pokémon xy adventures 2
shining legends
Laverre City, uma cidade sinistra criada por aqueles inspirados em uma árvore misteriosa e velha, de aproximadamente 1500 anos de idade. Até que era um lugar legal considerando que todas as suas árvores eram laranja, permanecendo em um estado de outono eterno, desfolhando de minuto em minuto. As casas eram antigas e rústicas, com telhados cobertos por limo verdinho e havia um pequeno (pequeno mesmo) lago com uma ponte próximo ao Centro Pokémon.
Basicamente, toda a cidade era uma grande gramado com um tom amarelo, onde a única grama que não era aparada era a da planície ao redor, onde a vegetação crescia descontroladamente. O aroma era doce e suave como o de pokémons do tipo planta e as praças todas tinham canteiros com enormes rosas cor-de-laranja. Tudo isso combinado ao pôr-do-sol fazia com que a cidade ganhasse um brilho em tom de abóbora impressionante, que dava àquele local uma característica única.
E se valeu a pena? Ah, posso dizer com certeza que valeu. É óbvio que eu não gostei das 2 horas de barco, que me fizeram ficar enjoada e dos 45 minutos seguintes dentro de um ônibus, mas olhar para aquele vale em tons de laranja era incrivelmente incrível. Eu até tinha estranhado a turma sair em uma viagem de tarde, mas depois daquele fenômeno causado pela luz escassa do sol, eu sabia exatamente o porquê que o diretor Chevalier havia esperado para sair tão tarde com o pessoal. Ele queria que a nossa primeira visão de Laverre fosse mágica.
— Caramba, isso aqui é incrível! — Exclamou Trevor ao saltar do ônibus logo atrás de mim. Havíamos acabado de estacionar na rodoviária da cidade e já estávamos boquiabertos com a beleza natural do lugar, espalhada em cada átomo de molécula da vegetação.
— Hahaha, quem diria! — Tierno começou a cair no riso. — Combina perfeitamente com o seu cabelo, Trevor!
O baixinho começou a ficar vermelho e aí sim a coisa ficou feia. Com sua pele esquentando, ele ficou mais laranja ainda e os tons dele fundiram-se com o da natureza ao fundo, deixando-o praticamente “transparente”.
— Ah, qual é, Tierno! Você sempre ri de mim! — O menino afastou-se com raiva.
— Não é à toa que somos chamados de “O trio-risadinha”. — Finalizei com um pequeno riso, pra enfatizar a frase.
— Muito bem, muito bem! Todos os alunos! — A Srta. Le Blanc descia do ônibus carregando exatamente 5 malas, duas carregadas nas mãos, uma bolsa sustentada por uma tira que atravessava sua barriga, uma mochila nas costas e ela ainda chutava com os pés uma mala de rodinhas, que deslizava facilmente até o momento em que ela deu um chutão e fez a bagagem voar pra cima de Trevor, no momento em que ela precisava descer os degraus do ônibus.
— Não quer ajuda? — Me ofereci, vendo a situação.
— Não, obrigada! Eu me viro com isso aqui! — disse a professora, que parecia não aguentar nem mais um minuto carregando o peso todo.
— Er... Eu estava na verdade falando com o Trevor!
A professora enrubesceu e nesse exato momento, o diretor Chevalier desembarcou do ônibus em um salto, seguido por Elizabeth e Frufi.
— Hahah, aqui estamos nós! — Ele parecia bem animadinho pro meu gosto. Estava na cara que o assunto predileto do diretor era ecologia. Talvez quando ele era novo ele tenha se formado em algo do tipo. Não sei e nem faço questão de perguntar. Aliás, ele não deixa. Fica tagarelando horas e horas a fio. O papo chato começou exatamente neste segundo. — Reúnam-se todos e vamos visitar a grande árvore! Caso ainda não tenham pego seus folhetinhos com o motorista do ônibus, a árvore-mãe tem aproximadamente...
Eu poderia deixa-lo desenrolar toda a conversa, mas eu mesma não prestei a atenção no que ele estava falando e se tivesse, provavelmente eu estaria dormindo agora. E não só eu. Você também.
Mas enfim. Prosseguimos a pé da rodoviária para o centro da cidade, onde a incrível e enigmática, segundo o diretor Chevalier, árvore-anciã estava. Foram precisos nove alunos ao todo para carregar as bagagens da Srta. Le Blanc, mas eles nem reclamaram, pois acreditavam se fizessem todas as vontades da professora, iriam passar de ano.
Uma caminhadazinha básica de 10 minutos e logo já estávamos nos aproximando da “civilização”. Laverre possuía uma rua inteira cheinha de lojas e barraquinhas comerciais. O trânsito de carros, pessoas de bicicletas e treinadores correndo era intenso. Presumi que muita gente vinha à cidade devido a sua exuberante beleza e sensação de “natureza”. As pessoas daqui basicamente viviam do turismo.
Havia lojinha pra todo o tipo de coisa. Uma vendia apenas espetinhos de carne, outras vendiam doces e confeitos inéditos como cupcakes de “dois andares”. Havia também bares espalhados a cada esquina, cassinos, dois hotéis enormes um em frente ao outro, tendas vendendo souvenires, barraquinhas com artigos de músicas, CDs originais, lojas de roupas por 10 Pokédollars, acessórios para batalhas, um Centro Pokémon todo de vidro, um hospital, um breve cemitério e uma igrejinha básica.
— Esse lugar é incrível! — Exclamou um menino da turma com quem estávamos viajando.
— Eu não posso acreditar que eles têm tudo isso em uma única rua! — Disse Trevor fascinado olhando para um Magikarp à venda dentro de um enorme aquário cristalino na lojinha de poké-pet shop.
— E eu não acredito que eles têm isso! — Disse Tierno com um olhar desaprovador para uma barraquinha de Hot Dogs do outro lado da rua. — Se as pessoas soubessem como são fabricadas as salsichas, com certeza o percentual de crianças obesas cairia ao menos 20%!
Bla, bla, bla. Eu realmente preferia o Tierno gordinho. É melhor ser gordo e feliz do que ser magro e viver se restringindo de diversão! Dá pra acreditar que um menino como Tierno se tornou um daqueles exagerados “geração-saúde”? Às vezes ele faz com que eu não me sinta saudável...
Mas naquela hora eu não tinha tempo para o papo furado do senhor-lipoaspiração. Tudo o que eu queria era prestar atenção nas lojinhas e shoppings espalhados por Laverre, mostrando que até mesmo uma cidade totalmente voltada pra natureza tem o seu lado “humanizado”.
— E aqui... — Anunciou o diretor Chevalier. — ...É o Clube de Batalhas da Cidade, EL DORADO. Dizem que El Dorado foi construído há mais de 200 anos pelos primeiros vencedores de uma Liga Pokémon primitiva existente na região de Parisia há muito tempo atrás.
— Um Clube de Batalhas? — Trevor se animou mais ainda. — E podemos participar?
— Não se esqueçam de que estamos aqui para uma viagem de estudos e não para uma excursão, senhor Roux! Primeiro a Árvore-Mãe, depois o que vocês quiserem! Voltaremos somente amanhã pela manhã, portanto, todos os alunos terão a noite livre pra fazerem o que bem entenderem!
Só olhei para Tierno e caímos na gargalhada. Era bem óbvio que a gente ia pensar besteira. Mas logo me contive no momento em que uma ideia me passou pela cabeça. Rapidamente puxei Trevor pela gola, desviando sua atenção de um livro para nerds e Tierno se aproximou. Eles já conheciam meu “chamado”. Sabiam que aquela era a convocação para uma “missão”.
— E aí, chefa? O que vamos fazer? — Perguntou Tierno, ainda rindo do que o diretor Chevalier disse.
— Eu tive uma ideia! — falei.
— Ih... Odeio quando você tem essas suas “ideias”. Da última vez fomos parar debaixo d’água atrás de um Binacle que só você tinha visto e no final não passava de uma pedra com algas crescendo ao seu redor. — Trevor já estava com medo do que poderia vir dessa vez. Ele nunca gostava das minhas ideias. Achava que tudo era maluquice, mas eu só fazia aquilo pela diversão, afinal o meu lema é “Divirta-se, não importa o que aconteça”.
— Calma... Você nem ouviu ainda!
— Ah, é? E o que é de tão interessante assim que a gente tem que te dar ouvidos? — Perguntou Trevor, todo desconfiado.
— Bem, eu estava pensando... E se a gente ficasse pra trás por uns quinze minutinhos e...
— E? — Tierno estava interessadíssimo, tanto que chegou a vir mais pra perto de mim, só pra ouvir melhor.
— E a gente podia ir batalhar no “El Dorado”. — Concluí. — O que me dizem?
— Tô dentro! — Tierno concordou, já pegando suas pokébolas para uma disputa no Clube de Lutas.
— Você não acha que--
Mas antes que Trevor pudesse terminar seus argumentos, Tierno puxa o garoto pela gola e nós três entramos rápida e sorrateiramente no enorme Clube.
A estrutura interna do palácio era toda dourada como ouro. Óbvio que não era ouro de verdade, mas reluzia tanto quanto. Havia telas “tocáveis” por todos os lados, onde podíamos nos registrar no clube e ver todos os outros treinadores cadastrados para lutas e assim, convocá-los para uma batalha onde quer que eles estejam.
— Prontinho! Já estamos todos cadastrados! — Concluí a inscrição em menos de 3 segundos. Fácil e rápido. — Será que o Campo de Batalhas está livre pra uma luta agora?
— Não tem como saber se a gente não for lá ver! — Diz Tierno, apontando pra uma enorme placa pendurada no teto, com uma seta para o fim do corredor, levando para o lado de fora.
Seguimos pelo caminho estreito e a nossa surpresa foi encontrar uma arena ao ar livre atrás do pavilhão de entrada, que na verdade era só uma fachada para o verdadeiro Clube. A parte de trás do El Dorado era como uma quadra de futsal misturado com “quadribol” e batalhas Pokémon. O chão era pintado com círculos e linhas de acordo com as regras oficiais da Liga Juvenil Internacional e as arquibancadas eram enormes. Fala sério, dava pra acontecer um torneio ali.
Mas naquele dia, o campo e a plateia estavam vazios, exceto talvez por duas pessoas em uma disputa insana com pokémons mais do que poderosos. De um lado, um homem enorme, uns dois metros de altura, mais ou menos, com cabelos cor-de-fogo e um terno cinzento. Tinha uma boa aparência, mas devia ter pelo menos uns 27 anos de idade. De qualquer forma, estava batalhando intensamente e sua roupa era de marca. Do outro, uma menina, pelo porte físico, utilizando uma roupa de coro brilhante com um capacete cobrindo seu rosto. Eu não entendi se aquela era uma roupa de super-heroína, uma roupa de espiã ou ainda uma simples fantasia de festa, mas em todo caso, a infeliz, estava discutindo com o grandão, enquanto encaravam um ao outro sem se mover.
— Esqueça! Você nunca vai entender nossos planos! — Gritou o homem, que nem havia visto que eu, Tierno e Trevor havíamos chegado ao Clube.
— Isso é o que você diz! Eu entendo muito bem o que você e sua trupe pretendem fazer! — A menina replicou, e imediatamente estendeu o braço com a mão aberta, ordenando seu Pokémon a atacar. — Mega-Beedrill, use Fell Stinger!
Pra quem não sabe o que é um Pokémon Mega Evoluído, aí vai uma explicação mais do que rápida. A Mega Evolução é um processo de transformação de pokémons geralmente encontrados em seu último estágio evolutivo. Não é uma regra, mas sim uma condição rara. Nem todos possuem essas capacidades, mas os que possuem, tornam-se muito mais poderosos estando neste estágio. Normalmente, quando um pokémon mega evolui, ele recebe um prefixo "mega" antes de seu nome e só de ter esse início diferente, já é uma sensação de poder.
No caso desse Beedrill, que é na verdade uma abelha gigante com cerca de 5 grandes ferrões espalhados pelo corpo, ele estava enfurecido e suas pinças afiadíssimas disparavam espinhos venenosos, que eram lançados pra cima do oponente sem nenhum pudor.
— Esquive-se, Mega-Scizor! — Gritou o homem, que fazia instantaneamente com que o seu Pokémon se desviasse do golpe.
Scizor era a versão metalizada de um inseto-de-abdômen-robusto e sua especialidade não era a velocidade, mas com a Mega Evolução, suas estatísticas haviam aumentado e muito. Assim, conseguiu-se desviar facilmente do golpe desferido por Beedrill.
— Termine com Air Slash! — O ruivo gritou e Scizor preparou seu movimento rapidamente, disparando lâminas de ar afiadíssimas contra o Mega-Beedrill. O Resultado foi uma explosão tão grande que caímos pra trás.
— Oh My Gosh! Isso foi IN-CRÍ-VELl! Really, reallyincrível! — Pulei e apertei bem os olhos pra tentar enxergar através da fumaça que a explosão havia deixado para trás... O resultado não podia ser outro: Beedrill havia sido nocauteado.
— Volte, Beedrill! — A treinadora apontou a pokébola para seu monstrinho e o recolheu rapidamente.
— Eu venci! Muahahahahah! EU VENCI! — O homem dava berros de alegria e seu olhar de louco percorreu o campo e cruzou a máscara que protegia o rosto da menina sua oponente. — Essentia... Esse não é o seu nome verdadeiro, não é? Mas eu vou descobrir! E quando este dia chegar, a sua vida vai se tornar um inferno! Muahahahah!
E misteriosamente, o homem começou a brilhar, ardendo em chamas avermelhadas até desaparecer por completo, sem mais nem menos.
— Mas o que--
— Ei, vocês! — Essentia falava com nós três, aproximando-se rapidamente em nossa direção. — Vocês não deveriam estar aqui! Mas acho que ele não os viu! Mais cuidado da próxima vez!
E passou correndo pela gente, saindo do El Dorado pela porta de entrada.
— Atrás dela, pessoal! — Tierno, que já estava mais acostumado com o ritmo da academia, correu atrás da misteriosa garota, indo bem à nossa frente. Mas para nossa surpresa, ao sair pela porta do Clube, a vegetação laranja ardendo em nossos olhos, e Essentia já não estava mais ali.
— O-que-foi-que-aconteceu-aqui?
CONTINUA...
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