pokémon xy adventures 2
shining legends
Era mais um dia chato e cansativo, e nós presos dentro da sala de aula. O sol brilhava intensamente através das cortinas e estava um forno. Os alunos estavam todos debruçados por cima de suas carteiras enquanto deveríamos estar fazendo uma triste leitura quanto uma guerra qualquer que aconteceu na região de Kalos há muito tempo atrás, uns 3000 anos, para sermos mais exatos. Eu sinceramente não sei o pra que precisávamos estudar essas guerras e coisas que aconteceram há tanto tempo atrás.
Pra começar, a gente nunca na vida vai usar uma coisa dessas. Imagina só: Você chega ao garoto mais gato da universidade e o que você diz pra ele? Eu sei o que aconteceu na Revolução de Parisia, quer namorar comigo? Pô, isso é uma droga! A gente nunca vai usar isso nas nossas humildes vidinhas insignificantes! Só precisamos pagar as contas e curtir essa porcaria!
Tudo o que eu queria naquele momento era correr logo dali pra poder ir à festa durante a noite. Ficar a manhã toda e mais a tarde é realmente cansativo. Eu só queria curtir, só queria me sentir um pouquinho mais humana e menos flácida ao menos uma vez naquele interminável mês. Mas naquele momento, algo quebrou o entediante silêncio em nossa sala. Alguém batia à porta.
O Professor substituto, Mr. Patrice, dirigiu-se a mim, que me sentava mais próxima a porta devido um infernal espelho de classe.
— Srta. Shauna poderia atender a porta, por favor? — Ele pediu com sua gentileza falsificada.
— Ah, claro! É um prazer. — Além de me fazer ler aquele estúpido polígrafo com palavras difíceis e desatualizadas, eu ainda servia de mordomo. Há. Eu devia ser uma idiota mesmo, mas resolvi atender mesmo assim, que era pra ver se eu livrava, nem que momentaneamente da dita-cuja guerra.
Para minha surpresa, quem estava parado do outro lado da porta era o diretor da escola, Mr. Chevalier. Ele carregava uma criaturinha muito fofinha e peludinha em suas mãos. Era sua Spritzee de estimação, um passarinho com plumas fininhas cor-de-rosa e um tamanho desproporcional entre a cabeça e os membros do corpo.
— Com licença. — Ele falou bem alto para que todos na sala pudessem ouvir. — A turma ao lado já está partindo na excursão! — Ah, é verdade. Eu me esqueci de lhes contar esse pequeno detalhe. Como era fim de trimestre, todas as outras turmas de escola tinham ido fazer um passeio, uma pra cada lugar diferente, mas como a nossa era desunida, não tínhamos conseguido vender rifas o suficiente para pagar um ônibus e irmos para nosso próprio resort particular, o que era uma tristeza, pois todos os professores tinham ido embora com suas turmas exceto por Mr. Patrice, que de um jeito bem entediante, estava com a nossa turma desde a primeira aula da manhã até a última da tarde. — Sobrou um espaço no ônibus, três lugares para a viagem de estudos à Árvore Mãe. Alguém gostaria de se juntar ao grupo?
Não pensei duas vezes. Ergui minha mão, mas parece que ninguém na sala estava interessado. Pelo amor de Deus. Como alguém pode preferir ficar em uma sala naquele mormaço a sair para uma viagem qualquer?
O fato era que a maioria de nós já tinha ido zilhões de vezes ao jardim botânico para exposições de Berries e novas espécies recém-descobertas de Orquídeas com o Diretor Chevalier e todos sabíamos que era um saco. Mas tudo o que eu pensava naquele momento era antes eu ter uma aula de Ecologia ao ar livre sobre uma “árvore-mãe” do que História em uma sala fechada em um dia de se empapar suor.
— Mais alguém? — Perguntou o diretor.
E encorajados pela minha atitude, Tierno e Trevor, meus dois melhores amigos ergueram seus braços. Ninguém mais teve vontade de ir visitar a tal árvore, e continuaram olhando para o enorme polígrafo, fingindo que estavam lendo enquanto trocavam bocejos e olhares de tédio.
Por sorte, tanto eu quanto os garotos tínhamos vendido todas as nossas rifas e entregamos o dinheiro na mão do diretor Chevalier, que nos deu um prazo de meia hora para nos arrumarmos e partirmos em direção a tal excursão de fim de trimestre.
— Posso pegá-los emprestados, professor? — Perguntou o Diretor, por fim se lembrando de que estávamos bem no meio de uma aula.
— Ah, claro. Eles merecem. — O Professor riu com uma cara de sono. Coitado. Nem ele aguentava essa de ficar o dia inteiro com uma turma só.
— Bom, o tempo está passando! — O diretor falou, olhando para o relógio enquanto a pequena Spritzee se aconchegava no jaleco dele — Vejo vocês na frente da escola.
Apressado, o velho diretor fechou a porta em um baque e acordou Matthew de seu soninho da tarde.
— Hein? Hum? A resposta... A resposta é 4! — Gritou o garoto, atordoado.
— Vocês são corajosos, hein? — Falou Y, minha amiga de infância. — Não é fácil ouvir os discursos do diretor Chevalier sobre flores de todas as espécies!
— Que nada. — dei de ombros — Pelo menos estaremos fazendo uma viagem com a Senhorita Le Blanc! A turma ao lado é mesmo uma sortuda.
— Se é o que você diz... Eu estarei aqui lendo o meu polígrafo. Até mais tarde, então.
Peguei meus materiais e saí da sala acompanhada por Trevor e Tierno. O professor Patrice já estava olhando pra gente com uma cara feia por termos feito tanto barulho, e ao passarmos pela porta, a sala silenciou-se por completo, exceto por um bocejo de morcego vindo de lá de dentro.
— Finalmente! LI-BER-DA-DE! — Exclamou toquinho, quer dizer, Trevor. Na verdade, toquinho mesmo. Eu preferia chamá-lo assim, afinal ele era bem baixinho e magrinho, com um cabelão ruivo de dar inveja a muitas garotas.
O garotão de cento e tantos quilos ao lado dele era Tierno. Ele passou os últimos três meses em uma academia da escola, tentando emagrecer para conseguir realizar aulas de montaria, o que cá entre nós era muito divertido. Segundo ele, conseguiu perder seis quilos no primeiro mês, quatro no segundo e agora três no terceiro. Treze quilos em um trimestre. E o pior era que estava mesmo menor. Sua barriga tinha diminuído drasticamente e agora ele procurava levar uma vida saudável, até demais. Saladas hoje, saladas amanhã, saladas pra sempre!
Juntos, nós três formávamos o que toda a turma 13 chama de “Trio Risadinha”. Claro, o nome é bem lógico. Juntos nós ríamos de qualquer coisa. De tudo. De todos. E é claro, um trio como o nosso nunca se separa, até nos momentos de maiores frustrações como ter que sair da cidade com um bando de estudantes que não conhecemos para ouvir explicações quanto às árvores e a vegetação nativa da região de Kalos.
Mas não era o momento para isso. Devíamos era agradecer por que finalmente tínhamos saído daquele inferno. O que não sabíamos era que a chata aula de História era apenas uma pequena e segura parcela do que estava por vir.
Arrumamo-nos mais do que rapidamente. Em um tufão de vento, me banhei, escolhi minhas roupas, ajeitei minha multi-bolsa com alguns petiscos, itens de treinador, revistas e ainda uma muda de roupa para cada peça. Estava tudo mais do que perfeito. Foi quando corri para frente do espelho para dar um toque final à maquiagem. Um pouco de base, batom, blush e o toque final: Um rímel para realçar os cílios.
E finalmente eu estava pronta. Meu modo ninja havia feito com que eu conseguisse me arrumar da cabeça aos pés em incríveis 15 minutinhos, nada que uma menina como eu pudesse resolver. Mas eu estava com a sensação de que estava me esquecendo de alguma coisa. O que poderia ser? Já penteei o cabelo, já vesti os sapatos, peguei o celular, ajeitei a bolsa... O que poderia estar faltando?
Então subitamente meu olhar percorreu a mesa no meio do dormitório. É claro, como eu poderia me esquecer? Eu ainda não havia pegado minhas pokébolas, os itens mais importantes para todo e qualquer treinador Pokémon. Voei até a mesa e apanhei meus bebezinhos preciosos: toda a minha equipe de monstrinhos de bolso. Desde o comediante Inkay até o enigmático Absol.
— Hã?
Mas por alguma razão, alguma coisa acontecia com a pokébola de Aromatisse, uma criatura com máscara de médico e penas rosadas, estilo diva-em-ascensão. O pequeno item redondo que servia de casa e moradia para Aromatisse estava vibrando, como se o monstrinho lá dentro estivesse lutando para sair.
Não era a primeira vez que ela fazia isso. Isso já aconteceu milhares de outras vezes, sempre por alguma razão diferente. Acontece que Aromatisse e eu éramos, ou melhor, somos muito ligadas uma com a outra. Há uma conexão telepática entre a gente que faz com que sintamos a emoção uma da outra e ainda faz com que tenhamos os mesmos pensamentos e as mesmas ideias.
No geral, eu não deixava Aromatisse fora da sua pokébola, mas frequentemente ela fazia sua casa “tremer”, para me alertar que está precisando de alguma coisa. Fome, sede, frio, carência, vontade de brincar... Então, como o de costume, eu joguei a pequena bola metálica para cima. O item começou a mexer umas engrenagens aqui e ali até abrir-se por completo, disparando um feixe de luz que materializava o corpo do Pokémon de penas bem ali na minha frente.
— Tissie... — Murmurou a Pokémon, com uma carinha que eu não sabia identificar se era triste ou se era de medo.
— O que foi, Aromatisse? O que foi? Temos que ir agora!
Mas o Pokémon balançou a cabeça negativamente. Parecia estar determinado a ficar em casa naquele dia.
— Tudo bem então. Se não quer ir, vou deixá-la aqui. Eu volto amanhã pela manhã, junto com a turma ao lado.
Aromatisse correu até mim e pegou minha mão, fixando seus olhos em mim. Foi então que eu pressenti uma sensação de medo e espanto em seu olhar. Ela não queria que eu fosse, estava prevendo que algo iria acontecer. Era o seu sexto sentido entrando em ação.
— Me desculpe amiguinha, mas eu tenho que ir. Olhe, vou levar sua pokébola comigo, assim, a conexão entre ela e você fará com que você me ache, onde quer que eu esteja. Tudo bem?
Aromatisse não parecia contente com a ideia, mas assentiu. Caso eu distanciasse a pokébola dela por cerca de 2 km, o item que lhe serve como casa passaria a emitir um chamado que apenas ela poderia ouvir, ver ou sentir. E é claro, se quiséssemos ter aventura de verdade por Kalos, tínhamos que rodar algumas milhas pra longe de Shalour City, que não tinha a nada de interessante a não ser uma torre velha e chata sobre mistérios antigos. Tudo mito.
— Eu tenho que ir agora. Y e os outros devem voltar para o dormitório assim que a aula acabar. Eles cuidarão bem de você. Não faça bagunça e prometa ser uma boa menina! Até logo!
— Aro-- — Aquilo soou como um “Mas” interrompido, mas era tarde. Eu já tinha fechado a porta e Aromatisse estava sozinha no dormitório, cheio de camas por estender.
CONTINUA...
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