

















Sozinhas, ela e a janela do trem,
Avaliando tudo o que lhe fazia bem,
Mas nada de bom a atém,
Sentia-se uma ninguém...
Horas de viagem
Convertidas em horas de desespero,
Em seu seio, dor selvagem
Consumindo-a por inteiro,
A Mentira e a Sabotagem
Superando o exagero.
Como ela pôde, por todo esse tempo,
Mentir para quem ama?
Agora perdida em desalento,
Afundando em seu próprio drama,
Colheu de seu próprio invento,
Mentirosa, fez-se a dama.
Como ela pôde fazer-se cega
Com os brilhos materiais?
Agora tudo o que ela pega
Enferruja nos finais,
Tudo que ela rega
Não nasce mais.
Como ela pôde violar por diversão,
Pensando apenas em si?
Agora para nenhuma canção
Ela jamais sorri,
Inunda a face em aflição
Na ilusão de mentir.
Como ela pôde, depois de tudo,
Esfaquear pelas costas?
Arriscando perder seu mundo,
Arriscando bater as botas,
O silêncio era castigo duro,
Mentirosa e idiota.
O arrependimento a levava
Para a não-percorrida estrada.
Como poderia encará-la?
Como poderia pedir perdão
Se sabia que estava errada,
Havia caído em tentação?
Ela mesmo se machucava,
Afinal, pela própria definição,
Aquilo era traição.
Como poderia viver com integralidade
Sabendo que escondeu toda a verdade?
Disse que estava na cidade,
Mas naquela fatídica tarde
Encontrava-se submersa pela metade
Em fictícios casos de vaidade.
Como poderia viver tranquila
Sabendo que sujeitou-se a feri-la?
Agora o peso em sua consciência desfila
A culpa, por dentro, a mutila
Ela é a última da interminável fila,
A ansiedade a devora e aniquila.
Durante um longo ano,
A mentirosa pagou pelo preço,
Para a farsa, passou pano,
Agora encontrava-se do avesso,
No fim, só sobrou dano
E um temor espesso.
Já não sabia o que fazer,
Como amava se torturar!
Depois de tanto acontecer
Ela precisava de ar,
Depois de tanto aborrecer,
Ela precisava contar.
A culpa era dela, bem sabia,
Mas como admitir o erro?
Sem a verdade, sentia-se vazia,
Mas ela também não queria
O próprio enterro.
Todas as estradas pareciam estar se fechando,
Toda a luz que um dia brilhou, se apagando,
A falsa vida criada por ela, a sufocando,
A ilusão da terra prometida se distanciando,
As nuvens se aproximando,
O céu cada vez menos brando
E seu coração, quase parando...
Por fim, não havia mais mentirosa
Só havia a mentira,
Sobrou a casca de uma vida rancorosa
Vida que em torno disso gira,
Não havia mais verso nem prosa
Nem a garota, mas a mentira,
Ou encarava o espinho da rosa
Ou ali, terminava-se em triste ira.
Não havia benzedura,
Não havia saída,
Ou ela optava pela cura
Ou tornava-se a própria ferida,
Mentira tem perna curta,
E Mentirosa tem que viver a vida.
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