Capumon Adventures — Capítulo 01

O meu nome é Beta e eu sou uma treinadora Capumon. O nome dele é Red e ele é um treinador Pokémon. A mulher de cabelos azuis, montada em uma Latiken nos falou que aquele era o nosso destino. Nos cruzarmos na linha que separa os dois mundos. A minha missão, segundo ela, era deixar que Red entrasse em meu corpo, porque ele devia executar alguma ação do lado de cá. Eu não entendi, é claro. Mas aconteceu. De repente, eu estava presa em um mundo estranho, de onde podia enxergar o meu próprio corpo preso em uma cama de hospital, mas o pior de tudo, nem foi isso... Foi quando ele resolveu começar a acordar... Não havia a Beta lá dentro. Havia um garoto. E isso era estranho.


Capítulo I - VS Gyaoon

Red abriu os olhos e estava um pouco tonto, enjoado. Estava em uma sala muitíssimo branca e bastante limpa. Era um hospital, e ele estava completamente entubado, o que o dava uma agonizante sensação de incapacidade. Mas ele imediatamente percebeu que havia algo errado. Estava... Diferente. A sensação de seu corpo era nova.
Uma enfermeira, que coincidentemente estava no quarto no momento de seu despertar, o ajudou com os aparelhos e em sua subsequente volta à consciência.

— Onde estou? — Perguntou, depois de alguns minutos, sem perceber que sua voz estava mais fina. Era de menina.
— No Hospital Cápsula! — Respondeu prontamente a enfermeira.
— Não! Onde..? Em que lugar do mundo? — disse Red, ainda sem prestar atenção na própria voz. — Desculpe... Eu estou um pouco sem memória.
— Você está no NIPPON (日本:にっぽん), Beta! Sua Terra Natal! — disse a mulher.
— Beta? Por que está me chamando assim? E... Nippon? Que lugar é esse? Como assim minha terra natal? — Perguntou Red, ainda sem entender o que estava acontecendo ali.
Então, avistou ao seu lado, a figura de uma mulher toda de branco. Ela tinha lindos cabelos azuis, espetados para trás e montava um Pokémon bastante incomum. A enfermeira não se importava com sua presença.
Ela olhou para Red e fez que não com a cabeça, como quem dizia para ele se manter calado. Red então decidiu confiar no que via, e ficou quieto enquanto a enfermeira o comunicava de seu quadro.
— Você não sofreu nenhuma concussão ou traumatismo. Nós não entendemos porque você ficou em coma! Foi... Tão de repente, de uma hora para outra! Talvez as memórias voltem com o tempo, mas precisamos fazer uma bateria de exames agora que está acordada!
Espera aí... Ela disse... AcordadA? Com "A" no final?
Red não entendia, mas a mulher de branco o olhava fixamente, passando uma sensação de tranquilidade e de... Conformidade com a situação. Era tudo parte do precesso. Então, alguns flashes começaram a voltar...

— Essa não! — Gritou Red.

Mas não adiantava correr, não havia saída, Lance já estava no comando de um poderoso ataque por parte de Dragonite: um Flamethrower de proporções jamais vistas!

E como um sweeper, Dragonite varre todos os pokémon de Red, mesmo tendo eles sido ressuscitados e podendo ser usados todos de uma só vez contra ele.

— Red! — Gritou Yellow.

— O Cristal da Consciência! — disse Green.

Red pegou o último dos três cristais e por um momento... Parecia não saber se deveria ou não fazer o seu uso. Mas então fechou os olhos e lançou-o em Pikachu, deitado no chão. Pika segura o cristal e rapidamente, começa a sugar Red, Green, Yellow e Blue para dentro da joia.

Red manteve-se consciente e calado.
A moça, que ninguém mais parecia enxergar, permanecia do seu lado.
Red passou por uma ressonância magnética, várias picadas de agulha e muitos outros procedimentos, só para constatarem que ele estava em perfeito estado de saúde.
— É incrível! — disse o doutor. — Você está plenamente bem! Não entendo porque esteve em coma, Beta!
— Ela relatou estar tendo algumas... Dificuldades em se lembrar!
"Ela"? Esta era a segunda vez que a enfermeira se referia a Red como menina. E a segunda vez que o chamavam por aquele nome... Beta.
A mulher de branco olhou para Red com uma cara de advertência, e Red entendeu o que deveria fazer, dizendo:
— E-eu... Acho que já estão voltando. Eu simplesmente me sinto muito bem!
— Bom, não vejo razão para não te dar alta! — disse o médico. — Você está em perfeitas condições, mocinha! Mas, ficará no hospital hoje à noite, em observação! Só para constarmos se não há nada errado mesmo! Porque aparentemente, o seu caso... É um milagre! Quase como se tivesse fingido ter passado por um coma! Agora, se me permitem...
E o doutor se retirou do quarto. 
A enfermeira perguntou então para Red:
— Quer ver seus Capumon? Agora que já está bem, eles poderão lhe servir de companhia, se serve de consolo.
Red nem sabia o que era Capumon, mas disse, sorridente:
— Claro!
E então, a mulher lhe passou uma caixinha que estava debaixo da cama, com seis cápsulas extremamente parecidas com as pokébolas do qual estava acostumado, porém... Diferentes.
— Pode... Me ajudar a abrir? — Pediu Red, sem entender como o mecanismo funcionava. Mas para disfarçar (como lhe recomendava mentalmente a mulher de branco), complementou: — Eu... Estou com as mãos um pouco dormentes ainda.
— Claro, senhorita!
A enfermeira apertou um botão na parte superior das cápsulas e a metade branca (que era a de cima, ao contrário da pokébola, que era a parte de baixo) girou, expelindo seis criaturas horrendas. Então, a enfermeira saiu.
Red se assustou. Era como se estivesse de frente para alienígenas. Ele nunca vira aqueles seres de perto e nem sequer cogitava a sua existência. Eram Pokémon, mas muito, muito diferentes...

O primeiro, tinha o nome "Gyaoon" escrito na Cápsula de Monstro. Era uma fera colossal, de corpo encouraçado feito armadura, com dentes e garras afiados. Poderia facilmente ser do tipo Rocha.
O segundo era "Pippi", cuja sílaba tônica localizava-se na primeira metade da palavra. Era uma versão... Arredondada de uma Clefairy. Seu tipo era o Normal.
O seguinte chamava-se "Deer" e era uma espécie de antílope com espinhos e protuberâncias ósseas por todo o corpo. Provavelmente tratava-se de um tipo Normal, também.
O quarto tinha o nome "Seel" entalhado, mas em nada se parecia com o Seel que Red conhecia de seu mundo. Era cheio de fiapos de cabelo, pintas, dentes afiados e era... Extremamente gorducho e feio comparado com a versão que ele conhecia. Seus tipos permaneciam Gelo e Água.
O quinto era "Crocky", um réptil cabeludo de enormes proporções oculares. Suas pernas e braços eram subnutridos, mas isso não reduzia sua aparência de predador voraz. Tipo Água puro, chutou Red.
    
Já o último era "Baloonda", uma espécie de... Balão com vida. Baloonda era cor-de-rosa e parecia sorrir, com uma expressão que ao mesmo tempo em que era fofa, era assustadora. Red chutou o tipo Voador.

Mas ao mesmo tempo em que Red tinha uma fascinação em ver aquelas criaturas tão diferentes e... Intrigantes, ele ficou com medo, porque o primeiro, Gyaoon, começou simplesmente a FALAR com ele:
— Red? É você? — Perguntou o Capumon, que cheirava o corpo de seu treinador.
A voz era de pedra e extremamente amedrontadora.
— Você fala? — Perguntou Red.
— É claro que eu falo! — disse Gyaoon.
— Todos os Capumon falam! — Completou Baloonda.
— Que loucura! — Red exclamou! — Mas e você... Por que não me chama de Beta, como os outros? — Perguntou o garoto, dirigindo-se à Gyaoon.
— Porque eu vim com você! Sou eu, o Pika! — disse Gyaoon.
— O que?  — Red estava em choque. Como seu tão lindo Pikachu havia se transformado... Naquilo? E que raios de lugar era aquele?
— Nós estamos entre amigos. — Avisou Gyaoon, quer dizer... Pika. — Mas você deve sair desse hospital imediatamente. Estamos aqui, porque temos uma missão.
— É verdade. — disse uma voz feminina aproximando-se de Red. Era a mulher de branco, que voltara a aparecer. — Você, Red, é um treinador muito especial. E você foi enviado para cá para ajudar este mundo a se recuperar das atrocidades que você vêm cometendo... Quer dizer... A sua versão daqui. O Red daqui é cruel. Ele usa chicotes para açoitar os Capumon e é ele quem está por trás de toda a violência que acontece com os Capsule Monsters, ou como você diria... Os "Pokémon" daqui.
— Mas... E o pessoal? E o Blue, a Green e a Yellow? — Perguntou Red, lembrando-se de sua batalha contra a Equipe Rocket, do lado de lá, onde acabou recorrendo ao uso do Cristal da Consciência.
— Você vai voltar para a sua dimensão, quando for a hora. Mas enquanto estiver aqui, eu quero que encontre e derrote a si mesmo. Só assim você conseguirá provar para "aquele Red", que é errado o que ele está fazendo.
— Mas...
— Nada de mas! — Ralhou a mulher. — Você vai voltar, quando chegar o momento. Agora, concentre-se em conhecer o corpo da Beta. Ela te emprestou a própria imagem para que pudesse se materializar nesta linha temporal.
— Beta...? Então... Eu sou mulher aqui? — Perguntou Red.
— Você, não. O Red daqui, como eu disse, é um treinador... Duro de roer. Mas a Beta... Sim. Ela é a Campeã da Liga Kanto. Aliás... Você deveria encontrar um mapa. Olhe! Tem um ali, naquela parede.
Red olhou para onde a mulher apontou, e de repente, quando voltou a olhar na direção em que ela estava, ela havia desaparecido.
Então, ele saiu da cama, meio cambaleando e foi olhar o tal mapa. Ele mostrava um lugar totalmente diferente, jamais imaginado... Nippon ou Nihon... Japão.
Kanto ficava bem ao sul e era facilmente reconhecível... Porém, seu tamanho era consideravelmente pequeno. Resumia-se a uma cidade, cuja legenda dizia embaixo... "Capital".
— Que lugar é esse? — Perguntou Red, para si próprio.
Foi então que os seus Pokémon, ou melhor, os Capumon da Beta, começaram a falar...
— Este é o país de Nippon! — Avisou Crocky.
— Foi aqui que a nossa treinadora nasceu. — disse Deer, que tinha uma voz chique do estereótipo típico de um mordomo francês, que falava com uma batata na boca. — Cada pontinho desses é uma região, com várias cidades dentro. O conjunto de todas as cidades forma uma região. O conjunto de todas as regiões formam um país. É básico.
— Então... Kanto é uma região, dentro de uma região maior? — Perguntei.
— Não, Red. O conceito que você tinha de região não existe aqui. — disse Pika... Gyaoon, ou seja lá qual fosse o nome dele. — Região é região. País é país. E Kanto é uma região que é a capital do país de Nippon, portanto, possui uma liga Capumon local.
— Como Beta nasceu em Nihon, ela participou primeiro da Liga da Capital, onde encontrou-se pela primeira vez com o... Red daqui. — contou Baloonda. — Ela colocou na cabeça dela que agora, ela iria participar da liga nacional... Das outras regiões e cidades que fazem parte do país, porque ela precisa ficar forte para derrotar o Red.
— Então há duas ligas Poké... Quer dizer... Duas Ligas Capumon? — Perguntou Red, tentando compreender.
— Basicamente, sim. — disse Pippi, com uma voz de criança. — Existe a liga nacional, que acontece em todas as regiões que formam o país, com concorrentes de todas elas... E as demais ligas regionais, que só são permitidas para os treinadores nativos ou atual residentes daquela região. A liga Kanto é a liga exclusiva da capital. Mas cada região possui suas próprias cidades, seus próprios líderes de ginásio, e é claro, sua própria liga. Somente o treinador que vencer uma liga regional estará apto a se inscrever na liga nacional.
— Beta já participou da liga da capital, agora ela quer ir para os demais cantos do país para ficar mais forte. — Complementou Baloonda.
— Okay... Então eu... Ou melhor... A Beta... Ela venceu a liga da Capital e agora está indo para as demais cid... Quer dizer... Para as demais regiões, que competem todas entre si, em uma única e grande liga? É isso?
— Exatamente. — Disseram os seis, em coro.
— E vocês... Por que não me chamam de Beta, mas de Red?
— Ah, isso é estranho, Red. — disse Pika, que era o único que conhecia Red ali. — Aqui as coisas são... Peculiares. Quando um treinador captura um capumon, ele aprende a falar com eles, porque suas almas se conectam de tal maneira, que apenas treinador e capumon conseguem se entender. E a Beta... Bem, ela tinha uma aura, você tem outra. Eles sabem que você não é ela.
— É tão óbvio assim? — Perguntou Red.
— Dãã. — Debochou Deer.
Então, ao lado do mapa, Red avistou um espelho. Hesitou em se aproximar, mas tomou coragem e o fez ainda assim.
Red estava em um corpo extremamente familiar... Seu rosto, tudo. Ele conhecia de algum lugar, mas não conseguia se lembrar de onde.
Então, alguém bateu na porta. Red tratou de deitar-se novamente e fingir que nada tinha acontecido.
— Posso entrar? — Perguntou uma voz que também era familiar.
— Pode. — Falou Red, que tentava fazer uma voz de menina, mas nem precisava, porque ele já tinha uma.
E quando ele pôs os olhos em quem havia entrado, ele compreendeu quem era a menina Beta no mundo de onde viera... Era Daisy Carvalho. E aquele menino, de cabelos pretos e roupa púrpura, só podia ser a versão local do Blue Carvalho, que era irmão de Daisy.
Blue tinha consigo três Capumon distintos. Um que parecia-se muito com um Tyranitar, só mudava alguns aspectos bem minuciosos (como seu tamanho, por exemplo), outro era uma tartaruga, que muito lembrava uma Tirtouga e o terceiro e último era... Diferente. Cor-de-rosa, fofo e cheio de patas.

  
— Irmã! — disse o garoto, que até a voz era igual à de Blue. — Que bom que você acordou! O nosso avô está aí para te entregar o Capumon Inicial!
— Desculpe-me... Eu... Ainda tô com dificuldades para me lembrar... — Improvisou Red.
— Beta, sou eu: Alpha! Você se esqueceu de mim? — Perguntou menino, arrasado.
— É claro que não, Alpha! — Claro que sim. Red o conhecia por outro nome em sua realidade. — Eu estava falando... Do Capumon inicial! 
— Aah... — Então Alpha pôs-se a explicar: — Você é a Campeã da Liga regional de Kanto. Isso você se lembra?
— Sim. — Respondeu Red. Outra mentira. Ele não se lembrava de nada, porque não tinha como se lembrar do que ele não tinha vivido.
— Para a Liga Regional, há uma série de Pokémon iniciais padrão que varia de região para região. Aqui, em Kanto, eles são: Gyaoon, Pikachu e Pippi. Você escolheu o Gyaoon e mais tarde, conseguiu capturar uma Pippi.
Ok. Até aí estava fácil para ele entender.
— Mas e por que eu escolheria outro inicial se eu já tenho o meu Gyaoon?
Pika sorriu o lado de Red.
— Porque você está participando da Liga Nacional, Beta! Para isso, você precisa dos Pokémon iniciais padrão do país! Caso contrário, não conseguirá participar da liga. Essa é a primeira regra. Não lembra, mesmo?
— Eu... Lembro, lembro sim. Agora com você falando, eu estou me lembrando. Mas... Me ajude. Onde está o nosso avô? Ele... É ele quem vai me entregar o meu Capumon inicial, não é?
— Sim, ele está aqui. Posso chamá-lo? — Perguntou Alpha.
— Já deveria tê-lo feito. — disse Red.
Alpha saiu do quarto e chamou seu avô e de Beta: o Professor Carvalho!
 
Red ficou contente. O rosto do Professor Carvalho daqui era o mesmo do de lá. Não havia nada de diferente, senão pelas Cápsulas de Monstro que ele carregava...
— Beta, como você está? — Perguntou Carvalho.
— Eu estou bem! — Falou Red.
— Mentira! Ela tá esquecida, vovô! Tá com amnésia! — Dedurou Alpha.
— Ah, é?
— O médico disse que vai passar! — Falou Red, no corpo de Beta. — Mas o que tem aí, vovô? Trouxe algo de bom pra mim?
— Mas que garotinha interesseira! Parece sua mãe! — Riu o velhote. — É claro! Você continua com o seu desejo de pegar o "Honooguma" como capumon inicial nacional?
Red jamais havia ouvido falar naquele Capumon.
— Não sei, vovô... Estou começando a ficar na dúvida. Deixe-me vê-los mais uma vez. — Pediu, sendo esperto.
— Mas é claro. — Carvalho abriu as três cápsulas e de dentro delas, vazaram três criaturinhas muito fofas.
  
— O primeiro... Happa (ハッパ), do tipo Planta.
 
— O segundo... Honooguma (ホノオグマ), do tipo Fogo.
 
— E o terceiro... Kurusu (クルス), do tipo Água.
 
Red se lembrou de quando escolheu seu pokémon inicial no laboratório do Professor Carvalho em sua dimensão e não pode corresponder às expectativas de Beta. Preferiu começar novamente com um tipo planta.
— Eu... Acho que vou ficar com o Happa, professor! — disse Red, no corpo de Beta.
— Tudo bem, então. Aqui está. — Carvalho colocou Happa de volta na cápsula de monstro e entregou-a a Red. — Mas os seus Capumon atuais... Você vai ter que deixá-los no laboratório comigo, afinal, você só pode levar seis consigo!
— Ah! É verdade! — disse Red, sentindo-se pesado com o olhar dos Capumon ali parados, que o julgavam. Quem ele iria deixar e quem ele iria levar. — Mas eu vou levar todos, profe... Quer dizer... Vovô. Eu vou levar todos e fazer um esquema de rodízio. Pode ser?
— Pode, é claro. Isso é permitido. É a regra número 02 da Liga Nacional. — disse Carvalho, que então olhou para Alpha e cochichou: — Essas mulheres...
— Sempre tão indecisas! — Concluiu Alpha.
E pela primeira vez, na vida, Red pode sentir na pele o que significava machismo...

Postar um comentário

0 Comentários