"Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti." (Friedrich Nietzsche - "Para Além do Bem e do Mal")
Em uma noite qualquer, Zoey estava participando de um Super Contest na Cidade Hearthome, que por coincidência, era a cidade do quinto ginásio de Sinnoh.
Ash e Ferdinando estavam na plateia, torcendo pela amiga...
...que estava em sua batalha final contra Kenny, seu rival contra quem ela já batalhou em diversos torneios! O tempo estava correndo e faltava menos de 1 minuto para acabar. Durante esse período, quem retirasse mais pontos do oponente, seria consagrado o campeão.












Utilizando sua cauda, Glameow intercepta a ofensiva de Prinplup, e utilizando a força de sua mola, arremessa o oponente para o alto...


Com muita inteligência, vigor, estilo, graciosidade e elegância, Prinplup cria bolhas suaves que amortecem sua queda.
Não apenas isso, elas funcionam como uma espécie de cama elástica, que impulsionam Prinplup de volta à posição de pé, enquanto estouram às suas costas, soltando uma chuva de brilho que mina os pontos de Zoey, deixando-os próximo do esgotamento total.





Prinplup então cria uma torrente de água em espiral que gira em alta velocidade, formando uma barreira entre ele e Glameow.


Mas com a agilidade conferida pelo Ataque Rápido, Glameow praticamente se teletransporta para o outro lado do Redemoinho, pegando Prinplup de surpresa!

Glameow acerta Prinplup e o derruba. Desta vez, não dá tempo de criar um colchão de bolhas e o Pokémon de Kenny acerta o palco com força, levando um tombo feio.

Então, para acabar com o Redemoinho que seguia rodopiando vorazmente, Glameow enviou duas bolas feitas de ectoplasma, com ainda mais velocidade, para dentro do turbilhão. As esferas perfuram a formação de água, desfazendo-a por completo e enchendo o Pokémon de Zoey com o brilho das gotículas se desfazendo e caindo sobre seu pelo.
E para finalizar com chave de ouro, Glameow pousa ilesa no chão, utilizando sua cauda de mola para "cair de pé", como a boa felina que era.
E um sinal sonoro se propaga... "TUUUM", fazendo com que todos voltassem seus olhos para o telão.


A expectativa era grande. Tanto Zoey quanto Kenny estavam tão absortos na batalha que eles acabaram nem prestando atenção no placar enquanto rolava a partida. Agora ambos seguravam a respiração enquanto o computador calculava o resultado.








Zoey se abraça a Glameow e começa a girar com ela no colo, repleta de felicidade.

Kenny então se aproxima da vencedora e lhe estende a mão.



Nisso, Ash e Ferdinando descem correndo das arquibancadas, para parabenizar a amiga por sua excelente vitória.



Os três então se reúnem em um abraço triplo.


E Kenny sai do palco, deixando apenas a emocionada Zoey e seus dois amigos.






De repente, Ash solta um grito e começa a se contorcer, segurando a cabeça com as duas mãos. Nando e Zoey, pegos no susto, imediatamente se preocupam com o amigo, aproximando-se dele para averiguar o que diabos estava acontecendo...


Ash cai de joelhos no chão, com muita dor. Era como se alguma força do além estivesse pressionando seu cérebro, tentando comprimi-lo ao tamanho de uma ervilha, sob o peso de um milhão de toneladas. Não era uma dor constante, mas latejante, pulsos de dor que vêm e que passam com intervalos regulares. Mas assim como foi excruciante, foi passageiro. Meio segundo depois, a dor havia passado completamente, deixando para trás apenas um jovem todo suado, abalado pela repentina sensação agonizante.


Quando Ash ergue o rosto, sorrindo para tranquilizar seus amigos, no entanto, surte o efeito contrário: Zoey e Nando arregalaram os olhos, assustados, como se tivessem visto um fantasma.





Ash então passa o braço no rosto, apenas para que o membro voltasse vermelho, completamente encharcado.













Apesar de discordarem totalmente da decisão de Ash, não há nada o que Nando e Zoey possam fazer. Ele já é adulto, não dá para arrastá-lo à força. Não há como ajudar quem não quer ser ajudado.
Então eles simplesmente observam Ash saindo do Contest Hall e o seguem, com medo de que algo pior pudesse acontecer. E de fato aconteceu, mas não com relação à saúde do rapaz...
Saindo do prédio, Ash, limpando o nariz com um pedaço de papel higiênico, de repente é atraído por sons intensos de uma batalha que acontecia nas proximidades. Seguindo o barulho de golpes e gritos, seus olhos se deparam com dois Pokémon envolvidos em um combate feroz: um Lucario selvagem e um Chimchar que era comandado por um jovem treinador que Ash não reconhecia.
Lucario, munido de uma expressão severa no rosto em consonância com seus movimentos precisos, dominava o campo. Chimchar, por outro lado, lutava com bravura, lançando brasas e investidas na tentativa de conter o oponente, mas era evidente que não tinha a mesma experiência que o adversário.

Ash pega a pokédex que recebeu de Volkner e escaneia o Pokémon canídeo, não porque Ash não o conhecia, afinal, Lucario é uma espécie muito famosa no mundo todo, mas porque ele queria saber informações mais técnicas e precisas sobre o monstrinho, que batalhava com muito vigor.








O macaquinho de fogo cospe um raio flamejante que se propaga com velocidade crescente em direção a Lucario, mas o Pokémon selvagem dá um rugido feroz e salta para longe, tornando a ofensiva inútil.
O Pokémon Lutador então projeta garras de energia a partir das saliências metálicas em seu punho e acerta Chimchar pelas costas, jogando o Pokémonzinho longe.

Chimchar, mesmo cambaleante, tenta agradar seu amargo treinador e se reergue com dificuldade.

Chimchar envolve o próprio corpo em chamas, girando em alta velocidade, o que causa a ilusão de o mesmo ter se transformado em uma bola flamejante. Assim, ele parte para cima de Lucario, que usando o poder da aura, visualiza perfeitamente a trajetória de Chimchar, podendo se esquivar completamente.
Foi então que Ash, observando a batalha de longe, começou a se sentir ruim novamente. Os pulsos de dor voltaram a atormentá-lo.


Então, Lucario concentrou sua energia e desferiu um poderoso Aura Esférica. No momento em que o monstrinho arremessou a bola pulsante, o ataque selou o destino da batalha, e Ash parou de sentir a maldita dor de cabeça.
O golpe atingiu Chimchar com uma força descomunal, jogando-o ao chão, incapacitado de continuar lutando.

O treinador de Chimchar apenas lançou um olhar de desprezo para o pequeno ao invés de correr para ajudar seu parceiro. Antes que o treinador pudesse sequer pensar em retaliar, Lucario, com um olhar rápido e cauteloso, saltou para dentro dos arbustos densos ao redor da clareira. Em segundos, o Pokémon desapareceu entre as sombras da vegetação.

O treinador de Chimchar então aperta o botão da pokébola de Chimchar de forma insistente, e um brilho azul envolve o corpo do Pokémon, indicando sua soltura.

Sem acreditar que estava sendo abandonado, Chimchar corre e se prende na perna do agora ex-treinador, mas isso apenas irrita o homem de cabelos cinzentos, que CHUTA Chimchar para longe!!! Os olhinhos do Pokémon se fecharam, e ele se contorceu, conforme a dor apertava. Dor esta que não era apenas física, mas também emocional, pelo baque de ter sido abandonado e tratado daquele jeito.


Ver aquilo fez com que o sangue de Ash fervilhasse. Ele já não havia gostado do treinador pela forma como ele havia liberado Chimchar apenas por ter perdido a batalha, chamando-o de inútil... Agora então, com aquele chute, Ash o estava detestando. Na verdade, só de ver a agressão que o treinador havia cometido com seu Pokémon, Ash o quis morto. Violência contra Pokémon é imperdoável, e isso não poderia passar IMPUNE! Então Ash desejou fazer justiça com as próprias mãos...





O treinador olhou com desprezo para Ash. A expressão era tão absurdamente dramática, que parecia que ele já ia cuspir nos pés de Ash, isso se ele não cuspisse no ROSTO!!





O homem, que nem sequer se apresentou, então virou as costas para Ash, e esta foi a gota d'água. Se havia um pingo de paciência no treinador de Pallet, esse pingo se evaporou completamente. Seu coração bombeou sangue 10 vezes mais rápido para os músculos, em uma reação subconsciente, enquanto a adrenalina passou a fervilhar, cozinhando todas as células de seu ser, que clamavam por uma resposta. Ash nem pensou, só fez. Fechou a mão e esmurrou o rosto do infeliz.

O homem caiu, mas meio segundo depois, já estava de pé. Ele também havia ficado p***. Agora sim, não havia mais volta. Surpreso (de uma forma totalmente negativa) com a atitude de Ash, o ex-treinador de Chimchar não deixou barato. Ele reagiu, e começou a descer o cacete em Ash. A briga estava formada. As centenas de pessoas que estavam há poucos minutos apreciando o Concurso Pokémon, agora se reuniam ao redor dos dois, enquanto eles se rolavam, distribuindo socos e pontapés um no outro, cada qual tentando, com todas as suas forças, matar o outro à base da porrada. E o mais engraçado, é que ninguém, exceto pelos amigos de Ash, parecia ter o interesse em intervir, eles só estavam interessados em assistir a miséria alheia se materializando, assistir e torcer pelo "showzinho", enquanto os dois jovens inconsequentes estavam se matando... A verdadeira decadência da sociedade humana, o prazer pela tragédia e a desgraça do outro, confirmando a teoria de que todos já estamos vivendo em uma distopia.


Pikachu e Chimchar estavam aflitos, ao redor dos treinadores, tentando pará-los, mas era inútil. Em poucos segundos, a briga havia tomado proporções devastadoras. Sangue havia espirrado no chão. O boné de Ash já nem estava mais na cabeça. A violência era tanta, que eles já estavam quase arrancando as roupas um do outro.
Enquanto Pikachu enrubescia suas bochechas que já eram naturalmente vermelhas, Chimchar, por outro lado, sentia-se muito, muito confuso. O Pokémon de fogo só queria chorar... Ele não queria ver seu antigo mestre sofrendo, mas por outro lado, ele gostava da ideia de ver Ash o defendendo após ter sido chutado. Essa dualidade de sentimentos o fazia se sentir mal, afinal, ele não desejava o mal para seu ex-treinador, mas algo em seu interior o fazia se sentir levemente vingado toda vez que Ash dava um soco no mesmo.


A boca de Ash estava transbordando, os dentes manchados de líquido escarlate, um familiar gosto de ferro tomando conta de suas papilas gustativas, mas ele não deixou barato. Revidou, dando um doloroso murro na boca do estômago do rapaz, seguido por um direto no queixo que ele rapidamente desviou.



Ash soca o rosto do adversário em um audível "crec" no momento em que ele quebra seu nariz, deixando-o tomado por sangue tal e qual Ash havia ficado minutos atrás, com a dor de cabeça lancinante.



Eis então que alguém resolve tomar uma atitude.

O Choque do Trovão praticamente incinera os órgãos dos dois briguentos, encerrando a disputa de uma vez por todas, enquanto a "plateia" se calou, o silêncio pesando sobre todos. Pikachu não estava nem aí, ele não suportava ver Ash passando aquele vexame. Não por estar apanhando (não era o caso - ambos estavam batendo, e muito!), mas por estar agindo irracionalmente, de forma inconsequente. Que tipo de treinador era esse, que não pensava na sua reputação, tampouco nos sentimentos dos próprios Pokémon? Chimchar precisava ser defendido, sim, mas não daquela maneira. Ele precisava de justiça, não de vingança. São coisas completamente diferentes. Agora, Pikachu se sentia completamente humilhado, constrangido. Não pelo que ele fez, mas sim pelo que Ash havia feito.


Electivire soca Pikachu e o derruba no chão. Na sequência, ele soca o chão (tudo isso em questão de milésimos de segundos). O golpe provoca um Terremoto na área, que consome toda a energia do roedor elétrico de uma só vez, derrotando-o vergonhosamente.


Ash corre até seu parceiro Pokémon e o segura no colo. Enquanto isso, o treinador coloca Electivire de volta na pokébola e dá as costas para Ash, e sem se importar, simplesmente vai embora.

Ash grita, mas o treinador nem sequer para de caminhar. Ele, sem nem virar a cabeça para olhar diretamente nos olhos de Ash, simplesmente diz:

A humilhação foi forte. O homem se vai, deixando Ash para trás, que sai como perdedor. Mas o que importa é que Chimchar está a salvo agora...


Ash e Pikachu já estavam há tanto tempo juntos que não havia como Pikachu não perdoá-lo, embora seu primeiro Pokémon o estivesse ODIANDO neste exato momento.


Então, Ash tem uma ideia. Lhe ocorre que aquela não foi a última vez que seu caminho se cruzaria com o daquele maldito treinador. Então ele resolve aproveitar a infeliz ocasião e fazer um convite para o Pokémon abandonado à sua frente:

Ash iria dizer "filho da mãe", mas pela sua experiência de vida, ele se lembrou que não foi sua mãe que o abandonou, então ele se corrige:

Chimchar, quase chorando por toda a desgraça que acabou de acontecer, resolve acatar o pedido de Ash. Ele abraça o treinador, agradecendo por tê-lo defendido.
Ash sente o corpo quentinho de Chimchar, era a melhor sensação do mundo. Como alguém poderia ser tão cruel assim e agredir um serzinho de luz como aquele? Então, o treinador de Pallet joga uma pokébola vazia para cima... Chimchar já sabia o que fazer.
Em poucos segundos, o time de Ash pela Região de Sinnoh havia ficado completo.

Zoey e Nando estavam indignados. A coordenadora, particularmente, estava furiosa. Não apenas porque seu momento de glória no Torneio de Hearthome havia sido arruinado, mas também porque ela se preocupava com Ash.




A dor de cabeça voltou. Ash sente seu cérebro ficando menor, a dor lancinante tomando conta de cada centímetro de terminação nervosa em seu corpo. O nariz começa a sangrar novamente, e o líquido rapidamente se mistura com o sangue da briga, tornando um derramamento indistinguível do outro.






Ash respira fundo e pondera. E se seus amigos estivessem certos? Então ele cede e concorda.

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