O Senhor Chevalier não era de tudo tão malvado quanto parecia. Ele podia ser um velho rabugento às vezes, ou um gritão, além daquela expressão esquelética e severa no rosto que o destacava dentre multidões, mas ele era uma pessoa boa. Naquele momento ele já tinha feito canecas e mais canecas de chocolate quente para mim e para meus colegas, além de ter contatado a polícia e de ter levado nosso segurança ao hospital.
Mas alguma coisa continuava a me incomodar. Não era a dor de cabeça ou os constantes pesadelos que vinham dos cinco passageiros minutos em que cochilava debruçada sobre a mesa do diretor. Eu estava preocupada com a segurança de meus colegas, fora que alguém podia muito bem estar infiltrado entre eles...
02 - #Psychic Flames
(Tradução: Chamas Psíquicas)
(Tradução: Chamas Psíquicas)
Eu estava ansiosa para que as aulas começassem, mas os minutos pareciam se arrastar pelo relógio. Organizei rapidamente todos os meus livros em minha mochila de acordo com meu horário, procurei tomar um café da manhã antes de sair e escovei os dentes em um movimento frenético para que eles ficassem branquinhos.
– Ei! Y! Está pronta? Vamos nos atrasar! Nem parece que passou a manhã toda esperando por esse momento!
– Tô indo, tô indo, senhor certinho! – Peguei uns últimos cadernos espalhados sobre a mesa e saí do quarto, que ainda me lembrava da noite anterior e o pesadelo com a pequena invasão do Team Flare. – Que aula nós temos agora na primeira?
– Duas de Botânica-Pokémon!
Botânica-Pokémon era uma aula que combinava biologia com qualquer outro estudo sobre pokémons. Mas o maior conteúdo da aula toda era sobre vantagens e desvantagens – Poe exemplo, o porquê de um tipo planta não sobrevive a golpes tipo venenoso – e é claro, o básico de vegetação, habitats e o meio-ambiente de cada espécie, e era isso o que a diferenciava de Arte Pokémon.
– Vamos! Acho que o sinal já tocou.
Corremos, mas antes que pudéssemos chegar a nossa turma, fomos inesperadamente bloqueados por um grande Pokémon branco e todo peludo, que tentava se comunicar com a gente.
– Olha só, Y! É um Furfrou! E parece que este não apara os pelos há um bom tempo! De quem será que ele é?
Matthew se aproximou e fez carinho na cabeça felpuda do Pokémon, que abanava o rabinho, dizendo que estava gostando.
– Ah, “Frufi”, você está aí!
A voz maquiavélica e sombria do diretor congelou meu cérebro, me dando um susto tão grande que quase gritei alto. E para minha surpresa, ele estava se referindo ao Pokémon ali na nossa frente. Parece que “Frufi” era o cachorrinho de estimação do senhor Chevalier.
O diretor entregou um osso à boca do Pokémon, que saiu correndo, balançando a cauda de um lado para o outro, feliz da vida.
– Professor, aquele Furfrou é seu?
– É. Eu o chamo de Frufi. Ganhei de minha irmã no dia das bruxas há cinco anos. Acredite, eu levei um susto quando aquele bicho peludo saiu da caixa lambendo meu rosto.
– Eu li que alguns pokémons lambem seus treinadores para demonstrar alegria.
– É. O Frufi é assim. Só que pra ele parece que todo dia é dia de alegria.
– Mas então, o que o “Frufi” faz aqui na escola?
– Ah, eu... Eu resolvi o deixar passar as noites aqui. No caso de houver mais algum ataque, se é que você me entende. Frufi é só um tipo normal, mas já me ajudou e muito em diversas batalhas por todo o país.
– Seria muito bom que ele fosse posar com a gente lá no dormitório.
– É, seria mesmo, mas é realmente uma pena porque o Frufi tem que cuidar da escola toda. Todos os alunos estão em risco. – O diretor estava certo. Não se tratava só de mim ou de Calem, nem mesmo de Matthew. Tratava-se de todos os alunos que ficavam ali durante a noite ou mesmo durante o dia. Todos estavam correndo perigo.
– Bem, senhor diretor, temos que ir! Estamos atrasados para a nossa aula!
– Ah, claro. Podem passar. Ah, e se não for incomodar, que aula tem agora?
– Botânica!
– Ah, então serão alunos da Senhoria Le Blanc! Vocês vão adorar ela! Acreditem ou não, ela possui um Pokémon fóssil que acabou de ser revivido!
Seria muito interessante se pudéssemos ficar ali, só conversando. Mas tínhamos mais o que fazer. O sinal já tinha tocado e estávamos atrasados. Corremos e quando vimos à porta de madeira com um lindo número treze, feito de metal pendurado, entramos.
13
A professora já estava na sala. Pedimos licença e ela deixou a gente entrar. Mesmo com a presença dela, a turma estava numa algazarra, ao contrário do primeiro dia de aula. Era possível ouvir gritos, brincadeirinhas bobas com bolas de papel e gente correndo de um lado para outro para resolver certos exercícios e temas de casa de outras matérias – confesso que alguns professores demonstravam sentir prazer em ver a gente ficar com dor de cabeça.
Mas aquela aula foi diferente. A senhorita Le Blanc, como o próprio diretor tinha dito, era muito legal e nos deu uma divertida introdução sobre seu conteúdo e logo se sentou para conversar com a gente. Ela queria saber nossos planos futuros, nossos objetivos e metas. Parecia mais um discurso de primeiro dia, mas eu senti que pela personalidade dela, as aulas seriam muito legais.
– Então, Senhorita... Qual o seu nome mesmo?
– “Y”. Chame-me apenas de Y.
– Muito bem, Uai. O que você planeja para o futuro?
– Bom, em primeiro lugar, eu continuo confeccionando minhas roupas Pokémon e a coleção de primavera/verão está ficando uma gracinha! Então, eu planejo continuar sendo a estilista que som ao mesmo tempo em que batalharei na Liga Pokémon de Kalos.
– Hmm... Você é muito determinada, não é mesmo?
– Mas é claro. Uma diva como eu precisa ser decidida! – Ouviram-se as risadas abafadas do trio gargalhada, Shauna, Trevor e Tierno.
– Muito bem... E o senhor?
– Matthew. Bom, eu quero ser um especialista em pokémons do tipo Fairy e quero me tornar um Líder de Ginásio ou mesmo um membro da Elite 4. Mas por enquanto disputarei na Liga de Kalos, em busca do título de Campeão.
– Ah, muito bem. Muito bem.
– Professora? – Calem levantou a mão. – Posso ir tomar uma aguinha? Não estou me sentindo muito bem...
A professora sinalizou com a cabeça e o garoto saiu correndo, quase atravessando a porta fechada. Seu rosto estava branco como papel e suas mãos estavam numa tremedeira danada. Parecia estar muito ruim mesmo.
– Ah, professora. Sabe o que é? – Tentei explicar. – A gente teve uma noite muito agitada! – Não deu certo!
– Mas usaram camisinha? – No mesmo instante a professora voou em cima de mim, interpretando minhas palavras de uma maneira tão errada que me deixou vermelha da cabeça aos pés. Enquanto isso, a sala inteira ria da minha cara.
– Não é isso, não. É que... Bom, algumas pessoas invadiram o internato ontem a noite e... Eu e o Calem tivemos que lutar contra os bandidos!
– Bom, me parece que ainda sobraram alguns minutinhos de minha aula. – A professor trocou de assunto no mesmo instante. – Que tal você irem para a arena batalhar com os pokémons que vocês receberam do professor Patrice? Mas enquanto isso, Y... Eu preciso ter uma conversinha com você!
– Eu?
– É. Você.
Todos saíram e em poucos segundos a sala ficou vazia e silenciosa. Nem Matthew não tinha ficado ao meu lado. Sé eu e a professora.
– Você disse que lutou contra bandidos?
– Sim. Não que eu não tenha feito isso antes em Lumiose, mas... Sim.
– E eles te machucaram?
– Não! Claro que não!
– Tem certeza? Eu reparei que você estava um pouco desanimada hoje cedo, antes de a aula começar. Vi-te falando com o seu amigo lá no dormitório.
– Ah, é que... Bom... Os ladrões me deram isso. – Tirei do bolso a pedra do fogo que os Flare’s tinham me dado e mostrei-a a professora. – Eles disseram que servia para evoluir o meu Eevee. O que é estranho, afinal eu capturei o Eevee ontem. Na verdade eu o ganhei na aula de Arte Pokémon com o Professor Patrice e... Bom... Não tinha como ninguém que não fosse da turma soubesse da minha aquisição.
– Está suspeitando de algum colega seu?
– Pode parecer estranho, mas receio que algum dos meus colegas tenha entregado informações minhas para os capangas.
– Mas e por quê?
– Bom, talvez porque eu tenha lutado na batalha contra a Equipe Rocket em Lumiose, ou por que... Sei lá.
– Ok, então. Está liberada.
Peguei minhas coisas e saí correndo da sala.
***
– Ah, Y. Eu estava preocupado com você! O que é que a senhorita Le Blanc queria? – Matthew parecia realmente muito preocupado.
– Ah, nada de mais. Só queria saber sobre o incidente de ontem à noite.
– Mas e aí? Encontrou o Calem pelo caminho?
– Não. Até tinha me esquecido dele! Será que o coitadinho tá bem?
– Eu não sei, mas seria uma boa ideia se a gente saísse pra investigar. O que você acha?
– Eu aceito! Que tal irmos agora?
Puxei a mão de Matthew com força e o levei em direção à escola. Passamos correndo pelo vestiário masculino, mas Matt, que entrou lá dentro, disse lá o Calem não estava. Depois fomos à cantina, à diretoria, à sala dos professores, a nossa sala e por último pensamos em passar nos banheiros.
– Calem? Está ai?
Matthew colocou a cabeça pra dentro do banheiro masculino e chamou, mas não ouviu nada.
– Acho que aqui ele não... (“Sniff”, ouviu-se um choro angustiado). Espera. Eu vou entrar.
Matthew entrou e segundos depois, pude ouvir uma grande exclamação do lado de fora. O garoto de cabelos azuis saiu de lá correndo.
– Matthew, o que foi? O que aconteceu?
– Você precisa ver isso! Vem!
O moleque atrevido me puxou para dentro do banheiro e me levou até a pessoa que chorava como se o mundo estivesse acabando. A cena foi chocante.
***
– E então, Professor Patrice? O que quer com a gente? – Shauna, Trevor e Tierno foram chamados imediatamente pelo Professor Patrice, que os avistou de longe, brincando com seus novos pokémons na arena.
– O que foi que a gente fez de errado, hein?
– Ah, não se preocupe, Trevor! Dessa vez não foi encrenca!
– Se não foi encrenca, então o que foi? – Shauna ficou curiosa. Como era muito fofoqueira e se metia em tudo, qualquer coisinha um pouco diferente lhe interessava.
– Tierno... Você tirou um Skiddo na aula de Arte Pokémon, não foi? – O Garoto confirmou com a cabeça e apontou para o pequeno Pokémon que corria saltitando pela arena, lá atrás.
– Você sabe que... É da natureza do Skiddo carregar o seu treinador e... Bom, como eu já havia dito na aula de ontem, cada treinador será avaliado de acordo com o tipo de Pokémon que lhe foi conferido. Como você teve a sorte de pegar o Skiddo, sugiro que tenha de montar nele.
– Montar?
– Sim! Só que tem um “porém”! Você está acima do peso! Muito acima do peso! E Skiddo não vai aguentar carregar você.
– E?
– E você vai ter que passar a ter uma vida mais saudável. As inscrições para a academia da escola já estão abertas!
– O senhor quer dizer que... Eu vou ter que emagrecer pra passar de ano? Isso é uma injustiça!
– De acordo com o manual da escola, os treinadores precisam ser avaliados de acordo com o tipo de pokémons que pegaram. E você... Como pegou um Pokémon montável, terá que mostrar uma montaria na sua avaliação, então, receio que terá de emagrecer sim.
– Ah, droga.
– Vamos, Tierno! Vai ser divertido! Eu te ajudo!
– E eu também!
– Vocês vão me ajudar?
– Mas é claro. Estamos matriculados na academia desde o ano passado! Podemos muito bem convidar mais um para malhar.
Shauna deu uma piscadinha de leve para Tierno e ele rapidamente concordou com tudo. Tinha sido motivado a emagrecer.
***
– Mas que droga é essa? Calem o que você está fazendo? Que tanto sangue é esse? – As vestes pretas e sombrias do garoto estavam encharcadas de sangue, como se tivesse massacrado por um caminhão. No exato instante em que falei, ele puxou as manga da camiseta e mostrou seu braço, onde era possível ver cortes que formavam palavras. “TIMIDEZ”. – Mas o que você pensa que está fazendo?
Ouviu-se o barulho da lâmina ensanguentada cair no chão e os berros do garoto só aumentavam. Ele abriu os braços e correu abraçando Matthew, que ficou todo sujo de sangue também.
– Há quanto tempo você se corta? – Perguntou Matt, quase chorando também.
– Eu... Não sei. Um ano talvez.
– Mas porque você faz isso?
– Eu não sei. Quando eu fico triste, nervoso ou com muito medo... Bom, me dá uma vontade. Então eu vou lá e me corto. Parece que é um vício. Pior do que o álcool ou o cigarro. Se eu não o fizer parece que... Dá uma agonia. Então quando eu faço, eu me sinto mais seguro e confiante. Além disso, parece que quando eu me corto a dor do peito fica menor.
– Mas você tem amigos do seu lado. Não precisa fazer isso. Só precisa desabafar de vez em quando. – Rapidamente tentei contornar a situação.
– Amigos? Bom, eu acho que nunca tive.
– Pois trate de considerar nós dois, eu e a Y como os seus melhores amigos! Vem, vamos lavar esse ferimento!
Matthew pegou o braço ensanguentado de Calem com carinho e colocou debaixo da água, lavando bem o machucado para não infeccionar.
– Calem. Você... Quer parar de fazer isso? Sente alguma vontade de “largar o vício”?
– Mas é claro.
– E você não quer entrar ao grupo de apoio psicológico da escola? Eu posso estar ao seu lado em todas as seções. Sou sua amiga.
– Ah, Y. Eu te amo.
E o garoto me abraçou, me apertando contra seu corpo.
– Pode contar com a minha colaboração! Eu vou estar lá! Todas as seções! Se isso vai me fazer bem além de me aproximar de você, eu aceito.
– Deixe que a estrela dentro de você brilhe, Calem! Não precisa mais se cortar!
A aula passou voando e no final da tarde, como o ventinho que batia estava fresco, resolvemos testar nossas habilidades como treinadores Pokémon. Matthew Calem, Shauna e eu fomos para a Arena atrás da escola, que ficava aberta até a meia-noite para os alunos “comuns” e 24 horas para aqueles que posavam no colégio.
– Muito bem, como vai ser?
– Vamos tirar no par ou ímpar? – Sugeriu Shauna.
– Não. Eu acho que se a ente tem que batalhar mesmo, tem que ser mais emocionante. Vamos sortear? – Matthew estava certo. Aqui tinha que ser mais interessante, como se fosse um torneio de verdade.
– Não será preciso, Matt! Eu já sei com quem eu vou batalhar! – Calem tomou a palavra, dando um passo à frente e exibindo sua pokébola.
– Ah, é? E contra quem?
– Contra a Y!
Shauna e Matthew só se entreolharam enquanto meu rosto ficava cada vez mais avermelhado. Mas eu fui em frente e aceitei. Afinal, estava precisando mesmo de um desafio pra esfriar a cabeça.
– Eu aceito!
– Poderia ser um contra um?
– Mas é claro. Você quem sabe, Calem. – Meu rosto já estava soando. Estava envergonhada dos olhares paralelos de Shauna e Matthew, que só ficavam me empurrando pra cima do menino.
– Então eu escolho você, Frogadier! – Clame jogou a pokébola para cima e o vento a carregou, liberando um Pokémon de aparência extremamente familiar.
– Frogadier? Mas é... A Evolução de Froakie?
– Exatamente. Eu consegui Frogadier já faz algum tempo, sabe? Eu queria me tornar um treinador Pokémon, e já tinha pegado meu inicial e tudo, mas desisti e voltei pra escola. Talvez tenha sido melhor pra eu ter ficado. Senão... Eu nunca teria conhecido vocês.
Tentei disfarçar meu rosto quase púrpuro de tão corado, jogando a pokébola de meu melhor Pokémon para cima.
– Muito bem, Fennekin, arrase!
A pequena raposa de fogo saiu cuspindo suas chamas, enquanto analisava com desprezo seu oponente.
– Um Fennekin? Então você optou pelo inicial de fogo?
– Pois é. Eu o achei uma gracinha, então eu decidi iniciar com ele!
– Ótima escolha. Mas você sabe que o meu Frogadier tem a vantagem, não sabe?
– Claro que sei. – Pisquei o olho para Calem, incorporando minha personalidade diva que entrava em ação toda vez que eu iniciava uma batalha. – Agora só precisamos de um árbitro. Matthew, você poderia--
As palavras ficaram no ar. Olhei para os lados e nem Matthew nem Shauna estavam mais ali. Talvez pensassem que eu e Calem tínhamos um caso ou algo parecido. Mas pelo contrário, a gente não tinha. Queríamos, mas não tínhamos. Assim, a batalha se iniciou lentamente, esquecendo-se completamente do “juiz” que deveria determinar quem ganhou ou não. Mas tudo bem. Só o que eu queria era me distrair um pouco, pra não ficar lembrando aqueles bandidos sem-vergonhas que nos atacaram noite passada.
– Fennekin, use o Flamethrower!
Fennekin abriu a boca e cuspiu uma rajada de chamas vermelhas que tomaram conta da arena, atingindo Frogadier em cheio. Mas o golpe não tinha tanto efeito, justamente porque Frogadier era um tipo água e Fennekin um mero tipo fogo, ou seja, o meu Pokémon estava com a desvantagem.
– Frogadier! Use Water Pulse!
O sapo ninja deu um salto muito, muito alto e criou em suas mãos uma pequena esfera de água, que em segundos já tinha sido lançada contra Fennekin.
– Droga! Fennekin, evasiva!
Mas Fennekin não conseguiu se esquivar a tempo e a esfera tomou conta de seu corpo, aumentando o tamanho e encobrindo Fennekin por inteiro. A água dentro da esfera começou a pulsar, batendo com força no tipo fogo, que se contorcia todo.
– Fennekin, não!
– Fen! – Fennekin deu um grito de dor, que penetrava nos ouvidos.
Fui até o Pokémon, que já tinha se livrado da água e já estava de pé, ainda cambaleando e um tanto confuso...
– Fennekin, você está bem?
– Fen! – O Pokémon concordou com um gritinho mais estridente e mais irritante que o anterior.
– Eu lamento Y, mas eu já venci a partida!
– O jogo só termina depois que um dos dois Pokémons estiver fora de si. E esse alguém será você. Fennekin use Psybeam.
O feneco se levantou e começou a formar uma bola de energia multicolorida na frente da boca.
– Acho que está demorando demais!
– Pois é. O Fennekin ainda não conseguiu controlar o golpe direito, mas ainda assim, é quase que fatal pro seu Frogadier aí!
Frogadier cruzou os braços e fechou os olhos esperando o ataque. Fennekin então disparou uma rajada multicolorida e brilhosa de luz psíquica que avançou muito rapidamente pra cima do Pokémon de água. No entanto, tudo o que ele precisou fazer foi dar um salto para se desviar do golpe.
– Essa não! Ele desviou!
– Você precisa treinar mais esse seu Psybeam! Se quiser, eu posso te ajudar, Y! Mas agora, só o que eu tenho pra dizer é que o Frogadier vai derrotar o seu Fennekin! Bounce, agora!
O sapo voltou com tudo dos céus, após seu salto olímpico, dando uma patada poderosa na cara do feneco, utilizando os pés. Com isso, Fennekin estava oficialmente acabado. O Pokémon de fogo despencou no chão...
– Fennekin!
Corri até ele e o agarrei em meu colo, puxando-o pra fora da arena. Fennekin parecia bastante abatido, mas suas orelhas brilhavam mais do que nunca. Parecia que ainda queria continuar batalhando. Normalmente os tufos de pelos vermelhos de Fennekin brilhavam quando ele lançava algum ataque de fogo, mas desta vez era diferente. Estava usando isso pra dizer que ainda não tinha acabado.
– Ainda quer lutar?
O Pokémon deu mais um grito estridente e pulou de meu colo, quando uma coisa extraordinária aconteceu. Seu corpo começou a brilhar e uma evolução se fez ali na minha frente.
– Y! O Seu Fennekin! Ele… Evoluiu para Braixen!
– Braixen? – Peguei a pokédex e fui analisar a raposa bípede que surgira na minha frente ocupando o mesmo lugar que Fennekin.
“Braixen, um Pokémon raposa. Uma vez que Fennekin evolui para Braixen, ele não se alimenta mais de galhos, mas ele continua com um graveto pendurado em sua cauda, que serve para acalmar os nervos do Pokémon.”
– Fennekin! Quer dizer... Braixen! Você evoluiu!
– Bra! Xen! – Os tufos de pelo avermelhado de Braixen e seu nariz da mesma cor começaram a brilhar, ardendo em chamas.
– É magnífico, mas ainda assim o meu Frogadier vai te vencer!
– Ah, é? Veremos então!
– Frogadier, use Hydro Pump! – Calem atropela minhas palavras, ordenando Frogadier a atacar. O sapo deu um salto, respirou fundo e cuspiu uma bomba de água, que voou em direção ao recente Braixen.
– Braixen, esquive-se! – Nem precisei falar e o feneco já estava desviando, correndo para um lado e se esquivando completamente da rajada de água.
– Agora! Use Psybeam!
A raposa parou, pensou e pegou o graveto em sua cauda fofinha. Ele apontou o pedaço de galho como se fosse uma varinha de condão e faz um estranho movimento com ele, gerando uma onda de luz psíquica que zuniu, atingindo Frogadier em cheio, antes que ele pudesse perceber o golpe vindo em sua direção.
– Eu não acredito! Braixen, você dominou o Psybeam! Há poucos minutos não conseguia realizar o golpe tão rápido e agora... Agora você conseguiu!
Corri e abracei meu Pokémon, que parecia extremamente feliz naquele momento, assim como eu também estava.
– Ei, Y! É realmente incrível o que uma evolução pode fazer, não é? Mas o Frogadier ainda está de pé e quer batalhar! Use o Boun--
Interrompi Calem e continuei mandando brasa, mandando Braixen atacar antes que Frogadier pudesse se mexer. E assim foi. O Pokémon de fogo pegou sua varinha mágica e lançou mais um golpe psíquico contra o sapo ninja. Desta vez, Psyshock, um novo movimento que acabara de aprender no instante em que seu corpo mudara.
A rajada elétrica com uma estranha coloração púrpura e extremamente brilhante atingiu Frogadier, levando-o á nocaute.
– Fro-- @-@!
– Hã? Frogadier! Não é possível! – Calem chamou o seu poké de volta à pokébola, elogiando-o por seu ótimo desempenho na batalha. – Y... Parece que o Braixen se tornou mesmo poderoso! E agora que ele evoluiu você já pode batalhar no primeiro ginásio!
– Como assim?
– Você não leu o manual de instrução da escola?
– Não...
– Então é melhor irmos correndo pra lá!
Subimos as escadas correndo e logo chegamos ao mural na frente da sala do diretor. Lá estava um pequeno bilhete todo colorido que dizia algumas instruções para os alunos do Ensino Médio-Superior.
Regulamento de batalhas de ginásio para os alunos do primeiro e único ano do Ensino Médio-Superior, segundo as normas oficiais de Escolas Pokémon da região de Kalos. Os alunos só poderão batalhar oficialmente em um ginásio da Liga Pokémon após cumprirem as tarefas citadas neste cartaz.
Primeiro Ginásio – O aluno deverá ter pelo menos um Pokémon evoluído depois que o período de aulas se iniciou. A evolução deverá ter a confirmação do diretor da escola, indicada em um documento assinado pelo mesmo.
Segundo Ginásio – Além da necessidade da primeira insígnia do ginásio anterior, os treinadores devem estar com todos os pokémons acima do nível 20 e precisam ter um Certificado de Duelo Pokémon.
Terceiro Ginásio – As Duas insígnias anteriores e mais um certificado de Torneio Pokémon oficializado pela escola na qual o aluno foi matriculado.
Nem terminei de ler todo o bilhete e logo dei um pulo de alegria. Em breve eu poderia ter minha primeira batalha de ginásio, algo pelo qual eu tenho lutado desde que meu ex foi embora.
– Ai, que legal! Braixen parece que você me deu mesmo uma grande sorte!
Abracei o Pokémon, que estava de pé ao meu lado, demonstrando uma expressão fira para meus pulinhos de felicidade.
– Acho que o Braixen não é tão “amigável” quanto o Fennekin! – Calem deu uma risadinha amarela.
– Bra!
E o Pokémon deu um sorrisinho, retribuindo o olhar de Calem, sarcasticamente e com ar de nojo.
– O que importa é que o meu Braixen é só meu e vai estar pra sempre dentro do meu coração, mesmo que ele tenha ficado “rebelde”!
– Até parece uma senhora de idade falando! – Calem riu e eu tive que concordar, rindo também. Assim, saímos dali e fomos para o nosso quarto, afinal mais tarde eu estava planejando em sair e ficar na rua em frente a escola, que era a principal da cidade e onde adolescente como eu, ou melhor, como nós, faziam a festa, com seus sons bombando.
***
Matthew estava sozinho no vestiário, cuidando as fotos dos jogadores de futebol musculosos que ele julgava sexys demais para ele, quando foi pego de surpresa por um ser absolutamente esquisito.
O homem de cabelos cor-de-fogo e “meio” careca, com a expressão totalmente fechada forçou um sorrisinho e acenou para o garoto.
– Com licença. Você é o Matthew?
– Sim, sou eu.
– Isso aqui é uma encomenda especial para sua amiga, Uai.
O homem misterioso entregou nas mãos de Matthew uma caixa leviana e partiu, saindo pela porta do vestiário. O garoto de cabelos tingidos foi atrás e não viu ninguém. Parecia assombração, mas não era. A caixa continuava em suas mãos.
– Mas o que será que é isso?
Tentou escutar, pra ver se fazia algum barulho, mas nada. Decidiu guardá-la e então retornar para suas fotos, tarando os meninos como uma voracidade extremamente gay, como se tivesse uma chama acessa em seu interior pedindo para que ele ficasse com um daqueles rapazes.
Au, au! – Ouviu-se um latido e Frufi entrou no vestiário.
– Ah, é você, amigão! Levei um susto!
Matthew se aproximou de Frufi, tentando afagar sua cabeça, mas o Pokémon começou a rosnar para ele, olhando com uma cara feia para a caixa.
– Mas o que--
O Poodle saltou e mordeu o papelão, rasgando a caixa por completo. De dentro dela saiu uma pequena carta – como se não pudesse ter sido enviada em um envelope – que dizia com letras grandes e caprichadas as seguintes palavras:
Temos um lugar para você, se quiser se juntar a nós, Filha.
O coração de Matthew quase parou naquele instante. No final da folha tinha um selo que dizia “Team Flare”, a mesma equipe que atacara a todos na noite passada.
– Será que... Será que algum parente da Y... Argh, eu não quero nem pensar nisso! Vamos, Frufi! Eu vou entregar isso ao diretor!
– Cain, cain, cain! – Frufi começou a chorar, indicando que o diretor não estava mais no colégio.
– É... Então eu vou manter isso pra mim mesmo até que ele volte amanhã! Não concorda?
Frufi balançou sua cabeça positivamente, mexendo sua enorme juba, que cobria seus olhos. O Pokémon então balançou o rabinho e lambou o rosto de Matthew, que caiu na gargalhada, sentindo uma coceira esquisita na cara.
***
Abri a porta do quarto e inesperadamente a Eevee branca correu em minha direção, se jogando em meus braços e me derrubando na cama, que estava toda bagunçada. O Pokémon fofinho parecia assustado. Eu tinha o deixado o dia inteiro solto no dormitório, para que se acostumasse com o lugar onde iria viver o resto do ano. Teria ela feito alguma coisa de errado?
– Eee! Vee!
– Eevee, calma, o que foi que aconteceu?
O Pokémon apontou com a cabeça para a grande cômoda onde ficava as roupas de todos os que dormiam naquele quarto. Em cima dela, porém, havia algo que não estava lá antes. Uma coisa peluda... E branca... E azul...
– Ih, Y! É um Meowstic!
– Meowstic?
Corri e peguei minha pokédex para analisar aquela bolinha de pelos.
“Meowstic, o Pokémon Restrição. Este Pokémon tende a não demonstrar as suas emoções aos outros e mantém-se sem expressão. Contudo, parece que alguns treinadores apreciam o ar antissocial que ele demonstra.”
– Mas o que ele está fazendo aqui no quarto?
– Deve ter entrado pela janela! Olha! Está aberta!
– Seja como for, ele é fofinho demais pra continuar sendo selvagem! Eu vou captura-lo!
– Mas, Y! É proibido batalhar nos dormitórios!
– A estas horas o diretor já não está mais aqui, certo? Vou pegá-lo!
Mal encostei minhas mãos na pokébola e Braixen parece ter ouvido meus pensamentos, saltando imediatamente pra fora.
– Bra!
– Braixen, use Psybeam!
– Bra... – Braixen ficou parado, encarando Meowstic com uma cara zangada, apontando sua varinha mágica para o rosto do Pokémon peludinho. Hesitou em atacar.
– Y... Meowstic é um tipo psíquico! Os novos movimentos de Braixen: Psybeam e Psyshock não terão muito efeito!
– Então eu não terei escolha! Flame Charge!
Braixen começou a brilhar em um tom de vermelho, formando chamas ardentes ao redor de seu corpo, que ficou tomado pelo fogo dançante. Logo, o Pokémon avançou, jogando seu corpo em cima da pequena bola de pelos.
– Meow...
O Pokémon foi jogado longe, contra a parede, levando muitos danos.
– Vamos acabar com isso! Flamethrower!
Braixen abriu a boca e cuspiu um jato de chamas que atingiu Meowstic e acabou chamuscando o tapete do quarto. Mas Meowstic parecia não querer mais levar golpes e resolveu partir para a ofensiva, levantando-se rapidamente e mirando no poké recém-evoluído um olhar místico, que faz com que Braixen flutue.
– É o Psychic! Braixen tente se livrar!
Mas o Pokémon não conseguia se mover, erguido no ar pela força do pensamento de Meowstic.
– Vamos, Braixen! Mostre pro Meowstic que você é melhor com golpes psíquicos do que ele!
– Bra... Xen...
Braixen se esforçou e disparou uma rajada elétrica púrpura para o teto, que ricocheteou a onda de poder, mandando-a diretamente pra cima do gatinho azul. Com isso, o tipo fogo se libertou.
– Bra!
– Agora, Braixen! Use o Psybeam!
Braixen ergueu a varinha, apontando-a para Meowstic e disparou a mais poderosa de suas chamas mentais: uma poderosa onda de luz colorida que atingiu o oponente em cheio, empurrando-o contra a cômoda no quarto vazio.
– Stic... @-@!
– Muito bem... Pokébola vai!
Lancei minha pokébola e ela engoliu o corpo de Meowstic, concluindo a captura dois segundos após ter absorvido o poké para dimensão em seu interior.
– É... Eu oficialmente tenho um novo Pokémon no time!
– Y, acho melhor eu ir tomar um banho! Estou ensopado.
– É... Eu preciso mesmo me arrumar pra sair!
Calem sai do quarto, acenando pra mim, com um lindo sorriso no rosto. Nem parecia aquele garoto triste que estava se cortando há pouco tempo.
– E você, Braixen. Vai voltar pra sua pokébola?
Apontei a pokébola para Braixen, mas ele bateu nela com a varinha, derrubando-a sobre a cama e saiu pela porta, com uma expressão de raiva em seus olhos.
– Ei, Braixen! O que foi?
Mas o Pokémon não ouviu. E se foi correndo, até que do nada, desapareceu completamente.
Continua...
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Pokémon XY Adventures || Forever and Always (Season 2) – Postado Originalmente em Outubro de 2013 / Republicação em Setembro de 2014 – A cópia ou distribuição desse material é totalmente proibida.
Pokémon e todos os respectivos nomes aqui contidos pertencem à Nintendo. A(s) personagem (ns) – Matthew; Professora Le Blanc e Professor Chevalier – foi (ram) criado(s) por "#Kevin_", portanto é proibida a cópia ou o uso sem a autorização do mesmo.
~ Ao escrever a fanfic o autor não está recebendo absolutamente nada, ou seja, não há fins lucrativos. ~
>> Todos os créditos vão para o criador da fanart de “Braixen” utilizada no início do Capítulo. <<
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