Agora, neste exato momento, há centenas de milhares de anos atrás...
(...) os dois lutavam justamente, em um embate corpo a corpo, no qual um tentava empurrar o outro. Liko se surpreendeu. Mesmo em épocas pré-históricas, os Pokémon sabiam ser justos e respeitosos. Aquele mundo não era tão selvagem assim, pensou a garota. Afinal, Tyrantrum não estava se abusando de suas vantagens físicas para ganhar aquela competição. Ele estava abdicando do uso de seus poderes especiais para lutar contra o animal que não possuía qualquer meio ataque que não o próprio vigor corporal.
Pelo menos, não até aquele momento.
Algo estranho começa a acontecer.
Liko Grita:
"Sada, Saia Já daí!"
Mas a Professora estava próxima demais do combate.
"GROOOOOAAARR!"
Tyrantrum ruge e finca as presas em sua rival Tiranossaura, ao mesmo tempo em que o corpo do Pokémon começa a brilhar e tornar-se rígido como cristal.
"Está Terastalizando!" Percebe Liko. "Sada, venha para cá!"
Mas não adiantava gritar. Sada estava nem aí para Liko.
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Liko balbucia:
"Sada, Corra!"
Mas a Professora parecia não ouvir. A Tiranossaura se afastou depressa de Tyrantrum, recuando do combate e ao fazê-lo, sem querer, esbarra sua vigorosa cauda no lado esquerdo de Sada, arremessando a pesquisadora longe com a força da batida.
"SADA!"
Liko reúne toda a sua coragem para aproximar-se da Professora, cujo braço esquerdo não parecia mais estar em uma posição normal, ao mesmo tempo em que a Tiranossaura corria do agora em frenesi Tera Tyrantrum.
Sada não disse um "ai". Ela estava quieta, apenas observando o dano causado. Liko se aproxima e o que ela vê a faz se sentir enjoada. Tonta. Ela pensou que iria desmaiar ali mesmo, mas a ameaça iminente de um Tyrantrum descontrolado a fez aguentar na marra. O que havia surpreendido Liko não era Sangue. Pelo contrário. Não havia uma só gota de sangue no braço completamente esmagado da Professora. Não havia carne nem tecido à mostra. Não. No lugar de uma mão destroçada, havia era uma...
BARRA DE METAL RETORCIDO?!
Aquilo não parecia fazer sentido de primeira, mas quando Liko viu faíscas se espalhando rapidamente por todo o corpo de Sada, o som de pequenas engrenagens emperrando e aquele característico cheiro de fio queimado quando um eletrodoméstico entra em curto, ela caiu na real.
Aquela mão falsa de Sada não era apenas uma prótese.
Ela TODA era um robô.
Esse tempo todo.
O pânico vem e o desespero bate. Liko estava sozinha no FIM do mundo (ou melhor, no começo) com uma robô sociopata!
"V-vo-você... Você não é de verdade..." Balbucia Liko, em choque ao perceber que durante toda esta viagem, o seu destino estava nas mãos de uma máquina. E não era a máquina do tempo.
"Acho que descobriu meu segredo." Fala Sada, indiferente. Agora fazia sentido porque as expressões faciais dela não condiziam com as situações. Ela era uma inteligência artificial. Mas espere... Inteligência Artificial?
"Você é a IA que estava pilotando o Brave Asagi este tempo todo! Você É a inteligência artificial, e não aqueles algoritmos no seu computador!"
"Bingo."
Os olhos de Liko começam a lacrimejar. Ela está atônita. Ela foi usada por Sada direitinho. Ou melhor... Usada por uma robô, sabe-se-lá com que intenções em mente (se é que Sada tinha uma).
Em resposta ao pânico, o coração da adolescente começa a bater mais rápido para fornecer oxigênio e nutrientes aos músculos e órgãos vitais. Isso é importante para preparar o corpo para uma possível ação de luta ou fuga. Seu sistema nervoso simpático sofre uma ativação intensa e isso resulta na liberação de hormônios do estresse, como a adrenalina, que aumentam o ritmo cardíaco e a pressão arterial.
Liko não percebe, mas seu corpo está dando sinais de crise. Rapidamente lhe ocorre uma dilatação das vias aéreas, para que mais ar possa preencher seus pulmões e melhorar a oxigenação do sangue, ainda que a sua respiração tenha se tornado rápida e superficial. A parte inferior de seu corpo estava tendo contrações, tremores musculares e tensão muscular generalizada. Essas reações são uma resposta do corpo ao aumento da atividade do sistema nervoso simpático e à preparação para a ação.
Suas mãos estavam vertendo água. Suor escorria nas palmas, bem como na região das axilas. Ela transpirava tensão.
Toda essa situação mexeu com o psicológico de Liko a ponto de deixá-la tonta e enauseada, prestes a desmaiar. Por um instante, ela esqueceu-se completamente do Tyrantrum terastalizado que havia colocado uma tiranossaura pra correr. Sua mente oscilava, ela não conseguia pensar direito, apenas sentir as batidas de seu coração, que eram como um baque, tamborilando e apertando seu peito como se ela fosse sofrer um ataque cardíaco agudo e morrer repentinamente.
A visão começou a embaçar. Tudo começou a ficar escuro e difícil de focar... Liko não conseguia mais manter-se de pé. Ela sentiu o corpo estremecer e ceder à força da gravidade. E no instante que caía, com o mundo girando ao seu redor, ela pode perceber que não precisava se preocupar com o Pokémon pré-histórico em frenesi, porque seus companheiros do Brave Asagi, apesar de pequenos, a estavam defendendo.
Naquele momento em que sua consciência era impiedosamente varrida para fora de seu corpo, Liko não pode analisar com clareza o que cada um dos monstrinhos que compunham a tripulação do dirigível estava fazendo, mas juntos, eles coordenaram ferozes ataques que perfuraram a pele cristalina de Tera Tyrantrum e, um após o outro, eles foram acumulando danos no gigante terastalizado.
Era uma pena que Liko estava caindo rumo à escuridão do inconsciente, porque ela não pode testemunhar a genialidade daqueles Pokémon em ação. Eles com certeza haviam sido treinados pelo Professor Friede, porque deram um show, um verdadeiro exemplo de como se deve executar uma batalha Pokémon.
Primeiro, a Alcremie companheira de cozinha de Murdock abre os trabalhos com Atração, um golpe que deixa o alvo do sexo biológico oposto na condição de apaixonado e, portanto, com 50% menos chances de atacar.
Na sequência, seu colega Nosepass se encarregou de atacar com Onda do Trovão. O golpe paralisa o alvo com sucesso, enxaiando perfeitamente uma segunda condição de status negativa consecutiva e formando um combo com a Atração de Alcremie.
Em seguida, do lado especial, vêm Slugma, Noctowl, Alolan Muk e Snorunt, respectivamente. Slugma ataca com Incinerar, que tira danos superficiais de Tyrantrum, mas que vão sendo ampliados por seus colegas logo em seguida. Noctowl vem com o Golpe Aéreo, Alolan Muk com o Spray Ácido e Snorunt com seu singelo, porém eficaz Vento Congelante.
Do outro lado, com uma coordenação incrível, mesmo sem ter um treinador por perto, os demais Pokémon dos Trovonautas, Elekid, Shuckle, Carkol e Pawmi atacam com Soco Trovoada, Rolagem, Golpe Pesado e Mastigada, finalizando Tyrantrum tão rapidamente que não deu tempo sequer do pokéssauro pensar em revidar a primeira onda de ataques.
"Groooooar!"
Ouve-se um estrondo, como se uma janela ou algo maior (talvez uma porta) de vidro estivesse quebrando. A Terastalização se desfaz por completo, e Tyrantrum cai, sem energia para dar continuidade ao embate.
"Quem diria... Seres tão insignificantes batendo de frente contra a esplendorosa realeza mesozoica..." Observa Sada, sem esboçar muita reação, levantando-se devagar enquanto sua mão mecânica estraçalhada meneia para baixo, dependurada.
Sada observa aqueles Pokémon que julga inúteis defendendo a pobre Liko, que jazia desacordada no chão e com sua típica petulância, faz descaso.
"Tsc. Meus planos não podem falhar por conta da sua fraqueza."
Sada dá às costas a Liko e aos Pokémon dos Trovonautas, que se reuniam em torno dela, e regressa em direção à nave ao perceber que ali ainda não era o local (nem o tempo) ideal para o que ela queria.
A Inteligência Artificial que comandava aquele corpo robótico era tão cheia de si que se deixou descuidar. Quando percebeu, era tarde demais. Sada foi puxada com força pelo cabelo, arremessada ao chão. Liko estava de pé e em seu olhar, havia algo que aquele robô jamais havia visto antes...
Era ódio.
Liko (a verdadeira) estava completamente desperta. Coitada da robô Sada. Ela não sabia, mas Liko também tinha um segredinho.
"Argh!" A robô exclamou uma falsa interjeição, já que ela não era capaz de sentir dor. Levantou-se rapidamente, enquanto Liko a fitava, ereta, esperando o momento certo para dar o bote. Sada não sabia, mas deveria ter ficado calada neste momento. Ao contrário, no entanto, ela provocou: "O que foi? A cachorrinha está zangada porque a sua dona não fez tudo o que ela queria?"
"..."
Liko ficou em silêncio, resoluta. Seus olhos não piscavam. Suas pernas e braços estendiam-se firmes. Ela não tremia mais. Sua respiração não estava ofegante e ela não parecia em pânico. O que quer que tivesse acontecido naquele momento de extrema ansiedade e desespero, fez com que Liko mudasse.
E foi neste momento que Sada percebeu.
Aquela ali não era mais Liko. Era outra pessoa, com uma personalidade totalmente DIFERENTE.
"Se você é só uma máquina..." começa a falar a renovada Liko, com um sorriso sanguinário de assassina. "...está tudo bem se eu a matar!"
Sada imediatamente fechou a cara. Aquela garota estava falando sério.
Os mecanismos de defesa da inteligência artificial soaram no falso cérebro de Sada e reconheceram: ela estava em perigo.
Sada corre na direção do dirigível. Ele está longe, mas ela tem pernas maiores e pode correr mais rápido do que Liko. Ao menos, era o que ela pensava.
Assim que Sada arranca, Liko corre atrás, com sede de sangue. Se algum dia ela fora dócil e incondicionalmente alegre como um Fidough, que balança o rabo quando o tutor acaba de chegar, mesmo que ele só tenha ido ali na esquina, isso havia ficado no passado. A Liko do presente era uma pessoa completamente diferente da que Sada havia conhecido e se interessado por. Gatuna, ágil e esperta como Meowscarada. Esta aqui era a REAL. Esta aqui era sua personalidade obscura, porém verdadeira, escondida à força por um manto de inseguranças e incertezas que a faziam parecer tão diferente de quem ela realmente era.
O baque emocional por descobrir que estava presa no passado com uma robô a fez despertar o seu lado mais sombrio. Um lado que poucos conheciam e que, na verdade, seus amigos Trovonautas rezavam para que jamais voltasse a aflorar: o lado demoníaco, endiabrado, sem nenhum filtro imposto pelo medo, pela culpa ou pela própria sociedade.
O lado que queria MATAR e que não fazia a menor questão de se conter. Esta era a segunda personalidade da adolescente, um fardo que ela carregava desde sempre. Seu nome? Riko. Riko, a assassina.
"Venha cá." Diz Riko, com uma vozinha doce, porém ao mesmo tempo, sinistra. Ela estava no controle agora. O que quer que a robô Sada tentasse usar contra ela, seria ineficaz, pois a "Liko com L" havia desaparecido no momento em que perdera a consciência, e a oportunista Riko surgiu, aproveitando-se do momento de fraqueza de sua irmã boazinha.
Com o sangue bombando à todo vapor, Riko está com habilidades físicas renovadas, completamente além da capacidade normal de Liko. Riko é uma máquina sanguinária, banhada por instintos primitivos os quais ela não consegue controlar. Uma felina insaciável que por muitos e muitos anos, Liko tentou esconder.
Utilizando-se de sua velocidade superior, Riko rapidamente alcança a robô Sada, puxando-a pelo jaleco.
"RAAASG!"
Um pedaço do tecido outrora branco, agora podre de sujeira, fica grudado na mão esquerda de Riko, que ao contrário da personalidade boazinha, era canhota, e não destra.
Sada continua correndo, desta vez conseguindo uma pequena vantagem de tempo, já que Liko se distraiu com o pedaço de pano que arrancou de sua roupa. A nave agora está a poucos metros. Seu cérebro de máquina tenta processar o que está acontecendo. Por que Liko mudou tão de repente? O que era aquilo nos olhos dela? Sada era programada para reconhecer todas as emoções humanas, por mais sutis que sejam, mas esta... Ela não estava conseguindo discernir direito. O que diabos estava acontecendo? E por que ela sentia que estava correndo perigo?
Assim que passa pela porta do dirigível, Sada a tranca por dentro, impedindo que Riko entrasse no Brave Asagi, e imediatamente, sendo ela própria a IA que comandava tudo, através do comando de voz, fez com que a embarcação aérea decolasse, levantando um rastro de poeira no solo que um dia virá a se tornar a Região de Hoenn.
"Não tão rápido..." diz Riko, que surge de dentro da mata densa neste exato instante. Os Pokémon da tripulação vêm logo atrás dela, mas uns são tão lentos, que não conseguem acompanhar a menina direito. Slugma, Muk e Snorunt estão bem mais para trás do que os outros, e Noctowl (o mais ágil, por voar), fica para ajudá-los.
Riko então, utilizando sua máxima capacidade corporal, pula sobre um rochedo na praia e, pegando impulso, salta o mais alto possível, agarrando-se firmemente às partes inferiores da fuselagem da nave, o que fica extremamente mais fácil, agora que ela amarrou o pedaço rasgado do jaleco em torno de ambos os punhos, evitando escorregar. E ela o faz bem a tempo. Riko se prende ao Brave Asagi fortemente bem antes do dirigível guinar para o lado e em um estrondoso rasgar do espaço-tempo, desaparecer completamente, deixando aquela era (e todos os Pokémon dos Trovonautas) para trás... Para sempre.
Riko está de volta ao que virá a se tornar sua região natal no futuro, quando ela nascer. Ela se lembra bem naquelas montanhas e também daquela enorme cratera no centro de tudo. É Paldea.
Mas a Área Zero, vista de cima, parecia bastante diferente da que ela conhecia. Era mais... Recente. Havia lava escorrendo por todos os lados e a terra não parecia firme o suficiente. Nem grama havia. As plantas conhecidas como angiospermas ainda não existiam nesta época. O mais próximo disso era apenas limo. O buraco estava em formação, o que só podia significar uma coisa:
Ela e seu alvo, a robô Sada, estavam agora há aproximadamente um bilhão de anos atrás, quando a história de Paldea oficialmente começou, segundo os registros geológicos.
Riko então utiliza toda a força que tem nos braços e iça o próprio corpo para cima, adentrando no "convés" do Brave Asagi. Suas palmas estão sangrando e doendo. Ela se cortou, mas não dá bola. Afinal, ela já havia as mãos enfaixado antes de se pendurar no dirigível em pleno voo.
Agora dentro do dirigível, Riko marcha em direção à sala de controle, porque sabe que Sada está lá. Mas antes que ela pudesse deixar a peça atual, ela ouve um som muito característico. Uma pokébola se abrindo.
"Hã?"
Riko se vira na direção do som. Ela se assusta, pois pensa que é a própria Sada a emboscando. Mas o que ela vê é seu próprio Pokémon de estimação, Fidough, que se libertou sozinho da pokébola.
"Auf! Auf!"
Fidough está furioso. Ele começa a acoar. Ele sente, através do faro, que há algo errado com a sua treinadora. Sim. Ele sabe disso. Ele sabe que Liko não é Liko. Ele já viu a menina se transformar em sua pior versão no passado e a ajudou a se recuperar. Através das boas memórias que os dois compartilhavam, Fidough conseguiu expurgar a Riko do corpo de Liko, e esta foi a verdadeira razão pela qual o pai da menina permitiu que ela levasse Fidough, o Pokémon da família, em sua jornada. Para tentar acalmá-la.
Agora Fidough estava fazendo seu papel, tentando reverter a situação que afligia Liko, sua perda de consciência, sua perda de senso. Ele estava ali para cumprir a promessa que havia feito ao pai de Liko, de mantê-la na linha.
"Cachorrinho inútil." Diz Liko. "Eu deveria ter me livrado de você antes..."
Enquanto isso, na sala de controles...
Sada está preocupada. Para uma inteligência artificial que não consegue sentir verdadeiramente as emoções humanas, ela parecia bem aterrorizada. Tanto, que nem notou os gritos de cachorro vindo da parte traseira do Brave Asagi.
O notebook com o qual a Professora-Robô se conectava para controlar a nave agora pesava cem quilos. Era pura pedra. Não abria mais. Estava emperrado. Sua estrutura havia cristalizado por inteiro. A nave não respondia mais aos comandos.
Mas pelo menos... Pelo menos agora ela estava onde queria estar. No tempo exato.
Sada olha pela janela. Criaturas extremamente antigas, porém paradoxalmente semelhantes a Pokémon modernos vagavam do lado de fora da Grande Cratera de Paldea, em uma época a qual os mais estudiosos seres humanos modernos pensavam ser incapaz de abrigar vida complexa, antes mesma da Explosão Cambriana ter acontecido. Ela podia vê-las com os próprios olhos robóticos (ou devo dizer, com as próprias câmeras)...
Seres que jamais foram descobertos por qualquer outra pessoa. vivos. Prosperando. Em um mundo que deveria ser inóspito.
E além disso... Além disso tem aquele colar. O colar que Sada deu a Liko, cujo cristal que formava o pingente também havia sido datado de 1 Bilhão de anos atrás...
"Eu quero descobrir. Quero descobrir o que nenhum ser humano jamais descobriu." Disse Sada para si mesma.
"Então é isso? Este é o seu objetivo?"
Sada se vira imediatamente, dando de cara com Riko, cujas mãos agora estavam enxarcadas de sangue. Os restos do jaleco de Sada, o qual Riko utilizara para enfaixar os próprios punhos, agora eram rubros, totalmente diferente da parte que ainda estava no entorno de Sada, vestindo-a.
A professora leva um susto.
"Por quê? Por que me escolheu se esta é uma viagem só de ida?" Pergunta Riko, entendendo que com aquele robô no controle, ela jamais retornaria para casa.
"O pingente." diz Sada. "O pingente tem um bilhão de anos. Eu quero descobrir como ele funciona."
"Você ainda não me respondeu. Diga logo para que eu possa desativá-la de uma vez por todas." Riko está perdendo a paciência. E não está blefando. Ela fala sério. Seu intuito é enfiar as mãos por dentro da pele sintética de Sada e arrancar todos os fios, causar um tremendo estrago lá por dentro e assim, evitar que a Professora robótica continue controlando a viagem no tempo.
"Huh..." Sada estreita um sorrisinho falso no canto da boca mais falsa ainda, artificial. "VOCÊ veio até mim. VOCÊ foi a descoberta da Sada de carne e osso."
"O que?" Riko fica sem entender. "Fale de uma vez tudo o que tem para falar, pois estas serão suas últimas palavras!"
"Eu tenho todas as lembranças da falecida Professora Sada e quero honrar o legado dela, que não pode viver nada disso aqui porque sua vida foi CEIFADA antes que ela tivesse qualquer chance de brilhar... O meu objetivo é e sempre foi descobrir o que este colar que eu lhe entreguei tem de especial. Esse foi o meu objetivo o tempo todo..."
"O colar? O que tem o que colar?" Riko o puxa para fora da blusa, ensanguentando-o.
Sada então responde: "O colar é a resposta para a origem de tudo. Da Terastalização. Da Viagem no Tempo. E do começo da vida."
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