Welcome to Alola é apenas um One Shot* e não possui continuação prevista ou algo do tipo. Sua intenção é apenas saciar a curiosidade dos fãs e desse escritor. Boa leitura!
O barco balançou e minha cabeça rodou, minhas pernas tremeram e eu sentei. A tontura passou, mas meu estomago continuava ao avesso, pronto para cuspir fora tudo que estivesse ali dentro. Eu odiava barcos, odiava mar, odiava aquelas ondas que insistiam e balançar o transporte e fazer minha cabeça girar. Urg, como eu odiava tudo aquilo. E pensar que eu tive oportunidade de me livrar daquilo para sempre e desperdicei.
Meu transporte não era nada sofisticado. Um barco de passageiros antigo, feito de madeira ainda. O motor barulhento só piorava meu enjoo e sua estrutura não era nada aerodinâmica.
Uma onda forte bateu num dos lados e o barco inclinou e fui jogado para o outro lado. Uma garota estava sentada, observando o oceano. Só parei porque havia uma mureta de proteção e meu estomago foi acertado em cheio. A dor desencadeou minha náusea e quando vi a agua salgada lá embaixo estava com uma mancha amarelada.
Só tive forças para me sentar. Fiquei minutos ali, de olhos fechados, tentando me recuperar. O enjoo havia diminuído, mas era questões de minutos para voltar.
- Se você imaginar que não esta no meio do mar o enjoo diminui. - Disse uma voz ao meu lado. Abro os olhos e me viro e vejo uma garota ali. Eu havia esquecido de sua presença e nossos rostos estão muito próximos, eu até conseguia sentir seu hálito, era fresco e tinha um cheiro que eu nunca havia sentido.
Olho bem para ela e já sei que ela é de Kalos e não uma moradora de Alola que está voltando para casa, como eu. Sua pele é clara, não acostumada com o terrível sol da ilha e sua voz possuía um sotaque que escutei nesse ultimo ano. Além disso, ela se vestia como uma turista e tinha uma touca meio bizarra na cabeça.
- Você é medica por acaso? Se sim, meus parabéns, nunca vi uma tão jovem. - As pessoas costumam dizer que sou meio ignorante e mal educado, isso porque elas não me viram com enjoo. - E é oceano.
- O que? - Ela parece nem ter percebido minha resposta e meu observava atentamente com suas olhos castanhos.
- Não é mar, é oceano. Estamos no Oceano Pac... - Mais uma onda de enjoos surgiu e antes que eu tivesse tempo de responder, me levantei e coloquei a cabeça para fora, a tempo de vomitar mais. Eu realmente estava péssimo, fisicamente doía meu estomago, minha cabeça e minhas pernas tremiam. Psicologicamente eu não estava nem um pouco melhor. A quase um ano eu havia saído daquele fim de mundo na esperança de conquistar glorias e realizar sonhos. Porém, ali estava eu voltando para casa. Nem queria imaginar reencontrar todo mundo.
- Mastigue isso, irá ajudar. - Era novamente a garota. Esperava ver pena em seu rosto, mas ela sorria, incentivando eu a pegar algo em sua mão. Era um doce, uma bala. Olhei para ela como se fosse louca. Ela devolveu o olhar, insistindo: Vamos, é de gengibre, realmente ajuda.
Cauteloso peguei o doce. Tudo que eu havia comido já estava em algum lugar naquele oceano e não tinha vontade de colocar mais nada para dentro. Mesmo assim resolvi testar e coloquei a bala na boca. Ela era forte e trazia um frescor. Na hora soube que era isso que eu tinha sentido antes na boca dela.
Voltei a me sentar, de costas para o muro de proteção. Ela também voltou a se sentar e começou a puxar conversa.
- Você já foi para Alalo? - Perguntou, animada. Ela tinha um sotaque forte de Kalos, que eu já quase nem reparava mais, porém os outros moradores de Alalo iriam notar na hora.
- Eu sou de lá. - Respondi, sem entusiasmo.
- Legal! É a primeira vez que eu vou. - Disse, sem ninguém perguntar. - Estou super animada. Eu nunca havia saído de Kalos e esta sendo tudo tão incrível! Quero conhecer o vulcão, aprender a surfar, capturar novos Pokémons... - Olhei para ela enquanto ela continuava a tagarelar. Então ela era uma treinadora também, interessante. - E eu quero dançar Hula-Hula. É verdade que vocês possuem uma língua nativa? Que descende dos indígenas que moravam nessa ilha antes? É verdade que eles eram canibais?
Olhei incrédulo para ela. A primeira vista ela parecia uma garota calma e sabia, que oferece ajuda e te da uma bala de gengibre, mas é só abrir a boca que tudo muda.
- Sim. Sim. Não. - Digo, ríspido e ela parece meio decepcionado com a resposta, não sei se é por conta do meu tom de voz ou porque ela queria que meus ancestrais fossem canibais. Mas logo a expressão passa e ela se levanta num salto, dando um grito, me espanto e levanto também, achando que poderíamos estar indo direto a um iceberg. Mas o sorriso em seu rosto não é de alguém que estaria a minutos de naufragar.
Ela está dando pulinhos e gritos e aponta energicamente para o horizonte. A principio não vejo nada, mas logo percebo uma silhueta. É o vulcão. Estamos chegando em Alola.
Com o passar dos minutos vamos nos aproximando mais e a região vai tomando forma. A garota parece deslumbrada, de boca aberta. Pelo menos não está falando.
- É lindo, né? - Olho para ela, era como se tivesse lido minha mente. Vejo a ilha e penso no dia que parti dali. Num barco muito parecido com aquele, com o mesmo mar e o mesmo céu e a mesma vista, só que daquela vez a ilha se afastava cada vez mais em vez de se aproximar. Me lembro que sorri, dei risada. Eu estava me libertando, era a primeira vez que via a ilha de tão longe e nem percebi como ela era realmente bonita.
Quer dizer, bonita para tirar férias ou passear, como aquela garota faria. Eu iria passar o resto da vida ali. Com areia entrando em todos os lugares, a maresia do mar estragando tudo e com pessoas que não gostavam de mim.
- Já vi lugares mais bonitos. - Digo, para mim mesmo e afinal foi isso mesmo. A garota havia sumido. Procuro ela em volta e não a acho.
A bala de gengibre estava acabando em minha boca e o enjoo havia passado.
Pulei assim que o barco parou. Ansioso por ter terra novamente sob meus pés. O porto de Honolulu* era enorme e possuía todo tipo de embarcações. Desde luxuosos iates e cruzeiros até barcos de pesca e de transporte feito de madeira. O lugar estava cheio e era difícil caminhar, mas consegui sair da confusão e chegar rua. Ninguém sabia que eu estava voltando, não tive coragem de admitir que havia fracassado e estava voltando, por isso não havia ninguém a me esperar. Por sorte eu tinha um dinheiro guardado e poderia ir até minha cidade natal de taxi. Entretanto, enquanto estava esperando um carro passar eu vejo um rosto conhecido. Kukui, meu vizinho. Ele esta parado, encostado a um carro, parecia estar esperando alguém.
Finalmente parecia que algo de bom estava me acontecendo naquele lugar. Kukui era o único da nossa cidade que parecia gostar realmente de mim e me apoiava. Foi ele alias, que me deu um emprego para eu conseguir dinheiro para viajar. Será que ele sabia da minha volta e estava me esperando? Resolvi me aproximar dele.
Assim que o homem me viu sorriu.
- Veja quem voltou! Se não é o grande Kaleo! - Ele estende os braços num abraço. - Achei que não veria essa tua cara feia tão cedo. - Ele gargalha alto, chamando atenção.
- Também pensei que nunca mais sentiria esse seu fedor. - Ele volta a rir e todos olham. Assim que para eu vejo aquele olhar, o mesmo olhar que me deu quando eu disse que queria ir embora. Um olhar que um pai preocupado lança ao seu filho. Eu sabia que ele queria perguntar o motivo da minha volta. Kukui sempre foi curioso. Mas ele também sempre foi um amigo e sabia que eu iria contar o motivo se eu quisesse. - Então, o que faz aqui? Não venha me dizer que veio em buscar.
- Até parece que você é tão importante. - Ele ri de novo. - Mas sim, eu vim buscar alguém.
- Quem? - Pergunto curioso. Seria algum novo amor? Kukui parecia eternamente em busca de seu grande amor, que mudava a cada estação.
- Ela. - Ele estende o braço e eu me viro. Há varias pessoas na rua, mas reconheço o resto de apenas uma. A garota do barco. Ela se aproxima de nós dois e sorri.
- Você?
- Cheguei! - Ela fala e abraça Kukui. Eu estava meio abismado. Sabia que Kukui era um grande galanteador, mas aquilo era quase pedofilia, a garota só tinha uns 16 anos e ele já tinha uns 30. Percebendo minha expressão de horror Kukui gargalhou.
- Não pense besteira Kaleo, está é minha prima Luana. - Diz, para meu alivio. - Mas parece que vocês já se conhecem.
- Viemos no mesmo barco. - Diz Luana. O nome parecia lhe cair bem. Ela nem devia saber, mas seu nome tinha um significado especial ali em Alola, queria dizer "guerreira cheia de graça".
- Então estamos em família. Kaleo é meu vizinho. Alias, você aceita a carona, né? - Pergunta ele, como se soubesse de algo e eu não gostava daquilo, Kukui era muito brincalhão e as vezes suas brincadeiras passavam um pouco do limite. Mesmo assim balancei a cabeça e confirmei. Seria um dinheiro economizado.
- Como foi a Liga de Kalos desse ano, Luana?- Perguntou Kukui.
- Foi boa, infelizmente perdi na primeira fase, mas ano que vem tentarei de novo. - Eu estava surpreso. Ela não parecia nem um pouco triste por ter perdido e havia conseguido chegar a Liga, eu nem tinha conseguido reunir as 8 insígnias.
- E você se sairá bem melhor, pode apostar!
- Então você é uma treinadora? - Questiono, tentando fingir desinteresse.
- Sim, eu amo os Pokémons. Quero muito vencer a liga, mas ainda não estou preparada, por isso vim tirar férias aqui e treinar um pouco, conhecer novos pokémons e novos treinadores. - Balança a cabeça sorrindo. Seus cabelos curtos balançam debaixo da sua estranha touca, que ela deve ter comprado de algum camelô, achando que era moda em Alalo.
- Eu a convidei. Pode não parecer Kaleo, mas muita coisa mudou em Alola, você vai se surpreender!
Ele olha pelo retrovisor e da uma piscadela. O que ele queria dizer com aquilo? Alola nunca foi uma região com foco nas batalhas. A liga local era fraca e pouco famosa, nem sequer um Professor Regional havia, eu tinha pena de Luana, toda animada com a região e nem sabia que o lugar era horrível.
Já estávamos saindo de Honolulu e chegando a nossa cidade natal. Ela ficava no alto de uma colina e carros não chegavam até lá, por isso era comum deixar o carro e subir a pé e foi assim que terminamos nossa viagem. Seguindo o caminho dos totens, chegamos a Mua Kaona*.
O lugar estava o mesmo. As casas de madeira e palha, o "centro" da cidade, com seu palco onde acontecia o Festival e nada mais. Era aquilo. Só aquilo. Mas Luana parecia impressionada.
- Venham! Tenho uma surpresa para mostrar! - Kukui gritou e saiu correndo, com Luana logo atrás. Eu fiquei parado, olhando para a minha casa, ela continuava igual, mas tudo parecia tão diferente.
Alguém me chama. Penso que é minha irmã ou minha mãe, porém é Luana. Ela se aproxima e pega na minha mão.
- Vamos! - Saímos correndo e chegamos ao centro da cidade, onde está o palco. Ele serve para as apresentações de Hula Hula, mas hoje não havia nenhuma dançarina. Em vez disso está Kukui e seu pai, Hala. Pai e filho são muito parecidos, Hala sempre aparece rindo alto.
- Minha linda sobrinha. - Hala abraça Luana e depois se vira para mim. O velho nunca gostou de mim e não parecia muito feliz em me ver ali. - E Kaleo.
- Bom ver o senhor também. - Tento ser o mais irritante o possível e parece dar certo quando Hala faz uma careta, mas ela logo some e ele sorri novamente para a sobrinha.
- Eu tenho uma surpresa para você. - Diz animado, parecia estar em êxtase. O velho pega 3 pokebolas do bolso. Eu olho para Kukui surpreso e ela apenas ri, ele sabia que eu ia ficar assim. Hala nunca teve uma pokebola, ele diz que é desumano e cruel com os Pokémons mantê-los ali. Por que agora ele teria não só uma, mas três pokebolas? - Um presentinho para você!
Ele lança as pokebolas e os três Pokémons que saem dela vão para cima do palco. Era uma pequena coruja cor de creme com uma gravata borboleta de folhas, um gatinho preto e vermelho com estranhos bigodes e um leão marinho com nariz de palhaço.
- Rowlet do tipo Grass/Flying; Litten do tipo Fire; E Popplio do tipo Water! - Anuncia o ancião, prestes a dar pulinhos de alegria. - Você pode escolher um para você!
- Como assim? - Me intrometo na conversa, tentando entender aquela confusão - Esses Pokémons parecem tipo os inicias das outras regiões, você virou Professor Regional? - Digo, incrédulo. Se Hala havia virado um Professor, só faltava o vulcão entrar em erupção.
Hala me metralha com seu olhar e parecia pronto para dar uma resposta nem um pouco civilizada e educada na frente da sobrinha, mas antes Kukui fala:
- Tipo isso Leo. Resolvi distribuir esses Pokémons numa forma de incentivar os jovens de Alola a se tornarem treinadores, porém não sou nenhum Professor, nem meu pai. Não temos aprovação do governo nem estudo para isso. Na verdade é apenas um teste. E Luana nossa cobaia, a primeira a receber um desses inicias. - Explica Kukui. Agora as coisas começavam a fazer sentido. Seria isso qe ele quis dizer antes, quando falou que muita coisa havia mudado em Alola?
- QUE INCRIVEL! - Gritou Luana, se aproximando dos três monstrinhos.
- Na minha época não tinha isso. - Cochicho, ressentido.
- Não se preocupe Leo, você também pode escolher um! - Diz ele, para minha surpresa e de Hala, o velho começa a dizer algo, mas o filho não deixa. - Vamos, escolham logo. Você começa Luana.
Luana que já estava de frente aos Pokémons, os observa atentamente. Ela esta tão concentrada que quando Pupplio se mexe ela se assusta. O Pokémon cria uma bolha de seu nariz e pula em cima, como se fosse uma bola, só para depois dar uma pirueta. Um pequeno show para conquistar a treinadora.
- Amei! Eu quero ele. - Fala Luana e agarra o Pokémon, que parece orgulhoso por ter conseguido conquistar sua plateia.
- Ótima escolha. - Diz Hala. - Popplios são ótimos em batalha e melhor ainda em espetáculos, se você quiser ser Treinadora ou Coordenadora tanto faz, esse Pokémon é bom em ambos.
Luana parece feliz com sua escolha, sem ninguém falar nada eu me aproximo. Sobrou Rowlet e Litten. Eu amava os felinos, tanto que tinha um Meowth, mas assim que vi Rowlet não houve mais duvidas, eu queria ele.
- Eu quero Rowlet!- O Pokémon pia feliz e pula para meu colo. Litten permanece inexpressivo, não parecia estar triste por não ter sido escolhido.
- Rowlet também são muito bons, parabéns Leo. - Parabeniza Kukui, com um Hala carrancudo ao lado. - Agora só resta fazer uma coisa. - Diz, chamando a atenção de todos - Batalhar!
Olho para Luana no mesmo instante que ela me olha e trocamos um sorriso sincero. Não é preciso dizer mais nada. Subimos para o palco que se transforma numa arena e já estamos preparados para a batalha.
- Os ataques do Popplio são Water Gun, Bubble e Pound, Luana. Vá lá e vença esse piralho! - Grita Hala.
- Rowlet sabe Leafage, Peck e Tackle. Mostre o que você aprendeu em Kalos e não me decepcione. - Fala Kukui.
- Pronto Kaleo? Porque aqui vou eu! - Grita Luana, entusiasmada. No mesmo instante a adrenalina da batalha também nasce em mim e estou pronto.
- Eu nasci pronto! Rowlet vamos começar com Tackle! - Digo ao passarinho, que vira o pescoço em 180° para olhar para mim e escutar meu comando. O Pokémon pia, confirmando e levanta voo em direção ao adversário.
Para meu espanto e de Luana, Rowlet avança mais rápido do que suas asas parecem conseguir e atinge em cheio o corpo do Pokémon aquático.
- Ele é rápido. Vamos contra atacar Pupplio, Pound! - Comanda Luana e seu Pokémon sai rolando, se aproximando de Rowlet até atingi-lo com um tapa. - Agora que esta próximo use o Water Gun.
- Não vai servir, Rowlet é do tipo Grass. - Digo, confiante, eu tinha a vantagem do tipo, seria uma vitória fácil. Pupplio lança um jato de água da boca que atinge o Rowlet que voava baixo pela arena. O ataque atinge em cheio e causa pouco efeito, mas acaba deixando as penas do pássaro molhadas e pesadas e seu voo mais lento.
- Essa não! - Resmungo, estava tão confiante na batalha que não liguei para as habilidades de Luana como treinadora, ela era boa, sem duvidas.
- Bem feito, garoto! - Escuto Hala gargalhar e me desconcentra e não vejo quando Pupplio já vem usando Pound novamente e estapeando meu novo Pokémon. - Vai Luana!
Luana parecia totalmente envolvida na batalha e estava concentrada, tanto que nem abria a boca para falar, coisa rara.
- Vamos usar esse novo ataque, Leafage! - Um ataque efetivo iria acabar com aquela batalha logo. Eu não poderia perder essa batalha, eu havia saído da cidade anunciando que iria para Kalos vencer a Liga, me tornar um grande Treinador. Mas como eu ia dizer que era um bom treinador se perdesse logo na minha primeira batalha na região?
Rowlet abriu as asas e disparou diversas penas, elas possuíam um brilho esverdeado e voaram em direção ao Pupplio.
- Desvie com seu mortal, Pupplio! - Gritou Luana e rapidamente o Pokémon criou uma bolha-balão e assim como anteriormente pulou em cima dela e deu um mortal, dessa vez o movimento serviu para desviar do ataque e se aproximar de Rowlet. - Agora prenda ele!
Pupplio cria outra bolha, em redor de Rowlet e o aprisiona dentro da bolha.
- Como assim!? - Grito, desesperado.
Luana sorri e dá o ultimato:
- Pound!
Surpreso, Rowlet não pensa em escapar e quando a bolha estoura Pupplio já esta em cima dele o atacando e o nocauteando.
- ACABOU! Minha querida sobrinho venceu! - Grita Hala, subindo na arena e abraçando a garota. Recolho meu Pokémon e saio rapidamente dali, ignorando os chamados de Kukui e Luana. Quase esbarro num outro garoto, mas nem presto atenção. Continuo a caminhar, havia apenas um lugar para eu ir, não havia como escapar daquilo.
Assim que a porta bateu atrás de mim um silêncio perturbador se instalou na casa. Era meio dia, todos estavam em casa e conversavam. Meu pai, com sua barba negra e a pele queimada do sol por ficar horas no mar pescando; meu irmão mais velho, quase uma copia exata, com barba e a pele queimada, apenas os olhos que eram diferentes, eram verdes, como da minha mãe; Mamãe, linda como sempre, me olhava espantada com seus olhos claros; e minha irmã mais nova, uma versão feminina e sem barba do meu irmão. Então de repente tudo estava quieto e todos olhavam para mim.
- Autógrafos mais tarde. - Digo, seguindo em direção as escadas, que levavam ao segundo andar, onde ficava o quarto que eu dividia com meu irmão mais velho. Assim que abri a porta do meu antigo quarto foi como levar um soco no estomago e senti uma náusea pior do que da viagem. O quarto que antes possuía duas camas e uma pequena cômodo agora só tinha uma cama de casal, meus pôsteres e adesivos haviam sumido e a parede onde anos atrás eu havia feito um desenho da família inteira e havia permanecido como um retrato tinha sido repintada. Passo em todos os outros quartos, que estão como sempre foram, eu não tinha mais um quarto naquela casa.
Desço correndo e todos estavam na mesa ainda, na mesma posição, me esperando. Olho para a mesa e vejo que possui 5 pratos. Eles não sabiam da minha volta, por isso não fazia sentido terem colocado um prato para mim.
Desço correndo e todos estavam na mesa ainda, na mesma posição, me esperando. Olho para a mesa e vejo que possui 5 pratos. Eles não sabiam da minha volta, por isso não fazia sentido terem colocado um prato para mim.
Entretanto, o mistério é resolvido quando o quinto membro aparece da cozinha. Uma jovem queimado pelo sol e com cabelos negros. A namorada do meu irmão, quer dizer, agora parecia ser a esposa do meu irmão.
- Filho que você ta fazendo aqui? - Diz meu pai. Eu o olho perplexo, eu até podia revelar que eu não era o filho favorito, não era bonito como meu irmão mais velho, nem inteligente como minha irmã mais nova. Nunca dei motivo para lhe dar orgulho, ao contrario, na verdade. Mas nem querer o próprio filho na sua casa era demais.
- O QUE EU TO FAZENDO AQUI? EU MORO AQUI! - Grito. Me aproximando da mesa. Meu pai levanta e meu irmão ao seu lado, meu pai me olhava como se eu fosse um desconhecido e meu irmão apenas dirigia um olhar de raiva contra mim.
- VOCÊ SAÍ DE CASA, ABANDONA SUA FAMILIA E ACHA QUE PODE VOLTAR ASSIM? - Grita meu irmão de volta, sua esposa se coloca ao lado dele e tenta acalma-lo. - SEU MOLEQUE!
- Silêncio! - Fala meu pai. - Kaleo, não entendo o motivo de tanta raiva. - Diz, cínico.
- Não entende? Vocês - Me seguro para não xingar ninguém. - Onde está meu quarto?
- Bem... - Meu pai parece se enrolar, sem saber o que dizer. Ela pigarreava do mesmo jeito quando fazia algo errado e não sabia como falar para mamãe.
- Você sumiu do nada. - Diz mamãe, nem parecia abalada pela minha volta. - Sempre disse que iria embora e nunca voltaria. Bem, achamos que você não voltaria.
Olho bem para a cara dela. Minha mãe nunca foi presente, como guia turística ela quase nunca estava em casa e nunca deu muita atenção a mim. Mas ela era minha mãe e de todos eu esperava que ela fosse a única a me receber de braços abertos. Porém nem ela. Eu estava me sentindo um lixo, jogado fora. Não tentei mais me controlar, eu havia esquecido o motivo de ter fugido de casa, mas aqueles breves minutos haviam refrescado minha memória.
- Você sumiu do nada. - Diz mamãe, nem parecia abalada pela minha volta. - Sempre disse que iria embora e nunca voltaria. Bem, achamos que você não voltaria.
Olho bem para a cara dela. Minha mãe nunca foi presente, como guia turística ela quase nunca estava em casa e nunca deu muita atenção a mim. Mas ela era minha mãe e de todos eu esperava que ela fosse a única a me receber de braços abertos. Porém nem ela. Eu estava me sentindo um lixo, jogado fora. Não tentei mais me controlar, eu havia esquecido o motivo de ter fugido de casa, mas aqueles breves minutos haviam refrescado minha memória.
- AH, VÃO SE FUDER!
Saio de casa, com a mochila nas costas, deixando tudo para trás, assim como fiz um ano atrás. Dessa vez com uma promessa, de nunca mais voltar.
Luana, Kukui e Hala não estavam mais no centro, na verdade toda a cidade parecia vazia. Caminhei até o ponto mais distante da minha casa e da casa de Hala e me sentei na sombra de uma arvore, encostado num totem. Tirei um pacote de biscoito todo esfarelado e aquilo foi meu almoço. Eu estava com raiva, eu estava triste, eu estava decepcionado. Mas o pior era a solidão. Tirei as duas únicas pokebolas e liberei os Pokémons dela, Rowlet e Meowth. O gato estranhou no começo a corujinha, mas logo depois os dois estavam brincando. Eu possuía mais Pokémons, porém havia vendido eles para conseguir pagar minha passagem de volta. Havia permanecido apenas com o Meowth, meu primeiro Pokémon. Não havia como eu me separar dele.
Estava entretido brincando com Meowth que insistia em lamber as penas de Rowlet que não percebi quando alguém se aproximou. Antes de ver quem era, achei que era alguém da minha família ou Kukui, mas algo no meu intimo queria que fosse Luana, porém não era uma garota e sim um garoto, o mesmo que eu quase havia esbarrado mais cedo.
- Aloha Kaleo! - Diz o rapaz. Vejo aqueles dentes brilhantes, aquele pele bronzeada, aquele corpo malhado, aquele corte de cabelo e aquela voz que fazia garotas e garotos suspirarem. Eu pensava que nada podia piorar meu dia, mas eu estava errado. O rapaz era ninguém menos que Kai, o mais lindo, inteligente, carismático, rico e perfeito garoto de Hololulu, de Hololulu não, de todo Alola. Eu simplesmente odeio esse garoto, ele é simplesmente perfeito em tudo e sabe disso.
- Kai. - Digo, rangendo os dentes. - O que você quer? - Não estava afim de papo, muito menos com ele.
- Eu...Bem...Não sei como começar. - Ele fala, enrolando. Nunca vi ele daquele jeito. Kai foi sempre bom com as palavras, outro dom dele.
- Pelo começo. - Digo, sem paciência.
- Eu vi sua batalha mais cedo. - Fala, meio sem jeito. Eu já estava mal, sem casa, sem ninguém, a não ser meus Pokémon. Não precisava de alguém para jogar na minha cara que além de ser um futuro mendigo eu também era péssimo em batalhas. Se ele resolvesse pegar no meu pé seria uma honra socar aqueles dentes perfeitos. - Você foi muito bem!
- Oi? Só pode ta de brincadeira com minha cara. - Me levanto e olho bem nos seus olhos, pronto para começar uma briga. As chances de eu apanhar eram grandes, levando em conta que eu estava fraco pelos enjoos e não havia comido nada, mas pelo menos um soco eu conseguiria acertar.
- Não Kaleo! - Ele para e parece pensar nas próximas palavras. - Sei que não nos dávamos bem antes de você viajar, mas agora quero sua ajuda. - Ele vai diminuindo a voz até ela sumir.
- Minha ajuda? Você é perfeito, tem tudo que quer. - Relaxo um pouco, dado a estranheza em que a conversa se encaminhava.
- Nem tudo. - Confessa - Meus pais não deixam eu fazer nada sozinho. - Seu tom de voz era de um garoto de 7 anos. - Meu sonho é viajar pelo mundo, mas eles não deixam eu nem sair de Alola. E você. Você já viajou, saiu em uma jornada sozinho.Eu nunca esperava dizer isso, mas eu tenho inveja de você. - A ultima frase me pega desprevenido.
- Pelo menos teus pais te querem perto, eu acabei de descobrir que os meus nem me querem em casa. - Ele me olha preocupado, como se eu fosse uma espécie rara. - Mas ainda não entendi como posso te ajudar.
- Eu quero viajar e a desculpa perfeita seria sair em uma jornada, porém sou péssimo com Pokémons. - Admite ele.
- Então o Grande Kai não é perfeito? Isso sim é um fenômeno raro.
- Sem piadas Kaleo, eu estou aqui, sendo sincero com você, me abrindo, me expondo e você vem com gracinha.
- Me perdoe Milorde, não foi minha intenção. - Dou um risinho e ele fecha a cara. - Ta bom, parei. Mas não sei se você percebeu, mas eu perdi a batalha de hoje.
- Eu sei, por isso mesmo. Se você tivesse ganhado estaria por aí se achando, como perdeu vai aceitar minha proposta.
Eu sorrio, afinal aquele era o garoto mais inteligente da cidade. E ele me conhecia tão bem quanto eu o conhecia, talvez desse certo.
- Quanto eu ganho? - Parecia que havia uma luz no fim do túnel, talvez eu não virasse um sem teto em Hololulu. Até que minha volta à Alola não estava tão ruim. Eu conheci Luana, ganhei um Pokémon e iria mandar em Kai e melhor ainda, iria receber para isso. Pois é, eu havia voltado para casa!
*One Shot é um estilo de fanfic onde a história possui apenas um capítulo
*Como os nomes das cidades ainda não foram revelados, eu optei por nomeá-la com o mesmo nome da capital do Havaí
*Como os nomes das cidades ainda não foram revelado, optei em inventar um nome, na língua Havaiana, Mua Kaona significa Primeira Cidade, em referencia à cidade inicial nos jogos
4 Comentários
ESTE é o tipo de menino que as garotas não gostam. (a começar pelo nome). Pobre da Luana! Ela só queria puxar papo, mas parece que o Kaleo não é muito disso. É por isso que ele é continua na friendzone, pra não dizer coisa "peór". O que eu estranhei foi que ele diz se interessar por ela, mas do começo ao fim, ele só fala mal da coitada e ainda dá patada. tu tá muito revoltz, jovi. Precisa de uns calmantes esse Kaleo aí. Se eu fosse o pai do Kukui, tbm não ia gostar dele não.
ResponderExcluirE vem cá! que tipo de pais são esses? :O Se eu invento de pedir uma cama de casal pra minha mãe, tô morta :O Aliás, a primeira coisa que ela deveria ter feito era ter abraçado ele em caso de ele ter fugido, mas... desse jeito até dou razão por ele preferir ficar com o lindo, maravilhoso, malhado, suado, sem camisa, exalando os feromônios da vitória, Kai. adorei a forma como vc aproveitou a entradas da pokédex dos pokémon iniciais para dar-lhes características, como a corujinha *---* virar o pescoço pra ouvir as ordens, ou o Litten não se importar de não ter sido escolhido, ou ainda a foca que agora me fugiu o nome por ter feito um espetáculo. No mais, é só dar uma revisadinha no texto que tem alguns errinhos. obs: antes de "tempo", use sempre o "há" do verbo haver. Como em "não o vejo há dois anos". Antes de "distância", use o "a" normal. Como em "Parou a dois metros de distância". E seria bom se alinhasse o texto justificado, mas no mais, tá tudo ótimo! Adorei o capítulo e quero já uma continuação.
Eu chamo o que Kaleo tem de DDCI ou Distúrbio do Cara Idiota, é uma doença rara (não tão rara assim) onde o paciente é um idiota, que acha que todo mundo esta contra ele e desconta tudo em qualquer um. Um dos sintomas é negar algo a si mesmo, como por exemplo, gostar de uma pessoa, mas trata-la mal. Outro sintoma é sempre achar estar com razão e não querer ouvir os outros. Basicamente, um idiota.
ExcluirCompraram uma cama de casal pq o outro casou e pensaram que o Kaleo nunca mais iria voltar. Acho que não consegui deixar as coisas muitos claras, eu não queria enrolar muito e acabei pecando no desenvolvimento com a família.
Kai, o boy magya perfeito, pena que não existe
Vou revisar sim e seguir suas dicas, tem muita coisa a melhorar, tudo culpa da afobação.
Não tenho planos para continuação, mas como a hype já está a mais de 8000 não duvido de escrever mais algumas coisas.
E obrigado pelo comentário Lari :3
Bah, Mr. J! Não quero te desiludir, mas tu não é dos melhores no inglês. (I'm joking) Neste caso não tem The. Como não tem em "Welcome to New York". Ademais, está tudo excelente! Adorei a história, muito bem escrita. Tivemos a apresentação de basicamente todos os personagens novos (ao menos eu imagino a Luana como a protagonista dos games -com aquela touca de teta invertida). Talvez o Kaleo seja realmente muito estúpido e revoltado e eu realmente aprecio que o Ku não sei das quantas é o primo da Luana e não do Kaleo, o que reforça a minha teoria de que ela é a protagonista feminina. Adoraria uma continuação e vale acrescentar que, a história pode ficar melhor ainda se tu editar o capítulo e reler, dando uma ajeitadinha básica dos erros de português (acontece) e como a Lari mesma disse, ficaria bem melhor se tivéssemos o texto justificado. Gostaria também de ter visto mais imagens, mas como é um one shot com narrativa de livro, talvez não fique muito necessário. Parabéns pelo ótimo capítulo e quero dizer que você me superou! Eu tinha a primeira fanfic brasileira da sexta geração, e agora tu tens a da sétima!
ResponderExcluirDizer que meu inglês não é dos melhores é um elogia kkkk, eu não sei é nada de inglês kkk, vivo sendo iludido pelo Google Translate.
ExcluirEu queria postar ontem mesmo, por isso não editei, mas irei editar, adicionar algumas coisas que acho que faltou, mais imagens, agora que já existe trilhões de fanarts pela net e concertar os erros.
Kukui, é um nome legal, deixa de onda, já vi nome mais estranho em Pokémon kkkkk.
Obrigado pelo comentário Kevin, sinto-me honrado por ser o primeiro a escrever uma fanfic da sétima geração, mas aposto que não é a melhor kkkk
Vlw ;)
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