Flashfire #1


Naquela noite de dezembro, há cerca de 20 anos atrás, fazia um frio detestável lá fora. Todos os pokémons haviam se recolhido cedo de suas atividades que normalmente demoravam até tarde da noite; as pessoas do condado de Geosenge haviam feito suas preces às três grandes rochas pontiagudas que apontavam para o céu no centro da cidade, que era como um santuário, e então se retiraram para suas casinhas de madeira.
        Todos exceto uma mãe que lutava contra o frio para carregar seu menininho de 5 anos pra dentro de casa. Estava gripado e seu corpo nunca foi dos mais saudáveis. Desde que nasceu sua saúde era precária. Se ela soubesse que ia fazer um frio daqueles, ela nunca teria ido à Ambrette Town fazer compras. Mas estava um dia tão lindo quando saiu de casa e a comida já estava acabando. Eles precisavam de suprimentos e o seu coração de mãe sabia que era inevitável. Mesmo assim, sentiu-se culpada por ver o filho naquele estado.
        A mulher envolveu a criança fraquinha e magrela em seu sobretudo e enfrentou a tempestade de neve, que ameaçava destruir tudo a qualquer instante.
        — Estamos... quase... lá...
        E com passos apressados, já cansada do longo caminho que teve de percorrer a pé, finalmente conseguiu alcançar sua cabana de madeira quando o relógio pregado acima da igrejinha mostrava onze e meia.
        — Chegamos! Chegamos!
        Ela tentava acalmar o garotinho que ainda chorava por causa de suas constantes dores em todo o corpo. Pegou-o mias uma vez no colo, deschaveou a porta e entrou na sala de estar, quentinha e acolhedora.
        — Vamos, vou lhe contar uma historinha... Vamos! Vamos!
        Ela pegou o garoto e levou-o até sua caminha, aos pés da cama da mãe. Deitou-o e deu-lhe seu remédio (que por sinal havia atrasado dez minutos). E então abriu um livro enorme e empoeirado que estava acima do console da lareira, agora acesa, e começou a ler, enquanto acariciava os cabelos ruivos e raspados do filho.
        A criança parou quietinha para ouvir aquela história, mesmo que já conhecesse de cor e salteado, depois de tê-la ouvido durante noites e mais noites de crise. Mas algo naquela história parecia fascinar o garoto. Algo que, mesmo sendo apenas uma estória, parecia despertar os desejos mais profundos do pobre e ingênuo moleque.
        A mãe então começou a falar... O garoto já sabia exatamente quais eram as palavras que estavam escritas. Do início ao fim. Mas gostava de ouvir sua mãe, gostava do jeito como ela o tratava. Gostava de tê-la por perto quando a dor era insuportável.
        — Há muito, mas muito tempo atrás... — Começou a mãe, percebendo os olhinhos lacrimejados do garoto, que agora brilhavam de alegria.
        "...havia um homem que sentia um imenso amor por seu pokémon. Então, desencadeou-se uma guerra e este pokémon que o homem tanto queria teve que tomar parte dela. Passaram-se muitos anos... e aquele homem recebeu uma pequena caixa com a flor que seu pokémon carregava... Mas ele teria que trazê-lo de volta a vida, pensou, a qualquer custo.
        "Para isso, o homem construiu uma máquina capaz de reviver a seu Pokémon. E foi desse modo que conseguiu reunir-se a seu amado Pokémon. Mas aquele homem havia passado por um autêntico cemitério, seu coração ainda ardia de raiva. Ele não podia... Não queria perdoar o mundo que havia causado tanto dano a seu Pokémon. Por esse motivo, decidiu transformar aquela máquina em uma Arma Definitiva.
        "Assim, esse homem se tornou o arauto da destruição que pôs um fim naquela guerra. Seu Pokémon, que agora contava com o dom da vida eterna, teve um intuito. Se deu conta de que voltou a vida graças à energia de outros pokémons sacrificados. E, á consequência desta revelação, abandonou pra sempre esse homem..."
        A mãe então desenterrou-se do livro e quando olhou para a cama, percebeu que seu filhinho havia adormecido. Seu lábios começaram a pesar e uma dor terrível atingiu sua garganta, como um peso de agonia e as lágrimas desabaram. Ela sabia que seu filho ia morrer, e se ela fosse aquele homem, teria construído até mesmo a mais poderosa das máquinas para trazê-lo de volta...

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4 Comentários

  1. Gostei desta ideia dos Flashfire, principalmente para mim que não acompanho a fanfic faz tempo, nem lembro bem onde parei para ser sincera, mas quero retomar a leitura assim que for possível... Enfim, achei a história bem triste, algo me diz que essa criança é algum personagem actual da main story, mas não me diga quem, quero descobrir por mim :v digo que é alguém da história porque contou a lenda da ultimate weapon a essa criança, mas também pode ser só para apresentar essa lenda e a criança realmente morreu... perguntas e mais perguntas... xD
    Adoro a forma como você descreve os cenários e as emoções dos personagens, você consegue fazer o leitor entrar no seu conto e isso é o que eu mais aprecio quando leio algo. Você têm um talento incrivel, espero ver mais flashfires em breve, quanto aos capítulos eu tenho mesmo de me atualizar :3

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  2. Muuuuuuitíssimo obrigado pelo comentário e pelos elogios! Nossa, assim eu até tenho vontade de escrever mais e mais capítulos. Bom, você adivinhou, é uma criança da história principal SIM e a história dela provavelmente vai chocar a muitos, mesmo que ainda não esteja completamente desenvolvida.
    Prometo que essa Season 3 será cheia de "traumas" e abalos não vistos em nenhuma outra temporada e seria legal se você acompanhasse, pois está se tornando cada vez mais emocionante o modo como eu escrevo e o modo como os personagens vão desenvolvendo a história por si só. Mais uma vez, muuuuito obrigado pelo comentário e é claro, boa sorte com a Pokkén Fighters! ;)

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  3. Parabéns pelo capítulo. Adorei demais, e espero novos em breve. Gostaria muito de ver história de personagens com o Wood e Calem. Continue sempre assim, com esse talento que Deus lhe deu de proporcionar diversão para os outros. Mais uma vez, Parabéns.

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    1. Muito obrigado :)
      São comentário assim que me inspiram a escrever mais e mais :D

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