Acordei-me querendo ficar na cama, como era de costume todos os dias. A mansão (de paredes de vidro, com amplos pilares em tinta branca alvíssima, com uma bela vista por toda a região de Kanto) continuava silenciosa como sempre. Todos os meus troféus, medalhas, símbolos e insígnias estavam brilhando, polidos semanalmente pela empregada. Estava tudo no seu devido lugar...
Kanto, Laranja, Johto, Hoenn, Batalha da Fronteira, Sinnoh, Unova, Kalos... Cada uma daquelas recompensas ali representavam muito mais do que apenas meros objetos simbólicos, mas diferentes histórias que vivi ao longo de meus 29 (hoje 30), anos de idade.
Trinta?! ESPERA AÍ!
É hoje o grande dia!!! Não por eu estar fazendo aniversário, mas por... Por aquela sensação que tem me atordoado há anos, de que algo muito especial está para acontecer nesta data!
Capítulo VII - VS 'M
Levantei em um pulo, rapidamente escovando os dentes e jogando as meias sujas para debaixo da cama, onde ninguém poderia ver. Chamei Ultima Brinca, minha conselheira do povo Draconídeo (e por ironia do destino, mãe renegada de Sird Storc).
Ultima não tinha onde morar e por incrível que pareça, ofereci a ela um quarto em meus aposentos. Aqui vivia também meu primo fotógrafo: Todd Snap. Viver com eles ao meu lado é muito menos solitário do que quando eu morava sozinho...
...Visualizando todos os dias, três estátuas de pedra, colocadas a dedo nos pés de minha cama.
Ah, e se você está se perguntando quem sou... Meu nome é Fire Red, Pokédex Holder da Cidade de Pallet, na região de Kanto, Campeão da Liga Pokémon, Vencedor da Batalha da Fronteira, Campeão do Pokémon World Tournament de Unova, nas categorias Kantonianas e Mundiais e há apenas alguns meses... Lenda das Batalhas no campeonato conhecido como "Battle Tree", na região de Alola.
E desde minha experiência extrasensorial de viagem interdimensional (que eu nunca consegui provar ao mundo sua veracidade, ao contrário do que vocÊs podem ter pensado), eu tenho tido... Pressentimentos... E esses pressentimentos, eles vêm acompanhados de flashes, visões, cheiros, sensações de toque pelo corpo, premonições. Ultima é uma médium de altíssima influência espiritualista (ela inclusive, apoia os objetivos da Equipe Plasma, pois acha que o correto é manter os Pokémon fora de pokébolas, ao natural) e têm me ajudado com essas influências, digamos que... "do além".
E como parte deste dom com o qual fui agraciado, tive um pressentimento há muito tempo atrás e ele tem me perseguido nos sonhos todos os dias, durante 12 (doze) anos. Este pressentimento diz que no meu aniversário de 30 (trinta) anos, eu seria visitado por aqueles que há muito deixaram esta Terra. Digo... Meus amigos Green, Blue e... Minha namorada Yellow, com o qual eu ainda mantinha nutridos todos os sentimentos desde que eu tinha 18 (dezoito) anos de idade.
Reuni-me com Ultima nos pés de minha cama e fiquei olhando para as três estátuas, à espera do acontecimento.
— Tem certeza? — Perguntou-me última.
— Alguma vez eu já falhei? — Perguntei de volta.
E a resposta não poderia ser outra:
— Não.
E Ultima ficou ali, unida a mim pela mesma fé: a de que as habilidades que adquiri com a transposição de dimensões iria me guiar para um reencontro de gerações.
Uma hora se passou. Duas. Três. Seis. E nada.
Eu não convidei ninguém para ir à minha casa em meu aniversário, mas mesmo assim, eu tive que dispensar vários amigos que bateram à minha porta. Era uma data tão importante, que eu não queria me distrair e perder nenhum detalhe.
E foi quando Ultima e eu estávamos adormecidos nos pés da cama box, que começou a acontecer... Era por volta de umas 7 (sete) horas da noite, e um barulho de rocha se partindo inundou o ambiente, acordando-me (Ultima seguiu num sono só, roncando alto).
— É agora! — disse eu, com o coração na mão, já emocionado. Estava acontecendo.
— Arceus! — Rogou Ultima, dormindo. (Ou talvez ela estivesse presente via projeção astral — vai saber!).
As três estátuas que eu mantinha bem refrigeradas em meu quarto começaram a se partir e os contornos de seus desenhos, a amolecer. Eles estavam voltando.
Blue foi o primeiro. Assim que Blue voltou a focar a visão e me enxergou, ele ficou desorientado. Estava descrente de que aquele fosse eu. Mas muitos anos haviam se passado, mais de uma década, e eles, os três, haviam ficado congelados para sempre no tempo.
Talvez nem tão congelados assim... Seus corpos de pedra haviam crescido nesse meio tempo. Não tanto quanto deveriam ter se desenvolvido, mas já estavam com características adultas. Um tanto retardado esse crescimento, mas ainda assim, efetivo.
Estava eu com uma aparência de trinta anos (bem, não vamos exagerar, eu aparentava ter bem menos. Nada que uns produtos Yvonne não resolvam) e eles também. Mas a mente deles ainda era de... Simples Crianças. Perdidas. Procurando um caminho de volta pra casa.
— R-Red? — Perguntou-me ele, tossindo e expelindo pó de rocha da garganta.
— Blue! — Corri e abracei-o tão forte, que acho que ele meio que sufocou. As lágrimas já pingavam de meu queixo para baixo, e eu simplesmente não podia estar acreditando no que estava acontecendo. Eu estava certo, não estava? Meu tino sempre foi bom em predizer coisas.
— O que... O que é que aconteceu? — Perguntou ele. — Eu estive... Esse tempo todo no limbo! Mas... Só se passou uma hora do lado de lá!
— Não se pode medir a eternidade, Blue. Não se pode medir. — Respondi eu, deixando no ar. — Mas que bom que está de volta! Eu rezei tanto para que esse momento chegasse! Só pra eu poder te dizer... Obrigado. Obrigado por ter me protegido durante todos aqueles anos em que esteve como agente duplo na Equipe Rocket. E desculpa a minha rebeldia, pelas coisas estúpidas que eu disse e fiz. Eu... Jamais tive a intenção de te magoar de alguma maneira.
— Red... — Ele começou a chorar também. E me apertou em mais um abraço forte. Aquilo dizia que ele me perdoava, depois de todos esses anos em que me senti culpado por tudo o que havia acontecido.
— Não chore, Red. Eu também... Peço desculpas por qualquer coisa que tenha te deixado ferido. Eu... Juro que não sofri. Não sofremos nada do outro lado. Estávamos aqui agorinha e caramba! Já se passaram doze anos. Nossa... Nós perdemos tanto tempo!!
— Onde... Onde estão Green e Yellow? — Perguntei.
— A Caminho! — Falou Blue, extremamente consciente de tudo o que havia acontecido com eles. — Mas se cada 1 hora leva 12 anos para se passar aqui, então talvez alguns segundos também demore... Talvez cheguem hoje, mais tarde, amanhã, semana que vem ou quem sabe no outro mês.
— T-tem razão...
— Red. — Então ele me pediu. — Leve-me até meu avô.
— Ahn... Blue... — Fiquei sem jeito. Blue logo imaginou que o Professor Carvalho tinha morrido. — Eu... Tenho uma coisa pra te contar.
— Ele... Morreu, não morreu? — Perguntou Blue, já pronto para chorar novamente.
— Não, Blue. Ele... Ele não é mais o mesmo. Está em Pallet. Green e Yellow não vão se importar se a gente der um pulinho lá, não vão?
— Esta é a sua casa, Red? E não é em Pallet? — Perguntou Blue.
— É, uma mansão em Celadon. Pois é... Sabe? Eu mudei muito nos últimos anos. Cansei-me da mesmice de Pallet.
— Ora, ora... Quem diria. Eu... Posso te pedir mais um favor? — Perguntou Blue.
— É claro.
— Deixe-me tomar um banho, amigo! Sinto-me sujo. — Eu me lembrava perfeitamente daquela sensação.
— Ah, é claro! O banheiro... É por aqui.
Depois de emprestar algumas roupas novas para Blue, pegamos um voo Pokémon para Pallet e rapidamente chegamos à cidade onde tudo começou. Fomos ao laboratório do Professor Carvalho e ele ainda estava lá, debruçado sobre pilhas de livros com um monóculo capenga, a fim de tentar enxergar uma mesma página que ele vinha tentando ler há uma semana.
Ele estava diminuindo a cada dia e sua inteligência, definhando.
— Vovô? — Chamou Blue, mas o professor e pesquisador Pokémon não respondeu.
— Professor Carvalho: Olha só quem eu te trouxe! O seu netinho, Blue! — Falei, colocando a mão carinhosamente sobre os ombros corcundas do velhote.
— Ahn... Você deve estar enganado! — disse Carvalho, sequer me reconhecendo como o Red, para quem ele deu o Bulbasaur, há 20 anos. — Este não é meu neto. Ele morreu há muitos e muitos anos. Mande-o embora.
Aquilo parecia ter partido o coração de Blue, que saiu porta afora em prantos.
— O que aconteceu com ele? — Fui atrás de Blue, e ele me perguntou.
— Ele está com Alzheimer, Blue! Ele... Está perdendo as memórias! Mas, ele ainda se lembra de ter tido um neto e sabe que esse neto "morreu" há muito tempo. O primo dele, Gabriel Carvalho, da região de Alola, veio para cuidar dele. Mas... Você pode ficar por aqui, ajudando-o com as tarefas do dia a dia, se quiser. Ele é seu avô, Blue. Aconteça o que acontecer, ele ainda ama o netinho que jura ter... "Perdido".
Blue me abraçou novamente.
— Não. Vamos para sua casa em Celadon, Red. Green e Yellow podem chegar a qualquer momento.
E assim foi. Pegamos nosso voo de volta e chegamos em alguns minutos em minha respeitável mansão de vidro.
— Por favor, Red. Diga-me que não tem mais notícias ruins para me contar... — Implorou Blue.
— Eu tentei, durante muito tempo, revertê-los e trazê-los de volta à realidade com o Separador de Partículas do Bill. Mas numa dessas, ele acabou se fundindo definitivamente com uma Clefairy em um processo irreversível. Talvez essa seja a única notícia mais... Desgostosa que você pode ouvir de minha boca.
— Entendo. — disse Blue, que nunca foi muito fã do sistema de fusão de células de Bill.
— Bom, você quer notícias boas? Eu consegui prender Carr e Orm naquele mesmo dia. Os dois estão apodrecendo na cadeia até hoje. Sird Storc, no entanto, fugiu, mas um treinador chamado Black, na região de Unova, deu conta dela.
Ah, e se você está se perguntando quem sou... Meu nome é Fire Red, Pokédex Holder da Cidade de Pallet, na região de Kanto, Campeão da Liga Pokémon, Vencedor da Batalha da Fronteira, Campeão do Pokémon World Tournament de Unova, nas categorias Kantonianas e Mundiais e há apenas alguns meses... Lenda das Batalhas no campeonato conhecido como "Battle Tree", na região de Alola.
E desde minha experiência extrasensorial de viagem interdimensional (que eu nunca consegui provar ao mundo sua veracidade, ao contrário do que vocÊs podem ter pensado), eu tenho tido... Pressentimentos... E esses pressentimentos, eles vêm acompanhados de flashes, visões, cheiros, sensações de toque pelo corpo, premonições. Ultima é uma médium de altíssima influência espiritualista (ela inclusive, apoia os objetivos da Equipe Plasma, pois acha que o correto é manter os Pokémon fora de pokébolas, ao natural) e têm me ajudado com essas influências, digamos que... "do além".
E como parte deste dom com o qual fui agraciado, tive um pressentimento há muito tempo atrás e ele tem me perseguido nos sonhos todos os dias, durante 12 (doze) anos. Este pressentimento diz que no meu aniversário de 30 (trinta) anos, eu seria visitado por aqueles que há muito deixaram esta Terra. Digo... Meus amigos Green, Blue e... Minha namorada Yellow, com o qual eu ainda mantinha nutridos todos os sentimentos desde que eu tinha 18 (dezoito) anos de idade.
Reuni-me com Ultima nos pés de minha cama e fiquei olhando para as três estátuas, à espera do acontecimento.
— Tem certeza? — Perguntou-me última.
— Alguma vez eu já falhei? — Perguntei de volta.
E a resposta não poderia ser outra:
— Não.
E Ultima ficou ali, unida a mim pela mesma fé: a de que as habilidades que adquiri com a transposição de dimensões iria me guiar para um reencontro de gerações.
Uma hora se passou. Duas. Três. Seis. E nada.
Eu não convidei ninguém para ir à minha casa em meu aniversário, mas mesmo assim, eu tive que dispensar vários amigos que bateram à minha porta. Era uma data tão importante, que eu não queria me distrair e perder nenhum detalhe.
E foi quando Ultima e eu estávamos adormecidos nos pés da cama box, que começou a acontecer... Era por volta de umas 7 (sete) horas da noite, e um barulho de rocha se partindo inundou o ambiente, acordando-me (Ultima seguiu num sono só, roncando alto).
— É agora! — disse eu, com o coração na mão, já emocionado. Estava acontecendo.
— Arceus! — Rogou Ultima, dormindo. (Ou talvez ela estivesse presente via projeção astral — vai saber!).
As três estátuas que eu mantinha bem refrigeradas em meu quarto começaram a se partir e os contornos de seus desenhos, a amolecer. Eles estavam voltando.
Blue foi o primeiro. Assim que Blue voltou a focar a visão e me enxergou, ele ficou desorientado. Estava descrente de que aquele fosse eu. Mas muitos anos haviam se passado, mais de uma década, e eles, os três, haviam ficado congelados para sempre no tempo.
Talvez nem tão congelados assim... Seus corpos de pedra haviam crescido nesse meio tempo. Não tanto quanto deveriam ter se desenvolvido, mas já estavam com características adultas. Um tanto retardado esse crescimento, mas ainda assim, efetivo.
Estava eu com uma aparência de trinta anos (bem, não vamos exagerar, eu aparentava ter bem menos. Nada que uns produtos Yvonne não resolvam) e eles também. Mas a mente deles ainda era de... Simples Crianças. Perdidas. Procurando um caminho de volta pra casa.
— R-Red? — Perguntou-me ele, tossindo e expelindo pó de rocha da garganta.
— Blue! — Corri e abracei-o tão forte, que acho que ele meio que sufocou. As lágrimas já pingavam de meu queixo para baixo, e eu simplesmente não podia estar acreditando no que estava acontecendo. Eu estava certo, não estava? Meu tino sempre foi bom em predizer coisas.
— O que... O que é que aconteceu? — Perguntou ele. — Eu estive... Esse tempo todo no limbo! Mas... Só se passou uma hora do lado de lá!
— Não se pode medir a eternidade, Blue. Não se pode medir. — Respondi eu, deixando no ar. — Mas que bom que está de volta! Eu rezei tanto para que esse momento chegasse! Só pra eu poder te dizer... Obrigado. Obrigado por ter me protegido durante todos aqueles anos em que esteve como agente duplo na Equipe Rocket. E desculpa a minha rebeldia, pelas coisas estúpidas que eu disse e fiz. Eu... Jamais tive a intenção de te magoar de alguma maneira.
— Red... — Ele começou a chorar também. E me apertou em mais um abraço forte. Aquilo dizia que ele me perdoava, depois de todos esses anos em que me senti culpado por tudo o que havia acontecido.
— Não chore, Red. Eu também... Peço desculpas por qualquer coisa que tenha te deixado ferido. Eu... Juro que não sofri. Não sofremos nada do outro lado. Estávamos aqui agorinha e caramba! Já se passaram doze anos. Nossa... Nós perdemos tanto tempo!!
— Onde... Onde estão Green e Yellow? — Perguntei.
— A Caminho! — Falou Blue, extremamente consciente de tudo o que havia acontecido com eles. — Mas se cada 1 hora leva 12 anos para se passar aqui, então talvez alguns segundos também demore... Talvez cheguem hoje, mais tarde, amanhã, semana que vem ou quem sabe no outro mês.
— T-tem razão...
— Red. — Então ele me pediu. — Leve-me até meu avô.
— Ahn... Blue... — Fiquei sem jeito. Blue logo imaginou que o Professor Carvalho tinha morrido. — Eu... Tenho uma coisa pra te contar.
— Ele... Morreu, não morreu? — Perguntou Blue, já pronto para chorar novamente.
— Não, Blue. Ele... Ele não é mais o mesmo. Está em Pallet. Green e Yellow não vão se importar se a gente der um pulinho lá, não vão?
— Esta é a sua casa, Red? E não é em Pallet? — Perguntou Blue.
— É, uma mansão em Celadon. Pois é... Sabe? Eu mudei muito nos últimos anos. Cansei-me da mesmice de Pallet.
— Ora, ora... Quem diria. Eu... Posso te pedir mais um favor? — Perguntou Blue.
— É claro.
— Deixe-me tomar um banho, amigo! Sinto-me sujo. — Eu me lembrava perfeitamente daquela sensação.
— Ah, é claro! O banheiro... É por aqui.
Depois de emprestar algumas roupas novas para Blue, pegamos um voo Pokémon para Pallet e rapidamente chegamos à cidade onde tudo começou. Fomos ao laboratório do Professor Carvalho e ele ainda estava lá, debruçado sobre pilhas de livros com um monóculo capenga, a fim de tentar enxergar uma mesma página que ele vinha tentando ler há uma semana.
Ele estava diminuindo a cada dia e sua inteligência, definhando.
— Professor Carvalho: Olha só quem eu te trouxe! O seu netinho, Blue! — Falei, colocando a mão carinhosamente sobre os ombros corcundas do velhote.
— Ahn... Você deve estar enganado! — disse Carvalho, sequer me reconhecendo como o Red, para quem ele deu o Bulbasaur, há 20 anos. — Este não é meu neto. Ele morreu há muitos e muitos anos. Mande-o embora.
Aquilo parecia ter partido o coração de Blue, que saiu porta afora em prantos.
— O que aconteceu com ele? — Fui atrás de Blue, e ele me perguntou.
— Ele está com Alzheimer, Blue! Ele... Está perdendo as memórias! Mas, ele ainda se lembra de ter tido um neto e sabe que esse neto "morreu" há muito tempo. O primo dele, Gabriel Carvalho, da região de Alola, veio para cuidar dele. Mas... Você pode ficar por aqui, ajudando-o com as tarefas do dia a dia, se quiser. Ele é seu avô, Blue. Aconteça o que acontecer, ele ainda ama o netinho que jura ter... "Perdido".
Blue me abraçou novamente.
— Não. Vamos para sua casa em Celadon, Red. Green e Yellow podem chegar a qualquer momento.
E assim foi. Pegamos nosso voo de volta e chegamos em alguns minutos em minha respeitável mansão de vidro.
— Por favor, Red. Diga-me que não tem mais notícias ruins para me contar... — Implorou Blue.
— Eu tentei, durante muito tempo, revertê-los e trazê-los de volta à realidade com o Separador de Partículas do Bill. Mas numa dessas, ele acabou se fundindo definitivamente com uma Clefairy em um processo irreversível. Talvez essa seja a única notícia mais... Desgostosa que você pode ouvir de minha boca.
— Entendo. — disse Blue, que nunca foi muito fã do sistema de fusão de células de Bill.
— Bom, você quer notícias boas? Eu consegui prender Carr e Orm naquele mesmo dia. Os dois estão apodrecendo na cadeia até hoje. Sird Storc, no entanto, fugiu, mas um treinador chamado Black, na região de Unova, deu conta dela.
Já a Equipe Rocket como um todo... Bem, ela acabou terminando, embora tenha se refeito e desfeito em diversas ocasiões, em diferentes lugares.
Quando ela se espalhou por Johto, por exemplo, e os dois jovens que você conhece muito bem, chamados de Gold e Crystal, com a ajuda de Silver e Lance, expuseram a Equipe Rocket ao mundo no momento em que ela tentou dominar Tohjo na Conferência da Liga Índigo em 1998 (d.Q.).
Mas no fim das contas, o apoio de Lance foi essencial para essa exposição acontecesse e isso fez com que os Rockets desaparecessem por um bom tempo.
Digo, a Elite 4 original... Eles sempre foram "agentes duplos", trabalhando secretamente em prol do bem, mas nem mesmo treinadores tão poderosos quanto eles conseguiram desfazer a Equipe Rocket por completo.
Vez ou outra, os Rockets ressurgem, com aquela ideologia hegemônica de dominação mundial. Mas eles têm estado quietos há tanto tempo, que eu julgo não serem mais o problema que eram antes.
Blue estava boquiaberto, mas era minha obrigação mantê-lo contextualizado.
— E os meus Pokémon? — Perguntou o garoto, querendo saber de seus amigos.
— Os seus Pokémon, os de Yellow e os de Blue, que estavam com você naquele dia ou os que estavam no storage, no laboratório do Professor Carvalho, eu peguei pra mim. Estão todos bem. Mas... Receio que os Pokémon que você tenha deixado no ginásio de Viridian... A Equipe Rocket tenha tomado conta. E posteriormente, quando a Polícia os prendeu, esses Pokémon foram soltos de volta na natureza.
— Ah, não! Rhydon e Nidoking! Eles... Estavam lá. Eu... Os perdi. — Blue respirou profundamente por um tempo. — Mas tudo bem. Pelo menos eles foram libertados na natureza, assim como os Pokémon de Giovanni: Sandslash, Onix, Golem e Dugtrio.
— E tem mais: As Glitch-Joias. Eu me livrei de todas elas. Escondi-as em diversos templos e ruínas de difícil acesso ao longo de minhas diversas jornadas por diversas regiões, para que ninguém tivesse como colocar as mãos naqueles cristais, só o mais qualificados treinadores! A única das 100 (cem) que eu não consegui recuperar foi uma que faz o Pokémon aprender a língua humana em troca de fraqueza extrema. Ela ficou com alguns membros da Equipe Rocket, com um Meowth, se não me engano...
— E os Pokémon que estavam conectados a elas? Digo... À todas as outras Glitch-Joias? — Perguntou Blue.
— Bem, eu consegui reverter os efeitos colaterais e hoje em dia, é como se nada nunca tivesse acontecido. O seu Charizard, por exemplo, parece ter voltado à aprender as coisas no seu devido tempo, agilizando-se na produção de conhecimento e no ganho de experiência. O Squirtle da Green, bem, ele estabilizou e pode evoluir fixamente para Wartortle e finalmente Blastoise. Agora ele é assim e não muda mais. O mesmo para o meu Saur, que hoje é Venusaur e não regride mais.
— Charizard... — Blue sentiu uma nostalgia quase que palpável por seu Pokémon, mesmo que tenha se passado pouco tempo (1 hora) na cabeça dele.
— Ah, essa você vai gostar! Blue, existe uma nova mecânica de Evolução que a Equipe Rocket estava estudando (e desenvolvendo artificialmente para seu Pokémon artificial — Mewtwo), quando nossos corpos de pedra chegaram ao laboratório da Equipe Rocket. Eu pude usá-la pela primeira vez em um dos Mewtwo que eu roubei da ER... Depois em Venusaur, Charizard e por fim, Blastoise. Chama-se Mega Evolução e permite que o Pokémon se conecte ao PokéGod (PokéDeus) correspondente durante uma partida de batalha e depois, retorna ao normal. Bom, pelo menos, é assim que pensa Ultima e sua religião.
* Mewtwo consegue se transformar em Mewthree 1 e 2;
* Venusaur consegue se transformar em Sapusaur;
*Charizard consegue se transformar em Charcolt;
*Blastoise consegue se transformar em Rainer.
— E a Eevee que você me deu... A Vee, bem, ela decidiu por conta própria que não iria mais devoluir e evoluir de novo para nenhuma das eeveelutions que a Equipe Rocket a forçou a se tornar. Ela então ficou muito minha amiga e evoluiu para Espeon, mas eu prefiro chamá-la de Solareon, como Ultima me ensinou sobre o PokéGod do sol.
— Por falar em Charizard, eu posso vê-lo, por favor? — Pediu Blue.
— Mas é claro! — Lancei uma pokébola que estava comigo, para cima. De lá, eis que surge um Charizard maduramente envelhecido. Diferente do que costumava ser, agora com uma personalidade evoluída e cheia de aprendizados de batalha. No nível 100, assim como todos os meus principais Pokémon.
— Charizard! — Blue correu e abraçou seu Pokémon inicial, mas o pokémon subitamente deu uma baforada em seu cangote e o expulsou com um rugido enraivecido.
— Charcolt! — Chamei. — Não é culpa dele, meu amor! Não é culpa dele, ele ter estado longe!
Mas Charizard estava bravo, sentia-se abandonado por Blue. E começou a ficar cada vez mais e mais enraivecido. Apenas eu, como seu atual treinador, conseguia acalmá-lo. Por fim, tive de colocá-lo de volta na pokébola.
— Red... — Blue chorava, desconsolado. — Como é que isso foi acontecer? Até meus Pokémon eu perdi! Em tão pouco... Quer dizer... Faz muito tempo! Mas pra mim não faz, sabe?
Ele começou a soluçar e só o que eu podia fazer era abraçá-lo naquele momento tão doloroso, mas que pra mim, era feliz. Por tê-lo de volta.
Comemos alguma coisa, assistimos a alguns filmes. Botamos o papo em dia, e nada de Green e Yellow voltarem. E o tempo passou. Exatamente uma semana depois do ocorrido, as estátuas delas começaram a desestabilizar e elas subitamente voltaram a respirar.
— GREEN! YELLOW!
Abracei-as com toda a força e calor do mundo, um acolhimento que elas certamente ficaram surpresas em ver.
Expliquei a elas o mesmo que havia dito para Blue. Estava tudo nos conformes. Rainer decidiu voltar para sua treinadora, ao contrário de Charcolt, que rejeitou completamente Blue. Mas no demais, restauramos todos os Pokémon restantes e os devolvemos a seus respectivos treinadores.
E talvez a coisa mais dolorosa que tenha acontecido neste processo de reencontro tenha sido... Terminar com Yellow. Eu ainda sentia tudo o que eu sempre senti por ela, mas... Eu tive de acabar com aquilo. A menina... Tinha voltado para um corpo de adulta, mas sua mentalidade ainda era de uma garota de 18 anos e eu... Não achava justo que um cara de 30 (ou mais) como eu, fosse capaz de manter um relacionamento com ela, que ainda tinha muito, muito a aprender. Eu não me sentia confortável com a situação, afinal, eu envelheci e ela... Ela ficou parada no tempo. Seria como namorar uma criança.
Felizmente, Yellow compreendeu a situação e usou seus dons de cura Pokémon pela primeira vez em humanos. Usou no próprio coração... E no meu.
Doeu? Doeu. Mas... Estava tudo bem.
Ele havia estado no mesmo lugar que meus amigos (eles me explicaram sobre Glitch City, onde nunca cheguei a ir), mas não estava sozinho. Carregava consigo itens que eu jamais vi, mas supunha que fossem Pokébolas primordiais: ou de um povo muito antigo, ou de uma realidade alternativa... Uma urna pontiaguda e de formato curioso, feita de ouro, e uma espécie de dipositivo que mais lembrava um colar, feito de pedras preciosas tão negras, que quase não refletiam a luz, só o faziam porque eram lustrosas, e não opacas.
Giovanni abriu as duas "pokébolas" com técnicas especiais e de dentro delas, revelou dois Glitches que havia conseguido pegar em Glitch City: eles eram iguais (suas formas não podiam se estabilizar em nossa dimensão, então pareciam-se mais com códigos de barra borrados do que com Pokémon, propriamente ditos), mas com características muito distintas, um estava no "nível 0", se é que isto é possível, e havia evoluído de um ovo, o dito cujo ovo estragado, enquanto o outro... Estava no "nível 128", outra coisa impossível de acontecer.
Instáveis e tentando encontrar uma forma de se adaptar e se tornarem tangíveis no novo mundo em que se encontravam, os Glitches começaram a se modificar e transformar-se em criaturas aptas a enfrentarem aquele bioma, até então alienígena, para eles.
O de nível 0 foi a segunda criatura de Giovanni a evoluir misteriosamente (non-sense) para Kangaskhan. E o outro, de nível mais elevado que o máximo possível (lv.100), tornou-se uma Clefairy.
Naquele momento, eu ouvia os pensamentos de Giovanni. Ele achava ridículo que aquilo tivesse acontecido e decidiu engavetar os chamados 'M 's. Mas ele esperava que seu próximo e último Glitch que havia capturado no mundo inferior não se desintegrasse quando aqui chegasse. Ele torcia por isso, porque queria me enfrentar. No fundo, ele tinha medo do que eu tinha visto do outro lado, na dimensão superior. Mas... Ele ainda achava que eu ia levar os créditos por ter descoberto isso. Mal ele sabia que eu nunca tinha conseguido provar para ninguém a minha experiência sobrenatural. Apenas relatos e evidências não são provas concretas de nada, apenas conspiracionismo.
Contudo, até que eu conseguisse acalmar Giovanni e contar pra ele toda a minha história, ele já estaria em cima de mim, tentando me eliminar. Giovanni era louco e estava obcecado pelo multiverso. E eu sabia, naquele momento, naquela visão, que não havia escolha senão derrotá-lo de uma vez por todas, ou a perseguição continuaria por... Vidas.
2 Comentários
Nossa... Esse capítulo foi tão perfeito que poderia terminar por aí ( mas óbvio que não, CONTINUA ), meu Arceus em? O que o Red conquistou não dá nem para contar nos dedos ooooh garoto foda. As pontas que estavam soltas finalmente foram arrumadas e a minha questão láááá do inicio finalmente foi respondida, sim, aquele Charizard era do Blue. Devo confessar que deu uma pena do Blue gigantesca e mesmo depois de ter terminado o capítulo meio que de forma ''feliz'' e sabendo que vai ter um próximo capítulo, eu continuei triste por ele.
ResponderExcluirO rapaz perdeu os seus Pokémon e o seu ''avô'', Alzheimer é foda viu? Uma simples hora para o garoto foi praticamente uma vida e como se fosse num estalar de dedos ele perdeu quase tudo o que tinha, com certeza, dos três ( Ele, Green e Yellow ) foi que o mais deve ter sofrido. Até o seu próprio inicial virou-lhe as costas, não o culpo, deve ser muito difícil para um animal/Pokémon se sentir abandonado, até pior do que nós, não acha? Tem historias por exemplo de animais que ficam esperando seus donos... mas eles nunca chegam...
Foi um excelente capítulo, mesmo sem batalha, considero o melhor até agora. Ótimo trabalho.
Confesso que tive a ideia do Charizard depois do seu comentário! rsrsrsrs Eu não ia explicar isso, mas agora resolvi que vai ser assim
ExcluirSim, o Blue está meio "fofido" mesmo, mas todos sofreram com a mudança de anos. Vermos no próximo capítulo mais dessa história.
Agradeço-te muito pelo comentário! Fico que feliz que tenha gostado!!! ♥
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