— Mas nós vamos sair daqui. — disse White. — Logo depois que eu capturá-lo! — White se levantou e engoliu o choro. Ela pegou uma pokébola e lançou ao alto, trazendo à tona Gas, o recém-evoluído Haunter.
— Hón!
— Moon, não é hora pra isso! — disse Jesse firmemente.
— É claro que é! E vamos deixá-lo aqui? Haunter, use o Shadow Ball! — Ordenou White, rapidamente, antes que o assunto se prolongasse e Jessie se calou.
Das mãos do fantasma púrpuro, surgiu uma bola de energia das trevas, rodeada por raios negros que eram tão escuros quanto a mais profunda das sombras.
Ele lançou a esfera e, quando Jesse e eu erguemos os braços para nos protegermos da explosão causada pelo golpe, ficamos esperando. Nada aconteceu. A esfera foi absorvida pelos pelos espessos de Drampa.
— O que é isso? — Perguntei, sem entender.
— Drampa é do tipo Normal e Dragão. — Explanou Rotom. — Todo mundo sabe disso!
— Todo mundo de Alola. Eu sou de Unova. — Me expliquei.
— Não dê desculpas por ter faltado à aula! Você e sua namorada se conhecem a bastante tempo, não é mesmo? — Soltou Rotom.
— O que é que você está insinuando?!
— Black, não se estressa com ele! — disse Jesse, me acalmando. — Vamos prestar atenção na luta!
— Certo!
— Haunter, Hypnosis!
As mãos de Haunter começaram a se mover magicamente, enquanto seus olhos brilhavam, emitindo uma onda hipnotizante que flutuou pela caverna...
— Draaaam...
Mas Drampa apenas boceja, produzindo e disparando uma bola de energia vibrante da cor verde, que logo identifiquei como Dragon Pulse.
A esfera atingiu Haunter e explodiu em uma luz verde que fez a todos caírem. O impacto atraiu mais raios, e a entrada da gruta tornou-se inacessível.
— Haunter, muito obrigada! Volte! — White fez com que Haunter retornasse à pokébola e já puxou mais outra para substituí-lo. — Vaai, Bill!
O Psyduck recém-capturado saiu de sua pokébola sonolento, mas estreitou o olhar quando visualizou seu oponente.
E lá vinha Drampa, armazenando uma grande quantidade de energia roxa em frente à sua face, e depois expelindo essa energia em um fino raio de energia, que avançou rapidamente na direção do pato.
— Psychic! — Ordenou White. E os olhos de Psyduck brilharam em um tom azul magnífico. Eu conhecia aquela estratégia. Era a mesma que eu usava com meu Reuniclus e a mesma que White costumava usar com sua Gothitelle lá em Unova.
O ataque de Drampa parou de avançar no meio do ar e então contornou, voltando-se contra seu próprio usuário.
Drampa gemeu ao receber a carga de energia super efetivo ao mesmo tempo em que as vibrações psíquicas de Psyduck o prendiam, ganhando dano duplo.
— Está quase lá! — Comemorou White, ao perceber a redução da energia do oponente. Mas então...
Um brilho alaranjado tomou conta de Drampa, e a este mudou radicalmente de personalidade. O pokémon dócil e carinhoso que há poucos minutos deixava os humanos o acariciarem tornou-se um ser de pura raiva, pronto para explodir qualquer um que entrasse em seu caminho.
— Como assim?! Todo mundo sabe disso!!! — disse Rotom com aquela risadinha sarcástica.
— TODO MUNDO DE ALOLA, CARAMBA! — Gritei, pressionando o botão de desligar do maldito boneco.
— Parabéns, White! — Corri até ela e a abracei rapidamente. Era em momentos assim que costumávamos fazer as pazes.
— Vocês se chamam de White e Black... — disse Jesse de repente, e aquilo foi um soco em nossos estômagos. Nós nem percebemos, mas não estávamos mais atuando, e agora Jesse sabia a verdade.
— Cara... — Eu comecei a enrolar uma desculpa, mas White me interrompeu.
Ela pegou uma foto nossa antiga (toda úmida por causa do banho no mar) e disse, na lata:
— Esses são nossos nomes. Bem, mas ou menos... Eu sou Hilda Black, mas todos me chamam de White, meu nome de solteira. E este é meu marido, Hil--
— HILBERT BLACK!?! Não pode ser! — Jesse deu um grito. — E-eu batalhei contra Hilbert Black, o Campeão da Liga Unova! Cara, eu vi que eu te conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde!
— É, mas não conta pra ninguém. — Adverti.
— Tá brincando?! Wiki e Maron precisam saber dis--
— Não! Eu NÃO estou brincando. Nós estamos aqui disfarçados e em missão. Bem, estávamos, até que tudo estabilizou.
— Missão? — Ele fez cara de desentendido.
— É — Explicou White. — Os deuses, digo, os pokémon lendários têm causado muita destruição em Alola. O poder deles é tão grande que são capazes de formar exércitos sob sua influ-- Espera aí! BLACK! Os desenhos!
— Desenhos? Que desenhos?
White abriu a pokédex de Unova e me mostrou uma foto de desenhos esculpidos na parede do mosteiro.
— Os deuses! Eles são deuses! — Ela disse. — É isso!
— Isso o que? — Jesse e eu ficamos sem entender.
— Os desenhos do mosteiro dos antigos Kahunas! Eles diziam que o 8º Kahuna, o cara de Almia, ele queria o poder dos deuses! Capturou os 4 guardiões das ilhas maiores para obter um novo poder e controlava pokémons com um cajado. Ele queria, assim como Solgaleo e Lunala, formar exércitos. Mas enquanto o exército dos deuses era formado por pessoas submissas, o exército do homem era formado por pokémons! Ele queria inverter a situação! Ele queria que os humanos dominassem os deuses!
— E para impedir isso, os 7 Kahunas restantes se uniram à Solgaleo e Lunala, que de bom grado, lhes deram poderes!
— É claro! — Continuou White. — Porque esta era uma guerra contra eles mesmos! Contra Solgaleo e Lunala! E é por isso que eles estão destruindo tudo agora!
— Você não acha que...
— Sim. — White confirmou minhas suspeitas. — Aquelas pessoas lá na caverna de Melemele! Eles queriam o poder dos guardiões para superar o poder de Solgaleo e Lunala! Eles queriam o poder! O PODER! E foi por isso que os lendários começaram a destruir tudo! Para se manterem "no trono"!
— Então o oitavo Kahuna queria dominar o planeta... — Assimilei. — E os outros Kahunas, quando perceberam que o outro estava indo longe demais, ainda mais depois de ter roubado a "tecnologia" misteriosa Soul Heart... Se uniram à oposição para dar um basta nisso! E graças à eles, Solgaleo e Lunala se mantêm reinando até hoje, sendo obrigados a agir quando novas ameaças surgem... Novas ameaças como... AQUELAS PESSOAS DA CAVERNA! Sim! White, você tem razão!
— Ok, mas tem uma coisa que não encaixa. — disse Jesse, que pegou a pokédex para ver as fotos dos desenhos. — O que a região de Almia (lá na puta que pariu) tem a ver com isso? Ela esta desenhada aqui.
— O 8º Kahuna era de lá, até onde sabemos.
— E as pessoas de preto no desenho, provavelmente também vêm dessa região. Não vê, Black? Está tudo se encaixando! As pessoas em Melemele... Usavam preto, o que quer dizer que elas têm alguma ligação com os desenhos de preto e talvez até com Almia! Talvez elas sejam descendentes do 8º ou talvez descendentes de quem quer que tenha feito os desenhos! Ou talvez pessoas alheias que simplesmente descobriram isso e agora querem continuar o que o oitavo queria! Por isso estão seguindo esse mesmo plano! E esse símbolo... — disse White, indicando a espiral púrpura com chifres. — Preciso descobrir o que este símbolo significa!
— Ah, isto? Isso é fácil! É a Insígnia entregue por Caitlin Hall! — Afirmou Jesse. — Mas eu não sabia que o símbolo era tão antigo assim para estar representado nesses desenhos!
— Será que ela...? — Perguntei, com uma sensação estranha de descoberta inundando o meu peito.
— Não sei. — disse White, um tanto insegura. — Não podemos afirmar nada. Mas uma coisa é certa: esse caso ainda não acabou! E pelo visto... Está longe de acabar!
— Precisamos voltar para as Ilhas Maiores! — disse eu, tendo uma súbita vontade de investigar mais a fundo o misterioso sumiço de Caitlin e dos 7 Kahunas restantes.
— Mas como? Como vamos sair desa caverna, pra início de conversa? — Perguntou White, enquanto a torrencial tempestade elétrica mantinha-se à todo vapor do lado de fora da gruta.
— Bom, tem um jeito. Mas nós somos 3 e é muito arriscado. Eu... Nunca fiz isso antes!
— Fala, qual é? — Perguntei, desesperado para voltar ao navio.
— Bem... Togedemaru pode absorver a eletricidade e...
— É ISSO! — Aquilo me pareceu genial — Como não pensamos nisso antes?
— Mas, senhor Black... É... Perigoso! É muito perigoso! — Advertiu Jesse.
— Quem não chuta, não marca. — Afirmei, retirando a pokébola da mão dele e trazendo Togedemaru para fora.
— TOGE?!
— Seja o que Arceus... Ou melhor... O que os Deuses quiserem. — E saímos em meio à dança, confiando nossas vidas e nossa segurança a um único e minúsculo para-raio.
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