Capítulo 5
VS Kirlia
– Olha, Fennekin! Que lugar lindo!
– Fen, fen! – Fennekin começa a correr pela estrada de chão, indo em direção a um grande celeiro, perto dali.
– Ei, Fennekin! Não haja como um filhote! Volte aqui!
– Calma, Y! O Fennekin só quer se divertir! Deixa ele!
– Da última vez em que fiquei longe do Fennekin, ele desapareceu por horas! Não posso deixar que isso aconteça de novo!
Era verdade. Da última vez, Fennekin fugiu de dois ladrões e foi chamar a polícia, na outra cidade. Ele atravessou uma rota inteira e ainda conseguiu chamar ajuda, mas pelo menos, ele fez a coisa certa...
– Vamos falar com o fazendeiro-chefe! Ele pode nos explicar um pouco mais sobre essas "marcas" na plantação... Dizem que elas começam a aparecer durante a noite, mas não vamos ficar aqui para vivenciar isso!
– "Aliás, você está com medo?"
– Sim, eu estou. E sou homem o suficiente para admitir isso!
– Ai, que machista! Seu bobo!
– Vamos! O Fennekin está na direção correta!
– Ele deve ter sentido o cheiro do inimigo! S-será que são os Elgyem's? Os Beheeyem's?
– Estes pokémons não são tão comuns em Parisia, Y. Talvez tenhamos um inimigo mais conhecido, um oponente que a gente já conheça. Eu duvido que sejam mesmo alienígenas.
– Ei, Fennekin! Espera a gente! Eu não posso correr de salto alto!
– Fen, fen!
– Ei! Crianças? O que estão fazendo em minha propriedade?
– Quem é você?
– Eu sou o fazendeiro-chefe, Edmond. Em que posso ajudá-los? – Edmond era um velho com sotaque caipira. Ele Usava um chapéu de palha, um macacão jeans e botas de couro. Seu cabelo era um loiro invejável e seus olhos eram azuis como o céu.
– Ah, senhor Edmond! Estávamos a sua procura! O senhor poderia nos dizer algo a respeito das marcas que estão aparecendo na plantação? É que eu quero ser um detetive e para eu ficar conhecido, eu preciso resolver muitos casos!
– Lamento, mas eu não posso falar nada! Não é da conta de vocês!
– Eita, ml-educado! – Mesmo sendo uma gracinha, a Y não tinha papas na língua (até hoje). Isso só desagradou mais o caipira,que mandou a gente sumir dali.
– Deem o fora da minha propriedade! O que acontece ou não nessa plantação é assunto meu!
– Mas senhor, só queremos algumas informações!
– Não interessa! A polícia já está resolvendo tudo! Não vou deixar que vândalos entrem em minha fazenda e detonem a minha plantação!
– Mas nós...
– Nada de "mais", senhorita! Eu sei quem vocês são! São daqueles pirralhos skatistas que vieram esses dias aqui e destruíram o meu silo com aqueles pokémons malditos!
– Skatistas?
– É! Aquele bando de "aborrescentes" com cabelo encarnado e jaqueta de couro, cheios de tatuagem e fumando cigarro! – Com certeza não eram o Matthew e o Zack. Eram adolescentes rebeldes e de mal com a vida.
– E por acaso a gente se parece com eles?
– Sim! Principalmente você, o garoto! Agora deem o fora daqui!
– Mas...
– Agora!!
Resolvemos sair dali e voltar mais tarde. Aquele velho era um hipócrita. Ele não podia nos recepcionar daquele jeito, especialmente porque poderíamos resolver o caso das "manchas" na plantação, que já estava aparecendo até na TV. Resolvi ficar treinando com o Mienfoo, o Fennekin e o Froakie a tarde toda em frente a fazenda, próximo à cidade, até que a noite caiu, aproximadamente umas sete horas e meia depois que fomos expulsos daquelas terras. Esperamos muito, muito tempo, mas sabíamos que não podíamos invadir a propriedade do senhor Edmond... Não podíamos invadir se ele ficasse sabendo, mas se ele não ficasse, podíamos fazer uma visitinha e à noite isso seria perfeito...
Assim que a noite caiu, compramos alguns equipamentos em uma loja nos distritos da cidade. Pegamos um kit completo com cordas, lanternas, chapéus de operários, com faróis iluminadores e luvas. Depois disso, eu já não tinha muito dinheiro, mas sabia que conseguiria recuperar tudo em apenas um dia e ainda podia contar com a Y, que ganhou tanto dinheiro com suas roupas que chegou a ficar rica.
Nove horas da noite. Jantamos alguns biscoitos que eu tinha de reserva em minha bolsa, acompanhados com sanduíches ricos em presunto e alface e comemos alguns Petit Gateaus que sobraram como sobremesa. Nove e meia. Adentramos na propriedade do senhor Edmond, escondidos no meio do milho. Era arriscado atravessarmos a estrada de chão, embora soubéssemos que gente da roça dorme cedo.
– X, o que estamos fazendo é certo?
– Não, mas podemos ajudar muitas pessoas resolvendo este caso! Agora deixa de papo furado e vamos!
– Minha pele vai ficar toda irritada com esse trigo... Ainda bem que eu trouxe uma pomada dermatologicamente correta.
– Psiu! Fica quieta! Estou vendo alguns movimentos perto do celeiro. Ah, lá está. É... Uma garotinha? E está se aproximando do silo. O que será que ela quer?
– Vamos lá ver!
Nos arrastamos pelo trigo durante uns cinco minutos até que conseguimos chegar perto da sede da fazenda, onde ficava o silo e também o celeiro, obviamente. Wheat Ville era e é a maior produtora de pão de croissant do mundo. Não podíamos ficar parados e ver a plantação ser arruinada. Tínhamos que fazer algo e a primeira a coisa a se fazer era investigar aquela menina estranha que passou por ali...
– A-alguém aí? – Falei baixinho para que o senhor Edmond não acordasse. Estávamos bem próximos da janela do quarto dele, então sabíamos que ele podia ouvir tudo. Nada nem ninguém me respondeu, maseu podia ouvir um barulho metálico, como latas sendo reviradas por ali. Pude ver uma espécie de porão, com uma portinha de madeira fina, dentro do celeiro, ao lado do silo.
– X...
– Psiu! Não podemos acordar o caipira!
– Mas, X...
– Y, eu já... – De repente eu congelei. Nossos pés estavam cobertos por uma névoa misteriosa. Uma fumaça que brotava no chão e ficava mais intensa e mais alta a cada segundo. Com certeza aquilo era um poltergeist, um fenômeno sobrenatural que a ciência não consegue explicar. Tentei ficar calmo. Se eu ficasse calmo, a Y também não se preocuparia e aí não nos incomodaríamos com a presença do senhor Edmond.
– Mysterieuse! Está ficando tarde então é bem provável que o frio daqui crie esta névoa! Seria uma cerração? Um neblina louca, talvez?
– Acho melhor darmos o fora daqui, X!
– Calma, não precisamos nos preocupar! Vamos seguindo em frente e--
A frase ficou no ar. Pudemos ver chamas azuis sendo lançadas contra a plantação e uma garotinha misteriosa com um vestido branco, flutuando sobre o trigo.
– Isso... Não é um evento alienígena! É um evento sobrenatural! X, vamos sair daqui agora!
– Não! Calma! Tem que ter uma explicação lógica pra tudo isso!
– Vamos, X! Antes que ela nos veja! Vamos! Vamos!
– Calma, Y! Se você quer ir, vai sozinha! Eu não vou sair daqui antes que tudo seja resolvido.
– Ei! O que estão fazendo aqui? Eu já não disse para saírem daqui?
Com certeza essa era a visão do Inferno. Vimos o senhor Edmond com uma regata branca, ceroula e meia, calçando chinelos de borracha. Sem o seu chapéu de palha, dava pra notar que ele estava quase que careca. Só tinha cabelos dos lados da cabeça. E aquele narigão era pior do que o de uma Bruxa. Se eu não tivesse intrigado com aquele estranha menina sobrevoando a plantação e queimando tudo, eu com certeza teria morrido do coração.
– Senhor Edmond! Está vendo aquilo?
– Essa não! Ela voltou! – O senhor Edmond arregalou os olhos e abriu a boca, com uma cara assutada.
– Ela? Q-quem? – Y já estava quase chorando, agarrada no meu braço.
– Kirlia. – Ao pronunciar aquela palavra, tudo pareceu claro para mim. Kirlia é um pokémon humanoide, semelhante à uma menina praticando Ballet.
– Kirlia? Mas então... é um pokémon que está causando tudo isso!
– Sim... Eu... Eu sempre soube que Kirlia morava em minhas terras, desde que eu comprei isto aqui, mas nunca pensei que era ela quem estava destruindo minhas plantação.
– Precisamos descobrir o porque. Ah, e senhor Edmond... Desculpe-nos por entrarmos no seu "pátio"! Agora o senhor sabe que não fomos nós que destruíamos a sua plantação.
– Eu é que tenho que me desculpar! Me desculpem por minha estupidez. Isso não vai se repetir!
– E agora? Como vamos parar a Kirlia? Aquele movimento que ela está usando é o "Will-O-Wisp", certo?
– Eu tenho uma ideia! Embora Kirlia seja um tipo Psíquico, o Will-O-Wisp é tipo fogo. Usa o Froakie para apagar as chamas que ela está produzindo!
– Você tem razão! Vai Froakie!
Assim que Froakie sai da Pokébola, eu posso reparar que não posso reparar ele. A névoa mística que Kirlia havia levantado para encobertar a sua "chacina de trigo" já ultrapassava as minhas pernas,sendo impossível eu enxergar o meu próprio pokémon.
– Froakie! Use o Tackle para correr! Vá para em direção àquelas bolas de fogo e use o Water Gun para apagá-las!
– Froa!
Froakie se foi como um raio, cortando a névoa e penetrando plantação a dentro. Pouco depois ouvimos o barulho de água e pudemos ver as bolhas de fogo se apagando. O meu plano deu certo...
– Kir!
– Lá está a Kirlia!
...
– O-o que está acontecendo com eles?
– Estão se lembrando do passado! Todos os acontecimentos que lhes marcaram estão sendo relembrados! Kirlia está vasculhando a mente deles com uma variação do movimento "Dream Eater"! Temos que parar a Kirlia antes que eles surtem!
– Mas como?
– Você está vendo aquela luz azul ofuscante que sai do corpo da Kirlia? É o espírito dela invadindo o corpo dos dois. Temos que derrotar a própria Kirlia para que o espírito dela se afaste deles e retorne para o seu corpo, mas se atacarmos a luz que representa o espírito dela, os dois podem sentir isso na pele.
– Ou seja... Temos que atacar o corpo da Kirlia pra fazer ela retornar?
– Exatamente!
– Acho que o Fennekin dá um jeito... Vai--
– Não! Eu cuido disto! Vai, Snorlax!
O Senhor Edmond lança a pokébola para o outro lado da janela, acordando um monstro gigante, um urso faminto e sonolento.
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