Anteriormente em Pokémon Laços - GS: Após suspeitarem que a Equipe Rocket possa estar mandando seus agentes de Kanto para Johto através das linhas do Trem Magnético, Gold e Crystal não querem mais continuar sua jornada fazendo uso dos trilhos. Eles traçaram um plano, no entanto, que envolvia a aquisição do HM02 - Fly, uma técnica que pode ser ensinada a um Pokémon para que carregue seu treinador em segurança pelos céus enquanto voa, e assim, alterar seu meio de transporte. No entanto, eles chegaram à conclusão que nenhum dos dois possui um Pokémon apto a carregá-los, após terem obtido a Hidden Machine.
Temporada 02 - Episódio 07
Naquela noite, ainda em Violet, Gold e Crys alugam um quarto no Centro Pokémon da Cidade. Como a grana estava curta depois de pagarem a fiança para Mirei, eles alugam um único quarto para os dois. De igual maneira, eles estavam acima da idade permitida para isso. Mas, no meio da noite, Gold (que descansava em um saco de dormir, no chão), acorda em desespero, com gritos ao seu redor. É Crys, que estava sentada na cama, com os olhos arregalados. Ela tinha tido um pesadelo.
Crys... Você está bem?! Eu levei um susto!
Não mais do que eu!
Foi só um pesadelo. Está tudo bem.
Não, não está.
Crys tinha o rosto fechado, algo que Gold nunca vira em seu semblante. Ela estava séria e preocupada, diferentemente da sempre alegre Crystal, cheia de sonhos e de esperanças.
O que aconteceu? Quer falar sobre?
Eu vi... Eu o vi de novo!
Quem?
A criatura do manto azul, de olhos demoníacos.
Crys estava sendo assombrada por um demônio azul. Ela já havia sonhado com ele outras vezes, inclusive, mas nunca contou ao Gold, em especial, porque decidiu não falar para ele sobre o episódio no Poço dos Slowpoke, já que ele lhe daria um sermão e ficaria preocupado por tudo o que ela fez e passou sozinha.
Mas que criatura é essa? É um Pokémon?
Não sei. Talvez fosse MAIS do que isso. Talvez fosse um deus ou um demônio. Tinha um semblante de desprezo aos seres humanos, e isso me incluía.
Quando foi que isso começou a acontecer?
Há alguns dias atrás. Talvez uma semana... Não sei.
Então é por isso que você tem agido com indiferença com a Bayleef?
Você reparou?! Poxa... Quer saber?Esqueça, Gold... Eu achei que você fosse entender...
Eu não posso entender se você não me explicar, paixão.
Crys corou à menção daquela palavra. Então ela percebeu que realmente, se continuasse não contando as coisas para Gold, jamais ele teria como saber o que se passava dentro da mente dela.
Não é que eu esteja sendo indiferente com ela...
Está a evitando?
Crys expira forte e começa a falar com muita ansiedade, as mãos tremendo.
Basicamente... Sim. Bayleef foi a minha primeira Pokémon e minha única amiga no Laboratório do Professor Elm. Como eu expliquei, eu vim de uma casa cheia de problemas familiares e estava buscando fugir disso. Encontrei conforto na pequena Chikorita e foi com ela que meus poderes começaram a se manifestar. O meu laço é tão forte com ela, que só de olhar nos olhinhos de Bayleef, eu já consigo ler as suas emoções, facilmente. Isso quer dizer que quando eu estou perto dela, eu estou sempre usando os meus poderes, coisa que eu não quero mais fazer.
Mas os seus poderes são uma extensão natural de você, Crys! Uma humana com habilidades paranormais! Isso é incrível, não é?
É incrível, mas até certo ponto. Eu não quero essa responsabilidade. Eu só queria ser normal!
Mas você é normal. Ser você mesma é ser normal. E quando você reprime as suas habilidades naturais, você não está sendo você mesma.
Tem razão... Mas ainda assim, toda vez que eu me comunico com algum Pokémon, eu começo a ver a imagem da criatura, com aquele azul tremeluzente e os olhos sangrentos, pronta para me fatiar. Aí eu travo. Não sei porque, mas acho que ver aquele demônio é um presságio de que meus poderes irão sair do controle e eu ficarei... Que nem a minha mãe!
A menina estava realmente frustrada. A preocupação ardia em sua mente e pesava em seu peito.
Crys... Eu não posso te prometer que você vai ter a resposta para esse dilema, nem que você jamais vai passar por algum tipo de sofrimento psíquico em decorrência das suas habilidades incomuns, mas eu posso te garantir que, enquanto eu estiver com você, eu farei de tudo para te proteger de qualquer mal. Criatura nenhuma vai te estripar, dentro ou fora da sua mente!
Obrigada, Gold... Mas eu acho que há situações em que somente a pessoa que passa por, pode se defender. Mas eu agradeço por ser tão legal comigo e estar sempre ao meu lado. Obrigada por tudo!
Eu é que agradeço por ser tão especial!
Boa Noite, docinho.
Boa noite.
No dia seguinte, mesmo nublado, Crys acorda motivada. Ou melhor, ela não "acorda", já que depois do pesadelo, não pregou o olho uma vez sequer. Mas, logo que o sol raiou, ela já se levantou, tomou seu café da manhã, um bom banho e saiu para capturar Pokémon. Gold, que também despertou (como sempre - esta era uma característica muito marcante dele), a acompanhou. Eles não tocaram mais no assunto. Crys parecia tão vívida e sorridente, que Gold achou melhor não lembrá-la do ocorrido e simplesmente ignorar a noite anterior, seguindo em frente.
O local era a Rota 36, saindo à direita de Violet. Repleto de árvores, o sítio fazia-se um ambiente perfeito para Pokémon-aves montarem um ninho. Que tipo ave estamos procurando?
Qualquer uma, desde que saiba voar. Aliás, não precisa nem ser ave para isso.
Será que um Pidgey serve?
Pidgey não gosta muito de lutar. Em vez disso, prefere bater as asas próximo ao chão para levantar uma poeira de areia e com isso afastar o inimigo. Possui um ótimo senso de direção.
Pidgey? Aonde?
Ali! Acabei de ver um! Ah, não... Voou.
Puutz. E que tal... Aquele ali?
Crys aponta para um pokémonzinho redondo, em formato de balão, que flutuava alegremente pela rota.
Possui um corpo bem flexível. Uma vez que comece a pular, torna-se difícil de pará-lo. Suas cordas vocais ainda não são completamente desenvolvidas, cantar pode ser prejudicial à sua garganta.
Aquela coisinha ali não nos carrega nem a pau!
Eu sei, mas não é a coisa mais fofinha?! ♥ Oi, amiguinho. Como você está? ♥
Acho que estamos nos desviando dos nossos objetivos, Crys... Esse não é o foco!
Coisa mais fofa, iti malia! ♥
Mas Crys não estava nem aí para Gold. A garota encontrava-se fascinada pelo pequeno serzinho cor-de-rosa.
Você não vai desistir enquanto não capturá-lo, não é?
Não. ♥
Bom, seja como for... Acho que vai ter de ser logo, pois a expedição de hoje precisa acontecer ANTES da chuva!
Gold aponta para o céu. Nuvens pretas estão se formando. A precipitação estava a caminho.
Marill, está na hora de eu testá-lo! Será que você pode me ajudar a pegar este Igglubuffzinho lindo de morrer? ♥
O Pokémon sai saltitante da Pokébola, com ares sorridentes.
Assim que Igglybuff vê Marill, ele interpreta aquilo como o prenúncio de uma batalha e já começa a atacar. Mas sua expressão angelical não muda, permanece constante, com uma fofura que acalentava o coraçãozinho de Crys, afastando-a do medo e da tristeza que a abatiam ultimamente. Foi pensando nisso que Gold resolveu deixar a garota se envolver com a captura, mesmo que demore mais para eles conseguirem um transporte aéreo eficaz.
Igglybuff inicia com um ataque mais fofo impossível: um beijo. Diferentemente de Smoochum, Igglybuff realizava o Beijo Doce à queima-roupa, literalmente beijando o alvo. Marill fica todo sem jeito e, portanto, adquire o status de confusão.
Até atacando ele é fofinho! ♥
Rápido, Crys! A chuva!
Ah, não tem pressa quando se trata do amor à primeira vista que eu sinto por esta criaturinha! ♥ Marill, por favor... Jato D'água!
Marill atinge Igglybuff com um jato pressurizado d'água. O Pokémon atingido é erguido para cima com o impacto do ataque e, ao cair, desce suavemente de volta ao chão, como uma pena. Parece que era tão leve, que a gravidade não fazia efeito sobre ele.
Espere... Até que esse Pokémon pode ser útil!
Awwwwnn ♥
Crys, no entanto, estava hipnotizada pela beleza encantadora do baixinho.
Igglybuff começa a entoar então uma bela Canção de Ninar, mas se engasga todo e arranha a garganta, falhando em atacar.
Aaah... Você não ouviu o que a Pokédex disse? Você não pode cantar, machuca as cordas vocais, bebê! :(
Isso, no entanto, abre espaço para Crys e Marill continuarem disparando golpes contra Igglybuff.
Mostre a ele como se faz, Marill! Canção de Ninar!
O gorduchinho Marill fecha os olhinhos e começa a entoar a mesma música de Igglybuff, mas com ele, dá certo. O golpe, que também era uma linda canção, dispara símbolos de notas musicais feitas de pura energia, que davam sono no oponente. Igglybuff tomba na hora.
Você o colocou pra dormir!
Eu sei, não é fofinho? ♥ E eu, como uma futura especialista em capturas, tenho que usar métodos não-agressivos para conseguir a captura de um Pokémon. Utilizar a estratégia do sono é uma boa, não é?
Sem dúvidas! Estando dormindo, ele não vai conseguir quebrar a pokébola para sair de dentro dela.
E por falar em pokébola, esta daqui não é uma pokébola comum. É uma Bola Amiga! Vaaaai!
Crys joga tal pokébola em Igglybuff e esta o engole por inteiro.
A bola amiga era uma pokébola verde com detalhes na parte superior em vermelho e laranja. Diferentemente das pokébolas comuns, esta tinha um efeito extra sobre o Pokémon capturado.
E para que serve esta Pokébola, Crys?
Todas as Pokébolas feitas de Apricorns (Bolotas de Carvalho) foram inventadas pelo meu avô, o lendário Kurt Mind. Hoje, são vendidas em ampla escala. Eu me acostumei com os efeitos especiais delas desde pequena, então sei tudo sobre elas! A Bola Amiga aumenta automaticamente o elo de amizade entre o Pokémon e o treinador, assim que a captura é feita. Como eu sei que a evolução de Igglybuff pra Jigglypuff ocorre através do fortalecimento do vínculo de amizade, não poderia haver pokébola melhor para fazer a captura!
Naquele momento, a Bola Amiga para de piscar e exala fortes faíscas em formato de estrela, indicando a conclusão da captura.
É! O Igglybuff É MEU! ♥
Gold olha para Crys com uma cara de pena. Ele achava tão bom vê-la assim inocentemente feliz por uma coisinha tão boba quanto capturar um Pokémon-Bebê... Mas a pena era por sentir que a garota precisava frequentemente de momentos assim para não desabar, afinal, o mundo dela girava em torno de muito estresse: um Pokémon roubado para salvar, um emprego para recuperar, problemas com a mãe e a família e agora, ainda por cima, problemas em aceitar quem ela era, problemas em abraçar e fazer bom uso dos poderes que a natureza lhe ofereceu...
E o pior de tudo era vê-la em seus momentos tristes. Chorando ao mesmo tempo em que lutava para ser forte. Esse impasse que havia dentro dela, Gold não sabia como era, mas só de imaginar, já sentia que era tremendamente horrível, obscuro e amargo. Como ela conseguia aguentar, ele também não sabia, mas tinha ciência de que de dia, aquela era uma garota alegre e extrovertida que adorava o mundo e todas as belezas que nele foram concebidas, mas de noite, Crys era uma garota sombria e atormentada por pesadelos, com medo de viver.
Entretanto... Naquele momento, quem desabou não foi a Crys, foi a chuva!
Ah, não! Meu cabelo! Gold, por que você não me avisou que ia chover?
Eu te disse! Eu te disse!
E não era uma chuvinha qualquer. O vento assobiava e o céu clareava alguns segundos antes do som amedrontador dos trovões.
Temos que sair daqui. Evitar lugares abertos é essencial se não quisermos virar churrasquinho com esses raios!
Nem pense em ficar debaixo de uma árvore! Vamos direto para a cidade! Vem!
Gold estende a mão para Crys, que a segura. Assim, os dois saem correndo para bem longe dali. Mas eles não sabiam que iriam ter que aguentar os pingos gelados por mais tempo, sem jamais conseguir chegar à cidade antes da tempestade acabar.
Quando estavam próximos da entrada da cidade, Gold e Crys são abordados no meio da chuva por uma dupla de estranhos.
Ei, vocês!Vocês são Gold e Crystal?
O primeiro era um garoto de cabelos muito pretos. Chegavam a ser oleosos de tão escuros que eram os fios, e roupa vermelha com branca, calça jeans. O segundo era uma pessoa de traços andróginos, não dava para apontar pelas roupas a qual gênero a pessoa se identificava. Os dois deveriam ter a idade de Gold e Crys ou ser um pouquinho mais velhos, no máximo um ano de diferença. Era muito pouca coisa.
Quem são vocês? Como sabem nossos nomes?!
Crys então se lembra da caverna abaixo do poço dos Slowpoke e do que o Rocket Hun disse a ela: que a Equipe Rocket iria persegui-la e não iria descansar enquanto não a encontrasse.
Gold! Vieram nos pegar!
O encanto de Crystal se quebrou na hora. Antes, ela estava super alegre pela captura do Igglybuff. Agora, estava aterrorizada, com um pânico profundo. Dava para ver na cara dele, e no branco do olho, que se arregalava cada vez mais.
O que?!
Deixem-nos passar, por favor.
Não antes de vocês nos ouvirem!
Temos que fugir! Gold, TEMOS QUE FUGIR!
Isso não vai ser necessário! Precisamos falar com vocês! Nós de viemos até Violet porque ouvimos que vocês estavam por aqui...
Gold então, vendo o desespero de Crystal, assume uma postura mais ofensiva. Não que ela precisasse ser protegida como uma donzela em perigo, mas por uma questão de autodefesa também.
Eu só aceito falar depois que tivermos uma batalha!
Já que insiste, é meu dever aceitar. Seis contra seis?
Demorou, irmão!
Ih, lá vamos nós...
Gold e o garoto de vermelho posicionam-se de frente um para o outro com espaço suficiente para dois Pokémon atacarem.
Gold, por favor! Vamos fugir!
Não! Não temos razão para fugir desses caras, se podemos batalhar contra eles!
Droga...
Calma, moça. Eu sei o que você está sentindo...
Hã?
Você é que nem eu. Somos muito parecidAs.
D-do que você está falando?
Nós duas somos especiais! Eu consigo sentir o poder fluindo em você! Mas se ficar aterrorizada assim toda vez que uma pessoa vier falar com você, perderá o controle, e isso te faz fraca!
Aquele foi um soco direto no estômago de Crys.
Fraca?
Se não controlar suas emoções, elas te controlarão! Você não pode viver entre dois extremos: felicidade e melancolia. Suas habilidades dependem do equilíbrio e do bem-estar emocional!
O que foi? Está querendo batalhar também?
Não. É justamente sobre isso. Sobre guardar a raiva e os pensamentos que são ruins, para não ferirmos a nós mesmas, inconscientemente ou não!
A pessoa por detrás do chapelão de palha, aparentemente uma menina, já que utiliza pronomes e artigos femininos para descrever a si mesma, olha firme para Crystal, mas não de uma maneira ofensiva. Ela estava tentando... Ajudar?
Enquanto isso, a batalha entre Gold e o garoto de vermelho estava começando.
Eu escolho... Aipom, vai!
A minha escolha é Pikachu.
Para ter uma melhor percepção de tudo o que está em sua volta, Pikachu mantém o seu rabo levantado. Ele armazena energia elétrica dentro de suas bochechas vermelhas.
Aipom, Ataque de Areia!
Aipom inicia jogando areia nos olhos de Pikachu, para que sua precisão baixasse, mas... O garoto de vermelho se acoca, com uma dar pernas apoiada inteiramente do joelho para baixo o chão, para poder visualizar a batalha mais de perto.
Pika, use Agilidade!
Pikachu começa a correr, ampliando naturalmente seu stat de velocidade. Com isso, Pikachu consegue atacar antes que Aipom.
Substituição.
Antes que Aipom pudesse sequer ver, Pikachu sacrifica um pouco do próprio HP e cria uma cópia idêntica de si mesmo, saindo pela retaguarda.
Soco Focalizado!
Aipom começa a atacar e golpeia diretamente o Substituto, não atingindo o Pikachu real. Ou seja, aquele foi um ataque em vão.
Finalize com o Trovão!
O Verdadeiro Pikachu salta por detrás do Substituto e dá solta um raio que se estende por todas as direções, fortalecido pela tempestade que não dava trégua. Aipom é atingido.
AIPOM!
O primeiro dos seis Pokémon de Gold cai completamente esgotado. O garoto de vermelho dá uma risadinha e alfineta nosso herói:
O que foi? Esse é melhor que você tem?
Eu estou apenas começando...
CONTINUA...
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