Ash Ketchum nunca esteve mais feliz. Um ano se passou desde que ele iniciou sua jornada e formou seu primeiro time de Pokémon, mas suas inocentes e despretensiosas aventuras por Kanto foram só um prólogo, um pontapé inicial do que estava por vir.
Mesmo tendo se passado tão pouco tempo, agora com 11 anos, quase 12, Ash já coleciona muitas histórias para contar... Em suas aventuras iniciais pela sua Região Natal, em busca das famosas Insígnias de Ginásio, o garoto pode enfrentar diversos treinadores formidáveis... Dos mais justos e nobres...
...Até os mais cruéis e perversos, que utilizavam os Pokémon como meras ferramentas para atingirem seus objetivos pessoais e privados.
Ao fim de um ano, ele conseguiu coletar as 8 insígnias de Ginásio da Região, mas ele não fez isso sozinho. Fez com a ajuda de seus amigos, os Pokémon, que agora formavam um vínculo excepcional com o garoto, que tanto se importava com eles. Mesmo os mais rebeldes, como Charizard (que parecia gostar de torrá-lo frequentemente com o Lança-Chamas, assim como fazia com seu antigo treinador), tornaram-se verdadeiros companheiros e NUNCA os deixaram na mão.
Durante doze meses de desafios e peripécias, Ash acompanhou seu time crescer e evoluir, à medida que aprendiam novos movimentos e assumiam novas e mais poderosas formas através da Evolução. Bem... Nem todos. Afinal, seu Bulbasaur havia se recusado a evoluir após uma reunião secreta na floresta com um bando de Ivysaur e Venusaur (mas isso é mero detalhe!)...
E não foram apenas os Pokémon que Ash colecionou em seus primeiros momentos de aventura... Não, ele também fez amigos humanos. Amigos esses que Ash viu amadurecerem e brilharem... Misty, a garota reclamona que odiava Pokémon de tipo Insetos, aprendeu a amá-los após conviver com a Butterfree de Ash, e no fim das contas, acabou se tornando aquilo que sempre quis: A mais sensacional das Irmãs Sensacionais, assumindo o posto de Líder de Ginásio da Cidade de Cerulean.
E Brock, que após participar da Conferência da Liga Índigo daquele ano, conseguiu receber a bênção do pai para retornar para casa e assumir o Ginásio de Pewter, agora com conhecimento novo sobre a arte de ser um Criador, adquirido após tudo o que viveu e aprendeu ao lado de Ash e Misty.
Ash não poderia estar mais feliz pelos seus amigos. Inclusive, ele foi a pessoa que mais vibrou na plateia quando Brock e Misty, que de última hora decidiram que enfrentariam a Liga Índigo daquele ano, após serem aprovados no programa de Admissão na Liga Pokémon, sem que precisassem passar por todos os 8 ginásios necessários para entrar na Conferência do Planalto Índigo. Para isso, eles deveriam passar por uma série de provas e exames, garantindo assim uma única insígnia capaz de substituir todas as outras... Mas Ash ZEROU a prova teórica, sendo esta a única Insígnia de Kanto que ele não conseguiu coletar em sua jornada...
Afinal, quem poderia imaginar que aquilo não era um Electrode, e sim, um Jigglypuff visto de cima, não é mesmo?
Mas havia algo em sua jornada que o estava aborrecendo... O jeito como sua MÃE o tratava!!
Desde que Ash saiu de casa, Delia Ketchum enchia o saco do garoto para que toda vez que ele chegasse a um Centro Pokémon, fizesse uma chamada de vídeo com ela. Coitada, ela estava preocupada, afinal, o garoto era apenas uma criança e estava sozinho se aventurando mundo afora, o que poderia (e com certeza era) muito perigoso! Tudo o que Delia fazia era cuidar de seu pequeno Ash. Mas "pequeno" era uma palavra que nosso treinador de Pallet queria evitar. Para ele, ele já era um adulto e deveria ser tratado como tal. Como o próprio dizia "já estavam crescendo pelos no seu peito"...
Contudo, Ash estava LONGE de ser gente grande. Qualquer um que o visse de fora poderia perceber que a obviedade de que ele recém estava engatinhando para fora do ninho. Mas uma vez fora, ele estava começando a achar que era o dono da verdade e que não precisava ser, em suas próprias palavras, "paparicado toda hora".
Eis que, em um dia qualquer, enquanto Ash estava testando a sorte na Rota 21, após um almoço solitário sem a companhia de seus então companheiros de viagem, Brock e Misty, o garoto tem um ideia...




Pikachu sorri, a ideia lhe parece interesse...

Ash se levanta e, ao invés de desmanchar a mesa improvisada sobre um tronco, onde estava realizando seu piquenique, simplesmente sai em direção à grama alta, embrenhando-se ao ponto de não conseguir enxergar mais nada a não ser mato até mesmo acima de sua cabeça.
Então, ele bate em uma parede. Uma parede invisível.



Ele tateia o "ar" e percebe que há algo ali, uma espécie de campo de força. Quem quer que tenha feito aquilo, estava agora dando gargalhadas da cara de Ash, como se tirasse uma onda da cara do garoto após inadvertidamente esbarrar de cara na barreira.


Um Pokémon de expressão um tanto quanto feliz está se fartando de rir. Ash não pensa duas vezes.



Ash puxa a pokébola de Blastoise em seu cinto e então, uma batalha contra o Pokémon brincalhão (para não dizer palhaço) começa. Poucos minutos depois, Ash está com um novo parceiro em mãos, contente por agora ter um presente para oferecer à sua mãe.



A barriga de Ash ronca com a lembrança dos pratos preparados gentilmente por sua amada mãe, mesmo ele tendo acabado de comer. E assim, com a concordância de Pikachu, o garoto pega suas coisas, arruma sua bagunça (conforme orientado pela vozinha do Brock, sempre ecoando em sua cabeça!) e parte em direção a Pallet, onde tudo começou...
>> Um Dia Depois, na Cidade de Pallet...
Ash chega pé por pé em sua casa, localizada na periferia, afastada do centro da cidade, próximo às grandes plantações de arroz que haviam por ali. Seu objetivo era fazer uma surpresa para sua mãe, que ainda não sabe que ele está retornando.


Então, assim de passa pela porta de entrada utilizando uma cópia da chave de casa (que levou consigo quando saiu em jornada), o menino deixa seus sapatos e caminha descalços, fazendo o mínimo de barulho enquanto se arrasta furtivamente para dentro de seu próprio domicílio.
No entanto, assim que se aproxima das escadas que levam para o seu quarto, localizado no andar de cima, Ash ouve um som estranho... Parecia alguém chorando.

O garoto corre pelas escadas e abre a porta de seu quarto com força, apenas para encontrar sua mãe em prantos sobre sua cama, arrasada.

A mulher leva um susto, não queria ter sido pega naquela situação.

O garoto se assusta, ele jamais pensou que encontraria sua mãe assim, com olhos inchados e olheiras profundas.

Delia se levanta e abraça o filho, apertando-o contra o peito. Poderia ser a cena de reencontro mais belo do mundo, não fosse o fato de ela estar desesperadamente chorando, enquanto o filho, agora extremamente preocupado, tenta entender o que está se passando ali.



Delia limpa as lágrimas com o braço e força um sorriso nada convincente, tentando desviar do assunto.


Ash lança a Delia um olhar de desconfiança e a moça, muito abalada psicologicamente, não faz nada senão desmoronar na frente do filho, tornando a chorar.

Delia abraça Ash novamente, mas o menino segue desconfiado. Saudades não a fariam chorar daquele jeito.

Ash olha fundo nos olhos da mãe e Delia não tem escolha senão se abrir com o garoto. Ela dá umas palminhas ao seu lado, no colchão, para que o garoto se sente com ela, e assim, ele o faz.





Delia mal consegue pronunciar aquilo. Ela precisa reunir toda a coragem do mundo para contar ao filho o que ela vinha escondendo do garoto durante todos esses anos.


Ash arqueia uma sobrancelha, em questionamento. A mãe agora sabe que está pisando em um terreno delicado e busca as melhores palavras para contar a verdade ao garoto, sem machucá-lo, ainda que fosse impossível não fazê-lo.




Os olhos de Ash se arregalam, mas Delia segue em frente, com medo de tropeçar e não conseguir mais continuar contando.

Ash está paralisado. Ele não sabe como reagir. Ele não sabe o que falar. Ele não sabe se DEVE falar. Ele está simplesmente boquiaberto...


Ele sempre mandou dinheiro para ajudar a pagar o gás, a luz, os seus alimentos... E eu sei que isso nunca foi suficiente, ele tinha que ter dado mais, ele tinha que ter te dado AMOR, e é claro, tinha que ter contado a verdade! Mas ele nunca foi um homem honesto, nem comigo, nem com a outra mulher. Ela sequer SABE da sua existência! É por isso que, com o tempo, ele parou de vir, mentindo que estava ocupando viajando o mundo... Porque estava ficando cada vez mais difícil para ele manter uma vida dupla, então ele optou por ficar com ela e esquecer que nós existíamos.
Ash apenas olhava para Delia, sem reação. O garoto estava em choque. Durante todos esses anos, seu pai havia sido sua MAIOR inspiração, o motivo pelo qual ele decidiu sair em uma jornada e se tornar um Mestre Pokémon... Mas agora, essa inspiração havia se dissipado, desaparecido da frente de seus olhos, como em um passe de mágica. Estava tudo arruinado. Tudo destruído. Ash viveu todos esses anos na sombra de uma mentira...

Delia implora pelo perdão de Ash. O garoto, ainda sem saber o que dizer, abraça a mãe, indicando que estava do lado dela.



Ash baixa a cabeça e deixa que o boné encubra suas lágrimas, enquanto ele se abraça à sua mãe, igualmente arrasada.
Mais tarde, naquela noite, Ash realiza uma web conferência com seus amigos, Brock e Misty, para contar-lhes tudo o que ele havia ouvido da mãe. Afinal, em um momento triste como esse, tudo o que o garoto precisava era desabafar e nada melhor do que contar com o conselho dos amigos em uma situação como essa...



Brock e Misty lançam olhares de pena sobre Ash. Eles próprios não parecem encontrar palavras para confortá-lo, até porque NADA nesse momento poderia fazê-lo.

Ash clica em seu computador e abre um perfil da Liga Pokémon daquele mesmo ano, compartilhando a tela com os demais, e mostrando um garoto de aproximadamente a mesma idade que ele a seus amigos.




Ash está possesso, ele nunca sentiu tanta raiva na vida. Raiva do pai, raiva do garoto que era seu meio-irmão e nem sequer sabia da sua existência... Raiva do mundo, Raiva da VIDA. Tudo o que ele queria nesse momento era botar para fora toda a destruição que esta BOMBA havia causado em sua cabeça.

Ash dá um clique e compartilha outra tela com Brock e Misty. Desta vez, a tela mostrava o time de Ritchie.












Misty e Brock estão genuinamente com pena do garoto, mas não há muito o que eles possam fazer a não ser estender a mão para o que o amigo precisasse.






Na manhã seguinte, porém... Ash se acorda com o barulho de talheres. Sua mãe vinha trazendo café da manhã na cama, com um sorriso renovado no rosto. Apesar de permanecer destruída por dentro, Delia Ketchum se sentia um pouco mais aliviada após ter divido o peso que carregava sozinha por todos esses anos com o filho e como uma boa mãe, ela não poderia ver o garoto desistindo de tudo só para


Delia deixa um delicioso omelete de Chansey, do jeitinho que Ash gostava, no bidê, ao lado da cama, e com um ânimo em acordar cedo que só as mães têm, ela puxa as cortinas e a arregaça a janela, deixando o sol entrar no rosto do sonolento garoto que, para falar a verdade, nem tinha conseguido dormir aquela noite.






Ash olha para sua mãe e percebe que ela está falando sério. Delia Ketchum nunca esteve tão convicta em toda a sua vida. Ela queria o melhor para o filho e sabia que o melhor jamais chegaria se ele continuasse ali, enfurnado naquela cidadezinha de 5000 habitantes, a maioria aposentados cuja vida já estava feita.

Aquilo era uma ordem. Ash entendeu. Ele assentiu com a cabeça e decidiu fazer o que a mãe pediu, mesmo que seu coração estivesse doendo por dentro por ter que deixá-la sozinha... Ele não queria mais vê-la sofrendo daquele jeito. Mas as coisas amenizaram, ao menos um pouquinho (uma coisica de nada) quando Delia, observando o menino passando creme dental na escova, disse em um tom alegre e animado:



Delia indica com o braço e Ash olha na direção apontada e avista o Mr. Mime que ele havia dado à mãe com avental e uma vassoura nas mãos, orgulhosamente ajudando nas tarefas domésticas.
O garoto se permitiu abrir um sorriso ao perceber o quão grata a mãe estava. Pela primeira vez, ele sentia que havia acertado no presente!
>> Chegando ao Laboratório do Professor Carvalho...


O velho Carvalho já estava começando a demonstrar sinais de Alzheimer, a doença de todo mundo sabe que ele viria a ser oficialmente diagnosticado anos depois.


O Professor, finalmente reconhecendo Ash, se aproxima do garoto...




Ash abre o casaco e mostra sua coleção de insígnias, presas como broches, para o Professor.






>> Em Casa...






Os olhos de Ash enchem-se d'água. Ele quer muito ir nessa jornada, mas ele sabe que sua mãe está vivendo um momento extremamente delicado e que seria prudente da parte dele, ficar com ela, ao menos até tudo se estabilizar. Nesse momento, o garoto está extremamente dividido e ele não sabe o que faz, se vai ou se fica.
Delia, percebendo a indecisão do filho, se aproxima e o abraça. Então, ela complementa sua fala, dizendo:

Delia coloca a mão sobre o coração e então, o garoto perde todas as estribeiras e não se contém: ele finalmente cede diante do caos que está vivendo e se permite chorar.
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