A atmosfera no Ginásio de Snowbelle era congelante, mas o frio que Ash sentia vinha mais da tensão do que da temperatura. Era uma sensação esquisita, mas que para ele, era até familiar... Um embrulho do estômago de leve.
O campo de batalha, coberto de gelo espelhado e cristais brilhantes, refletia a luz pálida que iluminava a arena. O Líder, Wulfric, estava sentado em uma pilha de gelo no fundo da arena, aparentemente sem se preocupar.

Wulfric reconheceu Clemont do Ginásio Lumiose, e também Priscilla, da Elite dos Quatro.



Ele saca uma pokébola, de brincadeira, e Bonnie cai na gargalhada.




Priscilla segurou as pontas da saia e se curvou delicadamente, em saudação.














Wulfric chegava a chorar de tanto gargalhar, mas nem mesmo Bonnie que achava tudo engraçado, estava rindo.















Hawlucha não só deixou sua pokébola exibindo suas asas, que estavam 100% curadas, mas também deveras musculosas após meses de treinamento intenso ao lado de Ash, como também estava trajando uma roupinha de lucha libre. Após Ash dar-se por conta de que Hawlucha era um Pokémon friorento, Ash foi à boutique do Centro Pokémon e comprou um traje especial para protegê-lo do frio excessivo, e para que pudesse suportar o clima gélido de Snowbelle.

Wulfric balangou sua Pokébola de um lado para o outro. De dentro dela, surgiu Articuno, o lendário pássaro de gelo, que abriu suas enormes asas com majestade, espalhando uma onda de frio cortante que percorreu todo o ginásio.





Hawlucha deu início à partida afiando suas garras com o golpe Garras Afiadas, e logo em seguida, avançou com Golpe Caratê, atingindo Articuno diretamente no peito.
O impacto foi forte, mas Articuno mal se moveu, olhando Hawlucha de cima. Wulfric, calmo, deu seu comando. Frio Absoluto. Antes que Hawlucha pudesse recuar, uma rajada gélida atravessou o campo, congelando-o instantaneamente. Hawlucha caiu duro no chão, derrotado em um único golpe.
Ash, já sentindo o peso da batalha, chamou Talonflame e rapidamente ativou sua Carta Turbo. As chamas ao redor do Pokémon aqueciam o ar, criando uma breve ilusão de vantagem. Talonflame disparou um Ataque de Chamas, criando um rastro de fogo que cortou o gelo enquanto ampliava sua velocidade. O ataque atingiu Articuno, fazendo o pássaro recuar levemente, mas o lendário parecia inabalável. Wulfric, sem perder tempo, ordenou mais um Frio Absoluto. Talonflame tentou desviar com um mergulho rápido, mas a onda congelante o alcançou no ar, transformando-o em uma estátua de gelo que despencou no chão. Mais um nocaute em um golpe só.



Com a frustração crescendo, visto que dois de seus Pokémon do Time Regular foram nocauteados sem o menor esforço, Ash optou por fazer uma mudança: ele chamaria agora seus parceiros do Mega Time, ao invés da equipe convencional, na esperança de emplacar um golpe crítico que desestabilizasse Articuno e o liderasse à vitória. Ash enviou então Heracross ao campo e logo tratou de Mega Evoluí-lo.
O Pokémon lutador rugiu e partiu para cima com um poderoso Corpo a Corpo, mirando diretamente o centro do corpo de Articuno. Mas antes mesmo de Heracross chegar perto, Wulfric repetiu o mesmo comando. Frio Absoluto. O ataque gélido envolveu Heracross num piscar de olhos, congelando o Pokémon no meio do movimento. Ele caiu, derrotado, sem qualquer chance de reação.


Restando apenas Charizard, Ash sabia que precisava tentar algo diferente. Ele ordenou que Charizard usasse sua Queimadura Explosiva no ginásio inteiro, derretendo parte do gelo ao redor, e criando uma onda de calor que elevou a temperatura ambiente. Logo em seguida, veio uma onda de fogo avassaladora, Charizard iluminando todo o ginásio com suas chamas. Articuno foi atingido em cheio, mas quando a fumaça se dissipou, o lendário ainda estava de pé, com o olhar frio e implacável.
Wulfric, impassível, deu o golpe final. Frio Absoluto. Charizard tentou subir aos céus para escapar, mas o gelo foi mais rápido. A rajada congelante envolveu o dragão no ar, derrubando-o como uma pedra, completamente imobilizado. Ash havia perdido. E dessa vez, havia sido uma derrota esmagadora.
Na hora, tudo o que Ash conseguiu pensar foi na hora foi o conselho de Wikstrom em sua última batalha:
O excesso de confiança ainda pode acabar te prejudicando.
Naquele momento, Ash sentiu as bochechas queimaram. Ele só queria desaparecer.
Ash estava paralisado, a derrota esmagando seu peito com o peso de uma tonelada. Ele conhecia aquela sensação... Estava acontecendo DE NOVO! Era como se ele não conseguisse respirar, como se suas mãos suadas estivessem repuxando e ele não conseguisse mais movimentá-las livremente. Seus músculos tremiam, os pensamentos girando em um turbilhão frenético, como se o ar ao seu redor tivesse se tornado algum gás denso demais para ser aspirado. Os gritos de Hawlucha, Talonflame, Heracross e Charizard, caindo completamente congelados, como Poké Picolés eram aterrorizantes!
Ele não conseguia se concentrar... A pressão no peito, como se fosse um Seviper apertando seu corpo, fazia cada respiração ser mais difícil que a anterior. Ele sentia uma onda de desespero crescer, uma ansiedade avassaladora que o envolvia por completo, e o medo de nunca mais ser capaz de lutar de novo o consumia. Em poucos segundos, seu cérebro foi do racional ao 100% emocional, e Ash sabia por que isso estava acontecendo. Dialga, o Pokémon do Tempo, congelou seu corpo e mente eternamente nos 22. Mas foi em um mau momento, foi em uma nuance de agitação e adrenalina, e agora Ash lidava diariamente com a ansiedade, como um fantasma que o perseguia dia e noite, condenando-o por "burlar" as regras da vida e parar de envelhecer.
Por alguns instantes, Ash quase não conseguia distinguir o que era real. O campo de batalha parecia um cenário distorcido, como se tudo à sua volta estivesse se movendo em câmera lenta. A sensação de fracasso o sufocava, como se a derrota não fosse apenas de um combate, mas de algo mais profundo, algo dentro de si. Ele queria fugir, mas as pernas estavam pesadas, incapazes de se mover. A mente, turva e cheia de dúvidas, não conseguia mais discernir se a culpa vinha de seu erro ou se era apenas o reflexo da pressão que o cercava.
Foi então que, com um esforço quase sobre-humano, ele fechou os olhos e se forçou a parar, Pikachu ao seu lado dando pequenos soprinhos (com bafinho de carniça) para ajudá-lo a se concentrar na respiração. Ash Respirou fundo, o ar entrando devagar e saindo lentamente, uma tentativa de recuperar o controle sobre seu corpo e mente. Ele sabia que precisava se afastar para não deixar que aquele sentimento o dominasse. Com as mãos ainda tremendo, levantou-se e começou a caminhar para fora do campo de batalha, buscando um lugar para se acalmar. Ao se afastar, sentiu o peso da derrota começar a se dissipar, passo a passo, até que a pressão no peito diminuísse. Ali, em silêncio, ele finalmente respirou de verdade, enquanto sua mão ainda trêmula catava um frasco que levava sempre ao bolso de sua medicação diária, a qual ele vinha tomando desde 2007.
Estava tudo bem... Foi só mais um dia... Só mais uma derrota... Aquilo iria passar.
À noite, no restaurante anexo ao Centro Pokémon de Snowbelle, não havia mesas para quatro, então Clemont, Bonnie e Priscilla se sentaram juntos e Ash ficou sozinho, afastado. Foi quando Morena decidiu agir. Ela se levantou e foi até o jovem conversar.





Ash acompanha o olhar da sua Morena, silencioso. Morena, engolindo em seco, os olhos começando a brilhar com lágrimas.


Esta era a primeira vez que Ash ouvia Morena falar sobre Houndoom.

Morena para de falar. Seus olhos fixos na lareira. A frase fica no ar, pesada. Ash vira-se para ela, confuso.


Ash, sem entender nada, tenta acompanhar o raciocínio de Morena, mas ela não parecia estar a fim de falar sobre isso. Ela desvia o olhar rapidamente, enxugando os olhos.



As bochechas de Morena estavam vermelhas. Não é que ela não quisesse contar. Ela queria, mas tinha VERGONHA. Era doloroso demais tocar no assunto. Ela se sentia culpada. De repente, ela se levanta, rigidamente, ajeita a saia e diz:

Ash a observa saindo, admirando sua beleza, com sempre, mas desta vez indo mais profundo. Ele sabia que tinha algo de errado com a Morena e fazia tempo que ele observava isso... Aquela sorriso que ela deu era nitidamente falso. Ash sabia disso, e ele já havia tentado de todas as maneiras deixá-la o mais confortável possível ao seu lado, mas ela não parecia pronta para se abrir com ele. Havia uma barreira invisível que a impedia de seguir adiante, e Ash só queria entender por quê, para poder ajudá-la. Afinal, ele se preocupava com ela. No fim das contas, Priscilla se aproximou para ajudar Ash, mas quem saiu mal foi ela própria.

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