Perfeito. Não havia outra palavra para descrever aquele momento. O fogo estalava e iluminava o círculo onde uma dezena de pessoas dançavam e cantavam, todos vestidos com roupas compridas e largas, floridas e brancas. O mar estava calmo e o céu estralado. O lual estava perfeito.
Eu passei a semana toda nervosa, organizando cada detalhe daquela noite. Passava noites acordada imaginando o que poderia dar de errado e quando conseguia dormir, apenas sonhava com o que daria certo. Porém nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que seria tão perfeito.
Mahara vinha trazendo duas malasadas, seus cabelos compridos eram maiores que os meus e loiros feito a areia, como sempre um sorriso estampava seu rosto. Ele nunca parecia triste, nem mesmo quando alguma coisa ruim acontecia ele perdia seu humor.
Ele se sentou ao meu lado e colocou seus pés no mar, assim como eu. Um ano atrás estávamos naquela mesma praia, com aquelas mesmas pessoas, celebrando nosso matrimônio. Achei que aquele seria o dia mais feliz da minha vida, até hoje.
- Trouxe a sua favorita, com goiabada. - Ele me entrega a massa doce, mas não como. Fico observando ele devorar a sua. Ele era tão lindo, seus olhos escuros entravam em contraste com seu cabelo e seu nariz comprido que todos achavam ridículo eu achava fofo e o mais bonito nele era seu sorriso, olhando para aqueles lábios sujos de açúcar eu só pensava em beijá-lo. Ele percebe que estou o encarando e começa a me encarar também, serio. Mas ele não consegue segurar a carranca e começa a gargalhar.
- Foi o que? - Pergunta, comendo o último pedaço da sua malasada.
- Eu quero te contar um coisa. - Digo o mais séria o possível, tentando assustá-lo e funciona, sua boca se contrai e ele começa a piscar várias vezes.
- O que aconteceu? Diz logo. - Ele começa a ficar nervoso e começa a balançar o joelho esquerdo, era uma mania que ele tinha quando se encontrava num momento de tensão. - Fala, por favor!
Não consigo mais segurar e sorrio, me aproximo mais dele e dou um beijo em sua boca, depois no seu rosto, por fim beijo sua orelha e sussurro:
- Estou grávida. - Digo, já esperando sua reação imediata. Ele levanta num pulo e começa a gritar, feito um louco. Ele me pega no colo e começa e me beijar sem parar. Todos os nossos convidados param de dançar e passam a observar a cena e ele só me larga depois que eu digo que estou tonta e corre para anunciar a grande novidade aos amigos.
- EU VOU SER PAI! Eu vou ser pai, vocês acreditam nisso!?
Todos começam a abraçá-lo e parabenizá-lo, Malu é a primeira a vir em minha direção, no entanto, antes de chegar até mim, ela para e olha assustada para o horizonte além de mim no momento em que uma sombra enorme tinge o chão como piche à minha frente.
Olho para trás e vejo uma enorme onda surgindo e a última coisa que escuto são os gritos de Mahara.
Eu passei a semana toda nervosa, organizando cada detalhe daquela noite. Passava noites acordada imaginando o que poderia dar de errado e quando conseguia dormir, apenas sonhava com o que daria certo. Porém nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que seria tão perfeito.
Mahara vinha trazendo duas malasadas, seus cabelos compridos eram maiores que os meus e loiros feito a areia, como sempre um sorriso estampava seu rosto. Ele nunca parecia triste, nem mesmo quando alguma coisa ruim acontecia ele perdia seu humor.
Ele se sentou ao meu lado e colocou seus pés no mar, assim como eu. Um ano atrás estávamos naquela mesma praia, com aquelas mesmas pessoas, celebrando nosso matrimônio. Achei que aquele seria o dia mais feliz da minha vida, até hoje.
- Trouxe a sua favorita, com goiabada. - Ele me entrega a massa doce, mas não como. Fico observando ele devorar a sua. Ele era tão lindo, seus olhos escuros entravam em contraste com seu cabelo e seu nariz comprido que todos achavam ridículo eu achava fofo e o mais bonito nele era seu sorriso, olhando para aqueles lábios sujos de açúcar eu só pensava em beijá-lo. Ele percebe que estou o encarando e começa a me encarar também, serio. Mas ele não consegue segurar a carranca e começa a gargalhar.
- Foi o que? - Pergunta, comendo o último pedaço da sua malasada.
- Eu quero te contar um coisa. - Digo o mais séria o possível, tentando assustá-lo e funciona, sua boca se contrai e ele começa a piscar várias vezes.
- O que aconteceu? Diz logo. - Ele começa a ficar nervoso e começa a balançar o joelho esquerdo, era uma mania que ele tinha quando se encontrava num momento de tensão. - Fala, por favor!
Não consigo mais segurar e sorrio, me aproximo mais dele e dou um beijo em sua boca, depois no seu rosto, por fim beijo sua orelha e sussurro:
- Estou grávida. - Digo, já esperando sua reação imediata. Ele levanta num pulo e começa a gritar, feito um louco. Ele me pega no colo e começa e me beijar sem parar. Todos os nossos convidados param de dançar e passam a observar a cena e ele só me larga depois que eu digo que estou tonta e corre para anunciar a grande novidade aos amigos.
- EU VOU SER PAI! Eu vou ser pai, vocês acreditam nisso!?
Todos começam a abraçá-lo e parabenizá-lo, Malu é a primeira a vir em minha direção, no entanto, antes de chegar até mim, ela para e olha assustada para o horizonte além de mim no momento em que uma sombra enorme tinge o chão como piche à minha frente.
Olho para trás e vejo uma enorme onda surgindo e a última coisa que escuto são os gritos de Mahara.
~Moon
- Muito bem, é o seguinte: - Diz Kukui, olhando para cada um dos presentes na sala, que consistia apenas em mim, Black e ele próprio. E o Rotom Dex, é claro se aquele ser estranho contasse. - Nossa principal missão é encontrar o campeão e parar essas catástrofes! Para isso precisamos encontrar Lillie, a última pessoa que viu o Campeão de Alola. Porém, Lillie é uma incógnita e a única pessoa que parece conhecer a garota é Caitlin, que para nosso azar também desapareceu. O que devemos fazer? Poderíamos procurar por Caitlin, mas nada garante que ela saberá algo sobre o paradeiro da menina ou poderíamos ir atrás diretamente de Lillie, ela deve estar escondida em algum lugar da ilha. - Esclarece o professor, colocando todas as peças na mesa, era um jogo complicado.
Black tira o boné e começa a coçar a cabeça, Kukui fica olhando de mim para Black e do garoto para mim, esperando uma resposta. Mas eu tão pouco sabia o que fazer. Era verdade que eu estava acostumada a enfrentar situações como aquela. No escritório, como Campeã Administrativa, eu tinha que fazer escolhas com enorme pressão e decidir o futuro de milhares de pessoas. Era preciso avaliar todos os fatos, ver todos os pontos de vistas e escutar os diversos conselheiros para enfim escolher a melhor opção. Não seria a opção que agradaria a todos, mas sim aquela que visava o bem da maioria.
Tentei seguir essa mesma lógica, mas ela não se encaixava ali. Não havia fatos para avaliar, conselheiros para ouvir, mas mesmo assim, milhares de pessoas dependiam de nossa escolha.
- Eu e White poderíamos ir atrás de Caitlin, assim que a encontrássemos poderíamos ter uma pista de Lillie. - Diz Black, com sua Pokédex voando ao seu redor, ela parecia atenta a tudo.
- Mas nada garante que Caitlin saiba de Lillie. Se a garota quer se esconder, ela não iria dizer para uma líder de ginásio onde estaria, ainda mais depois de ela ter voltado sem o Campeão, campeão esse que Caitlin está a procura. - Era hora de tomar uma decisão. - Precisamos agir, isso é óbvio, por isso teremos que nos dividir. - Black abre a boca para falar alguma coisa, mas antes que ele se pronuncia-se, eu continuo: Alguém deve ir procurar Caitlin no lugar onde ela foi vista pela última vez e alguém precisa investigar e encontrar Lillie.
Black me olha nem um pouco satisfeito, eu sabia que ele queria aproveitar nossa temporada em Alola para passarmos mais tempo juntos, mas não havia outra opção válida. Kukui não tinha tempo para isso, ele possuía seus próprios projetos e suas obrigações em ajudar Alola. Restava apenas Black e eu, e não havia outra pessoa em quem confiar.
- Caitlin sumiu na floresta que fica próxima ao meu laboratório, ela foi investigar uma antiga caverna. Essa caverna possuía uma passagem próximo ao mar, mas a entrada foi tampada logo que começaram os terremotos. Há alguns rumores que existe uma outra entrada, perto de um antigo templo que existe na floresta e Caitlin foi investigar. - Informa novamente Kukui, ele já nos tinha deixado a par de toda a situação sobre o sumiço da líder de GYM, mas volta e meia voltava a repetir, como se estivesse esquecendo alguma informação e tentava lembrá-la repetindo tudo que sabia.
- Ótimo, eu irei para a floresta e procurarei Caitlin! - Anuncia Black, animado em voltar para ação.
- Nada disso. - Discordo, para surpresa de meu esposo - Estou cansada de ficar no escritório ou apenas com a parte diplomática, quero ação. Eu irei para a floresta, você vai para cidade atrás de Lillie.
- Mas, mas... - Black começa a discordar, mas lhe lanço aquele olhar e ele se cala. Percebo que Kukui observa tudo e solta um pequeno riso.
- Por isso que eu não tenho namorada. - Dou risada com ele, mas Black não sorri.
- Voltamos a nos encontrar aqui, no fim da tarde. Tudo bem? - Olho para Black, que apenas balança a cabeça, ele deveria estar pensando nos diversos Pokémon que deixaria de ver e conhecer, mesmo assim ele não abre a boca para discutir.
- Por mim tudo bem, podem usar a casa quando quiserem. - A casa do primo de Black havia virado nosso QG, o lugar ficava numa praia deserta e havia poucos olhos para observar a entrada e saída, além disso o lugar era equipado com todo tipo de computador e uma incrível internet, além de comida - Vocês já sabem onde escondo a chave.
Dessa vez todos rimos. Acabamos comendo algo antes de sair e depois nos dirigimos a nossos destinos. Eu irei seguir com Kukui até seu laboratório, de lá seguirei para a floresta. Já Black se despede de nós na encruzilhada que leva a enorme cidade de Melemele.
- Se cuida, amor. - Ele me dá um beijo e eu retribuo, às vezes parece que Black se esquece que sou uma treinadora tão boa quanto ele e não preciso de um homem pra ficar me protegendo, mesmo assim agradeço por sua preocupação, com tantas catástrofes e tragédias acontecendo na ilha, era impossível não se preocupar.
- Até mais tarde. - Dou outro selinho e vejo ele se afastar, enquanto eu e Kukui começamos a subir as escadas que levam até o vilarejo.
- Outra coisa - Kukui diz, enquanto subimos - a floresta é de acesso proibido.
- Por causa do templo? - Questiono, curiosa. Cada vez mais o sumiço da líder Caitlin era envolvido em mistério. Enxugo o suor da minha testa com as costas da mão, ainda faltava uma eternidade para a subida terminar.
- Não, o templo era de uma antiga tribo. Existem várias pelas ilhas que compõem Alola, assim como os totens. - Kukui diz apontando com a cabeça para uma das esquisitas estátuas. - A floresta é de uma reserva ambiental, nela é encontrada um tipo de Pokémon que não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo e ele está em extinção.
- Calma aí. - Digo, parando para descansar e respirar. Tanto tempo entre 4 paredes havia tirado todo meu condicionamento físico, eu estava sem fôlego. Já Kukui parecia extremamente bem, nem uma gota de suor. - Pode falar.
- Continuando, proibimos a entrada de treinadores e de qualquer outro tipo de pessoa na floresta, o pokémon só consegue viver nela e seria horrível se ele entrasse em extinção. - Voltamos a subir a ladeira e lembrei de Black, com certeza ele se interessaria por esse Pokémon, mas não poderia capturá-lo, era até bom que ele não estivesse aqui. - Para entrar você precisa de uma permissão assinada pelo governo, mas não temos tempo para isso! Eu irei conversar com os guardas e permitir sua entrada. Porém, para não chamar atenção sobre os motivos de eu deixá-la entrar, eu direi que você está trabalhando para mim e irá resgatar um Pokémon que fugiu do meu laboratório. Entendeu?
- Tudo, chefe.
Enfim atingimos à cidade. Ela parecia deserta, para nossa sorte. Atravessamos a localidade e chegamos à entrada da floresta. Ela era toda cercada e havia um guarda ambiental protegendo o portão. Kukui mandou eu esperar um pouco afastada enquanto ele conversava.
Enquanto os dois discutiam, olhei para o horizonte. Dali eu via alguns prédios da cidade, Black estaria em algum lugar entre aqueles prédios, assim como Lillie. Eu não conseguia engolir aquela garota, não sei dizer o que era, talvez fosse o sexto sentido feminino gritando FALSA! FALSA! ou apenas algo da minha cabeça, não sei dizer, mas adoraria ver ela sendo desmascarada.
Kukui termina de conversar com o guarda e me chama, deixo meus pensamentos de fora e me preparo para entrar na floresta.
~Sun
O caminho até a cidade é tranquilo, tranquilo até demais, o que me deixa nervoso. Eu já estava me acostumando com tantos tremores, tempestades inesperadas e maremotos e tudo parecia calmo hoje, o que dava uma impressão de algo errado. White vivia dizendo que tinha um sexto sentido feminino, mas nem sei dizer o que era isso que eu estava pressentido, vai ver era só besteira.
Olhei para aquele exuberante mar e depois limpei o suor que escorria pela testa. Se eu corresse para a água e ficasse relaxando ninguém iria descobrir, eu podia ficar lá algum tempo e depois começar minha procura por Lillie, que eu achava ser tempo perdido. Aquele dia a encontramos por acaso, duvido que teria essa mesma sorte. E se ela for realmente esperta, ela não ficará andando por aí, dando mole. Já basta ela ter libertado seu Rotom na mesma ilha que Kukui mora.
Esperei o sinal ficar vermelho e atravessei a avenida, ficando do lado oposto da rua que dava para a praia, na sombra dos prédios. Olhei para cada pessoa que passava pela rua, observando atentamente seus rostos e suas roupas. Uma mulher com mais de 40 anos vestia um traje totalmente negro, devia estar assando por dentro. Um turista gordo caminhava sem camisa, seus braços e seu pescoço estavam vermelhos, mas sua barriga e peito não, acho que alguém havia esquecido de passar protetor.
Duas crianças passaram correndo e quase me derrubaram, elas pediram desculpa já atravessando a avenida e sumiram na praia.
- Pestinhas mal-educadas. - Exclama Rotom, enquanto me levanto e limpo minhas calças.
- Olha quem fala. - Respondo e levo um pequeno choque da Pokédex. - Você se comporte ou irei guardá-la, viu?
A Rotom dex se desespera e começa a flutuar pra longe, fugindo de mim. Eu já havia tentando guardá-la diversas vezes, entretanto era inútil. O serzinho sempre conseguia fugir e quando eu conseguia pegá-lo, era apenas para tomar um choque.
Começo a segui-la pelas ruas da cidade. A temperatura já estava um inferno e eu não tinha mais fôlego para isso, além de estar perdendo tempo, só me faltava perder a Pokédex de Kukui. Ele me mataria.
Quando eu achei que iria perdê-lo de vista, o pokémon para em frente a um prédio e entra nele. Acelero o passo e o sigo, nem olho para a placa acima da entrada, por isso me surpreendo quando entro e me deparo com aquilo.
Havia mais de 50 pessoas lá dentro, o enorme salão estava decorado com cortinas negras e cheia de velas e retratos. As pessoas formavam grupinhos em volta desses retratos e muitos choravam. Um homem andava de grupo em grupo, ele colocava a mão no ombro de alguns e falava alguma coisa e depois seguia para o próximo grupo.
Aquilo parecia uma espécie de memorial, olho novamente e vejo lá na frente, um palco, nele havia um microfone e atrás várias flores negras e abaixo uma enorme escritura: NUNCA ESQUECEREMOS
Procuro por Rotom, aquilo não era lugar para nós estarmos, estamos violando o momento daquelas pessoas e eu temia o que o pokémon poderia aprontar. Começo a caminhar entre as pessoas e vejo algo vermelho flutuando, começo a me dirigir na direção dele, mas algo toca me ombro. Me viro ressaltado e vejo o homem de antes, com sua longa cabeleira loiro e muita tristeza nos olhos.
- Olá meu jovem, é a primeira vez que o vejo aqui. - Sua voz é baixa e lenta, como se ele estivesse cansado, mas não cansado de falar, estava cansado de tudo.
- Sim, meu amigo entrou correndo aqui e tive que segui-lo. - Amigo? Agora aquele pestinha era meu amigo? - Mas assim que encontrá-lo, deixarei vocês em paz.
- Não precisa se envergonhar, venha - Ele coloca a mão no meu ombro e começa a andar, só me basta segui-lo. - Dificilmente recebemos alguém da sua idade. Parece que vocês precisam fingir a si mesmos que são fortes e tem medo de chorar por alguém que partiu, mas não há nada a temer.
Paramos em frente a um retrato de uma jovem mulher, ela tinha os cabelos até os ombros e sorria, em torno da fotografia havia um colar de flores e várias velas.
- Essa era minha esposa. - Informa o homem. - Ela foi uma das primeiras vítimas dessas catástrofes, morreu no dia do nosso aniversário de casamento. - Meu estômago parece embrulhar e até a saliva é difícil engolir, tanta gente havia morrido e eu não havia feito nada para ajudá-las. - No dia que me falou que estava grávida.
Ele não solta uma lagrima sequer, mas sei que não é por falta de motivo. Ele tem motivos de sobra, mas já chorou demais, já esgotou sua reserva de lágrimas. Ele percebeu que não adiantava chorar mais, precisava agir.
- Por isso, eu criei isto. - Ele aponta para o salão com a cabeça. - Para nunca esquecer daqueles que já foram, mas também para não ficar preso ao passado. Por isso meu amigo, chore, grite, mas também lute, continue sua caminhada, o destino levou nossos entes queridos, mas ainda estamos aqui e não podemos ficar parados.
Ele dá uma ultima batidinha no meu ombro e se afasta, indo conversar com outra pessoa. Enxugo as lágrimas que surgiram em meus olhos e observo atentamente a imagem da mulher. Os dois teriam tido um filho lindo. Como seria ter um filho? Eu e White nunca conversamos sobre aquilo, parecia não haver tempo com tantos problemas que nos rodeavam. A vinda para Alola seria nossa fuga, mas agora eu percebo que não temos como fugir, eu nunca poderia ficar curtindo com White enquanto centenas de pessoas perdiam a vida. Era preciso agir.
Voltei a procurar Rotom, eu precisava achá-lo rapidamente para seguir na minha procura por Lillie, eu estava mais determinado do que nunca em encontrá-la e descobrir os mistérios que envolviam essa região.
Encontro a pokédex sobrevoando um retrato e me encaminho para lá, quase acabo esbarrando numa garota de tão apressado que eu estava. Só havia Rotom ao redor do retrato do homem, por isso consigo ver seu rosto de longe, ele me é familiar, mas não consigo reconhecê-lo.
Rotom vem em minha direção e não diz nada sobre sua repentina curiosidade, eu também nem pergunto. Estava mais interessado na minha curiosidade. Me aproximo mais do retrato e consigo reconhecer o homem. É claro que ele me era familiar, aquele é o Campeão de Alola.
- Por que você veio ver o retrato do Campeão de Alola? Na verdade, como você sabia que isso estaria aqui? - Pergunto sério, mas Rotom em vez de responder, apenas flutua até meu bolso e se desativa. Algo estava estranhamente errado, Rotom nunca vez aquilo, a não ser...
É então que percebo: o Campeão, Rotom, a garota que quase esbarrei... ela parecia estar vindo da direção do retrato. ERA LILLIE. É claro, por isso Rotom entrou no prédio, ele percebeu que sua antiga treinadora estava ali.
Saio correndo do prédio e olho para os lados, havia várias pessoas na rua e Lillie já devia estar bastante afastada, mesmo assim consigo enxergar sua silhueta e começo a segui-la. Persigo-a por varias ruas, até que enfim a alcanço quando a garota entra numa lanchonete.
O lugar estava vazio. Olhei e não vi ninguém. Como assim? Eu tinha certeza que tinha visto ela entrar ali, olho melhor e vejo a garota sentada numa mesa no fim do restaurante, praticamente escondida.
Me sento a sua frente, para susto da menina.
Ali, cara a cara com ela, tenho certeza que se trata de Lillie. Ela não está usando mais um vestido chique ou um enorme chapéu, até seus cabelos estavam presos e parcialmente escondidos sobre uma touca azul. Percebo porque não a reconheci de cara, ela estava vestida como uma perfeita aloniana, com uma camisetinha regata, um shorts até os joelhos e sandálias, estilo completamente diferente da primeira vez que a vi, quando ela parecia uma boneca, encomendada de alguma fábrica chique em Parisia.
De qualquer forma, ela continuava muito bonita. Daria uma ótima modelo.
- Quem é você? - Questiona, com sua voz aguda, fina e irritante.
- Sou o Sun, você não me conhece, mas sei quem você é, Lillie. - Digo, parecendo um daqueles mafiosos dos filmes, só faltava dois capangas atrás de mim e eu estar fumando um charuto. - Eu quero apenas conversar.
- Não conheço essa tal de Lillie, não temos o que conversar. - Ela se levanta, mas rapidamente me coloco à sua frente.
- Se você não é Lillie, qual seu nome?
- Meu nome é... - Ela pigarrea e percebe que a peguei na mentira, sem ter mais como me enganar, ela volta a se sentar. - O que você quer?
- Eu sei que você saiu com o Campeão e ele está desaparecido há mais de semana, mas aqui está você, sem ele. - Fui direto ao ponto, não tinha tempo para enrolação.
- Você acha que sabe das coisas, mas não entende o que realmente está acontecendo. - Diz, irritada, ela não para de mexer em um anel em sua mão.
- Por que você não me explica então?
- Eu nem sei quem você é.
- Eu sou... - Paro, eu poderia voltar afirmar que era Sun, inventar que Kukui havia me mandado, mas aquilo não a faria falar. Se ela queria que Kukui soubesse de algo, já teria falado. Não, eu precisava me impor, ela devia me ver como uma verdadeira autoridade se eu quisesse descobrir o que estava acontecendo. - Meu nome é Hilbert Black, Campeão da Região de Unova e responsável pela investigação do sumiço de meu colega de Alola e de todos os problemas envolvendo o país.
Tiro meu boné e mostro minha identidade. Lillie olha do documento para mim e abre a boca.
- Você, você é o Campeão de Unova? - Ela está verdadeiramente espantada e não fala nada até que eu balance a cabeça em concordância. - Mas você está em Unova, as autoridades de lá nem estão se importando com a situação de Alola.
- Não é bem assim, eu estou aqui e estou muito preocupado com tudo isso e quero respostas. - Faço uma pausa dramática e me ajeito na cadeira. - E você tem as respostas.
- E-Eu não sei como posso ajudar, m-mas direi tudo o que souber. - Percebo seu nervosismo, ela não para de rodar o anel em seu dedo.
- Comece me dizendo onde está o Campeão.
- Eu não sei, eu achei que ele tinha voltado, mas quando cheguei em Melemele soube que deram ele como desaparecido. - Seus olhos começam a lacrimejar e sua voz a falhar. - E-ele me abando-donou e fugiu, m-me deixou so-sozinha.
- Abandonou? - Não era bem assim que eu conhecia a história. - Eu escutei uma conversa sua com um garota chamado Eclipse, nela você disse que foi fraca, que ninguém poderia saber que você havia voltado sem o campeão e que precisava de algo e que isso iria trazê-lo de volta.
Ela me olha ressaltada, surpresa por eu saber daquilo tudo. Ela seca as lagrimas e continua.
- Eu fui fraca, eu sou fraca. A ultima vez que vi o Campeão foi quando avistamos Lunala.
- Lunala!? O Pokémon lendário? - Seria possível? Kukui dizia que ele e Solgaleo eram os responsáveis pelas catástrofes e o Campeão havia o encontrado, porque ele não resolveu logo isso? Como se soubesse da minha pergunta, Lillie continua:
- Sim, o campeão foi atrás dele, pretendia derrotar o Pokémon e me deixou, mandou eu esperar, mas nunca mais voltou. Eu deveria ir atrás dele, mas fui fraca. - Ela volta a chorar, mas agora sua voz é firme, como se ela estivesse com raiva, raiva de si mesmo. - Não sabia o que fazer, então resolvi voltar à Melemele, onde eu descobri que há um jeito de trazê-lo de volta.
- Que jeito é esse? - A história de Lillie começava a fazer sentido, as coisas estavam se encaixando, só faltava algumas peças desse quebra-cabeça.
- Um objeto. - Ela começa a mexer em sua bolsa com cuidado, ouço um estranho barulho vindo de dentro. – É meu celular. – Rapidamente diz, ao ver meu olhar inquisidor. Ela volta a mexer, até que enfim tira uma pequena estatua de madeira, parecido com os totens da ilha. - Um totem igual a esse.
- Um negócio pequeno assim é capaz de salvar Alola?
- Eu não sei o tamanho exato, esse da foto é apenas um souvenir. Mas sim, esse totem é capaz de acalmar os deuses e trazer paz a região. - A garota guarda o celular e fica me encarando. Eram muitas informações. Até poucos minutos atrás eu estava achando que ela era perigosa, que estaria conspirando contra o bem estar da região, mas na verdade ela estava apenas tentando consertar tudo sozinha, com medo do que as pessoas iriam pensar dela.
- E você sabe onde ele está? - Pergunto, ansioso, aquele poderia ser o fim dos problemas, estaríamos mais perto da solução do que eu ousava sonhar.
- Está nessa ilha, dentro de um templo. - Templo? Kukui havia mencionado que a floresta onde Caitlin havia sumido tinha um templo, seria o mesmo?
- Templo? Lady Caitlin desapareceu perto de um templo, você sabe algo sobre isso?
A cara de Lillie é de total horror, ela começa a chorar e soluçar, sou pego de surpresa e a única coisa que consigo fazer é colocar minha mão sobre a dela, tentando acalmá-la.
- Caitlin sabia do objeto, ela foi atrás dele, mas existe outros, existe outros...
- Outros?
- Um grupo está atrás do objeto, eles são perigosos. Você precisa me ajudar, vamos até o templo, eu sei como chegar até lá, mas preciso de alguém para me proteger. - Ela implora e segura em minha mão, apertando-a.
- Eu vou com você! - Me levanto, Lillie para de chorar e consegue esbouçar um sorriso, mas eu não consigo sorrir, havia muita coisa em jogo e White estava no meio de tudo isso, eu estava com pressa para achar esse objeto e salvar Alola, porém minha maior preocupação era com minha esposa.
~Moon
- Preciso da ajuda de vocês! - Lanço as duas pokébolas para cima e dela saem os Pokémons que eu tinha em Alola, Rowlet e Gastly.
- Gasssssstly - Exclama a bola venenosa com sua língua para fora.
- Estou atrás de um templo abandonado, ele deve ser de pedra e estar cheio de vinhas e limo. - Todos os templos na TV tinham aquela aparência e eu não fazia a menor ideia de como era o templo dali, esperava que aquele estereótipo fosse verdadeiro. - Procurem por tudo e voltem até mim assim que o encontrarem. Vão!
Rowlet ganha altitude e começa a sobrevoar a floresta, enquanto Gastly atravessa árvores e arbustos atrás do tal templo. Enquanto isso eu continuo minha caminhada, ou pelo menos tentava. A floresta, por ser uma reserva ambiental e proibida para os humanos, era muito fechada e difícil de se locomover sem tropeçar em uma raiz ou amassar alguma flor que eu nunca havia visto antes.
O lugar era um paraíso para os amantes da natureza, eu nunca havia visto tantas espécies novas de árvores, arbustos e flores e os Pokémon? Até ali eu já havia visto 3 novos.
Um era um pequeno pássaro de bico pontiagudo, ele tinha um topete vermelho e eu só o encontrei pois comecei a seguir o som de batidas na madeira. Encontrei ele picando um grosso tronco, ele se assustou com minha presença, não era acostumado a ver humanos. Mas antes de fugir consegui tirar um foto.
- Estou atrás de um templo abandonado, ele deve ser de pedra e estar cheio de vinhas e limo. - Todos os templos na TV tinham aquela aparência e eu não fazia a menor ideia de como era o templo dali, esperava que aquele estereótipo fosse verdadeiro. - Procurem por tudo e voltem até mim assim que o encontrarem. Vão!
Rowlet ganha altitude e começa a sobrevoar a floresta, enquanto Gastly atravessa árvores e arbustos atrás do tal templo. Enquanto isso eu continuo minha caminhada, ou pelo menos tentava. A floresta, por ser uma reserva ambiental e proibida para os humanos, era muito fechada e difícil de se locomover sem tropeçar em uma raiz ou amassar alguma flor que eu nunca havia visto antes.
O lugar era um paraíso para os amantes da natureza, eu nunca havia visto tantas espécies novas de árvores, arbustos e flores e os Pokémon? Até ali eu já havia visto 3 novos.
Um era um pequeno pássaro de bico pontiagudo, ele tinha um topete vermelho e eu só o encontrei pois comecei a seguir o som de batidas na madeira. Encontrei ele picando um grosso tronco, ele se assustou com minha presença, não era acostumado a ver humanos. Mas antes de fugir consegui tirar um foto.
O segundo que encontrei na verdade foi um enxame todo. Acabei tropeçando num tronco podre e embaixo dele havia um ninho dos Pokémon tipo Bug, eles começaram a cavar quando eu tirei sua proteção.
O terceiro pokémon que eu nunca tinha visto antes foi um pouco mais voraz. Ele avançou contra mim com seus dentes para fora e foi preciso chamar Rowlet para me ajudar a espantá-lo. Minha vontade era de capturá-lo, mas eu não sabia se ele era o tal pokémon raro e em extinção ou não, por isso o deixei de lado, assim como os outros.
Black não teria se controlado e teria capturado cada uma das três espécies novas, mesmo sabendo que uma delas poderia estar em extinção.
Meu passeio não dura muito mais, Gastly e Rowlet surgem ao mesmo tempo, ambos agindo com nervosismo.
- O que aconteceu? O que vocês acharam? - Pergunto, enquanto sigo Gastly que toma a dianteira e avança pela mata rapidamente. Acabo perdendo-o de vista, afinal, o Pokémon podia atravessar matérias sólidos e flutuava, mas eu tinha que desviar de galhos e tentar não tropeçar em nada. Por sorte, Rowlet manteve-se ao meu lado e me guiava por meio das árvores.
Então chegamos.
O templo era como eu havia imaginado, apenas um resquício do que já fora um dia: apenas pedras esverdeadas pelo tempo. Mas aquele pequeno resquício era deslumbrante. As ruínas do templo eram altas e havia ainda muitas paredes de pé, cheia de escrituras. O lugar tinha sido construído ao lado de um rio que levava a uma cachoeira a apenas alguns metros dali. Deixei o templo de lado e me aproximei da queda d'água. Daquela altura, eu conseguia ver o mar e várias ilhotas, era a paisagem mais linda que eu já tinha visto. Fiquei a observar aquele cenário, até que algo molhado e gosmento atinge meu rosto.
Era o Lick de Gastly, fico possessa com o Pokémon, mas percebo que ele só queria chamar minha atenção. Havia algo dentro do templo, dava para escutar alguma coisa se mexendo entre as ruínas. Movi minha boca sem soltar qualquer som, comandando Gastly e Rowlet a cercarem o templo, Rowlet pelo ar e Gastly pelo outro lado.
Com muito cuidado para não provocar nenhum barulho, caminhei até um arco de pedra que havia surgido com a queda de duas paredes e o atravessei. O espaço lá dentro era amplo e iluminado por várias frestas que haviam surgido nas paredes e no teto de pedra. Diversas flores cresciam ali dentro, em meio a totens e cipós decoravam o espaço acima da minha cabeça.
Eles eram iguais ao que existiam no caminho que levava até ali, mas diferente daqueles, que se mostravam bem cuidados. Estes aqui estavam sujos e a maioria havia perdido um pedaço. A câmera tinha dois caminhos a seguir, um parecia dar para o lado de fora novamente e outro levava para um corredor sem iluminação alguma.
Me aproximei do caminho escuro, um arrepio percorreu meu corpo e dei um passo para trás, sem perceber, pisei numa pedra solta e resvalei. Consegui manter o equilíbrio, mas não sem soltar um pequeno grito, que foi o bastante para chamar a atenção de algo.
A coisa surgiu do caminho sombrio e se aproximou devagar. Não pretendia fugir, por isso gritei chamando meus Pokémons, que logo apareceram e ficaram prontos para enfrentar o que surgisse.
Eu não sei bem o que estava esperando, talvez um fantasma que assombrasse aquelas ruínas ou algum Pokémon monstruoso que habitava o antigo templo, mas o que saiu foi um ser fofo e muito bonitinho. Assim que eles nos viu ele parou, farejou o ar, levantou uma patinha e dobrou as orelhas, curioso.
- Au au au! - Latiu o Pokémon, mas ele não ameaçou avançar contra mim, por isso permaneci tranquila.
- Olá amiguinho, tudo bem? - Me agachei, ficando o mais próxima do tamanho dele. Havia aprendido ainda na minha jornada por Unova que muitos pokémons temem o que são maiores que eles. Por isso, se você quer ganhar a simpatia do ser você precisa se assemelhar com ele. - Você mora aqui?
Me aproximei mais dele e consegui tocar em seu pelo, que era macio e sedoso, para minha surpresa. Esperava encontrar um pelo duro e sujo, por ele morar ali. Eu estava encantada pelo Pokémon, sentia uma imensa vontade de capturá-lo e nem estava me importando que talvez ele fosse da espécie em extinção.
Levei a mão até minha bolsa que eu levava a tira colo para pegar uma pokébola quando escutei novamente um barulho vindo do corredor escuro. Eram passos, com certeza. O Pokémon levantou as orelhas e correu de volta ao lugar de onde surgiu. Ele logo voltou a aparecer, dessa vez acompanhado por uma figura humana.
Fazia todo sentido ele não se assustar com minha presença como os outros Pokémons e ter um pelo macio, ele tinha um dono. Passado esse devaneio, me lembrei que era proibida a entrada de humanos ali.
O vulto saiu das sombras e se revelou um rosto conhecido. Com sua pele morena e seu cabelo meio esverdeado, Eclipse parou sobressaltado quando me viu ali.
- Moon!?
- Eclipse!?
- O que você faz aqui?
- O que você faz aqui? – Retruco, Eclipse havia passado de um simples treinador a um suspeito no dia que o encontramos conversando com Lillie. Agora eu o encontrava ali, numa área proibida e que estava relacionada a um sumiço. Não havia como negar, o garoto estava envolvido de alguma forma com tudo aquilo.
- Eu...Err, eu... – Ele começa a pigarrear e coçar a cabeça, lanço um olhar autoritário e ele abaixa a cabeça envergonhado. – Eu vim em busca de respostas.
- Respostas? – Deixo minha caranca e assumo um olhar de curiosidade, então ele estava mesmo atrás de Caitlin?
- Para tudo que está acontecendo em Alola, não aguento mais tantas tragédias e catástrofes. – Sinto a sinceridade em sua voz, a dor que ele sente. Eu mesmo estaria desesperada se Unova fosse o palco daquilo tudo. Ei, White! Presta atenção! Ele pode estar te enganando, usando o sentimentalismo como uma arma.
- Que respostas você encontrará aqui? – Enfatizo a última palavra, abrindo os braços, me referindo ao templo abandonado. Tento soar o mais fria o possível. Uso a mesma estratégia de quando estava em negociações como Campeã. Muitas vezes era preciso ser fria e ignorar o que milhares de pessoas sentiriam. Para isso eu esvaziava minha mente e imaginava estar em uma batalha, era tudo estratégia. Os ataques dos meus Pokémons se transformam em minhas palavras e assim como os ataques, algumas palavras fazem mais efeito que outras. Naquele momento, um tom frio era o mais efetivo para fazer Eclipse confessar tudo.
- Minha avó contava histórias sobre os primeiros moradores dessa ilha, era um povo selvagem, não sabiam nem trabalhar com metais. Mas eles eram devotos, acreditavam em dois deuses, o sol e a lua. Eles construíram templos em homenagens a eles, esse é um. – Eclipse se aproxima da parede esverdeada e passa a mão sobre ela. – Minha Avó também conta que certa vez Alola sofreu como sofre hoje, mas essas pessoas fizeram algo e os deuses se acalmaram. Eu esperava encontrar a maneira de acalmar Solgaleo e Lunala aqui, mas existe apenas pedras e mais pedras.
Eclipse se encosta na parede e respira fundo, ele estava realmente magoado. Ele como um jovem que é, deve ter achado que havia encontrado a forma de salvar Alola e devia ter vindo correndo para cá, na esperança de encontrar a solução. Porém, a vida não era assim.
- Você procurou por tudo? – Se ele já havia rodado por todo templo, talvez tivesse encontrado algo de Caitlin, isso facilitaria muito minha vida. – Não encontrou nada diferente?
- Não, apenas – Ele para de falar e me olha sério. Percebo que pensava em algo que talvez não devesse ter mencionado, ou pelo menos, começado a mencionar. E depois de alguns segundos, ele muda de assunto: – Ei, você também não deveria estar aqui!
- O que aconteceu? O que vocês acharam? - Pergunto, enquanto sigo Gastly que toma a dianteira e avança pela mata rapidamente. Acabo perdendo-o de vista, afinal, o Pokémon podia atravessar matérias sólidos e flutuava, mas eu tinha que desviar de galhos e tentar não tropeçar em nada. Por sorte, Rowlet manteve-se ao meu lado e me guiava por meio das árvores.
Então chegamos.
O templo era como eu havia imaginado, apenas um resquício do que já fora um dia: apenas pedras esverdeadas pelo tempo. Mas aquele pequeno resquício era deslumbrante. As ruínas do templo eram altas e havia ainda muitas paredes de pé, cheia de escrituras. O lugar tinha sido construído ao lado de um rio que levava a uma cachoeira a apenas alguns metros dali. Deixei o templo de lado e me aproximei da queda d'água. Daquela altura, eu conseguia ver o mar e várias ilhotas, era a paisagem mais linda que eu já tinha visto. Fiquei a observar aquele cenário, até que algo molhado e gosmento atinge meu rosto.
Era o Lick de Gastly, fico possessa com o Pokémon, mas percebo que ele só queria chamar minha atenção. Havia algo dentro do templo, dava para escutar alguma coisa se mexendo entre as ruínas. Movi minha boca sem soltar qualquer som, comandando Gastly e Rowlet a cercarem o templo, Rowlet pelo ar e Gastly pelo outro lado.
Com muito cuidado para não provocar nenhum barulho, caminhei até um arco de pedra que havia surgido com a queda de duas paredes e o atravessei. O espaço lá dentro era amplo e iluminado por várias frestas que haviam surgido nas paredes e no teto de pedra. Diversas flores cresciam ali dentro, em meio a totens e cipós decoravam o espaço acima da minha cabeça.
Eles eram iguais ao que existiam no caminho que levava até ali, mas diferente daqueles, que se mostravam bem cuidados. Estes aqui estavam sujos e a maioria havia perdido um pedaço. A câmera tinha dois caminhos a seguir, um parecia dar para o lado de fora novamente e outro levava para um corredor sem iluminação alguma.
Me aproximei do caminho escuro, um arrepio percorreu meu corpo e dei um passo para trás, sem perceber, pisei numa pedra solta e resvalei. Consegui manter o equilíbrio, mas não sem soltar um pequeno grito, que foi o bastante para chamar a atenção de algo.
A coisa surgiu do caminho sombrio e se aproximou devagar. Não pretendia fugir, por isso gritei chamando meus Pokémons, que logo apareceram e ficaram prontos para enfrentar o que surgisse.
Eu não sei bem o que estava esperando, talvez um fantasma que assombrasse aquelas ruínas ou algum Pokémon monstruoso que habitava o antigo templo, mas o que saiu foi um ser fofo e muito bonitinho. Assim que eles nos viu ele parou, farejou o ar, levantou uma patinha e dobrou as orelhas, curioso.
- Au au au! - Latiu o Pokémon, mas ele não ameaçou avançar contra mim, por isso permaneci tranquila.
- Olá amiguinho, tudo bem? - Me agachei, ficando o mais próxima do tamanho dele. Havia aprendido ainda na minha jornada por Unova que muitos pokémons temem o que são maiores que eles. Por isso, se você quer ganhar a simpatia do ser você precisa se assemelhar com ele. - Você mora aqui?
Me aproximei mais dele e consegui tocar em seu pelo, que era macio e sedoso, para minha surpresa. Esperava encontrar um pelo duro e sujo, por ele morar ali. Eu estava encantada pelo Pokémon, sentia uma imensa vontade de capturá-lo e nem estava me importando que talvez ele fosse da espécie em extinção.
Levei a mão até minha bolsa que eu levava a tira colo para pegar uma pokébola quando escutei novamente um barulho vindo do corredor escuro. Eram passos, com certeza. O Pokémon levantou as orelhas e correu de volta ao lugar de onde surgiu. Ele logo voltou a aparecer, dessa vez acompanhado por uma figura humana.
Fazia todo sentido ele não se assustar com minha presença como os outros Pokémons e ter um pelo macio, ele tinha um dono. Passado esse devaneio, me lembrei que era proibida a entrada de humanos ali.
O vulto saiu das sombras e se revelou um rosto conhecido. Com sua pele morena e seu cabelo meio esverdeado, Eclipse parou sobressaltado quando me viu ali.
- Moon!?
- Eclipse!?
- O que você faz aqui?
- O que você faz aqui? – Retruco, Eclipse havia passado de um simples treinador a um suspeito no dia que o encontramos conversando com Lillie. Agora eu o encontrava ali, numa área proibida e que estava relacionada a um sumiço. Não havia como negar, o garoto estava envolvido de alguma forma com tudo aquilo.
- Eu...Err, eu... – Ele começa a pigarrear e coçar a cabeça, lanço um olhar autoritário e ele abaixa a cabeça envergonhado. – Eu vim em busca de respostas.
- Respostas? – Deixo minha caranca e assumo um olhar de curiosidade, então ele estava mesmo atrás de Caitlin?
- Para tudo que está acontecendo em Alola, não aguento mais tantas tragédias e catástrofes. – Sinto a sinceridade em sua voz, a dor que ele sente. Eu mesmo estaria desesperada se Unova fosse o palco daquilo tudo. Ei, White! Presta atenção! Ele pode estar te enganando, usando o sentimentalismo como uma arma.
- Que respostas você encontrará aqui? – Enfatizo a última palavra, abrindo os braços, me referindo ao templo abandonado. Tento soar o mais fria o possível. Uso a mesma estratégia de quando estava em negociações como Campeã. Muitas vezes era preciso ser fria e ignorar o que milhares de pessoas sentiriam. Para isso eu esvaziava minha mente e imaginava estar em uma batalha, era tudo estratégia. Os ataques dos meus Pokémons se transformam em minhas palavras e assim como os ataques, algumas palavras fazem mais efeito que outras. Naquele momento, um tom frio era o mais efetivo para fazer Eclipse confessar tudo.
- Minha avó contava histórias sobre os primeiros moradores dessa ilha, era um povo selvagem, não sabiam nem trabalhar com metais. Mas eles eram devotos, acreditavam em dois deuses, o sol e a lua. Eles construíram templos em homenagens a eles, esse é um. – Eclipse se aproxima da parede esverdeada e passa a mão sobre ela. – Minha Avó também conta que certa vez Alola sofreu como sofre hoje, mas essas pessoas fizeram algo e os deuses se acalmaram. Eu esperava encontrar a maneira de acalmar Solgaleo e Lunala aqui, mas existe apenas pedras e mais pedras.
Eclipse se encosta na parede e respira fundo, ele estava realmente magoado. Ele como um jovem que é, deve ter achado que havia encontrado a forma de salvar Alola e devia ter vindo correndo para cá, na esperança de encontrar a solução. Porém, a vida não era assim.
- Você procurou por tudo? – Se ele já havia rodado por todo templo, talvez tivesse encontrado algo de Caitlin, isso facilitaria muito minha vida. – Não encontrou nada diferente?
- Não, apenas – Ele para de falar e me olha sério. Percebo que pensava em algo que talvez não devesse ter mencionado, ou pelo menos, começado a mencionar. E depois de alguns segundos, ele muda de assunto: – Ei, você também não deveria estar aqui!
Descobriu a América, penso sarcasticamente. O garoto era um tanto ingênuo e burro. Ele não devia ser espião algum, só estava nos lugares errados, nas horas erradas, ou talvez fosse um incrível ator, o que acho difícil.
- Vim investigar o sumiço de Lady Caitlin Hall, a Líder de Ginásio – Abro o jogo. Meu sexto sentido feminino não gritava nada sobre Eclipse, por isso resolvi confiar no jovem treinador. – Ele sumiu por essas bandas. Você encontrou algo suspeito?
Ele fixa o olhar em mim, enquanto digo, talvez esperando perceber se eu estava mentindo ou não. Quando não acha nada, ele volta a olhar para o chão.
- Já disse, só encontrei pedras velhas e cipós. – Ele se agacha e afaga seu Pokémon. Era tanta coisa para pensar que havia esquecido da presença daquele ser fofo e dos meus próprios Pokémons. Aproveito e recolho-os.
- Que espécie é essa? – Pergunto curiosa. Agacho-me também e passo a mão no pelo sedoso do Pokémon.
- É um Rockruff. – Ao escutar seu nome o Pokémon dá um pequeno latido. - Eles são ótimos guias em lugares escuros assim. Conseguem enxergar na mais profunda escuridão, além de terem um faro e uma audição de dar inveja, né garoto?
Rockruff dá outro latido e lambe a cara de Eclipse, que cai para trás dando risada. O Pokémon se joga para cima do seu treinador e continua lambendo-o. Não consigo resistir e começo a gargalhar também.
Minhas risadas se juntam às de Eclipse e aos latidos de Rockruff e ecoam nas velhas paredes, produzindo uma bizarra e sinistra orquestra. No mesmo instante paro de rir, assim como Eclipse, que se levanta.
Uma Ledyba levanta vôo de um cipó e Rockruff começa a persegui-la, de um lado para outro do templo.
- Vim investigar o sumiço de Lady Caitlin Hall, a Líder de Ginásio – Abro o jogo. Meu sexto sentido feminino não gritava nada sobre Eclipse, por isso resolvi confiar no jovem treinador. – Ele sumiu por essas bandas. Você encontrou algo suspeito?
Ele fixa o olhar em mim, enquanto digo, talvez esperando perceber se eu estava mentindo ou não. Quando não acha nada, ele volta a olhar para o chão.
- Já disse, só encontrei pedras velhas e cipós. – Ele se agacha e afaga seu Pokémon. Era tanta coisa para pensar que havia esquecido da presença daquele ser fofo e dos meus próprios Pokémons. Aproveito e recolho-os.
- Que espécie é essa? – Pergunto curiosa. Agacho-me também e passo a mão no pelo sedoso do Pokémon.
- É um Rockruff. – Ao escutar seu nome o Pokémon dá um pequeno latido. - Eles são ótimos guias em lugares escuros assim. Conseguem enxergar na mais profunda escuridão, além de terem um faro e uma audição de dar inveja, né garoto?
Rockruff dá outro latido e lambe a cara de Eclipse, que cai para trás dando risada. O Pokémon se joga para cima do seu treinador e continua lambendo-o. Não consigo resistir e começo a gargalhar também.
Minhas risadas se juntam às de Eclipse e aos latidos de Rockruff e ecoam nas velhas paredes, produzindo uma bizarra e sinistra orquestra. No mesmo instante paro de rir, assim como Eclipse, que se levanta.
Uma Ledyba levanta vôo de um cipó e Rockruff começa a persegui-la, de um lado para outro do templo.
- De qualquer forma, vou procurar alguma coisa, talvez você tenha deixado algo passar. – Digo, apontando para o sombrio túnel.
- Eu e Rockruff passamos por cada metro desse templo, investigamos tudo. Só faltava aqui, já que entramos por trás do templo.
- Aqui eu já olhei, só tem esses totens. – Aponto para um. A Ledyba se esconde atrás da estátua e Rockruff tenta tirá-la dali com as patas.
- Então não há nada, se Lady Caitlin desapareceu, não foi aqui. – Informa o rapaz, com um sorriso cansado. Rockruff late, ainda tentando alcançar o Pokémon inseto. – Ei garoto, venha cá. Deixa isso aí!
O Pokémon olha para seu treinador, mas o ignora e volta a fuçar atrás do totem. Esse era diferente do outros, mais alto e menos robusto. Eclipse se aproxima do seu Pokémon, tentando afastá-lo do Ledyba, mas o Rockruff insiste. Aproximo-me no instante que Ledyba volta a voar, Rockruff pula em cima do totem, que quebra com o peso do Pokémon. Quebra não, afunda. O totem começa a descer e uma abertura aparece no chão, engolindo Eclipse, Rockruff e eu. Enquanto Ledyba voa, enfim livre do seu perseguidor.
O barco enfim se acalmou e parou na costa de Melemele. Da proa era possível ver o lugar onde ficava a entrada da caverna, acima havia a cachoeira e a floresta. O Templo ficava logo ali, mas era impossível vê-lo dali de baixo. Eu nunca havia estado no templo, mas sabia que existia um dentro da reserva ambiental e o velho havia afirmado que realmente existia um, assim como a localização para a passagem.
Tirei os olhos da floresta e lancei-os para o lado. Ali ficava a cidade, Kukui e Hala estavam em algum lugar por ali, achando que eu havia desaparecido. Havia sido fácil enganar os dois. Há muito tempo havia os rumores de uma entrada para a caverna na reserva ambiental, na verdade, muitos moradores acreditavam que o lugar era proibido por conta do templo. Só precisei inventar uma história, dizer que poderia haver alguma pista lá e o Idiota Pai e o Idiota Filho acreditaram feito Slowpoke. Depois foi fácil desaparecer, sem deixar vestígios. Eu só não esperava que minha história estivesse correta.
Quando o ancião contou que havia um objeto, um totem feito de pedra negra e vermelha, que influenciava Solgaleo e Lunala e que esse totem estava guardado naquela caverna, tive de rir e arrancar mais um dedo do velho. Mas ele continuou repetindo a história e tive que ceder. Era verdade então e lá estava eu, com meus 5 companheiros. Malena, pequena, mas grandiosamente mortal; Kilgry, um cabeça oca, mas leal até o fim; Juan, um arrogante e mimado, porém rico; Hérmia, com sua saudade frágil, mas a melhor em batalhas Pokémon depois de mim; e Quorin, o mais misterioso e armado. Faltava apenas o sétimo membro da trupe, seu espião.
Os sete estavam juntos naquela empreita, mas eu comandava tudo. Eu havia planejado tudo e juntado todos ali para conseguir o que queria. As habilidades mortais de Malena, o financiamento de Juan e a força de Kilgry. Cada um tinha algo a oferecer.
Chamei os cinco e ditei as ordens.
- Será uma simples missão de reconhecimento e extração. Eu não posso ir, pois poderão me reconhecer. Malena e Quorin abordarão pela mata, vindo do norte da ilha. – Olho para Malena, que apenas balança a cabeça. Quorin também confirma, escondendo seus cabelos castanhos e sua pele branca sob um capuz. - Hérmia e Kilgry irão pela cidade, tente não matar ninguém. – Kilgry sorri e se aproxima da jovem morena, de cabelos rastafári. Hoje ela parecia mais forte, nem era possível perceber que ela tinha leucemia. – Todo certo? Juan nos aproxime mais.
Juan volta para a cabine de piloto e liga seu barco. Ele era o patrocinador de todas as missões, mas nunca estava presente na ação. Voltei a olhar para a cachoeira. Logo tudo chegaria ao fim e eu mal podia esperar pelo apocalipse.
- Eu e Rockruff passamos por cada metro desse templo, investigamos tudo. Só faltava aqui, já que entramos por trás do templo.
- Aqui eu já olhei, só tem esses totens. – Aponto para um. A Ledyba se esconde atrás da estátua e Rockruff tenta tirá-la dali com as patas.
- Então não há nada, se Lady Caitlin desapareceu, não foi aqui. – Informa o rapaz, com um sorriso cansado. Rockruff late, ainda tentando alcançar o Pokémon inseto. – Ei garoto, venha cá. Deixa isso aí!
O Pokémon olha para seu treinador, mas o ignora e volta a fuçar atrás do totem. Esse era diferente do outros, mais alto e menos robusto. Eclipse se aproxima do seu Pokémon, tentando afastá-lo do Ledyba, mas o Rockruff insiste. Aproximo-me no instante que Ledyba volta a voar, Rockruff pula em cima do totem, que quebra com o peso do Pokémon. Quebra não, afunda. O totem começa a descer e uma abertura aparece no chão, engolindo Eclipse, Rockruff e eu. Enquanto Ledyba voa, enfim livre do seu perseguidor.
~Caitlin
O barco enfim se acalmou e parou na costa de Melemele. Da proa era possível ver o lugar onde ficava a entrada da caverna, acima havia a cachoeira e a floresta. O Templo ficava logo ali, mas era impossível vê-lo dali de baixo. Eu nunca havia estado no templo, mas sabia que existia um dentro da reserva ambiental e o velho havia afirmado que realmente existia um, assim como a localização para a passagem.
Tirei os olhos da floresta e lancei-os para o lado. Ali ficava a cidade, Kukui e Hala estavam em algum lugar por ali, achando que eu havia desaparecido. Havia sido fácil enganar os dois. Há muito tempo havia os rumores de uma entrada para a caverna na reserva ambiental, na verdade, muitos moradores acreditavam que o lugar era proibido por conta do templo. Só precisei inventar uma história, dizer que poderia haver alguma pista lá e o Idiota Pai e o Idiota Filho acreditaram feito Slowpoke. Depois foi fácil desaparecer, sem deixar vestígios. Eu só não esperava que minha história estivesse correta.
Quando o ancião contou que havia um objeto, um totem feito de pedra negra e vermelha, que influenciava Solgaleo e Lunala e que esse totem estava guardado naquela caverna, tive de rir e arrancar mais um dedo do velho. Mas ele continuou repetindo a história e tive que ceder. Era verdade então e lá estava eu, com meus 5 companheiros. Malena, pequena, mas grandiosamente mortal; Kilgry, um cabeça oca, mas leal até o fim; Juan, um arrogante e mimado, porém rico; Hérmia, com sua saudade frágil, mas a melhor em batalhas Pokémon depois de mim; e Quorin, o mais misterioso e armado. Faltava apenas o sétimo membro da trupe, seu espião.
Os sete estavam juntos naquela empreita, mas eu comandava tudo. Eu havia planejado tudo e juntado todos ali para conseguir o que queria. As habilidades mortais de Malena, o financiamento de Juan e a força de Kilgry. Cada um tinha algo a oferecer.
Chamei os cinco e ditei as ordens.
- Será uma simples missão de reconhecimento e extração. Eu não posso ir, pois poderão me reconhecer. Malena e Quorin abordarão pela mata, vindo do norte da ilha. – Olho para Malena, que apenas balança a cabeça. Quorin também confirma, escondendo seus cabelos castanhos e sua pele branca sob um capuz. - Hérmia e Kilgry irão pela cidade, tente não matar ninguém. – Kilgry sorri e se aproxima da jovem morena, de cabelos rastafári. Hoje ela parecia mais forte, nem era possível perceber que ela tinha leucemia. – Todo certo? Juan nos aproxime mais.
Juan volta para a cabine de piloto e liga seu barco. Ele era o patrocinador de todas as missões, mas nunca estava presente na ação. Voltei a olhar para a cachoeira. Logo tudo chegaria ao fim e eu mal podia esperar pelo apocalipse.
~Moon
Continuei mancando pelo corredor escuro. O lugar era abafado e tinha um cheiro estranho. Eclipse ia na frente, com Rockruff guiando, enquanto Gastly atravessava as paredes a procura de uma saída. Já fazia uma hora desde que havíamos caído naquele fosso, eu acabei caindo em cima do meu pé e agora ele não parava de doer. Sem conseguir sair por onde entramos, só restou prosseguir pelo fosso, em busca de uma saída e quem sabe da própria Caitlin. Ela poderia ter caído ali também e estar perdida, era meu dever achá-la.
- Au au! – Latiu Rockruff ao virarmos num corredor. O Pokémon começou a correr e Eclipse olhou para mim. Pensamos a mesma coisa: Saída. Tentei aumentar a velocidade, mas a dor atingiu meu pé e gritei. O grito ecoou nas paredes e continuou repetindo como o lamento de um morto.
- Espera aí que eu te ajudo. – Eclipse se aproxima e me segura, passando seu braço em volta do meu corpo. Percebo como ele é forte, mesmo sendo baixinho. Ele me passa seu celular, que estava com a lanterna ligada e eu passo a iluminar o caminho.
- Obrigado. – Lanço lhe um sorriso e o garoto retribui.
Seguimos os latidos de Rockruff e depois de vários metros andado Gastly aparece atravessando uma parede. A bola venenosa estava em êxtase, girando em redor de mim e com sua língua para fora.
- Ga ga gastly!!!
- Calma, Gastly! – Ordeno e o Pokémon relaxa um pouco. – Mostre o caminho. - Ao escutar meu comando o fantasma dispara flutuando, atravessando a parede por onde surgiu. – Não por aí!
Gastly retorna, se ele pudesse ficar vermelho estaria agora, de envergonhado. Sua nuvem de gás diminui e ele passa a seguir na nossa frente, todo acanhado.
Encontramos Rockruff parado em frente a um portal, esperando a nossa chegada. O arco de pedra era todo entalhado com escrituras e parecia refletir a luz da lanterna, como se fosse de outro material e não uma simples pedra.
O lugar após o portal era uma sala redonda, o chão era cheio de figuras de Pokémons que eu nunca tinha visto e nas paredes havia mais gravuras, só que nessas parecia haver uma ordem. Como se fosse uma história a ser contada. Com a luz da lanterna era impossível ver o teto, de tão alto que ele era.
Diferente de todos os outros lugares daquele templo, que eram cheio de cipós e caindo em ruínas, este era impecavelmente bonito e parecia ter sido construído há poucos anos. Porém, o que mais chamava a atenção era um objeto, em cima de um pedestal. Era feito de um material negro e vermelho, tinha o tamanho do meu braço mais ou menos. Seu formato era um tanto curioso, parecia um simples totem, mas chegando mais perto dava para perceber a tridimensionalidade do objeto. A cada ângulo que você o via ele mudava de formato.
- O que é isso? – Perguntei fascinada, falando bem baixo.
- Um totem. – Cochicha em resposta meu parceiro de aventura. Ele estava tão deslumbrado quanto eu. De repente vejo uma mudança em seu olhar, um brilho repentino e uma felicidade contida. – UM TOTEM! – Ele grita, o som é rebatido pelas paredes e por todo o templo. – Um totem Moon, é um totem!
- Já percebi. – Não estava entendendo o motivo de tanto alvoroço. É claro que havíamos encontrado um tesouro arqueológico e devia valer alguns milhões, mas achei que ele estava mais preocupado com o bem estar de Alola do que com dinheiro. – E o que ele tem de tão especial?
- Isto, Moon, era o que eu estava procurando. – Ele tira os braços de mim e eu cambaleio, sentido falta do apoio, mas consigo me manter em pé. Ele se aproxima do objeto, num fascínio hipnótico. – Este objeto é o meio para salvar Alola, olhe os desenhos nas paredes, é como meu avô me contou.
Ilumino a parede ao lado direito do portal e vejo o que Eclipse quer dizer. Nela mostra várias pessoas segurando um objeto. Não um objeto qualquer, aquele Totem. Eles seguram o objeto no alto e na cena seguinte temos um grande morcego com uma lua desenhada dentro dele em frente a eles. No próximo desenho temos as pessoas ajoelhadas e uma espécie de luz brilhando do morcego, esta luz ilumina as pessoas com o totem. Os desenhos acabam quando chega na direção do pedestal, porém do outro lado havia mais. Era basicamente a mesma coisa, só que em vez de um morcego com a lua dentro, agora era um felino, com o sol desenhado dentro de si.
Lunala e Solgaleo, os grandes deuses de Alola.
Volto minha atenção a Eclipse de novo e vejo o garoto parado em frente ao pedestal, com as mãos erguidas. Parecia que ele se encontrava num momento de indecisão, não sabia se tocava ou não no totem.
Pela primeira vez percebo que Rockruff e Gastly não estavam por perto. Me viro e vejo os dois parados no portal, temendo entrar no recinto. Na escuridão não consigo identificar, mas parece que vejo algo se movendo além do corredor. Dou três passos com muito louvor e ilumino o corredor. Ainda é impossível ver claramente, mas tem algo vindo.
- Gastly! Rockruff! Cuidado! – Grito quando o vulto continuou a se mover em direção aos dois Pokémons. Gastly que era meu, escuta meu chamado e se afasta do portal e entra na sala, já Rockruff permanece parado e acaba levando um golpe que o joga longe.
Eclipse sai de seu transe e grita por seu Pokémon. Gastly se aproxima de mim e percebo seu nervosismo. O vulto toma forma e vira um enorme urso, no escuro ele parecia todo negro, mas consigo identificá-lo pela sua carranca e seu galho na boca, é um Pangoro, uma espécie de primo do Beartic.
Atrás do Pokémon surgem duas pessoas, uma mulher pequena que segurava uma lâmpada portátil na mão e na outra uma pistola. O outro era um homem, suas roupas eram largas e folgadas e seu rosto escondido por um capuz. Ele se posiciona ao lado de Pangoro, enquanto a mulher começa a dar a volta na sala, com a arma apontada para nós.
- Quem são vocês? – Pergunta Eclipse, ele retorna seu Pokémon ao ver que ele já estava nocauteado. - O que fazem aqui?
- Silêncio! – Grita a mulher, agora ela já estava nas nossas costas, praticamente ao lado do totem. – Vocês que não deviam estar aqui. Não era para ninguém estar aqui. – Vocifera a mulher, frustrada.
- Então deixe-nos sair! – Digo, apontando para o homem e seu Pokémon que bloqueavam o caminho. - Somos apenas dois jovens treinadores que se perderam. Estou até ferida.
Mostro meu machucado e tento usar minha voz mais dramática, não consigo ver a reação do encapuzado e a mulher pouco parece se importar com minha condição física. Aponto a cabeça para o chão e Gastly vai descendo, até sumir no solo.
- Sem drama. Vocês são os culpados por isso, ninguém mandou estarem aqui e agora. – Ela para em frente ao totem e toda sua ira desaparece. Assim como Eclipse, ela estava hipnotizada. Aproveito a deixa e faço um sinal para Eclipse, que balança a cabeça concordando.
- Agora! – Grito, lançando a pokébola de Rowlet e o libertando. – Energy Ball nele! – Aponto para o Pangoro. Enquanto isso a mulher sai do seu transe, mas Gastly surge do solo e rouba a arma dela com a língua.
Rowlet cria uma esfera de energia e lança contra o Pokémon, que apenas cruza os braços e se protege, sem maiores danos. Porém, isso da tempo de Eclipse libertar seus Pokémons.
- Pikachu, Litten, Slowpole! – O garota lança 3 pokébolas para cima e delas saem um pequeno rato amarelo, o gatinho preto e vermelho que eu já conhecia e um mamífero rosa estranho.
- Dark Pulse! - Fala o homem misterioso, tão baixo que quase não entendo. Mas quando Pangoro junta as mãos e começa a carregar o ataque, já sei o que vai acontecer.
- Thunderbolt, Flamethrower, Water Gun! - Contra ataca Eclipse. O ataque dos seus três Pokémon chocam-se com o do adversário e o impedem de prosseguir, mas por pouco. A diferença de poder entre Pangoro e os três pokémons de Eclipse era gigantesca.
Deixo aquela luta de lado quando escuto um tiro e vejo uma explosão de fogo. A mulher havia recuperado sua arma e dado um tiro no Pokémon fantasma. Por sorte a bala atravessou o corpo do Pokémon sem feri-lo, mas foi suficiente para fazer a nuvem de gás que rodeia Gastly explodir. Meu Pokémon grita e caí, gravemente ferido.
- GASTLY! - Corro até a bola que compõem o corpo de Gastly. Tento pegá-lo, em vão, por isso o faço retornar à pokébola. - Sua vadia! - Grito contra a mulher, que volta a levantar a pistola, mas antes que dispare, rolo e desvio do tiro. Não havia muito o que fazer, não com meu pé naquele estado e a mulher armada. - Rowlet: Leafage!
O pássaro surge acima de mim e dispara várias folhas de suas asas. Assim como eu, ela rola e desvia da maioria das folhas cortantes, mas algumas ainda a atingem e cortes vermelhos surgem pelo seus braços e pernas.
- Hora da caça! - Dispara friamente a mulher, junto de sua pistola.
- Voe para longe, Rowlet!
O Pokémon ganha altura e tenta desviar das balas que surgem. A primeira passa perto, mas a segunda vai longe, assim como a terceira. Quando acho que as balas acabaram, a vilã dispara uma ultima vez, que também pega Rowlet de surpresa e atinge a asa do pássaro de raspão. O suficiente para fazer o Pokémon parar de voar e cair em queda livre. Ignoro a dor no meu pé e me jogo, o mais rápido que posso para pegá-lo.
Ralo os cotovelos, mas consigo salvar meu querido Pokémon, apenas para ver a mulher recarregando a pistola. Logo ela estaria pronta para novos tiros.
- Rowlet, sei que está doendo. - Olho o pequeno Pokémon nos olhos. Eu conseguia ver dor, pela bala que o atingiu; Medo, do que poderia vir a acontecer; e frustação, por não conseguir deter a mulher. - Eu também sinto dor, mas não podemos parar de lutar. Por favor, use o Energy Ball. Você consegue!
Dor, medo, frustação, tudo desaparece. Há apenas determinação nos seus olhos e eu sei que ele irá conseguir.
Ainda em meus braços, levanto Rowlet e coloco-o na direção da mulher e sinto seu corpo tremer enquanto carrega a esfera. Ela fica pronta no momento em que a mulher acaba de carregar a arma.
A esfera é mais rápida que o gatilho da pistola e atinge em cheio a mulher, que é jogada para trás e bate a cabeça no chão. Quando percebo que ela não se mexe, relaxo e acaricio o Pokémon.
- Você foi muito corajoso, meu querido. - Rowlet pia, num misto de dor e alegria. - Descanse.
Retorno ele à pokébola. Meus dois pokémons estavam fora de combate, eu deveria capturar mais alguns.
Me levanto e vejo que a situação de Eclipse também não é nada boa. Pangoro não parece ter recebido nenhum arranhão. Já os seus Pokémons estavam perto do fim. Pikachu mal conseguia se levantar, Litten havia um profundo corte na lateral do corpo e Slowpoke sangrava perto do rabo.
- Pikachu avance pela direita com o Quick Attack! Litten você vai pela esquerda com o Scratch! E Slowpoke prossiga pela frente com o Rollout!
Pikachu ganha velocidade e avança primeiro contra Pangoro. Litten vem logo atrás, com suas garras expostas, enquanto Slowpoke contrai seu corpo e começa a rodar em direção ao oponente.
- Jogue os longe com o Hammer Arm!
O braço de Pangoro se energiza e com apenas um movimento, ele joga Pikachu longe, assim como Litten e Slowpoke. Pikachu bateu na parede do lugar e já caiu nocauteado. Litten e Slowpoke ainda conseguiram se levantar, mas com muito esforço.
- Eclipse, precisamos sair daqui! - Chego ao lado dele. O homem ainda está parado em frente a porta, junto ao seu Pokémon, como uma das estátuas do templo.
- Estou tentando, mas ele é muito forte. - Reclama o garoto, visivelmente cansado.
- E seus outros Pokémons? Outro dia você disse a mim e Sun que já havia 6 pokémons.
- Litten vamos de Leer agora e Slowpoke Growl, vamos enfraquecê-lo! - Comanda Eclipse, antes de voltar a atenção para mim novamente. - Eu tenho! Só que eu já havia os usados na floresta lá em cima. Eles estão fora de combate também!
Litten manda um olhar penetrante, enquanto Growl solta um ruído e ambos os movimentos diminuem diferentes tipos de status do oponente.
- Não vai adiantar! Hyper Beam! - A voz do homem é fria e sem emoção. Ele parecia estar fazendo apenas seu dever, não havia alegria ou prazer em nada daquilo.
Pangoro começa a carregar seu ataque e estava pronto para disparar, quando um jato de água atinge suas costas, seguido por uma poderosa descarga elétrica.
- O que!? - Fala o homem, expressando surpresa. Do corredor surge dois Pokémon, um Popplio e um Rotom. Black estava ali.
- Ninguém mexe com minha namorada! - Grita Black. - Hydro Pump e Shadow Ball!
Popplio dispara um jato de água pressurizada e Rotom sai da pokédex para performar um Shadow Ball melhor, lançando uma bola negra.
- Flamethrower também Litten e Water Pulse! - Aproveitando a distração provocada por Black, Eclipse também comanda seus Pokémons.
Os quatro ataques atingem Pangoro juntos, o que causa um explosão que joga seu treinador para longe.
Com o caminho livre, tento correr em direção ao meu amor, mas meu pé dói e paro, gemendo. Black percebe e vem correndo e passa os braços em torno de mim, me beijando.
- Você está bem? - Ele pergunta, preocupado.
- Agora sim. - Retribuo o beijo. Paro quando lembro que Eclipse está ali, mas quando olho vejo que existe outra pessoa. Uma tal loira que meu sexto sentido já conhecia. - Lillie. - Digo com desprezo.
- Olá, Moon - É impressão minha ou eu ouvi um sarcasmo? Antes que eu responda à altura, ela tira os olhos de mim.
- O totem! Vocês encontram! - Ela corre em direção ao pedestal, com as mãos firmes em sua bolsa. Mas antes que ela alcance o objeto, um grito ecoa.
- Parados! - A voz vem de um homem alto e moreno, ao seu lado há uma jovem adolescente, com cabelos afro. Ao lado da garota havia um Krokorok e um Pokémon com o corpo feito de metal.
- Mais gente? - Pergunta Eclipse, abismado. - Ia rolar uma festa aqui, é?
- Ei, o que fizeram com a Malena? - Grita o homem, indo em direção a garota que Rowlet e eu havíamos nocauteado.
- Não se mexa! - Ameaça Black, comandando Popplio e Rotom a avançar.
- Metang use o Psyshock, Krokorok use o Stone Edge! - A garota ordena e seus Pokémons atacam rapidamente.
Krokorok lança várias pedras pontiagudas, enquanto o outro Pokémon, Metang, expele um raio brilhante. Rotom e Popplio que estavam preparados para a batalha desviam, mas Litten e Slowpoke são atingidos e os últimos pontos de saúde dele acabam.
O homem que havia surgido aproveita a deixa e se aproxima da tal Malena e a pega no colo.
- Shadow Ball no Metang, Rotom! Hydro Pump no Krokorok, Popplio! - A batalha entre Black e a garota continuava a todo vapor. Percebo que o encapuzado havia desaparecido, assim como seu Pangoro. Enquanto isso, eu e Eclipse apenas observávamos, assim como o homem que carregava a vilã. Ele parecia confiar nas habilidades de combate da parceira.
- Metang use o Confusion para desviar os ataques!
Os olhos de Metang brilham e ele usa sua força psíquica para controlar a água e a esfera negra e lança elas para cima. O teto recebe todo o dano e um estrondo percorre o salão. Percebo o que está prestes a ocorrer e grito.
- Vai desmoronar!
Black corre até mim e me abraça. O homem também percebe e começa a correr em direção ao corredor. A garota se vê sozinha e também foge.
- Vamos! - grita Black, me ajudando a caminhar.
- Ei! - Escutamos a voz de Eclipse, quando já estamos no portal. - Lillie, vamos!
O garoto tenta convencer Lillie a sair, mas ela está parada em frente ao totem, hipnotizada.
- Maldição! - Xingo, aquela garota ia acabar nos matando. - Vai lá ajudar Black!
Ele me deixa apoiada no corredor e volta para ajudar, mas antes que ele e Eclipse cheguem até Lillie, pedras começam a cair.
- Não! - Grita Eclipse, que é segurado por Black, a poucos metros da onde pedras soterram a garota e o totem. - Lillie!
- Vamos! Não a mais o que fazer! - Responde Black, puxando Eclipse, enquanto mais pedras caem.
- Eclipse, vamos! Temos que fugir! - Falo para o garoto, que ainda em um estado de estupor começa a correr. Black volta a me ajudar e corremos o mais rápido que pudemos, enquanto tudo parece desabar em nossas cabeças.
- Au au! – Latiu Rockruff ao virarmos num corredor. O Pokémon começou a correr e Eclipse olhou para mim. Pensamos a mesma coisa: Saída. Tentei aumentar a velocidade, mas a dor atingiu meu pé e gritei. O grito ecoou nas paredes e continuou repetindo como o lamento de um morto.
- Espera aí que eu te ajudo. – Eclipse se aproxima e me segura, passando seu braço em volta do meu corpo. Percebo como ele é forte, mesmo sendo baixinho. Ele me passa seu celular, que estava com a lanterna ligada e eu passo a iluminar o caminho.
- Obrigado. – Lanço lhe um sorriso e o garoto retribui.
Seguimos os latidos de Rockruff e depois de vários metros andado Gastly aparece atravessando uma parede. A bola venenosa estava em êxtase, girando em redor de mim e com sua língua para fora.
- Ga ga gastly!!!
- Calma, Gastly! – Ordeno e o Pokémon relaxa um pouco. – Mostre o caminho. - Ao escutar meu comando o fantasma dispara flutuando, atravessando a parede por onde surgiu. – Não por aí!
Gastly retorna, se ele pudesse ficar vermelho estaria agora, de envergonhado. Sua nuvem de gás diminui e ele passa a seguir na nossa frente, todo acanhado.
Encontramos Rockruff parado em frente a um portal, esperando a nossa chegada. O arco de pedra era todo entalhado com escrituras e parecia refletir a luz da lanterna, como se fosse de outro material e não uma simples pedra.
O lugar após o portal era uma sala redonda, o chão era cheio de figuras de Pokémons que eu nunca tinha visto e nas paredes havia mais gravuras, só que nessas parecia haver uma ordem. Como se fosse uma história a ser contada. Com a luz da lanterna era impossível ver o teto, de tão alto que ele era.
Diferente de todos os outros lugares daquele templo, que eram cheio de cipós e caindo em ruínas, este era impecavelmente bonito e parecia ter sido construído há poucos anos. Porém, o que mais chamava a atenção era um objeto, em cima de um pedestal. Era feito de um material negro e vermelho, tinha o tamanho do meu braço mais ou menos. Seu formato era um tanto curioso, parecia um simples totem, mas chegando mais perto dava para perceber a tridimensionalidade do objeto. A cada ângulo que você o via ele mudava de formato.
- O que é isso? – Perguntei fascinada, falando bem baixo.
- Um totem. – Cochicha em resposta meu parceiro de aventura. Ele estava tão deslumbrado quanto eu. De repente vejo uma mudança em seu olhar, um brilho repentino e uma felicidade contida. – UM TOTEM! – Ele grita, o som é rebatido pelas paredes e por todo o templo. – Um totem Moon, é um totem!
- Já percebi. – Não estava entendendo o motivo de tanto alvoroço. É claro que havíamos encontrado um tesouro arqueológico e devia valer alguns milhões, mas achei que ele estava mais preocupado com o bem estar de Alola do que com dinheiro. – E o que ele tem de tão especial?
- Isto, Moon, era o que eu estava procurando. – Ele tira os braços de mim e eu cambaleio, sentido falta do apoio, mas consigo me manter em pé. Ele se aproxima do objeto, num fascínio hipnótico. – Este objeto é o meio para salvar Alola, olhe os desenhos nas paredes, é como meu avô me contou.
Ilumino a parede ao lado direito do portal e vejo o que Eclipse quer dizer. Nela mostra várias pessoas segurando um objeto. Não um objeto qualquer, aquele Totem. Eles seguram o objeto no alto e na cena seguinte temos um grande morcego com uma lua desenhada dentro dele em frente a eles. No próximo desenho temos as pessoas ajoelhadas e uma espécie de luz brilhando do morcego, esta luz ilumina as pessoas com o totem. Os desenhos acabam quando chega na direção do pedestal, porém do outro lado havia mais. Era basicamente a mesma coisa, só que em vez de um morcego com a lua dentro, agora era um felino, com o sol desenhado dentro de si.
Lunala e Solgaleo, os grandes deuses de Alola.
Volto minha atenção a Eclipse de novo e vejo o garoto parado em frente ao pedestal, com as mãos erguidas. Parecia que ele se encontrava num momento de indecisão, não sabia se tocava ou não no totem.
Pela primeira vez percebo que Rockruff e Gastly não estavam por perto. Me viro e vejo os dois parados no portal, temendo entrar no recinto. Na escuridão não consigo identificar, mas parece que vejo algo se movendo além do corredor. Dou três passos com muito louvor e ilumino o corredor. Ainda é impossível ver claramente, mas tem algo vindo.
- Gastly! Rockruff! Cuidado! – Grito quando o vulto continuou a se mover em direção aos dois Pokémons. Gastly que era meu, escuta meu chamado e se afasta do portal e entra na sala, já Rockruff permanece parado e acaba levando um golpe que o joga longe.
Eclipse sai de seu transe e grita por seu Pokémon. Gastly se aproxima de mim e percebo seu nervosismo. O vulto toma forma e vira um enorme urso, no escuro ele parecia todo negro, mas consigo identificá-lo pela sua carranca e seu galho na boca, é um Pangoro, uma espécie de primo do Beartic.
Atrás do Pokémon surgem duas pessoas, uma mulher pequena que segurava uma lâmpada portátil na mão e na outra uma pistola. O outro era um homem, suas roupas eram largas e folgadas e seu rosto escondido por um capuz. Ele se posiciona ao lado de Pangoro, enquanto a mulher começa a dar a volta na sala, com a arma apontada para nós.
- Quem são vocês? – Pergunta Eclipse, ele retorna seu Pokémon ao ver que ele já estava nocauteado. - O que fazem aqui?
- Silêncio! – Grita a mulher, agora ela já estava nas nossas costas, praticamente ao lado do totem. – Vocês que não deviam estar aqui. Não era para ninguém estar aqui. – Vocifera a mulher, frustrada.
- Então deixe-nos sair! – Digo, apontando para o homem e seu Pokémon que bloqueavam o caminho. - Somos apenas dois jovens treinadores que se perderam. Estou até ferida.
Mostro meu machucado e tento usar minha voz mais dramática, não consigo ver a reação do encapuzado e a mulher pouco parece se importar com minha condição física. Aponto a cabeça para o chão e Gastly vai descendo, até sumir no solo.
- Sem drama. Vocês são os culpados por isso, ninguém mandou estarem aqui e agora. – Ela para em frente ao totem e toda sua ira desaparece. Assim como Eclipse, ela estava hipnotizada. Aproveito a deixa e faço um sinal para Eclipse, que balança a cabeça concordando.
- Agora! – Grito, lançando a pokébola de Rowlet e o libertando. – Energy Ball nele! – Aponto para o Pangoro. Enquanto isso a mulher sai do seu transe, mas Gastly surge do solo e rouba a arma dela com a língua.
Rowlet cria uma esfera de energia e lança contra o Pokémon, que apenas cruza os braços e se protege, sem maiores danos. Porém, isso da tempo de Eclipse libertar seus Pokémons.
- Pikachu, Litten, Slowpole! – O garota lança 3 pokébolas para cima e delas saem um pequeno rato amarelo, o gatinho preto e vermelho que eu já conhecia e um mamífero rosa estranho.
- Dark Pulse! - Fala o homem misterioso, tão baixo que quase não entendo. Mas quando Pangoro junta as mãos e começa a carregar o ataque, já sei o que vai acontecer.
- Thunderbolt, Flamethrower, Water Gun! - Contra ataca Eclipse. O ataque dos seus três Pokémon chocam-se com o do adversário e o impedem de prosseguir, mas por pouco. A diferença de poder entre Pangoro e os três pokémons de Eclipse era gigantesca.
- GASTLY! - Corro até a bola que compõem o corpo de Gastly. Tento pegá-lo, em vão, por isso o faço retornar à pokébola. - Sua vadia! - Grito contra a mulher, que volta a levantar a pistola, mas antes que dispare, rolo e desvio do tiro. Não havia muito o que fazer, não com meu pé naquele estado e a mulher armada. - Rowlet: Leafage!
O pássaro surge acima de mim e dispara várias folhas de suas asas. Assim como eu, ela rola e desvia da maioria das folhas cortantes, mas algumas ainda a atingem e cortes vermelhos surgem pelo seus braços e pernas.
- Hora da caça! - Dispara friamente a mulher, junto de sua pistola.
- Voe para longe, Rowlet!
O Pokémon ganha altura e tenta desviar das balas que surgem. A primeira passa perto, mas a segunda vai longe, assim como a terceira. Quando acho que as balas acabaram, a vilã dispara uma ultima vez, que também pega Rowlet de surpresa e atinge a asa do pássaro de raspão. O suficiente para fazer o Pokémon parar de voar e cair em queda livre. Ignoro a dor no meu pé e me jogo, o mais rápido que posso para pegá-lo.
Ralo os cotovelos, mas consigo salvar meu querido Pokémon, apenas para ver a mulher recarregando a pistola. Logo ela estaria pronta para novos tiros.
- Rowlet, sei que está doendo. - Olho o pequeno Pokémon nos olhos. Eu conseguia ver dor, pela bala que o atingiu; Medo, do que poderia vir a acontecer; e frustação, por não conseguir deter a mulher. - Eu também sinto dor, mas não podemos parar de lutar. Por favor, use o Energy Ball. Você consegue!
Dor, medo, frustação, tudo desaparece. Há apenas determinação nos seus olhos e eu sei que ele irá conseguir.
Ainda em meus braços, levanto Rowlet e coloco-o na direção da mulher e sinto seu corpo tremer enquanto carrega a esfera. Ela fica pronta no momento em que a mulher acaba de carregar a arma.
A esfera é mais rápida que o gatilho da pistola e atinge em cheio a mulher, que é jogada para trás e bate a cabeça no chão. Quando percebo que ela não se mexe, relaxo e acaricio o Pokémon.
- Você foi muito corajoso, meu querido. - Rowlet pia, num misto de dor e alegria. - Descanse.
Retorno ele à pokébola. Meus dois pokémons estavam fora de combate, eu deveria capturar mais alguns.
Me levanto e vejo que a situação de Eclipse também não é nada boa. Pangoro não parece ter recebido nenhum arranhão. Já os seus Pokémons estavam perto do fim. Pikachu mal conseguia se levantar, Litten havia um profundo corte na lateral do corpo e Slowpoke sangrava perto do rabo.
- Pikachu avance pela direita com o Quick Attack! Litten você vai pela esquerda com o Scratch! E Slowpoke prossiga pela frente com o Rollout!
- Jogue os longe com o Hammer Arm!
O braço de Pangoro se energiza e com apenas um movimento, ele joga Pikachu longe, assim como Litten e Slowpoke. Pikachu bateu na parede do lugar e já caiu nocauteado. Litten e Slowpoke ainda conseguiram se levantar, mas com muito esforço.
- Eclipse, precisamos sair daqui! - Chego ao lado dele. O homem ainda está parado em frente a porta, junto ao seu Pokémon, como uma das estátuas do templo.
- Estou tentando, mas ele é muito forte. - Reclama o garoto, visivelmente cansado.
- E seus outros Pokémons? Outro dia você disse a mim e Sun que já havia 6 pokémons.
- Litten vamos de Leer agora e Slowpoke Growl, vamos enfraquecê-lo! - Comanda Eclipse, antes de voltar a atenção para mim novamente. - Eu tenho! Só que eu já havia os usados na floresta lá em cima. Eles estão fora de combate também!
- Não vai adiantar! Hyper Beam! - A voz do homem é fria e sem emoção. Ele parecia estar fazendo apenas seu dever, não havia alegria ou prazer em nada daquilo.
Pangoro começa a carregar seu ataque e estava pronto para disparar, quando um jato de água atinge suas costas, seguido por uma poderosa descarga elétrica.
- O que!? - Fala o homem, expressando surpresa. Do corredor surge dois Pokémon, um Popplio e um Rotom. Black estava ali.
- Ninguém mexe com minha namorada! - Grita Black. - Hydro Pump e Shadow Ball!
Popplio dispara um jato de água pressurizada e Rotom sai da pokédex para performar um Shadow Ball melhor, lançando uma bola negra.
- Flamethrower também Litten e Water Pulse! - Aproveitando a distração provocada por Black, Eclipse também comanda seus Pokémons.
Os quatro ataques atingem Pangoro juntos, o que causa um explosão que joga seu treinador para longe.
Com o caminho livre, tento correr em direção ao meu amor, mas meu pé dói e paro, gemendo. Black percebe e vem correndo e passa os braços em torno de mim, me beijando.
- Você está bem? - Ele pergunta, preocupado.
- Agora sim. - Retribuo o beijo. Paro quando lembro que Eclipse está ali, mas quando olho vejo que existe outra pessoa. Uma tal loira que meu sexto sentido já conhecia. - Lillie. - Digo com desprezo.
- Olá, Moon - É impressão minha ou eu ouvi um sarcasmo? Antes que eu responda à altura, ela tira os olhos de mim.
- O totem! Vocês encontram! - Ela corre em direção ao pedestal, com as mãos firmes em sua bolsa. Mas antes que ela alcance o objeto, um grito ecoa.
- Parados! - A voz vem de um homem alto e moreno, ao seu lado há uma jovem adolescente, com cabelos afro. Ao lado da garota havia um Krokorok e um Pokémon com o corpo feito de metal.
- Mais gente? - Pergunta Eclipse, abismado. - Ia rolar uma festa aqui, é?
- Ei, o que fizeram com a Malena? - Grita o homem, indo em direção a garota que Rowlet e eu havíamos nocauteado.
- Não se mexa! - Ameaça Black, comandando Popplio e Rotom a avançar.
- Metang use o Psyshock, Krokorok use o Stone Edge! - A garota ordena e seus Pokémons atacam rapidamente.
Krokorok lança várias pedras pontiagudas, enquanto o outro Pokémon, Metang, expele um raio brilhante. Rotom e Popplio que estavam preparados para a batalha desviam, mas Litten e Slowpoke são atingidos e os últimos pontos de saúde dele acabam.
O homem que havia surgido aproveita a deixa e se aproxima da tal Malena e a pega no colo.
- Shadow Ball no Metang, Rotom! Hydro Pump no Krokorok, Popplio! - A batalha entre Black e a garota continuava a todo vapor. Percebo que o encapuzado havia desaparecido, assim como seu Pangoro. Enquanto isso, eu e Eclipse apenas observávamos, assim como o homem que carregava a vilã. Ele parecia confiar nas habilidades de combate da parceira.
- Metang use o Confusion para desviar os ataques!
Os olhos de Metang brilham e ele usa sua força psíquica para controlar a água e a esfera negra e lança elas para cima. O teto recebe todo o dano e um estrondo percorre o salão. Percebo o que está prestes a ocorrer e grito.
- Vai desmoronar!
Black corre até mim e me abraça. O homem também percebe e começa a correr em direção ao corredor. A garota se vê sozinha e também foge.
- Vamos! - grita Black, me ajudando a caminhar.
- Ei! - Escutamos a voz de Eclipse, quando já estamos no portal. - Lillie, vamos!
O garoto tenta convencer Lillie a sair, mas ela está parada em frente ao totem, hipnotizada.
- Maldição! - Xingo, aquela garota ia acabar nos matando. - Vai lá ajudar Black!
Ele me deixa apoiada no corredor e volta para ajudar, mas antes que ele e Eclipse cheguem até Lillie, pedras começam a cair.
- Não! - Grita Eclipse, que é segurado por Black, a poucos metros da onde pedras soterram a garota e o totem. - Lillie!
- Vamos! Não a mais o que fazer! - Responde Black, puxando Eclipse, enquanto mais pedras caem.
- Eclipse, vamos! Temos que fugir! - Falo para o garoto, que ainda em um estado de estupor começa a correr. Black volta a me ajudar e corremos o mais rápido que pudemos, enquanto tudo parece desabar em nossas cabeças.
Continua...
Pokémon Sol & Lua Adventures – Junho de 2016 – A cópia, venda ou redistribuição desse material é totalmente proibida. Pokémon e todos os respectivos nomes aqui contidos pertencem à Nintendo.
Ao escrever a fanfic, os autores não estão recebendo absolutamente nada, ou seja, esta é uma produção artística sem absolutamente nenhum fim lucrativo. A fanfic foi projetada apenas como uma forma de diversão, de entretenimento e passatempo para outros fãs de Pokémon. ~
Capítulo escrito por Joka
2 Comentários
Que capítulo maravilhoso!
ResponderExcluirMuito bem escrito e grande, valeu a pena a espera.
Obrigado Crazy ;)
ExcluirGostou do nosso conteúdo? Deixe um comentário abaixo! É de graça! Caso você tenha interesse em nos ajudar a manter o blog atualizado, considere apoiar-nos financeiramente. Você pode doar qualquer valor, até centavos, para a seguinte chave PIX: contato.pokemonster.dex@gmail.com. Toda a ajuda é bem-vinda!