Com muito mais esforço do que o que normalmente é empregado, Ash, Morena, Clemont e Bonnie enfim chegam à cidade de Nagelrelm, um lugar que parecia congelado no tempo. As ruas eram estreitas, calçadas com pedras antigas, e as construções eram genuinamente em estilo gótico.
No horizonte, um castelo em ruínas se destacava, como um monumento ao passado. Clemont explicou que, muitos anos atrás, Nagelrelm foi um reino próspero, governado por um rei obcecado pelo Pokémon Mítico, Mew. Ele comandou expedições até a América do Sul, em um país ultramarino colonizado pela França, só para encontrar o Pokémon, mas nunca retornou. O castelo, abandonado desde então, agora era um ponto turístico famoso. Ash ouvia, mas sua mente estava distante. Ele não conseguia parar de pensar em Frogadier. Desde que o Pokémon foi levado, Ash mal dormiu. A preocupação o consumia de dentro para fora, fazendo borbulhar suas tripas. Nada parva no estômago e o que parava, descia rasgando... Ele estava genuinamente mal e precisava de cuidados.
Enquanto caminhavam pelo centro histórico da cidade, no entanto, um homem peculiar surgiu: Ele usava uma cartola alta e tinha uma postura exageradamente teatral. Ao seu lado, um Klefki flutuava, tilintando suas chaves metálicas.
O homem cumprimentou o grupo com entusiasmo, mas seus olhos logo se fixaram em Morena. “Mademoiselle,” ele disse, inclinando-se de forma teatral.
Morena ficou imóvel. Seu rosto empalideceu.





Pierre pronunciava todos os "R"s fortes.








Ash notou... Morena estava reagindo de forma estranha. MUITO estranha. Ela evitava o olhar de Monsieur Pierre e, com um sorriso forçado, recusava o convite.








A Morena virou a cabeça, chicoteando o cabelo na cara de Monsieur Pierre e saiu dando passos firmes em direção ao Centro Pokémon, deixando o homem boquiaberto, para trás.
É uma pena que tenha acabado assim, Priscilla...
Você...
Você não merece esse cargo. Todo mundo sabe disso!
Ah, é? E quem decide quem merece ou não? A Campeã? O Conselho? O público? Não... A vida, Priscilla. A vida decide.
Você foi colocada lá por indicação. Indicação! Todo mundo sabe que a Diantha só te escolheu porque você é prima do Lysandre! Isso é nepotismo puro!
Nepotismo... Que palavra feia. Mas, sabe, não estou aqui para te convencer de nada, Morena. Estou aqui porque eu usei as ferramentas que estavam ao meu alcance. Quem não chora, não mama, querida. E quanto a você?
Eu consegui tudo por mérito. Lutei com unhas e dentes pra chegar onde cheguei. Você simplesmente... pegou um atalho!
Ah, querida, mas a vida é assim...
Nem tudo é sobre mérito. É sobre saber jogar o jogo. Saber usar o que você tem... Quem você conhece. Talvez seja por isso que você perdeu. Não soube se adaptar... E cá entre nós, queridinha, aquele que não se adapta, MORRE.
Boa sorte, Priscilla. Você vai precisar...
Se você realmente merece essa posição...
Então prove. Aqui e agora.
Ah, Priscilla... Você realmente acha que eu não esperava por isso?
Se eu estou aqui, é porque sou forte. Nem tudo é sobre... 'indicação'. E este foi o seu erro: Me Subestimar.
Vamos ver se você ainda consegue acompanhar... ou se esse lugar realmente precisava de uma mudança.
Obrigada, Ash.
Clemont e Bonnie pareciam confusos, mas Ash percebeu algo mais. Morena estava inquieta. Depois que Monsieur Pierre se despediu e desapareceu entre a multidão, Ash tomou uma decisão. Ele segurou Morena pelo braço, delicadamente, e a afastou do grupo para conversar.
Eles pararam em uma área mais tranquila, perto de uma fonte antiga. Ash olhou para Morena, preocupado, e perguntou se aquele homem a fez algum mal. Morena balançou a cabeça, mas seus olhos se encheram de lágrimas. Antes que pudesse responder, ela começou a chorar. As lágrimas vieram em um fluxo incontrolável. Ash não sabia o que fazer. Ele tentou insistir, mas Morena apenas chorava, incapaz de se abrir. Então, sem pensar muito, Ash a abraçou... Ele não disse nada... Apenas a segurou, deixando que ela chorasse contra seu peito.
Ash não fazia ideia, mas dentro da cabeça de Priscilla se passava um turbilhão...
O corredor frio e silencioso da Liga Pokémon parecia mais vazio do que nunca para Morena. As paredes que antes a acolhiam como parte da Elite dos 4 agora pareciam sufocantes... quase zombeteiras. Ela segurava firme o crachá que acabara de ser retirado de sua posse, sentindo uma mistura de raiva e humilhação queimando por dentro.

A voz de Malva cortou o silêncio. Morena virou-se e viu a mulher parada ali, de braços cruzados, com um sorriso que era ao mesmo tempo doce e venenoso. Malva ajeitou seu cabelo rosa vibrante com uma nítida elegância exagerada, como se estivesse se exibindo.

Morena apertou os punhos, tentando conter a fúria.

Malva arqueou uma sobrancelha, ainda com aquele sorriso irritante no rosto.

Morena deu um passo à frente, sua voz saindo carregada.

Malva soltou uma risada curta, como se estivesse se divertindo.

Morena cerrou os dentes, sentindo o sangue ferver.


Malva se aproximou, sua voz suave, mas carregada de sarcasmo.

Morena sentiu como se tivesse levado um tapa. Ela abriu a boca para retrucar, mas Malva já estava se virando, caminhando com a mesma confiança presunçosa de quem havia acabado de vencer uma batalha.

Morena fechou os olhos por um segundo, tentando respirar fundo, mas a raiva era maior. Seu coração batia como um tambor descompassado... Ela não ia deixar isso assim.
Sem dizer uma palavra, ela pegou a Pokébola que estava presa no cinto e a lançou com força. A luz vermelha iluminou o corredor, e a Houndoom (♀) de Morena apareceu, rosnando, com o olhar fixo em Malva.

Morena disse, com a voz firme.

Malva parou no meio do corredor. Seu sorriso cresceu ainda mais, agora com um brilho quase cruel no olhar. Ela deu meia-volta lentamente, puxando uma Pokébola do bolso com a mesma calma irritante de antes.

Malva riu, ajustando os óculos de sol na cabeça.

Ela lançou a Pokébola para o ar, e sua Chandelure apareceu, flutuando com suas chamas espectrais dançando como se estivessem provocando a Houndoom de Morena.
Os dois Pokémon se encararam, faíscas quase visíveis no ar entre eles...
Malva cruzou os braços, seu sorriso agora diabólico.

Morena não gostava do rumo que seus pensamentos estavam tomando. Das lembranças que ela havia jurado para si mesma que não ficaria remoendo...
Por vários minutos, Ash e Morena ficaram assim, juntinhos, abraçados. Morena soluçava, liberando todas as emoções que parecia ter guardado por muito tempo. Ash sentia o peso da tristeza dela, mesmo sem entender o motivo. Ele não soltou o abraço até que ela começou a se acalmar.
Depois de cerca de vinte minutos, Morena afastou-se lentamente. Ela enxugou as lágrimas com as costas das mãos e deu um sorriso tímido.

— disse ela, inclinando-se para dar um beijinho na bochecha dele. Ash ficou completamente vermelho, sem saber o que dizer. Quando olhou para o lado, viu Pikachu de braços cruzados, olhando com uma expressão de julgamento. Ash coçou a nuca, sem jeito, enquanto Morena voltava ao grupo sentindo-se muito mais leve.
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