
Agora, nas Profundezas da Área Zero...
Dia 18 de Novembro de 2022
O Dia do A-Poké-Lipse
Foi quando Ash soube que podia confiar em Friede. Sua aura também o dizia para tomar o caminho da direita. E assim, eles foram.
Ao mesmo tempo, na Toca de Mewtwo...
Eis que Mewtwo se aproxima de Scarlet e a encara no fundo dos olhos. Estavam só eles dois, e Mewtwo estava a uma Bola Sombria de distância de eliminá-la PARA SEMPRE...
Mas então...
ZAAAAAAAAAAAAAAAAAAPPPPPPPPPP!!!!
BOOOOOOMMMMMMMMM!!!
Afastem-se!
Deixa que a gente cuida disso!
Você parece um pouco desorientada, mocinha... Está tudo bem?Não estava. Os Punhos de Plasma de Zeraora haviam atingido Mewtwo fisicamente, no mano a mano, mas a Descarga do Pokémon Mítico espalhou eletricidade por toda a caverna... Agora cada célula do corpo de Scarlet (bem como de seus amigos) tinha energia em demasia...
Oh, entendi! Nesse caso... Mime Jr.?Os corpos inertes de Pink, Purple e Brown de repente começam a levitar, ficando a salvo da água que subia de forma cada vez mais violenta. Os trovões, nessas alturas do campeonato, eram tão fortes que dava para escutá-los arrebentando no céu lá fora, mesmo dentro da caverna. A tempestade não parecia dar trégua!
Mas Scarlet...
Scarlet estava EXAUSTA. A dor que seus músculos enfrentavam para mantê-la de pé com uma corrente tão intensa atravessando seu corpo era inimaginável. Mas o que a mantinha de pé não era o próprio corpo, era a mente. Ela não podia se render... Tinha que estar lá por seus Pokémon... Seus amigos...
Até que... Não deu mais.
Scarlet viu tudo girar e a tela escurecer.
Assim que soube que Pink, Purple e Brown estavam sendo resgatados, ela não conseguiu mais se segurar e soltou... Deixou que seus olhos fizessem o que mais queriam: se fecharem, e sucumbiu à fadiga extrema.
E o mundo chuvoso ao seu redor, em um barulhento caos, desapareceu, ficando silencioso como o vazio de antes do começo e de após o fim dos tempos...
Eis que...
Scarlet estava consciente de novo! Mas... Em outro mundo. Ela olhou em seu entorno, desesperada, tentando encontrar alguma explicação para aquilo. Estava trajando suas roupas casuais de sempre. Era estranho. Ela não se lembra de tê-las posto.
Os arredores eram rochosos, como uma caverna, mas não era a mesma formação que a toca onde a Tera Raid Battle estava acontecendo. Era um tipo de rocha muito mais antiga e empoeirada. E aquela sensação de que estava sendo vigiada... Só crescia!
Foi quando ela olhou para cima e se deparou com uma sombra...
Scarlet se surpreendeu quando o Pokémon Lendário respondeu:
Então, Mewtwo deslizou do topo da rocha em que estava prostrado dois segundos atrás, com a graça de uma Jean Grey da vida em seu voo telecinético de nível ômega, ficando frente a frente com a garota.
Desta vez, no entanto, ele não parecia zangado, tampouco parecia querer matá-la. Ele estava... em Paz. E aquela paz que ele estava sentindo irradiava, sendo transmitida ao coração de Scarlet por telepatia, de um jeito que toda a raiva e frustração que ela sentia, bem como a sede de vingança, desapareceram por completo... Foram obliteradas diante do poder psíquico avassalador que bagunçava com a psique da garota, levando-a a acreditar que não havia mais motivos para lutar.
Ele queria estabelecer uma conversa. Um diálogo. E Scarlet pode sentir isso. Na sua mente. Dentro dos miolos.
Eu não sou corajosa! Eu... Na verdade, eu... Sou uma cag0n4, eu tenho medo de tudo e de todos! E sempre que aparece um obstáculo que eu não tenho certeza se posso superar, eu desisto, só quero fugir. Desaparecer.
Mas você não é o mesmo Mewtwo que os levou, certo? Como você poderia me ajudar? Só AQUELE Mewtwo sabe onde meus amigos foram parar!!!Mewtwo aproxima um de seus três dedos (o do meio) à testa de Orange. E de repente... ZAAAAP! Tudo fica branco, e a imagem muda novamente.
Scarlet estava agora com frio. Muito frio. O cenário ao redor era *literalmente* congelante!
Estava ela de novo no Cold Storage, ao sul da Cidade Driftveil, na paisagem onde tudo aconteceu!
Mewtwo aponta com seus dígitos de alienígena gray. Scarlet se vira. E lá estão eles. Todos eles.
Inclusive, o Crustle de Brown, em sua coloração toda especial...
A vontade de chorar é incontrolável.
As lágrimas irrompem junto a um berro de lamento. Scarlet cai de joelhos, enquanto seus cinco parceiros Pokémon correm para abraçá-la, contentes com o retorno da treinadora. Ela, por sua vez, enfrenta um turbilhão de emoções, passando por um misto de felicidade por reencontrá-los a uma melancolia e remorso profundos, por não ter conseguido salvá-los antes.
Mewtwo observa, sem nenhuma expressão aparente em seu rosto de gato sphynx humanoide, enquanto Scarlet se debulha em lágrimas, o coração apertando mais do que nunca. Inconsolável.
As mãos de Scarlet estão trêmulas. Ela chora com uma mistura de angústia e alívio. Eles estavam ali, abraçando-a. Ela conseguia sentir o toque físico, mesmo estando dentro de sua mente. Ela podia sentir as penas quentinhas e macias de Talonflame. O pelinho fino e sedoso de Eevee (bem como suas lambidinhas). A barriguinha fofa do Marill. O aroma doce da Raflésia cheirosa do Venusaur. E a eletricidade estática que fazia os pelinhos dos braços se arrepiarem só de estar ao lado de Pikachu. Como isso era possível?
Mewtwo assente, em silêncio, fazendo um aceno com a cabeça.
Então, a imagem do Pokémon Lendário começa a ficar translúcida, etérea, como se ele estivesse gradualmente evaporando até sua opacidade fundi-lo completamente ao ambiente, desaparecendo e deixando Scarlet para trás, abraçada em sua (agora) Espeon, extremamente feliz em revê-la.
Foi a última coisa que a treinadora se lembra de ter visto antes do mundo escurecer e tudo ficar no mais completo silêncio uma vez mais...
Quando Scarlet abriu os olhos, ela estava de volta à toca, cercada por água. Brown, Pink e Purple estão acordados novamente. Os Rastreadores se aproximam dela.
Scarlet! Você está bem?!
Mewtwo desapareceu e encerrou a Tera Raid Battle sem deixar nenhum vestígio!
DE NOVO!
É... Ele nos enganou outra vez! Mas o que importa é que está todo mundo bem! Agora, precisamos sair daqui, antes que essa caverna inunde!
Hã?Scarlet olha no bolso. Suas pokébolas estão lá. E para sua surpresa... Não estão mais vazias. Ela as segura com muito carinho e ternura, exalando gratidão a Mewtwo enquanto uma lágrima de felicidade escorre face abaixo. Ela olha para Brown, preocupado com ela, sem saber o que havia acabado de acontecer no plano astral.
Você está bem?E sem medo de estragar a amizade, Scarlet avança o sinal, tascando um beijaço nos lábios carnudos de Brown, que é surpreendido pelo ato, mas profundamente agraciado. Agora, seu coração batia mais rápido que os trovões e relâmpagos no céu lá fora. Estava tudo perfeito, não fosse a toca desmoronando...
Só se for agora!De volta às Profundezas...
O som dos passos ecoava nas paredes de Tera Cristal, que agora mais pareciam com uma floresta de fungos gigantes. As formações cristalinas iridescentes, brilhando como papel celofane furta-cor, pareciam-se com cogumelos mais altos que uma casa. E Ash e o Professor Friede, dentro de Armarouge, deslizavam entre eles. Glimwood Tangle ficaria com inveja se pudesse ver a Área Zero agora...
Era bonito.
Mas também... "Errado".
Friede / Armarouge caminhava ao lado, atento. O reflexo do fogo de seu elmo (e de suas íris, diga-se de passagem) se multiplicava em mil chamas pelos cristais que refletiam a luz em diversas direções. Os "troncos" ao seu redor se comportavam como espelhos. Era Triste, Bonito e Trágico, como uma canção da Taylor Swift.
Ash tocou uma das árvores de cristal...
Era Quente...
Viva...
E pulsava como um coração!
Foi aí que ele ouviu.
Um som grave...
Um gemido longo...
Um canto que ele já tinha ouvido antes... há muito, muito tempo...
Entre as colunas brilhantes, Ash correu a toda velocidade, na direção do som. Até que... Ele pôs um pé no chão e depois o outro, e lentamente se curvou quando viu a maior ave que já cruzou por este planeta... Caída... As asas fechadas, chamuscadas, quebradas.
As penas douradas estavam manchadas de preto, e o arco-íris que sempre o acompanhava... tinha desaparecido.
Ho-Oh.
Ali jazia um Pokémon Lendário moribundo, respirando pesadamente, no último de seu sofrimento.
Friede estava completamente sem palavras.
Ash levou a mão na mochila, procurando a Carta Turbo de Ho-Oh que Morena lhe deu há muito, muito tempo atrás... Mas ele não a havia trazido. Era um peso a mais para carregar durante a expedição e ele jamais imaginou que encontraria o lendário agora... DROGA! Por que as coisas nunca estão com a gente quando a gente precisa? Então, ele se aproximou devagar, tentando amansar o Pokémon em sofrimento... ....... ..
Mas o ar mudou. Ho-Oh não confiava em Ash... E Ash sabia bem o porquê.
De repente, então, respondendo ao piado de águia do pássaro rubro, sombras se formaram à sua frente. Três.
De início, pareciam fantasmas, ou memórias de um passado distante...
Mas quando avançaram, a luz revelou o que realmente eram...
Criaturas distorcidas: o passado e o futuro misturados num só pesadelo. Um Paradoxo.
Ash recuou e Friede, dentro de Armarouge, se colocou à frente.
As criaturas rugiram em resposta. Mas não era em tom de aviso... Era em tom de sentença. Queriam-nos m4t4r.



Foi aí que o chão tremeu. Os cristais das paredes mudaram de cor, vibrando em tons de vermelho e dourado. E então... Os três se tornaram um só.
Arte por @sganderson_
Um ser colossal, forjado do raio que atingiu a torre, das chamas que se seguiram e da chuva que tardiamente apagou o incêndio.
O reflexo dele distorcia todo o campo. A aura que cercava o novo Paradoxo não deixava dúvidas. Era uma Batalha de Reide!
Ash cerrou os punhos.
O Omni Ring em seu pulso brilhou.
(Agora falando em voz alta) Vamos, pessoal. Vamos mostrar pro Ho-Oh quem nós somos de verdade!
Nisso...
O Rotom Phone de Ash salta de seu bolso, flutuando ao redor deles.
Eu sabia que em Pasio Pokémon e Treinadores podiam trabalhar juntos para atingir o Nível 200, mas eu nunca vi nada do tipo fora de lá!Ho-Oh, já sem paciência, ergue a cabeça e dá o comando às suas feras:
O primeiro golpe foi tão rápido que o som veio depois.
Staraptor foi arremessado contra uma parede de cristal.
E quebrou-se em mil pedaços...
Baxcalibur tentou interceptar o segundo ataque, mas a pressão do calor o engoliu.
Ash viu o dragão de gelo cair de joelhos, o corpo rachando.
Por um momento, Ash se lembrou de como conheceu Baxcalibur... A caminho da Montanha Glaseado, prestes a enfrentar Grusha no Exame Terastal... Um pequeno, porém nada inocente Frigibax vinha ACABANDO com a população de Bergmite, causando um desequilíbrio ambiental. Ele não comia suas vítimas, apenas as eliminava por diversão. E a característica mais marcante de seu abate, era que ele sempre deixava o corpo dos Bergmite rachados (agora era ele quem estava trincando).
Por sorte, após muita insistência de Ash, ele acabou aceitando vir com o treinador, deixando as neves eternas da montanha Glaseado para trás. Ash quase se atrasou em sua batalha marcada com Grusha por causa disso, mas valeu a pena...
Dragonite voou alto.
As asas queimando no atrito da energia antes de mergulhar num vórtice dracônico que deixava qualquer outro Pokémon desse tipo no chinelo!
Mega Dragonite rugiu dois segundos antes de se jogar.
O impacto foi devastador.
Por um momento, parecia que Ash tinha vencido.
Mas o monstro fundido respondeu, saindo da fumaça ainda em condições de batalhar.
Então... A fera deu um rugido que atirou meteoros de energia para todos os cantos. Para onde quer que se olhasse, o golpe vinha despedaçando tudo o que encontrava pela frente!






O clarão seguinte foi tão intenso que, refletido nos cristais da caverna, tornou-se cegante. Todos, absolutamente todos, tiveram de fechar os seus olhos enquanto o calor irradiava para todos os lados, incinerando...
Quando a poeira baixou, Ash estava ajoelhado. Sua pele ardia como se tivesse ido à praia sem filtro solar. Então, ele olhou para os lados, procurando...
Dragonite, Baxcalibur e Staraptor, nenhum mais se movia...
Friede (Armarouge) escapou por pouco. Ele não estava acostumado a ser um Pokémon. Sentia medo dos ataques, então se esquivava fugia ao invés de continuar lutando.
Ash olhou para o colosso parado diante dele.
E entendeu.
Aquele lugar... Não era só o centro da Terra. Era o centro de tudo. E ele... Estava preso dentro de algo que apenas os deuses ousavam habitar.
A criatura diante dele rugia, distorcendo o espaço e criando novos portais, como aquele que os Pokémon Paradoxos adoravam. Um deus ferido tentando devorar o mundo.
Chamas, Relâmpagos e Vapor d'água dançavam em volta do seu corpo monstruoso, exalando a aura de Entei, Raikou e Suicune em uma clara exibição de poder... Ele queria intimidar.
Ele ergueu outra Pokébola com a mão tremendo. O reflexo dos cristais faiscou na superfície prateada.
A luz verde se espalhou, enchendo o lugar com um brilho calmo. Por um instante, o caos pareceu parar.
Mas durou pouco.
A criatura avançou.
O golpe atravessou o campo como se fosse nada.
Hawlucha gritou.
E caiu, arremessado brutalmente contra a superfície sólida que cercava aquele lugar por todos os ângulos.
Ash não hesitou, porém.
Outra esfera vermelha girou entre seus dedos.
O rugido do Pokémon encouraçado ecoou.
A água se ergueu em muralhas, tentando conter o fogo e o trovão.
Mas o impacto foi brutal. Demais até mesmo para um Pokémon casca grossa como Feraligatr aguentar.
Ele tombou ao lado de Hawlucha.
Ash caiu de joelhos.
Seu coração estava acelerado.
Suas mãos estavam cobertas de sangue e poeira.
Eis então que o Omni Ring brilhou novamente.
BOOOOOOMMMMMMMMM!!!
Ho-Oh ordenou e seu súdito cumpriu. A criatura mutante soltou mais um Pulso de Dragão fervoroso, torrando as penas de Mega Hawlucha sem qualquer sinal de misericórdia.
Mas Hawlucha não era só exibicionismo. Era força e coragem pura!
O primeiro tombo da criatura rendeu sérios danos. Mas em resposta à arremetida de Mega Hawlucha, o ser de três almas avançou mais uma vez de forma impiedosa.
Nocaute.
O silêncio que veio depois parecia zombar de Ash.
Até que... Uma chama se acendeu atrás.
Era Armarouge!
Ou melhor...
Friede.
Ele se aproximou devagar.
Ash arregalou os olhos.
E naquele instante, o corpo do Pokémon emanou energia.
As chamas mudaram de cor.
Primeiro Douradas.
Depois Brancas.
E por fim, azuis.
Um azul que Ash conhecia muito bem!
Friede estava entrando em sintonia com a aura!
Ash estendeu a mão.
O toque de sua aura se fundiu à energia de Armarouge.
Um calor indescritível envolveu os dois, engolfando-os dos pés à cabeça, como se o passado e o futuro se curvassem ao presente.
O rugido que seguiu partiu os cristais ao meio.
A fusão dos dois corações, humano e Pokémon, transformou-se em luz pura!
É claro que o monstro Paradoxo tentou resistir, mas foi engolido pela força devastadora da aura, sendo pulverizado pelo calor absurdo emanado pelo guerreiro do fogo.
O chão tremeu como se as placas tectônicas derretessem e o pouco sólido que restou dançasse sob seus pés. O céu subterrâneo se abriu. E o grito final ecoou por todo o abismo...
Quando a poeira baixou...
Ash ainda estava de pé.
Respirando com dificuldade.
Friede/Armarouge jazia caído ao seu lado.
A besta fundida não mais existia. Ela voltou a ser aquilo que sempre fora: poeira e sombra. Restava apenas o treinador, o Pokémon e a lenda viva, cercados por cristais por todos os lados, em cima e embaixo.
Armarouge virou o rosto.
Deitado sobre o solo reluzente, envolto em uma luz quase divina, estava Ho-Oh.
Suas asas, por algum motivo, estavam quebradas. As penas manchadas de um vermelho que não era do mesmo tom.
Ash deu um passo.
Depois outro.
O tempo parecia ter parado.
Nenhum som.
Nem vento.
Nem respiração.
Até que uma voz atravessou sua mente.
Suave.
E Triste. Muito Triste.
Ash congelou.
A voz ecoava dentro dele, não ao redor.
Era como ouvir um pensamento que não era seu sendo introduzido dentro da sua mente à força por telepatia.
Ash apertou os punhos.
Seu coração se acelerou.
Ho-Oh ergueu o rosto (com dificuldade). O brilho em seus olhos era antigo demais pra ser humano. Antigo demais pra caber em qualquer era.
Silêncio.
Depois, uma leve risada (se é que aquilo era riso!) Soava mais como o eco de um trovão.
Ash parou.
Os olhos se arregalaram.
Uma lembrança.
Aquela infortuna tardinha... O arco-íris...
E o brilho que atravessou o céu quando tudo estava só começando. Ho-Oh.
A voz dentro da cabeça dele começava a falhar. Estava cada vez mais fraca, mais distante, como se Ho-Oh estivesse...
Ash deu um passo à frente, as lágrimas já caindo.
Ele ergueu a Pokébola.
Tremendo.
Por um segundo, os olhos de Ho-Oh brilharam.
Um brilho branco.
Intenso.
Cego.
Antes que Ash pudesse dizer qualquer coisa, seu mundo explodiu em chamas, expelidas através do bico de Ho-Oh.
Mas elas não eram vermelhas.
Eram azuis, e então brancas.
Tão puras que pareciam dissolver o ar, o chão, a dor.
Ash gritou.
Ou achou que gritou.
Porque o som foi engolido pela luz.
E então...
Tudo apagou.
A luz era branca.
Tão branca que doía.
Branca como o ápice das chamas de Ho-Oh.
Ash abriu os olhos devagar.
Não havia som.
Nem vento.
Nem sombra.
Apenas um vazio branco... Interminável.
Ele se ergueu com dificuldade.
O chão era liso e frio, mas... Não havia chão!
O ar tinha gosto de sonho.
Nada respondeu.
Ash olhou para o lado ao sentir falta do familiar peso em seu ombro. Pikachu não estava ali. Ele estava sozinho.
Então, tentando compreender o que havia acontecido, deu alguns passos.
E foi quando ouviu.
Aquela voz.
Ash se virou.
E o mundo pareceu parar.
Professor Carvalho.
Mas não o mesmo que ele lembrava.
Os olhos estavam firmes. Claros.
Sem a névoa do esquecimento.
Sem o cansaço da idade.
Ele parecia... Inteiro (novamente).
Carvalho sorriu.
Um sorriso calmo.
Sereno.
Então, como se entendesse o questionamento mental de Ash, a maior autoridade em Pokémon que esse mundo já viu, explica a súbita ausência do Alzheimer.
Onde eu estou, meu rapaz, não existem doenças. Nem dores.Ash deu um passo pra trás.
O coração disparou.
(Rindo baixinho) Não, não exatamente... Digamos que este lugar é um... Intervalo.Ash olhou em volta.
Aquela sala sem portas nem janelas. Era mesmo uma sala? Ou era o NADA? Um mar absoluto de branco para onde quer que você olhasse, infinitamente claro.
Lembrou-se de um livro antigo...
Harry Potter, a cena na estação, quando Dumbledore aparecia no limbo depois de ter morrido, para guiar o bruxo em sua missão final.
Era igual.
Carvalho o observou com ternura.
Como quem já sabia a resposta, mas deixava o outro perguntar mesmo assim.
Este encontro... Estava marcado para acontecer desde antes de você nascer.Ash piscou, confuso.
Foi você mesmo quem me chamou, Ash.
Sim. Foi você mesmo quem me trouxe até aqui.O silêncio pesou.
Ash olhou para o chão inexistente, tentando entender.
Quando você caiu... Quando a chama te envolveu... Parte de você quis desistir. Outra parte, não. E foi essa parte, a que ainda acreditava, que me chamou.
Você me mandou aqui... Pra eu te dizer que tudo vai ficar bem.Ash sentiu o ar escapar dos pulmões.
O corpo tremeu.
Ele não conseguia dizer a palavra.
Travou.
Carvalho suspirou com ternura e compaixão diante dos olhos marejados e do súbito desespero de Ash.
Depende do que você chama de “morrer”.A voz dele retumbou.
Rebateu nas paredes que não existiam.
Carvalho apenas o olhou.
Sem responder.
Sem negar.
Apenas... Olhou.
E por um instante, Ash sentiu algo que nunca tinha sentido antes.
Nem nas batalhas.
Nem nas despedidas.
Nem nas perdas.
Medo.
O verdadeiro medo de desaparecer. O medo do abismo do esquecimento.
E o branco infinitesimal, que antes era tênue e suave, começou a pulsar como se o próprio mundo ao redor respirasse junto dele.
Então lute pra viver, Ash. Mas lembre-se... Nem sempre voltar é o mesmo que continuar.Mas o velho não mais respondeu. Pelo contrário, ele apenas sorriu e rapidamente se dissolveu em meio ao branco que chacoalhava feito o bombear de um coração.
A luz ao redor então começou a se expandir.
Em segundos, ela foi engolindo tudo.
Ash sentiu uma pressão na barriga, como se algo o puxasse por ali, viu um fio de prata sair de dentro da sua cabeça, e de repente, sentiu o espaço ao redor distorcer, como se ele estivesse em um túnel... Ou um buraco de minhoca... Quiçá uma singularidade dentro de um buraco negro...
O quarto de Ash estava cheio de risadas. Música baixa, garrafas abertas (muitas e muitas já vazias), vozes cruzando entre si. O cheiro de saquê e pizza gelada impregnava o ar. Uma narquia.
Goh ria alto, fingindo capturar um dos clipes de cabelo em formato de Magnemite de Iono.
Arven argumentava seriamente sobre qual sanduíche era o melhor do dormitório. A Líder do Ginásio de Levincia fingia que escutava enquanto se esquivava das pokébolas de Goh.
Grusha, como sempre, mantinha suas emoções um completo mistério, observando tudo quietinho, no canto, por detrás de seu espesso cachecol.

Pikachu estava entorpecido de Ketchup, enquanto Cetitan e Bellibolt comiam comida de Pokémon e Cinderace praticava embaixadinhas com uma brita.
Eu não sei o que tá acontecendo. Nem porquê. E o pior... (pausa curta) Eu sinto que algo terrível tá vindo.
Por isso eu vim pra Paldea. Em minha expedição para encontrar as Mega Pedras, eu encontrei mais do que apenas mineral. Encontrei ansiedade. Crises de fazer o coração pular do peito de uma hora para outra e sem nenhum motivo aparente. Noites sem dormir e um vício ferrado em cafeína que só piora tudo! Mas uma figura nunca desapareceu de minha mente durante esse tempo todo... Você, Ash. Você sempre me acompanhou, em pensamento, mesmo que nossos corpos estivessem há milhares de quilômetros separados! E quando eu senti que havia algo errado... Minha primeira reação foi procurá-lo.
Mas eu não envelheço! Nós nunca poderíamos ficar juntos!! Você sabe disso... Sabe que se ficar junto comigo, eu vou arruinar a sua vida... E você não merece ter sua vida destruída... Merece algo muito melhor... Algo que eu não posso oferecer... Não agora...
Ash estava sentado na cama, com a Fita de Campeão no lado esquerdo do peito, afixada a sua camisa como um broche.
Liga Paldea conquistada.
Mais uma glória...
Mas mais um peso!
Morena encostou na moldura da janela, observando-o em silêncio. O reflexo dela dançava sobre o vidro molhado. Chovia lá fora. Como sempre nessa bendita Poké-Europa.
Ash riu baixo, mas sem humor. Pegou o copo. Virou tudo de uma vez. O saquê queimou na garganta. Aquela bebida o fazia se lembrar de casa. Não apenas Littleroot, Hoenn, mas também Kanto...
Ela se aproximou, devagar e sentou-se na cama toda bagunçada ao lado de Ash. O barulho dos amigos ao fundo foi ficando distante, abafado. Pareciam estar em outro mundo.
Então, Ash se abriu. Contou tudo o que sabia sobre estar regredindo no tempo, como se a maldição de Dialga estivesse tendo um efeito rebote e regredindo ao contrário.
Morena piscou, confusa.
Não era brincadeira.
A expressão dele era séria demais pra ser.
Eu não sei o que tá acontecendo. Nem porquê. E o pior... (pausa curta) Eu sinto que algo terrível tá vindo.Morena aproximou a coxa da dele. O olhar dela se suavizou.
Ash a encarou.
Um arrepio percorreu o braço de Ash, eriçando todos os pelinhos até a nuca.
Ela sorriu, porém de uma maneira triste.
O silêncio que seguiu foi quase insuportável. Ela se inclinou, lenta, hesitante. Seus lábios quase tocaram os dele.
Mas Ash desviou o rosto.
O copo tilintou entre os dedos.
Ali, ela sentiu o peso esmagador da rejeição. Priscilla Chiquelin preferia ser esmagada viva por um Wailord a ter que passar por aquilo novamente.
Mas eu não envelheço! Nós nunca poderíamos ficar juntos!! Você sabe disso... Sabe que se ficar junto comigo, eu vou arruinar a sua vida... E você não merece ter sua vida destruída... Merece algo muito melhor... Algo que eu não posso oferecer... Não agora...A respiração falhou.
Ela deu um passo pra trás.
Depois outro.
Ela virou o rosto, chorando.
Saiu sem dizer mais nada.
A porta se fechou devagar.
E Ash ficou ali, sozinho.
A risada distante dos amigos soava estranha agora.
Como se viesse de outro tempo.
Ele serviu mais um copo.
Olhou pro reflexo do líquido, meio trêmulo.
Sorriu, sem vontade.
E virou o copo.
Tomou a bebida de gute gute. O álcool rasgava a garganta. Mas o que era um ardorzinho no pescoço perto de um coração completamente destruído?
O branco voltou.
Só que... diferente.
Ash piscou e o vazio ao seu redor começou a se dobrar.
Como se o tempo, o espaço e o próprio ar estivessem desmoronando em reflexos.
Reflexos dele.
Dezenas.
Centenas.
Milhares de "Ash's" de todas as idades.
Um com o boné virado pra trás.
Outro com a jaqueta de Kalos.
Outro, pequeno, com os olhos cheios de esperança, o garoto de Pallet que começou na inocência.
Eles o cercavam.
Todos sorrindo.
Todos olhando pra ele.
E como resposta... Apenas o silêncio.
Ash caminhou entre eles.
Cada reflexo mostrava um momento.









Pikachu derrotando Drake.
Charizard virando as costas.
Greninja se despedindo.
Morena partindo.
Era uma avalanche de lembranças, uma mistura de glória e dor.
E pela primeira vez... Ele percebeu o quanto havia mudado. Ele HAVIA envelhecido. Seu corpo, não, mas a mente... Sim. E muito!
Sua voz tremeu.
Os olhos marejaram.
A expressão "sua vida inteira passou diante dos olhos" nunca fez tanto sentido!
Mas então, algo mudou.
Os reflexos começaram a se distorcer.
E Ash não pode deixar de notar...
Eles estavam mostrando agora versões dele que ele nunca tinha visto.

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Uniformes estranhos.
Rostos mais velhos.
Olhares mais frios.
Cicatrizes.
Um dos reflexos se aproximou.
Lento.
Cauteloso.
Era ele.
Mas não era.
Os olhos brilhavam em tons negros.
A aura... Era familiar.
E ainda assim... "errada". Como tudo naquele maldito lugar.
O reflexo sorriu.
Ash recuou um passo.
Negou com a cabeça.
A outra versão apenas observou.
Sem raiva. Sem pressa.
Como quem já sabia o final de uma história que o outro ainda nem começou a ler.
O reflexo não respondeu.
Apenas virou-se, e seu corpo começou a se fragmentar em luz. Ele estendeu a mão, que SAIU DO ESPELHO, como se convidasse Ash a segui-lo.
E antes que Ash pudesse reagir... Tudo desabou.
O branco cedeu.
O chão sumiu.
Escuridão.
***
Corta para Armarouge.
O Pokémon agora vagava sozinho pelos túneis de cristal.
O som metálico dos passos ecoava, quebrando o silêncio sepulcral da Área Zero.
Ele mancava. Os movimentos eram pesados, quase humanos.
Ele olhou para o abismo à frente.
A mesma “piscina” de onde havia saído.
As mãos trêmulas apertaram o punho incandescente no peito, a última fagulha do vínculo entre eles.
E então se virou, caminhando em direção ao Laboratório Zero.
Cada passo mais lento.
Mais arrastado.
Mais vazio.
Mesmo com inúmeras batalhas ocorrendo simultaneamente, o Laboratório Zero estava em silêncio.
Aquele tipo de silêncio que parece gritar.
Os dois grupos, sujos, cansados, feridos, suados, tinham finalmente se reencontrado. Mas ninguém mais interagia entre si, apenas batalhava como se não houvesse amanhã. E talvez de fato não houvesse mesmo... O chão tremia de vez em quando, como se o próprio planeta respirasse com dificuldade.
E então, um som metálico.
Passos.
Todos se viraram ao mesmo tempo.
Armarouge caminhava lentamente pelo corredor iluminado por cristais quebrados.
As chamas em seus capacete mal queimava.
Sua armadura estava rachada.
E o corpo... surrado.
Riko correu até ele.
Armarouge ficou em silêncio.
As chamas tremularam uma única vez, antes de ele balançar a cabeça para os lados, em negação.
Riko parou.
O olhar dela ficou fixo no nada por alguns segundos.
Ninguém respirou.
Riko ergueu a cabeça.
Seus olhos estavam marejados (quem diria, a mais durona de todas ainda tinha uma pontinha de fragilidade?). Mais um que entrava para a lista de coisas pela qual Riko se culparia pela eternidade! Mais um peso nas costas...
Ela limpou as lágrimas com as costas das mãos forradas de sangue (de Roy, ou talvez de Rika, ela já nem sabia mais)...
Riko olhou em volta... Geeta, Grusha, Arven, Nemona, Roy inconsciente no colo de Dot, Penny se tremendo toda de medo, Hassel segurando as lágrimas (e um braço com fratura exposta, um presentinho de um Rei Alado). Friede, ou o que restava dele dentro daquele corpo de ferro, observava em silêncio, extremamente abatido...
Riko respirou fundo.
A frase caiu como um raio.
Dois Terapagos.
Um regular, o dela.
Outro brilhante, o selvagem.
Os dois seres que representavam o núcleo da Terastalização.
Geeta apenas baixou a cabeça, sem fitar os olhos. Ela já estava ciente desse plano da Riko e pelo visto, fazia muuuuuito tempo...
Nós não viemos até aqui para brincar. Viemos para proteger Paldea. Eu pensei que soubesse disso, "Campeão"...O baque foi tão grande que Amethio caiu de joelhos. Ele já estava exausto da expedição, de ter que enfrentar o perigo cara a cara sem saber se ele seria o próximo a se ferir mortalmente... Numa angústia e aflição constante, uma ansiedade que lhe fazia tremer as mãos...
Para Amethio, que era uma pessoa extremamente reservada, tão ou mais que Grusha, admitir aquilo em voz alta e em frente a um grupo de pessoas, era uma prova de amor irrefutável.
Riko tocou os lábios do amado com os dela e se afastou, tristemente. Aquilo não era fácil para ela, Amethio não podia "dar um piti" agora e tornar tudo AINDA MAIS difícil...
Nemona franziu o cenho.
Riko, isso é uma loucura.
Você morreria aqui embaixo.O silêncio voltou.
Mais pesado ainda.
Eu acho que deveríamos votar!Geeta olhou para os outros. Todos a observavam, esperando alguma resposta.
Mas ela sabia que precisava ser durona no cargo ao qual ocupava, mesmo que isso fizesse os outros a odiarem.
Geeta fechou os olhos, assentindo devagar.
Despeçam-se de Riko. Em cinco minutos, iremos todos subir.
(Colocando a mão no ombro de Amethio) Quer ficar aqui e morrer junto a ela?Aquilo pegou Amethio de surpresa, mas por um breve momento, uma chavezinha mudou de posição no cérebro do ex-Campeão de Kitakami, fazendo-o enxergar que Geeta tinha razão. Aquela era uma ótima ideia.
Eu acho que esta é uma boa ideia. Amethio, permissão concedida.
Minha palavra é Ordem. Você mesma disse. 5 minutos. Todos vocês, despeçam-se. Riko e Amethio estão dispostos a morrerem para proteger a Região de Paldea e quiçá o Mundo. Seus nomes jamais serão esquecidos!Riko tremeu na base. Ela sabia como era aquela sensação, ela já tinha vivido tudo aquilo antes, mas... Não queria passar por tudo aquilo de novo, ainda que a culpa que a assolava fosse tremendamente perturbadora e lhe tirasse o sono. Ela sabia que precisava fazer alguma coisa. Sabia que o fim do mundo era culpa DELA e que, de alguma forma, ela precisava pagar pelos pecados, ou melhor, pelas atrocidades que fez com todo mundo...
Mas por um breve momento, ela sentiu mais uma fagulha de culpa... A de não poder se despedir de Roy, que estava inconsciente. Ela sabia que o garoto a amava e, apesar de achá-lo irritante, um baita de um gritão que não calava a boca um minuto, ela ainda tinha um pouco de consideração pelo rapaz.
Sabia que ele jamais a perdoaria por ter agido às suas costas, enquanto ele estava apagado, mas tinha que fazer o que era preciso fazer... E talvez esse sacrifício fosse ainda maior do que ela esperava...
Levem Roy e Hassel. Eles precisam de um hospital, urgente! E deem um enterro digno pra Rika. Ela merece...A voz dela quebrou no final.
Enquanto isso, Armarouge aproximou-se de Amethio.
Os dois se abraçam por um momento. Ceruledge sai da pokébola sozinho...
...e abraça o rival Armarouge, embora aquela fosse apenas uma casca vazia habitada por outra alma.
Amethio pega todas as suas pokébolas e as entrega para Armarouge.
Ceruledge fecha o olhar para seu treinador, em total desaprovação.
Riko virou as costas e caminhou até o centro do laboratório.
Os cristais pulsavam sob seus pés, reagindo à presença dela.
Geeta organizou o grupo.
Ninguém queria ir.
Mas foram.
Foram subindo.
Degrau após degrau.
Corredor após corredor.
Uma hora de escalada.
Duas horas.
Até que viram a luz do topo, o céu fechado, cinzento, pesado.
A chuva continuava a cair pesadamente cratera abaixo.
A subida foi lenta.
Arrastada.
Os olhos de Armarouge tiveram suas chamas apagadas, mas não pela chuva que não parava de cair. Pelas lágrimas.
Nemona não viu ele pronunciar mais nenhuma palavra durante todo o trajeto. Estava mais tímido e retraído do que antes, quase como se fosse outro Pokémon... Ou, melhor dizendo, outra PESSOA...
As pedras estavam extremamente escorregadias.
Os corpos tremiam de cansaço e medo.
Ninguém falava.
Nem Geeta.
Nem Iono.
Nem Grusha.
O som da chuva era o único diálogo entre eles.
Martelando.
Constante.
Sem trégua.
Quando o grupo finalmente alcançou o Portão Zero, o relógio marcava algo em torno de 18h30. O céu estava cinza escuro, tão escuro quando o Darkest Day de Galar. O vento era cortante.
Geeta pegou o walkie-talkie.
Riko, estamos fora. Câmbio.O chiado respondeu primeiro.
Depois, a voz dela.
Um barulho surdo ecoou.
Do lado de fora, um trovão correndo os céus. Do lado de dentro, Terapagos assumindo a forma mais instável de Terastalização...
Tera Tipo Estelar. A origem de todos os Tipos de Pokémon.
Energia pura.
Riko e Amethio estavam de pé no centro do Laboratório Zero, de mãos dadas. Os dois Terapagos flutuavam à frente, junto a seus cristais circundantes de todos os Tipos, brilhando com uma intensidade absurda.


As paredes de Tera Cristal começam a tremer.
Os cristais se acenderam em cadeia, como se fossem nervos de um corpo gigante despertando. E os Terapagos faziam força. Não é como se fosse fácil banhar quilômetros e quilômetros de extensão com todo o seu poder...






A energia dos dois Minogames se entrelaçou, criando uma espiral de luz estelar que subiu até o teto e se espalhou como uma rede, despencando como estrelas cadentes.
As paredes começaram a se transformar.
Rochas líquidas solidificavam em torno de tudo. Era lindo. E ao mesmo tempo... Aterrorizante. Tudo estava virando Terastal.
Laboratórios.
Portais.
Pokémon Paradoxos.
A Máquina do Tempo da Professora Sada.
Tudo sendo engolido por uma força exponencial, a mesma força capaz de dar poder aos Pokémon de uma região inteira, sendo usada para congelar o núcleo da Terra.








E no centro de tudo, lá estava Riko, com os olhos abertos e o rosto surpreendentemente calmo.
Riko parou de sentir os pés. A energia vinha subindo.
Suas canelas eram agora pedra pura. Depois os joelhos e uma fração de segundos depois, as coxas.
Antes de congelar completamente, no entanto, a adolescente de um bilhão de anos escuta um Rei Alado e uma Colagrito distantes sendo petrificados.
Ela se lembra da maldita Robô Sada, bem como do pobre e inocente Fidough.
E o uivo de Houndstone ecoou em sua mente uma última vez.


A mensagem não poderia ser mais clara. Ela estava PAGANDO por tudo o que fez. E que assim fosse. Que ela finalmente se libertasse de toda a culpa que carregava consigo. Que pagasse por seus pecados e expurgasse, de uma vez por todas, aquele sentimento que a acompanhava dia e noite incessantemente, empurrando-a para baixo.
As últimas palavras ecoaram junto ao rugido ensurdecedor dos Terapagos trabalhando em conjunto.
(Igualmente congelada) Obrigada, Amethio por me proporcionar aquilo que eu nunca tive em minha vida... O Amor.E então, tudo morreu em silêncio.
***
Quando a poeira se assentou...
Toda a Área Zero inteira tinha virado um único bloco de rocha cristalizada.
Impenetrável.
Não havia mais "Grande Cratera de Paldea". A montanha toda havia sido preenchida por Tera Cristal, como um vulcão inativo que de repente se enche de lava. Era para além de belo, sublime... Mas todos entendiam o sacrifício que havia sido feito para alcançar aquele estado.
Geeta largou o walkie-talkie.
Não havia mais som do outro lado. A paz reinava no silêncio de milhares de Pokémon paralisados no tempo...
Ela olhou para o abismo selado, a chuva escorrendo pelo rosto.
Obrigada, Riko. Obrigada, Amethio. Sua missão nesta Terra foi cumprida. Descansem em Paz.E atrás dela, todos ficaram em silêncio.
Enquanto o vento varria as planícies de Paldea...
O coração do planeta Terra, enfim, parava de pulsar.
***
A chuva ainda batia nas janelas da enfermaria. Fina. Constante. Como se o céu chorasse em luto.
O cheiro de remédio se misturava ao de ferro e cinzas. As luzes frias deixavam o ambiente pálido... sem vida.
No centro da sala, o corpo de Friede repousava sobre uma maca, inerte, enquanto sua mente era projetada para Armarouge, a milhares de quilômetros de distância.
Silêncio.
Apenas o som do monitor que verificava sua frequência cardíaca.
Gardevoir estava ajoelhada ao lado dele, com as mãos cruzadas em frente ao rosto, como quem reza. Delphox estava encostada na parede, tapando os olhos com as mãos, profundamente abalada. Suas orelhas estavam murchas, o corpo inteiro estremecendo. De vez em quando, uma pequena labareda escapava de sua varinha, como se fossem soluços que queimavam por dentro. Elas podiam enxergar TUDO através dos olhos de Armarouge, enquanto expandiam a consciência de Friede para o corpo do Pokémon Psíquico.
Ferropaladín permanecia imóvel.
De pé.
As lâminas embotadas, o brilho dos olhos apagado.
Sua voz metálica ecoou fraca.
Quase humana.
Quase quebrada.
Gardevoir levantou o rosto, o olhar vazio.
A frase saiu entre lágrimas.
Cada palavra tremia.
O fogo dela também.
Ferropaladín se virou para a janela.
A cidade de Mesagoza ainda estava coberta por nuvens.
O barulho da chuva aumentou.
Gardevoir tocou a mão gelada de Friede.
Delphox se aproximou com os olhos anormalmente vermelhos.
A bruxa sorriu, sem alegria.
Ninguém respondeu.
Só o som distante de um trovão.
E o brilho fraco do peito da armadura de Ferropaladín, que ainda pulsava, como um verdadeiro coração orgânico que se recusava a aceitar o fim.
Com sangue nos olhos, então...
O Paradoxo Futurístico de súbito saca suas lâminas e num piscar de olhos... Atravessa o pescoço do Professor Friede, inundando a cama em um oceano carmesim.
Em uma fração de segundo, Delphox e Gardevoir são eliminadas também. Para sempre.
O metal rangendo do corpo de Ferropaladín era o eco do seu lamento. O único choro que um robô devastado pela perda podia emitir.
***
O Grupo, reunido em torno do Porão Zero, esperava ver o horizonte limpo, a calmaria após o sacrifício.
Mas não.
O mundo parecia... Errado.
Grusha foi o primeiro a notar.
Put@ m3rd@!... Olha pra cima!!!Todos olharam.
E o tempo parou.
Acima das nuvens (e era difícil enxergar, porque estava tão escuro que parecia ser de madrugada), havia algo estranho... Algo que não deveria estar ali... Uma cidade... Ela flutuava.
Não... Ela se projetava!!!
Invertida...
De cabeça para baixo...
Como se fosse uma referência cruel do destino ao movimento assinatura de Koraidon e estivesse em ROTA DE COLISÃO com Paldea!
Torres de luz se contorciam no ar, e prédios dobravam como se fossem reflexos distorcidos em um tipo de espelho cósmico. O som das tempestades se misturava a rugidos profundos, vibrando pelos ossos.
E entre as nuvens...
duas silhuetas colossais emergem, berrando em uma frequência tão alta, que a maior parte do som, os humanos não conseguiam ouvir. Mas o que eles conseguiam já era assustador por si só...
Se encarando.
Roçando dimensões com o peso de seus corpos de proporções titânicas, quase um Dinamax.
E as distorções começaram a se abrir de novo. Fendas de luz rasgando o espaço acima da Grande Cratera de Paldea, sugando e cuspindo energia em vórtices espirais.
A cidade se aproximava...
Pouco a pouco...
Cada vez mais próxima,
E a gravidade se comportava de maneira bizarra. As árvores estavam sendo puxadas para cima, arrancadas com raiz e tudo... Parecia que um ciclone tinha atingido Paldea.
Nemona deu um passo à frente, a voz trêmula.
Isso não pode estar acontecendo...!!!Geeta manteve o olhar fixo no céu.
Havia água escorrendo pelo seu rosto.
Seus olhos estavam marejados.
Rika estava certa...O grupo se virou pra ela.
A gente perdeu tempo demais com a Liga. Chegamos tarde demais.Nemona deu um passo à frente, a voz trêmula.
Isso não pode estar acontecendo...!!!Geeta manteve o olhar fixo no céu.
Havia água escorrendo pelo seu rosto.
Seus olhos estavam marejados.
Rika estava certa...O grupo se virou pra ela.
A gente perdeu tempo demais com a Liga. Chegamos tarde demais.Nemona deu um passo à frente, a voz trêmula.
Isso não pode estar acontecendo...!!!Geeta manteve o olhar fixo no céu.
Havia água escorrendo pelo seu rosto.
Seus olhos estavam marejados.
Rika estava certa...O grupo se virou pra ela.
A gente perdeu tempo demais com a Liga. Chegamos tarde demais.Nemona deu um passo à frente, a voz trêmula.
Isso não pode-- Espere!! Eu já não disse isso?!
Será que sabem?
Eu não quero ficar aqui para descobrir!
T-t-terapagos também era um deus e foi ele quem trouxe os Pokémon Paradoxo!
Não... O que é falho é a vida, que é frágil demais para aguentar...Um trovão respondeu à frase de Geeta.
Nesse momento, o chão vibrou...
...e as trombetas do A-Poké-Lipse enfim ecoaram, marcando o início do fim de tudo.
Agora (ou talvez ontem, talvez amanhã), em lugar nenhum, fora do tempo e do espaço...
Os primeiro dos sete selos foi desfeito, como ordenado, Senhor.
A fronteira entre o reino dos vivos e dos mortos está a um passo de se romper, Senhor.Grande G / Giima ou, como referido por Arceus, Ragnarok, joga um denário, uma moeda antiga e fora de circulação na era atual, para cima.
>>> PLEF! <<<
















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