhado e caíssem no chão, quebrando-se. Minha mãe acendeu o fogo e pôs algumas madeiras, gerando uma onda de calor que se espalhou pela sala. Coloquei minhas luvas e minha touca. Desci de minha cama e fui pra frente da lareira, fazer companhia a ela.
– Ainda está acordado? - Desci o primeiro degrau das escadas e minha mãe já falou comigo, tendo a maior das certezas de que eu estava ali.
– É impossível dormir com esse barulho lá fora!
– Eu sei como é... Eu ficava com medo quando tinha a sua idade! Vem pra cá! Eu estou lendo meu livro!
– De novo?
– Saiba que uma das maiores virtudes deste mundo é ter o conhecimento e nada melhor para se obter conhecimento do que ler um bom livro.
O silêncio tomou conta da sala, que era iluminada somente pelas chamas da lareira, enganando os olhos de qualquer um que tenha pouca visão. O barulho lá fora era tão grande que eu pensava ouvir coisas dentro de casa. Eu era muito novo. Tinha cinco ou seis anos de idade. Não sabia o que estava acontecendo, por isso, abracei em minha mãe e segurei seus braços com toda a minha força. Me senti confiante e subi para meu quarto. Dei boa noite para minha mãe e olhei para frente, entrando em meu pequeno espaço. Pulei em minha cama e me abafei nas cobertas, puxando o edredom gelado mas macio por cima de minha cabeça.
De repente, o barulho lá fora cessa. Por um segundo pude ouvir o batimento de meu próprio coração. Parecia que tudo a minha volta tinha congelado. Logo o silencio foi quebrado por uma batida. Levantei-me com muito medo. Olhei para minha janela e pude identificar que o barulho vinha dali. Abri os vidros e depois a veneziana e pude ver uma pequena forma de vida, completamente abatida, batendo em minha janela, implorando para entrar...
– M-mamãe!
Peguei o pokémon no colo e fechei a janela o mais rápido possível, para não deixar o frio entrar. Desci as escadas correndo e pude ver minha mãe, adormecida na cadeira, com o livro sobre suas pernas...
– Chesp...
Coloquei o pokémon na frente do fogo, e pude finalmente ver sua forma com perfeição. Era um Chespin. Enrolei meu cachecol em torno dele e sua expressão era feliz... Fiquei feliz também... Eu salvei um pokémon.
Chespin estava todo sujo e seu corpo coberto por espinhos. Algumas partes de seu corpo tinham neve e outras estavam notavelmente arranhadas e sangrando, mas o pokémon parecia não estar mais sentindo dor. O sorriso em seu rosto demonstrava exatamente o contrário do que podia se imaginar vendo o estado dele. Deitei-me no chão, ao lado de minha mãe e fiquei a noite toda fazendo carinho na cabeça de Chespin. Lá pelas tantas eu peguei no sono, dormindo ali mesmo, deitado no chão como um bebê Lillipup de estimação.
"Eu te amo, Chespin" – Estas foram as últimas palavras que disse para Chespin.
Acordei no outro dia em meu quarto. Desci correndo as escadas gritando por Chespin, mas nada. Olhei par minha mãe e vi ela fazendo comida. Ela me viu, me abraçou e continuou mexendo a panela...
– Chespin! Chespin? Onde está você?
– Filho... Pare de gritar! O que está acontecendo?
– O Chespin! Onde está ele?
– Que Chespin?
– Um pokémon! Ele estava aqui ontem à noite...
– Filho, eu não vi pokémon nenhum! Por falar nisso, onde está o seu cachecol?
Coloquei a mão no pescoço e senti que meu cachecol não estava ali. Então entendi tudo o que tinha acontecido. Chespin partiu pela noite e levou consigo o cachecol verde que eu coloquei ao redor de seu corpo. Minha mãe então me viu no chão e me levou para a cama. A única coisa que eu não conseguia entender era porque o Chespin partiu. Talvez ele estivesse com fome. Talvez a família dele estivesse o esperando. Talvez aquele não era o lugar ideal para um pokémon selvagem morar... Se eu fosse falar todos os "talvez" eu poderia passar um dia falando sobre as inúmeras possibilidades de Chespin ter me deixado. Mesmo que sua presença tivesse sido tão vaga, por apenas alguns minutos, Chespin conseguiu me tocar. Desde aquele dia eu venho alimentando um sonho que até então parecia impossível, mas agora que tenho 16 anos, sei que estou pronto para iniciar minha jornada! Eu quero ser um Mestre Pokémon!
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