Pokémon Laços: prophecies — Paldea XIII: Raio Preto

Paldea XIII: Raio Preto

18 de Novembro de 2022...

(O Dia do A-Poké-Lipse)

Amanheceu chovendo.

E não era qualquer chuvinha não. Era uma tormenta de causar enchente! Os trovões ecoavam segundos depois dos flashes dos raios cortarem os céus, que estavam completamente pretos, povoados por uma infinidade de nuvens carregadas. Estava tão escuro, que mal dava para dizer se já era dia ou se ainda não tinha amanhecido.

A previsão foi certeira. Era esperado que a chuva não parasse por um bom tempo... E do jeito que estava, não havia mesmo qualquer indício de que isso fosse acontecer MESMO...

Então Brown se recolheu ao fundo de sua barraca, onde Scarlet já estava de pé, arrumando sua mochila. Dois minutos atrás, ela estava dormindo, foi só o tempo de Brown passar um café e olhar para fora, que a treinadora de Meganium já estava a mil.

 O que está fazendo?

 Não é óbvio? Me arrumando pra expedição!

 Com essa chuva?! 'Cê não acha que é melhor ficar e esperar, não?

 Talonflame e os outros já esperaram demais.

 Scarlet...!! De que adianta sair com uma chuva dessas?! Talonflame, Eevee, Marill, Pika e Sapusaur precisam de uma treinadora INTEIRA, não uma que foi partida AO MEIO por um raio!!!

 Eu agradeço a preocupação, Brown, mas eu não posso parar... Não posso!!!

 Ainda está se culpando, não está?

 ..........

Isso respondia.

 Calma, eu vou te ajudar a encontrar o Mewtwo, mas você precisa se acalmar e--

Mas Scarlet não deu ouvidos. Socou a mochila nas costas e saiu pela abertura da tenda, mesmo com todo aquele toró lá fora.

 SCARLET!!!!

Brown se assustou. Ele correu até o portal e observou a treinadora se afastando a passos largos, pulando algumas poças, e desviando de outras.

 Santo Arceus... Essa menina não é fácil! Onde é que eu fui me meter, Senhor?!

Um raio cortou os céus nesse momento, como se tirasse uma onda com a cara de Brown.

 É... Valeu! Valeu por fazer eu me apaixonar pela pessoa mais louca que eu já conheci! Espera aí... Eu acabei de ADMITIR isso! Ah, não! Caaaara... Eu tô ferrado!

A incursão até ali não havia sido fácil. Também não foi de uma hora para a outra. Durante dias, Scarlet e seus amigos, Brown, Pink e Purple se aventuraram junto ao grupo de expedição de Snacksworth com o objetivo de caçar o Pokémon criado por humanos, mas mesmo após muitos escorregões (isso rendeu um belo de um corte no braço direito de Scarlet, diga-se de passagem), mata por cortar de facão, felpas penetrando a ponta dos dedos, insetos picando à noite, mordidas de Veluza enquanto atravessavam corpos d'água e ataques repentinos de Pokémon selvagens, o grupo não obteve sucesso.

Até agora. Ao menos, era o que pensava Scarlet Orange River, determinada a encontrar Mewtwo, nem que fosse abaixo de tempestade!

A garota marchava a passos largos em busca de uma Toca Pokémon de Batalhas de Reide Tera. Todos os daquela área já haviam sido explorados, mas a maioria das espécies de Pokémon encontradas em Paldea era nômade, o que significa que a cada dia, um novo espécime era encontrado utilizando a toca como refúgio. Então era um trabalho de formiguinha, procurar exaustivamente pelos covis e mesmo após encontrá-los, ainda ter que "acampar" em torno deles para monitorar a entrada e saída de Pokémon selvagens...

E por falar em acampar, por sorte, o grupo havia estendido suas barracas próximos a uma dessas tocas nascidas naturalmente em formações de Cristal Terastal. Havia um rio por perto, bem na divisa entre a Província do Norte e a Oeste, próximo às altitudes nevadas da Montanha Glaseado, uma das áreas mais frias de toda Paldea.

A chuva também não ajudava. Com tanta água rolando, como se Arceus chorasse, não era de se admirar que a temperatura despencasse tanto. Mas Scarlet não se rendeu. Mesmo com frio, ela prosseguiu, encharcando as roupas, os tênis e o que mais precisasse, mas ela não iria desistir do seu objetivo (não mais!).

Chegando à toca, porém, algo a surpreendeu. Ela ouviu vozes. E flashes. Estava tendo uma batalha lá dentro. Sem pensar duas vezes, ela se abaixou e espiou para dentro da toca...

Ali estava. Mewtwo, o Incomparável!

Cintilando no Level 100 com uma coroa cristalina que irradiava fagulhas em formato de estrelas multicoloridas. Apesar do brilho e do glamour, sua expressão era de ódio, como se estar naquela condição fosse o mesmo que estar coberto por m3rd4...

 E-e-eu não acredito! M-M-Mewtwo!

Scarlet estava em choque. Ela sabia, SABIA que tinha que ter vindo. Se ela tivesse dado ouvidos ao Brown, jamais teria encontrado o Pokémon Lendário que tanto procura...

Mas Mewtwo estava ocupado lutando contra ninguém mais ninguém menos do que aqueles que o criaram: a Equipe Rocket! Ou, neste caso, Ex-quipe Rocket, atual Fundação Aether!

Jessie, James e Meowth estavam apanhando. E feio! Mas não desistiam de comandar os mais absurdos ataques contra um titã de tipo psíquico. A luz que provinha dos ataques tinha cheiro de queimado. Não havia ventilação na toca, só explosão atrás de explosão.

 Victreebel, atacaaaaarrr!

 Não! Não a mim! Ataque o Mewtwo!!! Use a Bomba de Lodo!

 Scolipede, use a Cauda Envenenada e depois siga com o Ácido!

Os ataques causavam ZERO dano a Mewtwo, mas Scarlet percebeu o que eles estavam tentando fazer: destruir uma barreira que envolvia o corpo do Pokémon Lendário! Até mesmo Meowth testava suas habilidades como treinador, arriscando-se a comandar a Bewear que invadiu a Liga Pokémon (parece que ela era dele, afinal).

 Abraço Superpoderoso!

A barreira cedeu. Ninguém resistia ao baraço mortal de Bewear. Nem as Megaevoluções pareciam capazes de superar tamanha força.

Mas Mewtwo estava nem aí para eles. Na verdade, só queria se livrar daqueles três p3nt3lhos logo... Então atacou.

Victreebel vomitou todo o ácido que tinha acumulado no estômago ao ser esmagado pela cavalaria Scolipede. Bewear, por sua vez, foi arremessada contra uma parede com tamanha brutalidade que a bebê Stufful, mesmo dentro da pokébola no cinto de Meowth, parecia berrar de preocupação pela mãezona.

Nisso, Scarlet escorrega toca a dentro, chamando a atenção dos três:

 (gritando) EI! O que PENSAM que estão fazendo?!

 E não é óbvio?!

 Queremos recrutar ele para o nosso time!

 O Pokémon criado pela Equipe Rocket... Já pensou que irônico se ele se juntasse a nós, o trio que virou chacota dentro da organização?

 Essa é uma Batalha de Reide Tera 7 Estrelas! Ela requer, no mínimo, 4 Treinadores muito, mas muito experientes! Vocês não vão conseguir sozinhos!

 Então ajuda, ora!

  Não precisa falar duas vezes!

A pokébola de Meganiumu voou para o alto, abrindo-se num estalo.

Nisso, Jessie saca uma pokébola, James outra e Meowth uma terceira.

 Hora de botar pra quebrar!!!

Enquanto isso...

Na noite anterior (17), por volta das 23:30h, o grupo de Geeta se dirigia à Grande Cratera de Paldea, finalmente alcançando o topo da colina, junto às bases de Policiais Militares que faziam a guarda do local.

Era um silêncio avassalador e se você olhasse para baixo, veria um breu tão profundo e misteriosamente quieto que competia com um buraco negro pelo título de escuridão mais assustadora do Universo. Imagino que seria como olhar para baixo da Muralha em uma noite pálida no mundo de Game of Thrones.

Ninguém ali se sentia bem.

Havia uma tensão que pairava no ar, a tensão de quem não sabe se sobreviverá ao que está por vir.

Os treinadores selecionados (Ash, Nemona, Riko, Arven, Amethio, Roy, Iono, Dot, Grusha, Penny e Lang) todos estavam nervosos, mesmo em conjunto à Elite 4, que se fazia incompleta na ausência de Poppy e... LARRY! Quem quer que perguntasse a Geeta por que o especialista em Pokémon de Tipo Normal e Voador não estava ali, a resposta era a mesma:

 Ele botou atestado, acredita?!

Acredito. Ô, se acredito!

Geeta havia concedido oficialmente um Certificado Homologado para todas e todos ali presentes, a fim de que pudessem trazer consigo mais do que os únicos 6 Pokémon que o Sistema de Armazenamento normalmente permite.

Mas a presença mais surpreendente era de alguém que não arredava o pé da Riko, de jeito nenhum, caminhando junto aos humanos, do lado de fora da pokébola...

 Rooouuuuuj!

E se você perguntasse a Riko por qual motivo ela havia trazido o Pokémon de outrem para, literalmente, uma Viagem ao Centro da Terra da qual não havia nenhuma garantia de retorno, ela simplesmente dizia:

 Ele tem assuntos pendentes com os Pokémon Paradoxo aqui. Friede não pôde vir, então eu o trouxe.

Mas Ash não se deixava enganar.

Havia algo errado com aquele Pokémon, ele sentia. A aura... A aura estava estranha. Ela dizia!! Ele só não conseguia se aproximar o suficiente para descobrir o que era.

 Há 4 subestações de pesquisa na profundeza intermediária, mas nosso objetivo está mais abaixo... De acordo com relatórios da Polícia Militar, os Pokémon Paradoxo estão vindo de dois lugares: Do Laboratório Zero e das Profundezas além... Por isso, vamos nos dividir depois de chegarmos à antiga estação de trabalho da Professora Sada. Riko, Rika, Grusha, Nemona, Roy, Arven e Penny... Vocês têm como missão investigar o Laboratório Zero, com permissão para abater todo Pokémon Paradoxo que se mostrar uma ameaça. Vocês foram treinados para isso...

 Ash, Amethio, Lang, Iono, Dot, Hassel e eu... Nós vamos descer...

 Assim... Declaro o início desta expedição em prol da segurança de todos os cidadãos e cidadãs de Paldea. Que a sorte esteja conosco.

Todo mundo uniu as mãos no centro de um círculo, em um gesto simbólico de cooperação e trabalho em equipe, e depois...

 (com uma voz estranha) Ruuj! Ruuuuj!

Depois Armarouge começou a se aproximar de Ash de uma maneira que não era comum para um Pokémon com treinador.

 Hã? O que foi?

 Parece que ele quer ir com você, Ash...

 .................

Havia algo de MUITO errado naquilo. E Ash disparou o alerta. Por quê? Por que Armarouge estava apresentando súbito interesse nele? Milhões de perguntas passavam pela sua cabeça naquele momento, essa era só mais uma. Mas se Ash tinha anseio de descobrir, então teria que aplicar uma técnica muito antiga, mas que nunca falhava: "Mantenha os amigos por perto, os inimigos mais ainda". Então ele sorriu, disfarçando o incômodo e disse:

 Dê-me a Pokébola de Armarouge. Vou cuidá-lo como se fosse um dos meus Pokémon.

Riko assentiu e entregou em silêncio.

 (Pensando) Este é o meu desafio final: Se eu quero ser um Mestre Pokémon, então eu devo ser capaz de me aproximar de Armarouge e descobrir o que está acontecendo. Se eu falhar... Então não sou digno deste título.

Pikachu assentiu com a cabeça, quase como se estivesse telepaticamente conectado ao treinador de Pallet. E então, sem muito ter tempo para pensar, todos se lançaram à escuridão, em uma queda livre que parecia nunca ter fim, junto às espessas e pesadas gotas de chuva... ... ...

Agora, na Toca do Mewtwo...

Apesar de estar um frio do cão, quer dizer, um frio do Greavard, e de ela estar encharcada, Scarlet suava. Seu coração estava a mil, ele pulsava e ela tremia, os joelhos cedendo ao nervosismo de encontrar-se com Mewtwo pela primeira vez cara a cara desde que tudo aconteceu.

A água já estava invadindo a toca e vinha subindo rápido, mas Scarlet não deu bola. Ela sentia em seu peito um misto de emoções que faziam com seu estômago se embrulhasse. Era uma mistura de raiva com alívio, de aflição com medo. Os nervos estavam à flor da pele, isso não se podia negar. Mas se ela continuasse ignorando os sinais que a mãe natureza dava... Se bem que tanto faz. Tudo vai acabar naquele dia mesmo. Não só para ela. Para todos.

O A-Poké-Lipse chegou.

 Meganiumu, Força da Natureza!

 Polteageist, Poltergeist!

 Sinistcha, Travessura de Matcha!

 E Golbat, Bola Sombria!

Antes que os golpes atingissem, no entanto, Mewtwo ergueu outra barreira. Aproveitando a deixa, ele também fez algum tipo de truque que anulou todas as mudanças de stats e habilidades dos oponentes, antes de finalizá-los com um só golpe!

E você deve estar se questionando... É claro, o trio de imbecis da Equipe Rocket nunca foi conhecido por ser bom em batalhas...

Mas não foi só com eles. Meganiumu, a nova ás de Scarlet, também deitou, e a batalha recém havia começado!

 Meganiumu, volte!

Scarlet puxa o Pokémon de Planta de volta à pokébola e não dá tempo de mais nada. Mewtwo começa a se encher de energia e...

BOOOOOOOOOOOOOOOMMMMMMMM!!!!

Com um devastador raio preto, ele expulsa os invasores de sua toca, encerrando a Tera Raid Battle!

Os gritos da Ex-quipe Rocket "Estamos decolando de novoooo..." foi a última coisa que Scarlet lembra de ter ouvido antes de tudo ficar branco e de repente, apagar...

Scarlet acordou com Brown dando tapinhas de leve no seu rosto, Pink e Purple acompanhando de perto enquanto a água subia, no chão às suas costas.

 SCARLET!

 Graças a Arceus! Você acordou!

 O que aconteceu? Você está bem?

Mas ela só conseguia balbuciar:

 M-M-Mewtwo...

 Temos que sair daqui! Depressa! O rio está enchendo, esta área vai ser toda inundada em breve!

 Snacksworth está com medo que tudo desmorone com a água!

 A equipe já 'tá desmontando o acampamento!

Mas Scarlet segura o punho de Brown, em negação.

 NÃO! Mewtwo! Ele está lá!

Ela aponta para a toca.

Silêncio. Apenas a chuva caindo de forma torrencial.

Todos se olham.

Scarlet, Brown, Pink e Purple entram juntos na toca. Ele ainda estava lá, brilhando enquanto irradiava uma aura de puro terror enquanto o terceiro olho pendia pesadamente sobre seu crânio.

 Eu não acredito!

 É ele!

 Você estava certa, Scarlet!

 Por favor, me ajudem! Me ajudem a enfrentá-lo nesta Tera Raid Battle!

 (Sacando uma Pokébola) Não precisa falar duas vezes!

 (Fazendo o mesmo) Prepare-se, Mewtwo, porque aí vamos nós!

Dava para sentir a tensão crescendo. As mãos de Scarlet tremiam de forma quase audível. O frio se espalhava pela caverna, a água cada vez mais alta, gelando os pés. Mas o que era o gelo do corpo físico perto do gelo do coração e da alma de Mewtwo? E a batalha começa, de forma dinâmica e intensa, em tempo real.

Pink inicia tentando colocar Mewtwo para nanar...

...porém, um Pokémon Psíquico de alto nível como ele, jamais cairia neste truque. A Canção falha, mas não o Pulso Sombrio do Chandelure de Purple, que optou por uma tática mais abrasiva.

É supereficaz, mas não forte o suficiente. Enquanto isso, Chuchu voa com seu gás hélio e ataca do alto.

Roberta manda pedra abaixo...

Mas Mewtwo devolve tudo com força total. E o pior de tudo: sem nem piscar.

 ROBERTA!!!

Não adianta. Mewtwo estava no Nível 100 e mesmo Pokémon altamente treinados como a Chuchu de Yellow, não eram páreo para seus golpes STAB amplificados pelo poder do Terastal.

Apesar da água entrando, pouco ar circulava dentro da toca, o que, aliado a toda a ansiedade e nervosismo de estar tentando acertar as contas, deixava Scarlet com uma sensação sufocante.

A concentração de Brown na batalha era quase nula. Ele não parava de olhar a água subindo e também não deixava de prestar atenção ba Scarlet, sabendo o quanto aquela batalha significava para ela e o quão fora de si ela podia ficar para conseguir os seus Pokémon de volta.

Ele também tinha medo. Seus olhos se arregalavam a todo momento, por tudo o que aconteceu da última vez. E se aquela m3rd4 se repetisse? Dessa vez teria segunda chance?

Pink segurava a mão da irmã com força, não porque ele queria protegê-la, mas porque queria ser protegido. Havia algo no olhar daquele Pokémon, Mewtwo, que o aterrorizava. Algo macabro, sinistro e muito mais profundo do que se podia imaginar. Ele exalava maldade, algo que nem mesmo os Pokémon descontrolados por conta do A-Poké-Lipse pareciam fazer. Eles apenas atacavam porque ficavam assustados, com medo ou com dor, mas Mewtwo não. Ele atacava porque tinha ódio da raça humana.

Purple, treinadora do mítico Zeraora, estava um pouco mais tranquila com relação a enfrentar o lendário, mas ainda assim, era uma barra que ela não sabia se seria capaz de segurar. Ela e o irmão tiveram pouquíssimas missões dentro da Associação se comparados a Scarlet e Brown, e seus Pokémon não estavam nem perto do nível máximo, mas eles faziam o que podiam para ajudar. Scarlet precisava de amigos e neste momento, eles estavam dando o seu melhor para serem a melhor ajuda possível. Só de TORCEREM pelos Pokémon da treinadora de Meganiumu, eles já estavam colaborando com a batalha, ajudando-os a aguentarem mais golpes, a se recuperarem sozinhos de uma pancada ou outra e até mesmo de acertarem mais críticos.

Eles saíram logo no primeiro round da Liga Paldea, mas a verdade é que se eles tivessem avançado mais uma etapa, eles seriam eliminados do mesmo jeito. Pink e Purple dominavam as Batalhas UNITE, e seu objetivo principal era marcar gols, não vencer líderes de ginásios, elite quatro, campeões nem mesmo chefes de reide, ainda que vez ou outra, eles se arriscassem contra Pikachu Gigamax e um certo Rayquaza lá em Aeos. Ainda assim, provavam seu valor batalhando ao lado da amiga em uma perigosa disputa com a água agora beirando o joelho.

Round 2.

O Metrônomo de Clefable resultou em Lança-Chamas pela direita, enquanto sua sombra clamava por um superefetivo, vindo da esquerda.

Mas Mewtwo se esgueirou rapidamente usando sua flutuação para esquivar-se para cima. Nisso, Brown arremessa seu Tera Orb sobre Umbreon...

E ataca com força total.

Quando Mewtwo escapa voando para a direita, Meganium tenta prensá-lo contra o solo cavernoso com Pancada Corporal...

...mas a única coisa a encostar o chão são os pés da paquiderme.

Pairando próximo das estalactites, Mewtwo então ataca.

Mais um ponto pro Pokémon Lendário!

 Pera aí! A gente não tá pensando!

 Oi?

 Mewtwo é um Pokémon Psíquico! Só atacar com força bruta não vai adiantar! É preciso estratégia!

 Tem razão!

 Deixa o suporte comigo e com a Blissey! O HP dela é quase infinito! Ela vai poder tankar vários golpes e oferecer apoio ao mesmo tempo! Vocês continuem atacando!

 Vamos tentar uma formação tríplice para não deixá-lo escapar! Um ataca da direita, outro da esquerda, outro pela frente e outro por trás!

 Nesse caso, ele ainda vai poder escapar por cima!

 Verdade, mas a gente dá um jeito!

 Dá mesmo?

 E que outra escolha temos?

 Acho que eu sei como resolver isso... VAMOS LÁ!!!

 Hora de brilhar, "NotASingleSparkle"!

 AGORA!!!

Posicionada à direita de Mewtwo, Mewtwo faz o seu papel como Pokémon de suporte, fornecendo guarnição especial para o time todo com a Tela de Luz.

Nisso, Staraptor avança pela esquerda com um golpe brutal. NotASingleSparkle avança de frente e Sableye, pelas costas, prende a sombra de Mewtwo ao chão, impedindo que ele saia voando por aí e dando evasivas na velocidade da luz.

 Agora sim!

Mewtwo ataca com Bola Sombria. O golpe é enfraquecido, para a sorte de Sableye. Staraptor e Blissey se sobressaem imunes.

 Blissey, Refletir!

Possesso por não ter emplacado o golpe anterior, Mewtwo se irrita e irradia toda a sua força em um movimento concêntrico, e a energia acumulada explode pela caverna inteira.

Agora, nas dependências do Laboratório Zero...

O lugar parecia morto...

Mas não estava!

As paredes tremiam em silêncio como se algo respirasse através do concreto... As luzes, alimentadas pelos geradores controlados por Inteligência Artificial reativados por Dot durante a descida, piscavam num tom azulado e frio... O som das gotas que caíam do teto ecoava em câmaras que nunca mais deveriam ter sido abertas...

Riko caminhava na frente, segurando sabe-se lá COMO a lanterna em suas mãos, que chacoalhavam mais que a Dança Vibratória de 'NotttShiny'. As memórias de todo o tempo que esteve ali, trancafiada em uma pedra não evocavam apenas familiaridade, como se ela estivesse retornando ao lar... Evocavam também medo. Medo de aquilo acontecer de novo!

Ash a seguia de perto, olhando para todos os lados... Pikachu estava, como sempre, repousando sobre seu ombro, desconfiado de que por detrás de alguma sombra, fosse saltar algum Pokémon aterrorizante. Mas tudo o que eles passaram pelo caminho foi uma Glimmora hostil...

...a qual Pikachu deu conta rapidinho (para a TRISTEZA de Geeta)...

Um grupo de Pokémon Mariposas...

E algumas Florges de flores brancas...

Mas nenhum deles foi páreo para o roedor.

 Isso aqui tá... Quieto demais!!!

 Não tô gostando disso!

 Definitivamente não é um bom sinal...

A voz de Arven se perdeu no eco metálico enquanto ele refletia sobre o local onde sua mãe (a verdadeira) trabalhou a vida inteira (e morreu!).

 Será que chegamos tarde? Será que perdemos tempo demais na Liga?

 Não... Eu sinto que... Tem alguma coisa errada! E nós precisamos descobrir o que é! Imediatamente!!

Os passos do grupo se arrastavam pelo corredor até que o som começou a mudar. Um zumbido baixo. Constante. Como o de uma máquina antiga segundos antes de explodir.

Eles se entreolharam...

E então, logo mais adiante, viram...

Uma clareira subterrânea, circular, aberta no centro da estrutura.

Lá dentro, dezenas, talvez centenas, de Pokémon Paradoxo, todos reunidos em torno de fendas no ar. Portais instáveis, rasgos no tecido do espaço-tempo, tremeluzindo como reflexos d’água.

Os Futuristas de um lado, os Ancestrais de outro, mas todos ali. Presentes. Como que em uma conjectura ritualística. Algo tribal, ao mesmo tempo em que... Tecnológico. Era uma seita? Uma Religião? O que diabos GIRATINAS era aquilo?! Vodu para jacu? Magia das Trevas? Ou só um plano malignamente bem elaborado para suplantar a humanidade junto às Mega Starmies?

Riko parou.

Armarouge, sempre seguindo ao lado de Ash, baixou a cabeça.

Os Pokémon não estavam lutando...

Eles... 'adoravam'.

Cantavam para o vácuo como em um coral de igreja, mas de uma forma muito mais primitiva e rústica.

Seus movimentos eram cadenciados, rituais... Os olhares eram vidrados, como se estivessem hipnotizados por alguma força do além ou, sei lá, algum mestre oculto. Alguns murmuravam ruídos guturais, outros se curvavam, dobrando os joelhos diante das distorções.

Era quase como assistir a um culto proibido... Uma espécie de ocultismo pagão de antes do tempo dos humanos.

 O que eles tão fazendo...?!

 Eu temo que... Estejam "alimentando" os portais!

Uma rachadura percorreu o chão. As paredes começaram a vibrar.

E então, um dos Pokémon virou o rosto.

Um Bramaluna.

Seus olhos amarelos refletiram o grupo humano.

O silêncio morreu ali.

Em um só rugido, os Paradoxos avançaram, cada qual mais enfurecido pelo interrompimento da sua oração.

Tudo aconteceu rápido demais.

Rika foi a primeira a reagir, mas também a primeira a cair. Uma Reptalada atravessou a lateral do campo e a lançou contra a parede.

 RIKAAAAA!!!

Nemona tentou correr até ela, mas um Colmilargo bloqueou o caminho, esmagando o chão.

Ash gritou algo que ninguém ouviu.

Geeta recuou um passo e arremessou duas Pokébolas.

O olhar maligno dos dois lendários se acenderam em uníssono, e o chão se rompeu quando o poder da malícia deles se libertou.

Mesmo assim... Não era o suficiente!

O número de inimigos dobrava a cada segundo, esmagando-os como se fossem Lechonks.

Riko, ajoelhada ao lado de Rika, sentia o sangue quente escorrer entre os dedos.

 RIKA!!!

 (cuspindo sangue) ...Não... não se culpe...

Mas já era tarde.

A voz se apagou antes que ela terminasse a frase e seus olhos perderam o brilho que outrora encantava multidões.

Riko gritou.

Um grito que fez até os Paradoxos hesitarem por um instante.

Roy se jogou sobre ela quando um Pelarena disparou relâmpagos pela lateral.

O golpe atingiu-o em cheio, derrubando-o de costas, convulsionando no chão.

 ROY!!!

Ash ergueu o braço, sério.

 Pikachu, Investida Trovão!!!

A descarga cortou o ar como uma estrela cadente, atingindo um grupo de Melenaleteos.

Arven arremessou sua Pokébola.

Ting-Lu emergiu "mugindo", o corpo enorme e pesado batendo no solo como um tambor de guerra.

Nemona lançou sua última Pokébola, um Pokémon malévolo que ela vinha guardando há tempos para ser usado em última necessidade... Wo-Chien.

 

O gastrópode de planta deslizou pelas rochas cristalizadas e ergueu uma muralha de folhas, tentando conter os golpes que não paravam um segundo de voar em sua direção! Mas não deu muito tempo e o corpo serpenteante do Pokémon lendário tremia exausto...

As pedras flutuaram, o ar ficou denso.

Mas a terra se abriu.

Mais Paradoxos saíam das cavernas, dos portais, do chão.

 (desesperado, o que não fazia seu tipo, mas era compreensível) Estamos sendo ENGOLIDOS!!!!

Geeta olhou para Riko com olhos duros, mas decididos.

 Tire todos daqui! Agora!

Mas ninguém ouvia mais.

O rugido dos Paradoxos era ensurdecedor.

A lava terastalizada de Chi-Yu iluminou os túneis...

O Frio Absoluto de Chien-Pao caía m4t4nd0...

Mas mesmo com o poder combinado dos quatro Tesouros da Ruína...

Aquele INFERNO não cedia!

O Laboratório Zero já não era um laboratório...

Era um ALTAR. E o sacrifício... Já havia começado!

O chão parou de tremer.

Por alguns instantes, o som dos gritos se confundia com o das labaredas e o estalar do gelo. O pico de adrenalina no sangue dos desbravadores estava em níveis inimagináveis. O que era uma crise de ansiedade perto daquilo que eles estavam sentindo? Nervosismo. Aflição. Tremura.

Arven deixou escapar um pouco de m1j0 perna abaixo. Penny paralisou, sem saber o que fazer, mas Dot segurou a mão dela e pediu que atacasse.

Pouco a pouco, os Pokémon Paradoxo começaram a cair. Um a um.

Chi-Yu rodopiava no ar, cuspindo um mar de fogo, por onde nadava majestosamente. Chien-Pao cortava com seus (literais) dentes de sabre, carneando o inimigo. Ting-Lu fincava as patas no solo, fazendo a caverna chacoalhar inteira. E Wo-Chien, enredado em trevas, finalizou o último inimigo com a assinatura do quarteto.

O silêncio veio como um baque.

Pesado.

Assustador.

Aquela era a brecha!!

Eles correram. 

Correram.

E correram.

Até não se ouvir mais os gritos do oceano de Pokémon deslocados de seu tempo.

Riko ainda tremia.

Roy, segurado por Hassel, gritava de dor, agonizando. O corpo de Rika, imóvel no colo de Amethio, agora todo ensanguentado, parecia dormir.

Mas ela sabia.

Geeta limpou o rosto com as costas da mão. Sua respiração era falha. Ela suava por cada poro, tão desesperada quanto qualquer outro membro daquela maldita expedição.

Mas como uma Líder, ela tinha de manter a postura, então, como se nada tivesse acontecido, ela disse:

 Acabou aqui... mas não acabou "lá embaixo". Vamos dividir o grupo.

A voz dela soava como ferro.

Sem hesitação.

Sem emoção.

Como ela CONSEGUIA?!

Arven vomitou. Penny também.

Nemona estava catatônica. Ela não conseguia soltar um pio sequer...!

Ash encheu os olhos de lágrimas e Grusha e Iono o abraçaram, tremendo como nenéns banhados em água fria.

 Como combinado... Um grupo irá se dirigir para as profundezas. O outro continuará aqui, investigando os Paradoxos e... cuidando DELA.

Ninguém respondeu.

Riko apenas assentiu.

Então Geeta virou-se para o portão atrás do laboratório.

Era enorme.

Cicatrizado por ferrugem e rachaduras.

Um letreiro apagado ainda deixava ver, em meio à poeira:

SUBNÍVEL ZERO – ACESSO RESTRITO.

O portão se abriu com um gemido grave, e o vento quente das profundezas soprou para cima, como se o próprio mundo respirasse lá embaixo.

Ash lançou um último olhar para o grupo que ficava.

Pikachu no ombro, Armarouge ao lado.

E seguiu.

Agora, na Toca do Mewtwo...

 DROGA!

 Não se abalem! Isso era esperado!

 P***a, Scarlet!!! C-c-como... Como você tem NERVOS para enfrentar essa... Essa COISA?!

 Eu... Preciso ter. Meus Pokémon dependem de mim! Talonflame e os outros... Eu sou a Treinadora deles e eu jamais vou abandoná-los!

 Estamos prontos pra mais um round!

 Que assim seja!

Os ataques chisparam sobre Mewtwo com um estrondo...

Mas o Pokémon Lendário estava ficando cada vez mais irritado... Com uma só mão, logo após anular o efeito das habilidades e as alterações de stats dos oponentes, e de remover todas as condições negativas de si...

Ele disparou o maior ataque até então...

Fazendo a toca tremer.

O resultado era inevitável... Não havia escapatória.

De pé sobrou apenas Zeraora, que com a sorte de ser um Mítico, ainda tinha um pouquinho de resistência, mas isso não queria dizer que não estava ferido. Ele estava. E MUITO!

 DESCARGA!!!!

 PURPLE, NÃÃÃOOOOO!!!!!

Zeraora dispara o maior raio, mas a água já estava batendo no umbigo. Todos foram eletrocutados. Todos, sem exceção. Humanos e Pokémon.

E dessa vez, nem o próprio atacante resistiu.

Purple, Pink e Brown afundaram na água, inconscientes. Scarlet, não. Ela se manteve de pé com uma força de vontade inimaginável de resgatar seus Pokémon e, no desespero, correu para socorrer seus amigos humanos e evitar que se afogassem.

Mas Mewtwo vinha com tudo em sua direção bem na hora em que ela levantava os corpos inertes dos companheiros de jornada com uma força tirada do impossível...

 AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH--

Muitas pokébolas se abriram sozinhas. Brown, Purple e Pink... Estavam ajudando mesmo inconscientes. Scarlet foi protegida no último segundo, os Pokémon levando todo o dano do ataque.

Mas mesmo o Escudo do Rei não foi capaz de conter tamanho impacto.

Eis que Mewtwo se aproxima dela e a encara no fundo dos olhos. Estavam só eles dois, e Mewtwo estava a uma Bola Sombria de distância de eliminá-la PARA SEMPRE...

De volta às Profundezas da Área Zero...

A descida foi longa.

O túnel se estreitava, a luz da tocha de Armarouge piscava em tons de laranja.

Ash caminhava em silêncio, até perceber que o grupo já não estava tão próximo.

O som das vozes havia se perdido atrás das paredes cristalinas.

 P*** M***A!

 PIKAAAH!

 ESTAMOS PERDIDOS!!!

 Rooouj!

 Huh... É mentira. Eu me afastei do grupo porque precisava falar com você. Um Armarouge DE VERDADE jamais se deixaria desviar do caminho! O Poder Psíquico não deixa!

O Pokémon parou.

Não respondeu.

A chama no peito dele oscilava de um jeito estranho, como se respirasse diferente.

 Sabe... Eu não sei o que aconteceu com você. Mas se tem algo que aprendi viajando o mundo é que... Pokémon não mentem. Eles só... Se perdem... Às vezes.

 .........................

 Mas você, Armarouge... Tem mentido para nós o tempo todo! Ou devo dizer... FRIEDE?!

 !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Armarouge foi desmascarado. Seu segredo estava escancarado.

 A sua aura... Está diferente de antes! Eu SABIA que eu já tinha visto essa energia em algum lugar... E foi quando eu batalhei contra o Friede!

Ash fechou os olhos. Sua aura revelava toda a verdade...

A imagem que vinha à sua cabeça era da Enfermaria da Academia Pokémon, em Mesagoza. Deitado em uma maca estava Friede, e ao seu lado, três Pokémon de Riko...

 

O que parecia um ritual era, na verdade, uma transmissão telepática. Estavam projetando a consciência de Friede no corpo de Armarouge.

 Assim, não havia como o Líder dos Crononautas ficar de fora da expedição...

Armarouge se contorceu. Era Friede ali dentro.

 Huh... Você sacou... Eu vejo...

 Por que mentiu? Por que se escondeu esse tempo todo dentro do Armarouge?

 Porque é minha responsabilidade... Parar o fim do mundo. Se eu não tivesse trazido a Liko aqui pela primeira vez... E ela não tivesse encontrado aquela maldita Sada... Nada disso teria acontecido!!!

 E por que você escolheu ficar junto a mim?!

 Eu não concordo com a divisão de grupos da Geeta... Eu não vim aqui para ficar só no Laboratório Zero junto da Riko ou do Roy. Eu queria... Ou melhor, eu QUERO investigar as profundezas. O segredo está aqui, não lá em cima. Então eu escolhi ficar do seu lado, porque seria o melhor "treinador" para mim.

 Por que não escolheu Amethio?

 Porque quando eu revelei o meu plano, ele foi contra. Disse que eu jamais deveria "incorporar" no Armarouge e assumir o controle do seu corpo assim. Que isso era desumano. Mas estamos enfrentando o fim dos tempos. Não há como não fazer sacrifícios. Se o bem da humanidade e dos Pokémon está em jogo, então temos que lutar com todas as armas que temos!

 Mas e o Armarouge?

 O que tem ele?!

 Ele concordou com isso? Deixou de bom grado que você se apossasse do corpo dele?

 ............

Antes que Friede pudesse responder, um som de estalos ecoou sob os pés.

Ash olhou para baixo.

Cristais.

Centenas deles.

Brilhando em todas as direções.

 Uau...

Mas o encanto durou pouco.

O chão cedeu.

Um clarão engoliu os dois e Ash e Friede se viram em uma queda sem fim.

O som do vento se transformou em silêncio, depois em nada.

E o nada em luz.

Eles caíram dentro de uma imensa “piscina” de cristais.

Não havia água, mas um mar sólido, luminoso e PONTIAGUDO!!!

Dos Cristais Tera, reflexos de todas as cores. Energia de todos os Tipos. Literalmente.

 Aaargh! Você está bem?

 "Melhor impossível"! E você...?

 A-a-acho... Acho que desloquei o meu braço!

 Deixa comigo!

CREEEEEEEEC!

 AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH!!!!

O osso de Ash volta para o lugar. E da forma mais dolorosa possível.

Pikachu se agarrou ao casaco de Ash, assustado.

Ash tentou se erguer, mas os cristais se moviam, lentamente, como se estivessem vivos.

 Pika, pi...

 ...Onde é que a gente veio parar, droga?!

O eco da voz dele se perdeu entre os reflexos.

E lá, nas profundezas das profundezas, literalmente no Centro da Terra, o silêncio se fechou sobre suas cabeças, como se os enterrasse vivos.

Continua...