M02: Shining Legends - Capítulo 06


        Corri e me atirei para pegar meu pokémon antes que ele batesse no chão. Por sorte, consegui segurá-lo. Inkay é muito sensível, o que significa que eu tenho que protegê-lo de lesões muito graves, pois pode ser letal.
        — Shauna! — Tierno me estendeu a mão me ajudando a me levantar.
        — Obrigado. — Agradeci, já me levantando e correndo com Inkay nos braços, pra bem longe das árvores incendiadas e de toda aquela fumaça caótica.
        — Não, eu é que agradeço. — diz modestamente Tierno. — Você... Me ajudou. Sem você aquele Magmar teria me matado.
        — Sem o Swellow, você quer dizer. — Lembrei-o da contribuição do pokémon.
        — É, mas foi você quem derrotou aquele bandido. — Lembrou-me Tierno.
        — Bem, de qualquer forma, não é hora de discutirmos isso. Vamos antes que mais deles apareçam e nos alcancem!
        Percorremos rapidamente um estreito caminho no meio da árvores crescendo bem próximas uma das outras com medo de que pokémons selvagens aparecessem para nos atrapalhar e ao mesmo tempo com medo de que Lysandre viesse atrás de nós e nos massacrasse com aquele Gyarados felo-da-pota e o Honchkrow topo pomposo.
        — Por aqui.
        Tierno me guiou. Estava nos levando pra onde eu penso que estava?
        Então a resposta surgiu como em um passe de mágica. Sim, ele indo atrás de Trevor e eu sabia disso porque um grito muito estridente ecoou pela mata escura e devastadora.
        "AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!"
        Era nosso amigo e ele estava em apuros.
        Tudo o que se passou em nossa cabeça naquele momento foi correr e correr sem parar, até acharmos nosso amigo. Cara, porque eu havia sido tão rebelde com ele? Ele poderia estar sendo torturado pela Equipe Flare naquele instante ou algo pior. Meu coração estava saindo pela boca já. E se Trevor não estivesse bem? A culpada seria eu? (Como sempre?)
        — CORRE! — Tierno gritou, mas eu já estava fazendo isso, o máximo que eu conseguia. Então percebi o porque ele tinha me dito aquilo: uma bola de fogo se materializou bem a nossa frente e atingiu o chão bem onde eu estava há alguns segundos atrás, em um baque catastrófico.
        — AH NÃO! O que é isso? — Perguntei.
        — Não sei. — Me respondeu Tierno. — Mas algo bom não pode ser...
        Então um segundo estrondo tomou conta de nosso campo auditivo, e um clarão atingiu os céus. Uma explosão de chamas rasgava os ares, empurrando-nos pra longe.
 
        — TIRE AS MÃOS DELE! — Foi tudo o que consegui ouvir depois da surdez temporária provocada pela explosão. E era uma voz conhecida. Zangada, mas conhecida. Então percebi quem era. Era o Diretor Chevalier, com toda a certeza, era ele.
        — AAAHHHH! — Trevor continuava gritando sem parar. Mas onde é que ele estava? Não dava pra ver de onde estávamos. E o que estava acontecendo? Senhor, por que eu sempre me meto em encrencas?
        Então um barulho ensurdecedor tomou conta da atmosfera local. Algo parecido com uma árvore sendo arrancada do solo, ou alguma coisa do tipo, como se a terra estivesse se remexendo... E então observei que aquilo de fato estava acontecendo. O chão estava mesmo se abrindo... E NÃO TINHA PRA ONDE CORRER!
        — SKREEEEECCH!
        E Zygarde aparece bem debaixo de nossos pés, quebrando camadas e mais camadas da crosta terrestre e contemplando-nos com um belo de um tombo, sem falar no susto.
        — A SERPENTE! — Gritou Terno, como se eu não estivesse vendo aquele animal enorme nos arrastar pra longe dali em frações de segundos.
        — SE SEGURA! — Foi tudo o que consegui dizer antes de ser acertada por galhos e mais galhos na travessia de um caminho que era desconhecido pra nós. Zygarde estava nos levando inconscientemente pra algum lugar, mas não sabíamos onde. Tudo o que podíamos fazer no momento era nos segurarmos com força às escamas super-hiper nojentas daquela minhoca alienígena para não batermos em alta velocidade no chão e acabarmos virando patê.
        — AONDE ESTAMOS INDO? — Gritou Tierno, há cinco metros de altura do chão, equilibrado nas coroas atrás do pescoço de Zygarde.
        — NÃO SEI! — Mas no instante em que falei aquilo, desejei não ter falado, pois me ocorreu que a segunda bola de fogo que vinha em nossa direção estava sendo lançada por um... MEGA BLAZIKEN! E estava acompanhada de um Raio Elétrico distribuído uniformemente através de um feixe de luz, disparado por um FURFROU!
 Furfrou_Charge_Beam
        — AAAAAAAHHHHHH! >.< — Tierno e eu estávamos aterrorizados. Íamos ser engolidos por aqueles tufões de superpoderes e teríamos uma morte terrivelmente dolorosa. Mas foi então que Zygarde agiu... Suas escamas ganharam um brilho lilás (me assustei quando vi, quase que me larguei até, mas meu medo foi maior e tudo o que fiz foi apertar mais ainda minhas mãos, me segurando mais firme impossível, e acreditem ou não: hoje eu preferia ter me soltado naquela hora e morrido ao despencar no chão ao ter passado por aquele Giga Impact demoníaco).
        Eu olhava pra cima e via Tierno gritando feto um louco. Minha vontade era de vomitar o que eu nem tinha comido e o único pensamento que me ocorria era que eu tinha pago meus pecados com aquilo. Em um vórtice mortal, Zygarde saltou do chão, esquivando-se do Flamethrower e do Charge Beam, girando feito uma broca no ar, e investindo contra seus oponentes. Não pude ver direito porque tava girando muito e muito depressa, mas tenho quase certeza de que acertou aos dois: o Blaziken Mega-Evoluído e o Furfrou.
        — BLAZIKEN!
        — FRUFI!
        "Frufi"? Peraí! O Furfrou que estava atacando era o Frufi do Diretor Chevalier? Céus! A salvação estava perto! Tudo o que precisávamos era que ele nos visse agarrados ao Zygarde, então pararia de atacar...
        — SALTA! — Gritou Tierno.
        — O QUE?
        Mas Tierno já havia se soltado de Zygarde e ficava pra trás, de modo que em questão de segundos, eu já não conseguia mais distingui-lo no horizonte... Talvez tivesse se agarrado a alguma árvore ou algo do tipo, mas já estava longe o suficiente para não ser visto.
        — AAAAAAAAAAAAAAHHHH! ZYGARDE, PARE! POR FAVOR! PAAAREE! — Eu não conseguia pensar em mais nada. Minha cabeça estava explodindo e toda a adrenalina em meu sangue só fazia as coisas piorarem. — EM NOME DA MÃE NATUREZA! PARE!!
        E foi então que a palavra chave chegou aos ouvidos de Zygarde. Ao ouvir falar em Mãe Natureza, o gigante parou de brusco e fui jogada ao chão. Só então que Zygarde pareceu perceber que havia alguém em sua garupa.
        — SKREEH?
        "CAPTURE-O!"
        — Hã?
        E uma pokébola cruzou os céus, atingindo Zygarde e sugando-o quase que instantaneamente pra dentro. Mas não era uma boal comum. Era verde.
        Imediatamente pensei que era a Team Flare que estava tentando capturar a criatura no momento em que ela parou de correr, mas então percebi um vulto esbranquiçado vindo em minha direção. Era o Diretor Chevalier montado em um Furfrou esvoaçante.
        — SHAUNA!
        — D-diretor... — E então apaguei.


Quando acordei, tudo o que eu ouvia eram gritos. Tierno e Trevor estavam à minha frente fazendo uma barreira. Ah, graças a Arceus, eles estavam bem! Ou... Estávamos todos mortes e aquele brilho laranja... Eram as chamas do Inferno!
        — AAAAHHHHH! — Emiti um grito misturado com choro e Tierno olhou pra trás.
        — Ela acordou. — Disse ele, estampando um belo sorriso no rosto.
        — Shauna, temos que sair daqui. — falou Trevor. — Estávamos te protegendo esse tempo todo, mas agora que está acordada, pode decidir por si só. O diretor capturou Zygarde!
        — O QUE? FOI ELE? — Imediatamente me levantei, quase que levando um choque com a informação que acabara de receber. — MAS NÃO É PROIBIDO POR LEI CAPTURAR POKÉMONS LENDÁRIOS AQUI EM KALOS?
        — Diz isso por amiguinho dele, o tal de Riley. — Retrucou Trevor. — Foi ele quem mandou o velho pegar o monstrengo. Agora temos uma fera a menos em luta.
        — Hã? Como assim?
        — Xerneas e Yveltal. — Explicou Tierno. — Olhe! Estão lá ainda. Duelando até a morte.
 
        — Xeeerr...
        — Taaaal!
        Parece que os dois lendários da criação de Kalos estavam duelando bem à nossa frente, atacando um ao outro com ataques que eu desconhecia e provavelmente nunca entenderia.
        — CARAMBA!
Xerneas_Attack_1 
        — Ela já está acordada, garotos? — Uma quarta voz entra em cena. Era Essentia, a moça meio-ninja que nos protegera anteriormente e estava lutando contra o líder da Equipe Flare.
        — Sim!! — Responderam Tierno e Trevor ao mesmo tempo.
        — Ótimo. Vão para Laverre e esperem lá até que tudo isso terminem, Essas são as ordens do Diretor de sua Escola. Ele disse que se não forem imediatamente, estarão expulsos. — Mas Essentia não ficou ali para conferir se realmente estávamos retornando. Ela saiu correndo em direção à Xerneas, sacando uma nova pokébola e atacando.
        — E aí, Shauna? — Me pergunta Tierno com um ar desafiador. Ele queria saber se nós iriamos mesmo obedecer calados e fazer o que o diretor queria que fizéssemos.
        — Dessa vez... Vamos ser bons alunos e voltar. — A expressão de alívio na cara de Trevor e de tristeza na de Tierno me fez parecer uma idiota. Veja só... Como eu manipulava esses dois... Era como se eu fosse uma chefe pra eles. Tínhamos um movimento, uma ditadura, e eu era a suprema. Eu mandava nos dois e eles tinham que me obedecer sob qualquer circunstância. Mas esse tempo acabou. Já somos grandinhos, e eu não quero ser um carrasco da Team Flare com eles. De maneira alguma. — Pra mim já chega. — Por fim eu disse, encerrando aquela discussão e me virando em direção às folhas laranjas da cidade de Laverre.
        — Como assim? Você não vai lutar, Shauna? — Tierno correu atrás de mim, preocupado com meu espírito de liderança.
        — Não. Temos que esse reinado... Tenha chegado ao fim. — E com muita dor por todo o corpo, depois de minha queda de cima de Zygarde, continuei caminhando lentamente floresta a dentro.
        — PERAÍ, COMO ASSIM? VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE DESISTIR DO TRIO RISADINHA!
        — FO-DA-SE! EU TÔ PRA LÁ DE MACHUCADA!
        — Mas, Shauna... — Desa vez o cagão do Trevor se pronunciou... — Essa não é você! O que aconteceu?
        — Eu... — Então um nó me enforcou pela garganta. — Eu só não quero perder vocês, tá legal? Vocês foram os melhores amigos que eu já tive em toda a minha vida (com exceção da Y, é claro), e eu não posso arriscar a vida de vocês por propósitos infantis e egoístas como os meus! Por isso... Vamos voltar para Laverre e de lá vamos pra Shalour, O.K.? Sem mais confusão.
        — SHAUNA! PARA COM ISSO! TEMOS QUE AJUDAR! — Tierno me prende pelo braço.
        — Dá pra me soltar? Eu já me decidi.
        — O Diretor Chevalier que nunca batalhou na vida está lá ao lado do Riley e da Essentia tentando controlar Xerneas e Yveltal enquanto a tal Equipe Flare está desaparecida! — Informa-me Trevor. — Isso não cheira mal pra você? Não cheira a encrenca?
        — Cheira. E é por isso que eu não quero mais fazer parte disso.
        — MUAHAHAHAHAH! TARDE DEMAIS, PEQUENA!
        Repentinamente, um braço mecânico surge de trás dos arbustos e me prende com uma força esmagadora, impedindo o movimento de meus próprios braços e inabilitando minha tentativa de pegar e sacar uma pokébola.
        — AAAAAHHH! — Gritei imediatamente.
        — O que está acontecendo?! — Pergunta Tierno, ao ser preso por outro braço daqueles, junto a Trevor. Os três haviam sido pegos. Cara, como fomos bobos!
        — VOCÊS SE METERAM COM A ORGANIZAÇÃO ERRADA, PIRRALHOS! — Uma voz arrepiantemente grave ecoa pela mata. E então... Adivinhem quem aparece controlando um aparelho robótico responsável por aqueles braços mecânicos? Coelhinho da Páscoa, Papai Noel ou... Lysandre, o Mestre da Equipe Flare com aquela cara de cínico que eu tenho uma vontade de espancar até estourar os miolos?
        — RUIVO DESGRAÇADO! — Essa é uma versão menos explícita do que eu gritei pra ele naquela hora.
        — VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO! — Trevor criou coragem e me ajudou nos insultos.
        — Será mesmo? — Debocha Lysandre. — Neste exato momento, meus recrutas estão agindo secretamente no subsolo em um túnel cavado pelo próprio Zygarde. Em breve, Xerneas cairá dentro do buraco e Yveltal o perseguirá. Mas o que ele não sabe é que dentro do buraco estão Xerosic e as meninas cientistas, prontos para capturá-los com armas extremamente nocivas.
        — O que?— Inacreditável! Como não pensei nisso? Zygarde havia perfurado quilômetros e quilômetros de chão. Era muito fácil pra qualquer um entrar em uma dessas crateras e fazer uma trincheira ou elaborar uma emboscada, como Lysandre estava fazendo.
        — E quanto á vocês... Bem... — Lysandre parecia estar na dúvida, fazendo uma pausa dramática que nos causava agonia. — Ainda não decidi o que fazer com vocês, pirralhos filhos da — é, você entendeu.
        Lysandre caminho de um lado pro outro e então começou a mexer no aparelho robótico em seu braço ( o mesmo que projetara aqueles braços mecânicos que nos sufocavam).
        — Ah, já sei. — Disse ele. — Acho que já podem se considerar mortos! — O bracelete-robô de Lysandre se abre como um grande inseto de outro e seu dono o aponta para meu rosto como uma arma de fogo, fazendo meu coração explodir com o medo da dor de morrer.
        Mas então... "BOOOOOOOMMMM" Alguma coisa explodira, chamando a atenção de Lysandre para o campo e batalhas, onde Xerneas e Yveltal se matavam, além daquelas árvores.
        — Vocês estão com sorte garotos. A armadilha do buraco acaba de entrar em ação. Xerneas caiu. Agora Yveltal vai adentrar na cavidade voando e então...
        — PARADO AÍ, VALENTÃO! — Algo ou alguém surge atrás de Lysandre, colocando suas mãos em torno do pescoço do homem e apertando com todas as forças.
        — Hã? — Lysandre, sufocado, mal conseguia respirar e sua cara já estava ficando vermelha. Quem quer que estivesse ali, estava fazendo um ótimo trabalho.
        E então, estrangulado ao máximo, Lysandre por cima de Tierno, desmaiado.
        — Faltou oxigênio no cérebro, desmaiou. — falou a pessoa que interveio para nos ajudar, e naquele momento, eu reconheci quem era: a pessoa mais corajosa que eu já conheci.
        — DIRETOR!
        — Vocês estão bem, crianças? Eu nunca me perdoaria se algo tivesse acontecido com vocês!
        — Estamos bem sim. — respondi. — Mas o que faz por aqui.
        — Essentia e Riley me dispensaram. Disseram que Frufi é muito ruim nas batalhas e que estava mais atrapalhando do que ajudando. Além disso, quando vi que vocês tinham desaparecido de vista, logo imaginei que Shauna já tivesse se acordado e que vocês estavam voltando pra Laverre, mas como eu poderia deixar vocês voltarem sabendo que foram reféns da Equipe Flare?
        — Nossa, o senhor se importa mesmo com a gente, não é? — Trevor enxugava as lágrimas enquanto tentava abrir um sorriso por estar seguro.
        — 100%. — Responde o Diretor, nos libertando do robô que nos imobilizava.
        — Mas e agora? Como faremos para salvar Xerneas e Yveltal? — Perguntei.
        — Por quê? Eles estão em perigo? — Pergunta o diretor, sem saber dos planos de Lysandre.
        — Eles aproveitaram os buracos deixados por Zygarde para capturar os outros dois lendários! — Informa Trevor.
        — E aliás... Eu acho que eles estão... Bem debaixo de nós nesse exato momento... — Tierno coloca o ouvido no chão e tenta escutar o que parecia visível a olho nu: a terra estava tremendo. Havia sim alguma coisa passando por baixo dali.
        — Bom, nesse caso... Vamos, Zygarde!
        O Diretor dispara a pokébola verde para o alto e de dentro dela, eis que surge aquela cobra com olhos de tarântula: Zygarde, a criatura que agora assombrava meus piores pesadelos.
        Depois de capturado, ele parecia bem mais mansinho e centenas de vezes mais amigável, sem dúvida, mas mesmo assim ainda me dava arrepios. Aquele Giga Impact vai ficar gravado pra sempre em minhas memórias. Foi terrível.
        — Zygarde é o Guardião da Natureza! — Explica o Diretor Chevalier. — É o protetor do ecossistema da região de Kalos!
        — Guaridão da Natureza? — De repente uma lâmpada acendeu sobre minha cabeça. Se Zygarde estava diretamente relacionado à Natureza... foi por isso que ele apareceu quando a árvore-mãe-de-Xerneas foi arrancada do chão em Laverre... E foi por isso que o gigante protetor parou O Giga Impact quando eu implorei em nome da natureza. Por que ele... Ele é um servo que tem como objetivo proteger a Mãe-Natureza a todo custo. — Faz todo o sentido... Zygarde não é do mal. Ele... Só foi mal compreendido.
        — E com toda certeza, Zygarde irá ajudar Xerneas e Yveltal. — Complementa o Diretor. — Afinal, Vida e Morte são dois conceitos que estão altamente presentes na Natureza, e o dever de Zygarde é defender toda e qualquer criação de Arceus.
        — E como vamos ajudar? — pergunta Tierno.
        — Não precisamos. Zygarde fará tudo sozinho.
        Dito e feito. Não deu cinco segundos depois disso, e Zygarde começou a rastejar em direção à orla da floresta, onde Xerneas e Yveltal provavelmente estavam sendo confrontados em um buraco-armadilha. Desta vez fomos todos sentados sobre a cauda de Zygarde, não correndo nenhum risco como fora anteriormente.
        — Lá estão eles! — Tierno aponta para Xerneas, que disparava um brilho multicolorido contra Yveltal.
        — Ainda estão brigando! — Checa Trevor.
        — Isso significa que... — Comecei.
        — ESTAMOS EM TEMPO! — E completou o Diretor.
Xerneas_vs_Yveltal
        Descemos do lombo de Zygarde e corremos em direção à luta, onde Riley, Essentia e agora uma meia-dúzia de policiais tentava acalmar a fúria dos lendários, mas então paramos ao lembrar que o solo estava instável, pois fora amplamente perfurado por Zygarde há algumas horas.
        — Vocês estão bem? — Riley pergunta, entre uma troca de ataques e outra. — Krookodile, use Dig! Pangoro: Dark Pulse!
 
        — Estamos! — Rapidamente respondi.
        — Agora sim, depois que o Diretor nos salvou! — Diz Trevor, ao mesmo tempo em que Krookodile começa a escavar e se infiltrar em um buraco, e Pangoro a disparar uma rajada de anéis negros, pulsando como um coração.
 
        — O que houve? — Riley pergunta.
        — Lysandre os atacou. — Responde o Diretor Chevalier. — E revelou que o solo está...
        Neste exato instante, Krookodile salta para o alto, e uma nuvem de terra é espirrada pra cima, revelando o tal buraco que Lysandre revelara. Como o esperado, Xerneas realmente cai na fissura, mas não só ele como também Pangoro, Krookodile, Riley, o Diretor Chevalier, Tierno, Trevor, Essentia, os policiais e eu.
        Aproveitando nossa distração e a estranha sensação de estarmos caindo de um precipício, os Flares resolvem atacar. Todos soldados comuns, na última posição da hierarquia Flare, vestindo seus uniformes ridiculamente laranjas e tampões de ouvidos de mesma cor, escalam e escalam até a superfície, onde disparam suas pokébolas em direção aos céus...
        — NOIBAT!
        — CROBAT!
        E de dentro delas eis que surgem pokémons típicos de equipes vilãs no mundo pokémon: morcegos supersônicos. Mas a diferença era que dessa vez eram incontáveis. Haviam centenas e centenas de Noibat e Crobat misturados na fumaça que era o céu aquela noite.
 
         — ATACAAAAAR! — Um Deles gritou, e então foi como uma algazarra. Todos começaram a ordenar seus pokémons ao mesmo tempo, tornando aquilo uma zona, se é que já não era antes disso.
        "SUPERSONIC"! — Esse era o ataque surpresa daqueles diabinhos. Cada morcego daqueles começou a berrar a um volume consideravelmente desproporcional pro tamanho deles.
        — AAAAAAAAHHHH!
        Imaginem a dor que deu nos ouvidos. E multipliquem.
        O pior era que não só os pokémons eram afetados pelo golpe, mas também a nós, humanos. Todos nós tentávamos achar alguma maneira de tamparmos nossos ouvidos, o que consequentemente abriu uma brecha na luta entre os gigantes Xerneas e Yveltal.
 
        — Eles vão agir! — Observou Riley.
        — Temos que pará-los... — Falei, enquanto me contorcia de dor os ouvidos.
        Mas de nada foi suficiente. Os Flares estavam em grande quantidade, e logo começaram a atacar aos lendários. Primeiro, os imobilizaram. Todos deles, desde Zygarde a Xerneas e Yveltal com o Supersonic. Depois disso, pequenos grupos que ainda não haviam se pronunciado, iniciam ataques mais diretos...
        — Crobat, sue Steel Wing no Zygarde!
        — Sonic Boom no Yveltal!
 
        — Vamos Diretor, o Zygarde é seu! Faça-o se mexer! — Alertei-o.
        — L-Land's Wrath!
        — NÃO! — Gritei. — Se ele usar o Land's Wrath, vamos todos ser soterrados!
        Ainda bem que com toda aquela função do Supersonic, o Zygarde não havia escutado seu treinador, então nem havia iniciado o ataque... Mas enquanto isso, o tempo passava e os pokémon continuavam atacando...
        — CROBAT, GUST!
        — VAI, NOIBAT! SUPERSONIC!
 
        Até que Yveltal não aguenta mais e dá aquele grito estridente de águia americana, disparando uma rajada de energia vermelho-morte.
        — Esse ataque... — Tierno se deita na grama, impulsionando a mim e a Tierno a fazer o mesmo. — É o movimento-assinatura de Yveltal! É conhecido como Oblivion Wing e tem o poder de transformar em pedra toda a criatura viva que o tocar.
        — O que? 1 Então comecei a observar uma chuva de Noibat's e Crobat's despencarem sem vida na forma de pequenas estátuas de concreto, algumas delas inclusive se quebrando em mil pedacinhos ao atingirem o chão...
Yveltal_anime
        — AAAAAAAAHHHHHH!
        O pânico foi geral, tanto pela parte dos Flares quanto da nossa, dos mocinhos. Que pokémon poderoso era aquele, afinal?
        — E agora? — Perguntei apavorada. Alguma coisa precisava ser feita. Todos aqueles pokémons estavam morrendo e agora o grito não era mais proveniente deles, mas de seus treinadores, por mias malvados que fossem, em agonia ao verem seus fieis companheiros perdendo a vida bem na frente de seus olhos.
        — Vamos correr pra longe daqui. — Tierno apontou para a floresta de onde viemos.
        — Está muito longe. — Diz Trevor baixinho.
        — Não! — Chevalier nos acompanha. — É pra lá que vamos, garotos. VAMOS, VAMOS!
        — SKREEEEEH!
        — GROOOOOARR!
 
        Enquanto nos arrastávamos pelo chão puxando nosso corpo com a força de nossos cotovelos como soldados do exército, a luta entre Xerneas e Yveltal se agravava agora mais do que nunca, uma vez que Yveltal passara dos limites e eliminara mais de 90% de seus oponentes, transformando-os em pó.
        Olhando para o lado, pude avistar uma dúzia de Flares correndo á todo vapor em direção à mata. Alguns choravam alto, outros seguravam suas estatuetas com dó e piedade, levando-as embora daquele terrível campo de guerra.
        — SHAUNA! VEM VINDO NA NOSSA DIREÇÃO! — Grita Trevor, ao perceber que uma das rajadas mortais de Yveltal voava em nossa direção...
        — FU$#@¨&! — Desculpem o palavreado, mas foi o que saiu de minha boca naquela hora. O que eu não esperava era que uma tela de luz refletora se posicionasse bem à nossa frente e nos protege-se no último segundo daquele laser fatal.
 
        — MAS O QUE--
        — É uma Aromatisse! — Observou o Diretor Chevalier.
        — UMA Aromatisse não, A MINHA AROMATISSE! — Coloquei.
        — TISSE-TISSE! AROMA!
        Como o MEU POKÉMON havia parado ali, se eu havia o deixado lá na Escola, em Shalour? Bom, isso não importava muito agora. O Fato era que Aromatisse havia erguido uma barreira de luz refletora, expelindo a luz devastadora de Yveltal contra ele mesmo...
        — GROOOOAAAARR--
        — ARCEUS! — Gritou Essentia aterrorizada com o que acontecera.
        O corpo de Yveltal, ao invés de se transformar em pedra como o dos outros pokémon ao serem atingidos pela luz, tornou-se escuro e sombrio, e o pokémon fechou-se na forma de um casulo, ovo ou crisálida, caindo com um baque no chão...
        — V-vencemos! — Gritei com alegria.  — VENCEMOS!
        — Pronto, Zygarde? — Perguntou o Diretor Chevalier a seu mais novo Pokémon. — Use Land's Wrath e enterre esse casulo de forma que nenhum Flare consiga encontrá-lo novamente!
        — SKREEEEEEEEECH!
        Zygarde começa a brilhar em um tom de amarelo, abrindo um buraco profundo no chão abaixo do ovo, enviando-o para as profundezas do solo...
        — XEEEEEEERRR!
        Nisso, Xerneas sente-se culpado por toda a destruição causada por Yveltal, e começa a irradiar uma luz verde. Era seu golpe Geomancy, restaurando a vida de todos os Noibat e Crobat que haviam sido transformados em pedra naquela ocasião.
 
        — NOIBAT! ♥ — Se não fosse uma Flare Grunt parada logo a minha frente abraçando seu Noibat recém-revivido, eu até choraria. Mentira. Uma lágrima escorreu por meu rosto mesmo sabendo que esse tipo de gente não merece porcaria alguma na vida.
        — Aromatisse... — Chamei meu pokémon pra perto, enquanto todos erma atingidos pela energia revitalizadora de Xerneas, e o abracei com todas as forças que eu tinha naquela hora. — Obrigada. Você... Salvou minha vida.
         — Tisse :)
        — Como foi que você chegou aqui? Como sabia onde eu estava?
        E Aromatisse, sem poder falar na minha língua, mas entendendo cada palavra por mim pronunciada, tocou o seu peito, em cima do local onde fica o coração e fechou os olhos, inspirando profundamente. Então eu entendi o que havia acontecido.
        Foi o Amor. O amor que temos uma pela outra nos criou um forte elo de proteção. Assim, sempre que uma estivesse em perigo, a outra com certeza saberia. Foi por isso que Aromatisse não quis vir pra Laverre com a turma. Porque pressentia o perigo. Sabe como é? Essas energias místicas, espirituais e paranormais são mais fortes nos pokémons do que nos humanos. Por isso ela conseguiu prever o que estava acontecendo, e com certeza arranjou algum meio de transporte para nos alcançar e por fim, muito corajosamente, se colocar em frente ao Oblivion Wing de Yveltal, nos protegendo da morte certeira...
        Eu já estava completamente emocionada, aos prantos, quanto Tierno me chamou para ver alguma coisa.
        — OLHA! — Ele disse, e apontou para Xerneas à nossa frente... O pokémon estava se transformando em árvore novamente...
 
 
 
 
        E em poucos segundos, Xerneas era só mais uma das árvores aparentemente petrificadas por Yveltal e seu Oblivion Wing. Não tinha mais como ser descoberto pela Team Flare, pois estava perfeitamente camuflado em meio às outras árvores. A não ser... A não ser que algum dos Grunts presentes abrisse a boca...
        — PRENDAM-OS! — Ordenou o chefe da investigação Riley.
        E os policiais que acompanhavam o caso de perto correram até os jagunços, prendendo-os um por um. Alguns até se entregaram de boa vontade, após passarem pelo sufoco de perder seus pokémons queridos temporariamente...
        — Missão concluída. — Suspirou Essentia.
        — Hora de Voltarmos. — Disse o Diretor Chevalier, que recolhia Zygarde de volta à pokébola verde, restando apenas humanos em meio a um terreno extrema e catastroficamente acidentado.
        — Tem razão. Foi uma aventura e tanto. — Dei uma risadinha, mas tudo o que eu queria era fugir dali e nunca mais voltar àquele cenário terrível de perseguição, chamas, bandidagem e medo.
        — Aqui está, Riley. A pokébola de Zygarde. — O Diretor entrega a bola verde a Riley, mas o jovem detetive a devolve.
        — Cuida do Zygarde, Chevalier. Eu confio em você. Esconda-a e proteja-a da Equipe Flare.
        — Mas... — Contesta o diretor. — Capturar Lendários em Kalos... É proibido.
        — Eu sou da Polícia Internacional, Aroldo. Eu dito as regras. Você está livre. Pode levar Zygarde consigo, contanto que o cuide e o proteja...
        — Eu... — Lágrimas escorrem pela face enrugada do diretor — Ninguém nunca confiou em mim pra nada... Obrigado, Riley. Obrigado.
        E os dois se abraçam, por mais estranha que fosse a cena... Então, algo ou alguém grita, com uma voz de raiva.
        — EU VOLTAREI, SEUS IMBECIS! EU VOLTAREI!
        E a única coisa que dá pra se enxergar é um homem voando montado em um Gyarados... Provavelmente Lysandre, recuperado do enforcamento de Chevalier...
        — Um a mais e um a menos nessas horas não fará a mínima diferença. — Explica Riley. — Mesmo que o Chefe da Equipe Flare fosse preso hoje, seu plano maligno continuaria sendo executado. A Polícia Global acredita que a Team Flare tenha mais de um mandante. Então não adianta destruir apenas o topo da pirâmide se todo o resto continuar de pé.
        — Entendo... — Assente o Diretor Chevalier. — E agora? O que farão?
        — Primeiro esperaremos por reforços. — Explica Essentia. — E depois que colocarmos todos esses cretinos no xadrez, bem, iremos à região de Sinnoh, onde debateremos a atual situação da Equipe Flare,  comparando relatórios e tudo mais a fim de chegarmos a um veredito.
        — Dentro de um mês ou dois meses, no máximo, essa organização criminosa terá deixado de existir e Kalos estará segura novamente.
        — Se Arceus quiser. Se Arceus quiser. — diz o Diretor.
        — Bom, voltem para Shalour. — Essentia indica o caminho pela floresta. — Sigam em linha reta por aqui e chegarão em Laverre rapidamente, em dentro de uns cinco minutos.
        — Se avistarem mais Flares, derrotem-os em batalhas pokémon, deixem-os inconscientes e amarrem-os com essas cordas. — Riley entrega uma corda ao diretor. — a Polícia já já vai vasculhar todo o perímetro.
        — O.k., chefe! — Chevalier faz reverência à Riley e então se volta pra gente.
        — Vamos, crianças? Chega de aventura por hoje!
        — Graças a Arceus... — Suspira Trevor, relaxando enfim depois de uma noite estressante...

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