Agora, na Universidade de Celadon, na Região Kanto (Japão), na Base da Associação Pokémon...
Hmmm... Que cheirinho bom!
Platinum, o que é isso? O que você está fazendo?
Platinum então surge toda trabalhada no look, com um chapéu de confeiteiro, luvas e um avental cheio de babados.
Aaaah, que delícia! Cadê?
Que? 😨 Poxa, Plati, é verdade que você não fez nenhum para nós?
Nossa, magoei agora! 😓
Por quem?
Que viagem?
Sério que vocês não sabem? É claro, passam o dia todo brigando por causa dessa maldita profecia e não prestam atenção no que realmente importa!
Ei, fala logo!
O Red? Você quer dizer... O nosso antigo Presidente da Associação?
Mas o que ele faz em Fiore?
Hello!? Acorda, gente! Ele foi transferido para o Presídio dos Rangers na Região de Fiore semana passada! Eu não acredito que vocês dois se consideram líderes da Associação Pokémon e não sabem de nada do que está acontecendo!
Santo Arceus...
Acho que eu não estava prestando atenção na última reunião...
Mas voltando a falar dos Poffins, você pode cozinhar mais para gente, Plati? Por favorzinho! ♥
Esse cheirinho mexeu com as minhas lombrigas!
E eu por acaso sou mãe de vocês? Se toquem, garotos! Se toquem! Se vocês querem Poffins, tratem de fazê-los vocês mesmos!
Mas tudo o que eu cozinho queima!
Eu sou um desastre na cozinha...
Bom, já que os dois têm problemas para cozinhar, por que não ajudam um ao outro? Quem sabe assim a comida não dá certo?
O QUE?!
EU? COLARABORAR COM ELE???
Hmpf. Platinum, você não sabe de nada!
Estamos no meio de um guerra política! De uma guerra política!
Horas depois...
Y desembarca em Fall City, na Região de Fiore (Japão), e de lá, vai diretamente para a sede dos Rangers em Ringtown, uma pequena cidadezinha rodeada pela majestosa Floresta Lyra.
Um lugar tranquilo e de beleza natural inquestionável, extremamente seguro graças à proteção dos patrulheiros Pokémon de vermelho, cujo imponente QG estava situado a sudoeste.
Assim que entra no prédio, ela já avista seus colegas de Associação e também Rangers, Jade, Solana e Lunick, que estavam a sua espera.
Ei! Y!
Aquuii!
Lunick acena para que Y pudesse reconhecê-los mais facilmente, afinal, todos os Rangers utilizavam a mesma roupa e talvez identificá-los à distância fosse difícil.
Jade surpreende-se com a presença da colega. Ele achou que ela não viria mesmo.
É estranho, geralmente as pessoas não gostam de visitar nossos presos, mas acho que este é um detento especial, né?
No subsolo. É lá que mantemos os detentos de segurança máxima. Mas antes de você prosseguir, vai ter que passar por algumas inspeções.
Ótimo, então venha comigo.
Solana leva Y para uma salinha minúscula adjacente, sem janelas e com apenas uma porta.
Não, imagina! Estes métodos invasivos ficaram no passado. Agora, fazemos uma varredura utilizando Pokémon do tipo Psíquico. Ah, e você precisa assinar uns termos de concordância primeiro.
Y parece séria por fora, mas a verdade é que ela está bastante ansiosa por dentro.
Passando nos testes, você poderá assinar os documentos e aí sim, poderá visitá-lo. Mas não se preocupe. São 3 testes super rápidos. Na primeira inspeção, o nosso Growlithe irá farejá-la para verificar se você possui algum tipo de narcótico ou substância proibida do lado externo (e isso inclui essa travessa cheia de Poffins). Ele também consegue detectar nervosismo inconsistente, alteração na frequência cardíaca, entre outros fatores de linguagem corporal que possam indicar algum tipo de comportamento suspeito.
Na sequência, nosso Metagross irá utilizar de seus poderes eletromagnéticos para detectar se você possui algum tipo de metal no corpo. Além disso, ele consegue fazer uma leitura psíquica para identificar se o visitante tem objetos internos suspeitos, escondidos dentro do corpo.
E por fim, a Gardevoir do Ruby (Sim, é a do Ruby), irá fazer uma pequena previsão do futuro para saber se ocorrerá tudo durante o tempo da visita, evitando assim que pessoas má intencionadas passem.
Alguns minutos depois...
Muito bem, Y! Você passou em todos os testes, não que eu tivesse alguma dúvida de que isso aconteceria. Mas agora, eu tenho que te pedir mais uma coisa. Eu preciso que deixe todas as suas Pokébolas comigo antes de entrar lá.
Y então entrega à Ranger da Região de Fiore todas as suas Pokébolas, deixando seus dois Delphox, Chesnaught, Greninja, Whimsicott e Yveltal para trás.
Ótimo. Agora que está tudo resolvido, você pode ir. Vou pedir para um carcereiro acompanhá-la. Red se encontra na cela número 6124.
Hã?
Do que você está falando?
Tudo bem. Por aqui, Y!
O carcereiro indicado por Solana então acompanha Y até a cela 6124. Ele pega um molho de chaves e abre as portas de barras de ferro, permitindo a entrada da jovem.
Red está cabisbaixo, olhando para os próprios pés, deprimido. Ele nem sequer levantou a cabeça quando o carcereiro anunciou: "você tem visita". Então, Y acha uma maneira de atrair a atenção do antigo presidente da Associação.
Red se surpreende ao reconhecer aquela voz. O que a Y estava fazendo ali?
Não fale nada. Enquanto estivermos aqui, os meus dois Delphox, mesmo através de suas Pokébolas, no andar de cima, estarão sincronizando seus poderes mentais para permitir que a nossa comunicação seja realizada sem a necessidade de oralização. Em outras palavras, eles lerão e transmitirão nossos pensamentos. Para isso, eu só preciso que nos dê autorização.
Os olhos de Red se arregalam, mas não de uma maneira ruim, aquela era uma notícia muito, muito boa. Então ele gesticula um sinal de positivo com a mão e rapidamente balança a cabeça de cima abaixo, autorizando Delphox a entrar em sua mente. Toda a conversação a partir daí ocorre telepaticamente, para evitar que Red deixe o Hoopa em seu estômago escapar pela boca.
Até eu aprender a língua de sinais, será difícil eu manter qualquer tipo de comunicação com outras pessoas.
Bem, eu só queria alguém para conversar e achei que talvez você fosse a pessoa mais prudente para me dar um conselho...
Eu? Prudente? Você sabe por que eu vim parar na prisão, não sabe? Eu matei o Giovanni e todos os seus clones, e para finalizar, ainda prendi o Hoopa dentro de mim, condenando a mim mesmo à eterna mudez...
No seu lugar? Ah, não, não! Imagina! Quem está no comando da Associação agora é o Diamond, o Pearl e a Platinum. Você não sabia?
Ah, eu entendo... Então você procurou o mais coitado que você conhece para descobrir se você está numa situação pior que a dele? Poxa, eu não esperava isso de você, Y...
Não é isso, Red. É que... Eu vivi muito. Eu tive experiências das quais não me orgulho. E tudo porque eu pensei muito nos outros antes de pensar em mim mesma. Eu agi muito por impulso, eu queria defender a todos, mesmo sabendo que eu era só uma, e me feri gravemente na busca por um mundo melhor. Mas agora... Agora eu não sei o que fazer. Todas as minhas forças se esgotaram. Então eu vou direto ao ponto: eu estou aqui porque eu não sei o que fazer. Se o mundo está mesmo chegando ao seu fim, eu não sei em qual lado lutar.
Red, eu estou tão cansada... Eu realmente me exauri tentado cuidar dos outros e acabei me esquecendo de cuidar de mim mesma no processo.
Y suspira. Ela está realmente desabafando, tirando aquilo do fundo de seu coração e fazê-lo não era nada fácil. Mas ela sabia que poderia confiar em Red, por isso escolheu-o a dedo dentre os membros da Associação, as pessoas a quem ela pode chamar de família.
Ah, entendi... Bom, o que eu tenho para dizer é que se você desistir de tudo agora, o meu sacrifício terá sido em vão.
É sério! Para que eu teria colocado uma bomba atômica prestes a explodir dentro do meu próprio corpo, senão para proteger o mundo? Y, você está em um momento decisivo da sua vida... O momento em que você se questiona sobre continuar ajudando os outros ou ajudar a si mesma. Mas isso é algo que um homem privado de liberdade como eu, não posso lhe ajudar. É uma decisão que você terá de tomar sozinha.
Eu sei, mas é que... Eu realmente queria a opinião de alguém sábio para me abrir os olhos e me impedir de chutar o balde.
Sair da Associação e ir morar no silêncio, no meio do mato seria tudo para mim nesse momento. Eu preciso de paz, de calma, de tranquilidade. Eu não posso mais passar por uma tempestade atrás da outra, como vem sendo a minha vida desde que eu iniciei minha jornada...
Y fica quieta. A jovem está realmente cabisbaixa, de uma maneira que não lhe é convencional. Ela precisa de respostas. Ela precisa saber se deve agir ou esperar que tudo se acabe. Ela não aguenta mais sofrer.
Por que lutar até a exaustão se as pessoas nunca vão mudar? Por que me sacrificar se eu sei que nada do que eu disser será ouvido? Por que dar tudo de mim se ninguém vai dar bola?
Y se surpreende com aquele xingamento. O que Red estava pensando? Será que ele poderia insultá-la livremente daquela maneira? Não, Red não era desses... Y sabia que se ele estava falando assim, era porque ele estava enxergando algo que ela não conseguia.
Y... Você não pode presumir que as pessoas não vão mudar e que o mundo não será melhor. As pessoas erram. Muitas adoram persistir no erro (veja eu, por exemplo). Mas é o direito de todos poder errar, e cair e levantar, e voltar atrás para corrigir os seus erros. Se o mundo acabar, esse direito se vai. Cada um tem o seu tempo. Aqueles que nós julgamos como pessoas ruins e que persistem sendo más, mesmo depois de tentarmos e tentarmos convencê-las do contrário, estão vivendo o seu próprio processo. Pessoas são processos em andamento, e não produtos finalizados. Pessoas têm sua própria caminhada, e tirar isso delas, o direito de aprender com os próprios erros, é tão cruel quanto o que elas próprias fizeram de ruim.
Sim... Como eu disse, quem sou eu para dar conselhos? Você pode me chamar de hipócrita, mas apenas faça o que eu digo, e não faça o que eu faço. Entende? Eu não sou um exemplo a ser seguido.
E vale a pena continuar me sacrificando? Vale a pena continuar dando tudo de mim por aqueles que nem sabem da minha existência e, sinceramente, nem se importam?
Eu acredito que todos estejamos conectados, Y. O que você faz ou deixa de fazer por uma pessoa, pode mudar o mundo. É a Teoria do Caos. O bater de asas de uma Butterfree pode gerar um furacão do outro lado do mundo.
Eu bem que queria acreditar... Mas eu me sinto tão pequena, microscópica, que eu acho que nem que eu rodopiasse sem parar, eu conseguiria criar uma leve brisa. Parece que nada do que eu faço tem efeito. As pessoas continuam sendo as pessoas, e o mundo continua retrocedendo, tornando-se um lugar cada vez pior para se viver. Por mais que eu lute, eu sempre sinto estar inevitavelmente perdendo. É como se eu nadasse contra a correnteza. É inútil! As pessoas são BURRAS e continuam persistindo na burrice, por mais que eu tente alertá-las disso.
Que síndrome de salvadora é essa, Y? Você não precisa SALVAR ninguém. As pessoas não precisam ter a MESMA opinião que você nem concordar com tudo o que você diz. Enquanto membro da sociedade, você tem o direito de expressar o seu desejo por um mundo melhor. É isso o que significa a democracia. Mas esperar que todo mundo pense igual a você é DITADURA. É óbvio que nunca vai haver 100% de concordância. E graças a Arceus! Já pensou se todo mundo pensasse igual? Que chato o mundo seria! Ficaríamos estagnados na mesmice. E aí, a evolução não aconteceria. Seríamos como amebas insignificantes, apenas existindo, sem nunca nos questionarmos do que realmente vale a pena ser dito ou feito.
Y fica cabisbaixa. Mais do que estava quando chegou ali. Ela sabia que Red tinha razão no que acabara de dizer.
Isso. Se os motivos racionais para manter-se na resistência não lhe convencem, então lute pelos motivos emocionais. Lute por AMOR.
Sim... Eu já não acredito em mais nada... Tudo se tornou um conto de fadas para mim... Todas as crenças que eu tinham se dissolveram como tinta em solvente... Antes, eu acreditava que o mundo era um lugar legal e que as pessoas tinham salvação. Mas agora... Eu percebo que por mais que eu tente, elas sempre continuarão cometendo erros. E eu, por mais que tente focar em outra coisa, só consigo enxergar a maldade no ser humano... A fome, a miséria, a destruição, a injustiça, a discriminação... Todas as cores que eu enxergava viraram cinza, depois de tanto me desgastar nessa constante luta. A máscara da ilusão caiu para mim e a fantasia se distanciou tanto que eu não consigo mais contemplá-la, nem mesmo no fim do horizonte. Eu não consigo ver nada além de tristeza neste mundo...
Então, ao invés de procurar um bom psicólogo para fazer uma terapia, você resolveu procurar o conselho de um cara f*dido como eu? Nossa, Y... Eu estou surpreso! A que nível você chegou...
BOBO! Eu já lhe disse: Estou aqui porque sei que você tem muito a me ensinar. Você é o mentor que eu sempre desejei ter.
Como se você não pudesse chegar às mesas conclusões sozinhas! Tsc... Você é a mais fod*na dentro da Associação, Y. Nunca se esqueça disso! Ninguém precisa lhe dizer o que fazer!
Mas voltando ao amor: Eu não falo aqui de amor romântico, e sim, do amor ágape, aquele que se entrega, o amor incondicional. Não há nada que você ame incondicionalmente e que você faria de tudo para proteger?
Como eu disse... Com o tempo, eu resfriei e me tornei dura como pedra. Acho que eu consigo ter muito mais compaixão por um POKÉMON do que por outro HUMANO. As pessoas são vis e cruéis, só se importam consigo mesmas e não importa o que você faça por elas, eventualmente, todas irão lhe virar as costas. Já os Pokémon, não. Eles nunca te abandonam.
Sabe, Red... A fonte de poder de um Pokémon do Tipo Psíquico é o Cosmos, assim como a fonte de poder de um tipo Fada é a Lua e a do tipo Sombrio é a Maldade... Quando eu viajei para uma dimensão paralela, meu Pokémon Inicial, o Delphox, simplesmente entrou em declínio, pois estava longe do universo no qual se originara. Ou seja, seus poderes psíquicos começaram a falhar e ele, a adoecer, já que ele não conseguia extrair energia de outro quintal cósmico que não fosse aquele que o criou.
Entretanto, a Delphine, minha Delphox Shiny, veio desse mesmo universo em questão para cá, pra nossa dimensão, e ela não apresentou nenhum sinal de adoecimento com essa viagem. Ela está vivendo aqui comigo há anos e nunca adoeceu. E você sabe por quê?
Porque eles se amam. O Delphox e a Delphine nutrem diariamente um laço psíquico que permite que a Delphine mantenha-se saudável, mesmo estando em um universo diferente. E esse laço nunca se desfez, mesmo quando achávamos que o Delphox tinha morrido. Veja como os Pokémon são diferentes das pessoas. Veja como eles apoiam uns aos outros...
Eu não acredito mais no amor PARA MIM... Me parece que eu não tenho solução... Mas isso não significa que eu não consiga observar o amor NOS OUTROS.
Então você não está nem aí para o mundo porque tem INVEJA dos outros, que continuam amando e você não?
Não é isso! Eu quis dizer que eu amo incondicionalmente o fato de que os meus dois Delphox se apoiam mentalmente através do amor que sentem um pelo outro. E eu faria de tudo para protegê-los. Pensando bem... Acho que você tem razão! Lutar pelos Pokémon é algo que eu realmente faria. Porque eles MERECEM ser protegidos.
Viu? Eu tinha certeza. Eu cheguei neste presídio completamente desacreditada, mas você me fez enxergar algo que eu não estava conseguindo ver com clareza. Eu sabia, Red! Sabia que você conseguiria me animar! Eu acho que finalmente encontrei razões para lutar!
Y fica animada. Red tinha razão. Ela queria acreditar que o que Red havia lhe dito fazia sentido e, portanto, iria confiar nas palavras dele para continuar resistindo e lutando pelo que ela acreditava que seria melhor para o mundo.
Red, entretanto, se dá por conta então de que aquela ainda não era a resposta para o questionamento que Y estava buscando. Então ele decide ir mais a fundo e cutucar na camada mais profunda da garota, aquela que estava implorando para ser chacoalhada.
Y... Desculpe me dizer isso, mas eu vejo que você se perdeu completamente no caminho. Você se ESQUECEU do que significa ser uma Treinadora Pokémon. Se você realmente acha que o que eu te disse até agora é o suficiente, então talvez você devesse mesmo se aposentar...
Delphox é o seu Pokémon Inicial, certo? Isso significa que ele está com você há mais tempo do que qualquer outro Pokémon. Nesse tempo todo em que estiveram juntos, Delphox conseguiu encontrar o amor e razões para manter-se na luta. Mas você, por outro lado, precisou vir até mim para que eu lhe mostrasse o que estava acontecendo debaixo dos seus olhos! Y, você não está observando Delphox com atenção... Se você veio até aqui pensando em desistir da carreira, para pedir conselhos a outro humano, então você perdeu o seu espírito de treinadora, porque se esqueceu de perguntar ao ser mais importante na sua vida, o que ele achava disso. Você se esqueceu de perguntar AO DELPHOX o que ele pensa. Você preferiu confiar na palavra de um outro humano e não na do seu próprio Pokémon, que esteve consigo esse tempo todo. Você DESMERECEU a companhia dele! Delphox lhe conhece muito melhor do que eu e, mesmo assim, você não o consultou. Estava mesmo pensando em deixar que o mundo acabasse, sem sequer cogitar tentar proteger o seu melhor amigo... Isso é pior do que uma traição!
Y arregala os olhos. Ela havia sido impactada profundamente por aquelas palavras. Era como um tapa na cara, um choque de realidade. Red havia penetrado o subconsciente da jovem. E o pior de tudo era que ela sabia que Red tinha razão. Y estava PERDIDA. Ela havia deixado de ser quem era e agora, sentia-se envergonhada por causa disso. Y varreu seus antigos valores para debaixo do tapete e agora não conseguia mais sequer enxergar o óbvio.
Você deve desculpas ao Delphox. Se você quer mesmo desistir de tudo, pelo menos espere que a ameaça do fim do mundo acabe. Lute até o "A-Poké-Lipse" ser revertido. Pelo bem estar do seu Pokémon. E depois, faça o que quiser. Aposente-se, suma da face da Terra, vá viver em uma ilha reclusa, lamentando-se e sentindo pena de si mesma. Mas jamais faça isso enquanto Delphox (e todos os seus outros Pokémon) estiverem correndo perigo. Primeiro, proteja-os. Só depois pense no seu desejo egoísta de parar e descansar. Afinal, que diabos de treinadora se importa mais consigo mesma do que com os seus parceiros? Você chamou as pessoas de burras agora há pouco e as julgou por cometerem erros, mas se esqueceu que você também é uma pessoa, Y...
Y baixa a cabeça. Red estava certo. Estava certo! Ela sabia que sim! E era isso o que a fazia ficar com tanta vergonha (de si mesma). Onde foi que ela errou? Mas por mais ruim que estivesse, ela ainda não havia se sentido tão ultrajada quanto se sentiu com a próxima frase de Red...
Eu sei tudo sobre todos os membros da Associação. Acha que eu não pesquisei sobre você antes de formar o grupo? Eu sei TUDO o que você viveu, Y. E sei que deve estar cansada do trabalho duro, mas... Você está deixando os mais sutis detalhes escaparem despercebidos. Você está se esquecendo de quem te ajudou a superar todos os desafios a que teve de enfrentar nesses anos todos. Você nunca esteve sozinha, Y, mas por alguma razão, você se esqueceu disso, e agora deve desculpas. Não a mim, mas a Delphox. Você está desprezando quem mais te auxiliou na vida, isso é vergonhoso.
Os punhos de Y cerram-se. Ela sente a verdade esbofeteando sua cara. Red estava dando uma SURRA de realidade na garota e era exatamente isso o que ela havia buscado com aquela visita. Y estava insegura, pensando em desistir, mas por alguma razão, ela sabia que Red tinha esse poder. O poder de mostrar a verdade a ela, por mais que doesse. Era isso o que ela queria. E era isso o que ela agora tinha.
A jovem mulher então se aproxima do ex-líder da Associação Pokémon e com muita atitude, encosta suavemente os seus lábios em torno dos dele, finalizando aquela conversação com um beijo eletrizante, que fez com que Red estremecesse, não só de surpresa, como também de medo e de prazer, numa mistura perigosa de satisfação com receio.
Relaxa, Red. Eu só queria agradecer por me fazer descer do pedestal em que eu mesma me coloquei. Por um momento, eu achei que eu fosse especial, sabe? Que eu tinha o poder de MUDAR o mundo, mas eu estava errada, não é? Sozinha, eu não sou ninguém. Mas lutando junto daqueles que me amam, eu posso promover mudanças no futuro. Só que eu me esqueci disso. Me esqueci que o amor está ao meu redor e não dei chances para que ele se manifestasse na minha vida, ao deixar de acreditar no mesmo.
Está vendo? Eu disse que você conseguiria chegar às mesmas conclusões sozinhas! E você consegue ir até além daquilo que eu ou qualquer outra pessoa lhe disser! Você é incrível, Y. Não desperdice o seu talento se auto-sabotando.
Talvez, Red... Às vezes eu preciso de um empurrãozinho, sabe? E eu fico muito grata por tudo o que me disse hoje. Eu estava precisando dessa chacoalhada.
Y sorri. Ela está se sentindo aliviada, finalmente, porque pôde desabafar e, consequentemente, refletir sobre algo que a estava atormentando. Ela sempre soube que estava errada, mas não tinha certeza até ouvir do próprio Red. Digamos que ela só queria confirmar se estava sendo uma c*zona, e agora ficou mais do que claro que sim. Y não podia parar de lutar. Jamais. E isso porque assim como Delphine, ela estava sendo apoiada por Delphox este tempo todo. Ela só tinha se esquecido desse detalhe...
Tudo bem, Red. Você fez o que foi necessário para me fazer acordar. Mas não se preocupe. Não vai acontecer de novo. Tanto o conselho que você quanto o que a Sapphire me deu serviram para me ajudar a reestruturar meus alicerces, que estavam correndo o risco de ruir. Eu ainda não estou bem e creio que vá levar um tempo até eu me restabelecer por completo, mas esse já foi um começo... Eu já sei por onde devo trilhar meu caminho daqui em diante. Obrigada por tudo.
Red sente-se feliz. Parece que as palavras dele, por mais ásperas que pudessem parecer à primeira ouvida haviam atingido seu propósito. Y era uma excelente crítica e, portanto, ela havia entendido aonde Red queria chegar. Aquela era uma crítica construtiva para o seu próprio bem, e não um ataque pessoal. E Y sabia distinguir isso muito bem, tal como o próprio Red.
Não se esqueça de que a conexão telepática criada pelos Delphoxes ainda não acabou. Eu sei que você ficou querendo uma segunda dose daquele beijo! Hahahah! Mas eu vou lhe deixar querendo mais.
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