Digimon Witch-Hunt - Episódio 01 • Eu Estou Te Esperando!

No interior daquele mundo selvagem havia uma parte pura e intocada, a qual todos os Digimon, sem exceção, consideravam como lar, afinal, era de lá que todos eles brotavam. A Cidade dos Princípios, nada mais era do que uma floresta cheia de árvores e arbustos com as sete cores do arco-íris, de onde cresciam as Digitamas (ovos digitais) contendo os dados de Digimon que morreram, para assim renascerem novamente e terem a oportunidade de uma nova vida. Mas algo havia perturbado aquele equilíbrio eterno da reencarnação cibernética.

As duas últimas Digimon protetoras estavam sob ataque.

Há muito tempo atrás, quando aquele planeta se encontrava em equilíbrio, Angewomon confiou à pequena Tinkermon, a curadoria daquele local. Mas, muita coisa aconteceu desde então.
 
Angewomon, a digimon anjo-mulher, voava às pressas floresta a dentro para avisar Tinkermon de que o perigo estava se aproximando e elas precisariam proteger os bebês antes que algo de ruim lhes acontecesse...
 
Então, Angewomon avistou a digimon-fada ao longe, regando (literalmente), um arbusto repolhudo de Digitamas, mas estas, Digitamas muito especiais, contendo 4 fontes de dados especialmente preparadas por elas duas, como uma última esperança para salvar aquele mundo desta crise sem precedentes que o levou à decadência. Era uma medida desesperada e, muito provavelmente, elas estariam contando com a sorte, mas se elas não tentassem, então tudo o que elas construíram ao longo de éons de existência iria por água abaixo.
 
Vendo a silhueta de sua parceira Tinkermon, Angewomon não hesitou e a chamou, aos berros. Estava sendo perseguida.

 Tinkermon, Tinkermon!
 Angewomon! O que foi? Você está ferida! Não me diga que...
 Sim. Chegou o grande momento!
Angewomon tinha as feições do rosto cobertas por um elmo de guerra, mas Tinkermon conseguia ler seu semblante mesmo por baixo do metal. Era seriedade misturada com pressa, o que gerou em Tinkermon, uma leve sensação de pânico. Dava para ouvir passos pesados e apressados invadindo o lugar, vindo na mesma direção em que Angewomon surgiu.
 Não pode ser... Os ovos ainda não estão prontos! Vai demorar até que choquem!
 Vai ter que dar!
— Disse Angeowomon, com pulso firme, os passos do gigante se tornando cada vez mais próximos...
 Mas--
 Lembre-se que uma vez confiamos no sexo frágil e olha só no que deu... Desta vez, não tem como dar errado. Estaremos lidando com MULHERES.
Os passos se confirmaram com o surgimento de um vulto. Tinkermon não sabia como reagir.
 Mas, Angewomon...

Tinkermon tentou contestar a ordem de sua superior, mas naquele momento, seu rosto inundou-se de uma poeira quadriculada que pouco a pouco ia se desmaterializando, até deixar de existir por completo. Tinkermon deu um berro  de pânico, de surpresa e de não aceitação. Suas mãos tremeram, bem como os joelhos e, por consequência, todo o seu corpo, em uma cólera de dor e de choque. Pequenos fragmentos de dados se desfaziam diante de seus olhos, esvaindo-se ao vento, junto às últimas lembranças de Angewomon. Sua amiga havia SIDO MORTA bem à sua frente.
Uma silhueta maligna enorme surgiu atrás da mesma e a empalara sem dó nem piedade, pelas costas, levando-a a se desfazer por completo, bem na frente de sua subordinada e braço-direito, Tinkermon.
 !!!!
Tinkermon arrastou-se sem palavras pelo chão, colocando-se contra a árvore-mãe. Ela estava com os olhos bem arregalados, quase catatônica. Aquilo havia sido um grande baque para ela, que aumentou a pulsação umas 100 mil vezes e a adrenalina tomou conta, quase a sufocando como as mãos da ansiedade que geram uma angústia em torno da garganta, esgoelando-a pouco a pouco. Aquela tragédia não poderia estar acontecendo... Mas, pelo amor de tudo o que era mais sagrado, estava.
Tinkermon jamais pensara que um dia, sua mentora pudesse ser morta daquele jeito. Ela ficou extremamente em choque e por um momento, seu corpo paralisou ao ver um novo Digitama se formar bem à sua frente, reunindo todos os dados de Angewomon, exceto as memórias de sua vida. A amiga iria renascer, mas não seria mais a mesma. Aquela vida, a que Tinkermon tivera o prazer de compartilhar com ela, havia sido deletada com sucesso, por toda a eternidade.


O Digicore de Tinkermon pulsou mais rápido, e então, mesmo em estado de choque pela visão horrível do que acabara de acontecer, ela não cedeu às emoções. Suas entranhas contorciam-se, pedindo para que ela chorasse e se entregasse, mas Tinkermon sabia que a vida daqueles bebês e, não só deles, mas todo o Digimundo, dependeriam do que ela faria a partir de agora.

Ela acionou o mecanismo de defesa, tocando no tronco da árvore-mãe e passando os seus próprios dados como uma chave para acionar o mesmo. Assim, ela própria começou a falecer, quando os 4 Digitamas que Tinkermon regava naquele momento se teletransportaram dali, partindo em segurança para uma ilha remota. Ela segurou ainda a Digitama recém-formada de sua mestra, Angewomon, e a transportou em segurança também.

A sombra, surpresa com a atitude de sua vítima, gritou com sua voz de pedra "O QUE?!"

 Eu jamais deixarei que vocês me peguem! Ainda mais depois do que fizeram com a Angewomon!

Tinkermon, em um ato de muita coragem, colocou o próprio Espírito para fora e o dividiu em dois, formando estatuetas bem pequenininhas, que brilhavam fortemente.
 
A luz afastou a sombra, que se sentia repelida pela claridade e de repente, a Cidade dos Princípios tomou um silencio muito profundo, enquanto as estatuetas caíam e se enterravam sob as profundas raízes da árvore-mãe.

Tinkermon deixara de existir. Todos os seus dados, incluindo os que formavam o seu corpo, foram convertidos nas estátuas. Os Digitamas não tinham mais quem lhes cuidassem e assim, a sombra imaginou que aquele ato tinha sido de rendimento, autodeclarando-se vitoriosa. Mas o que a sombra não sabia era que mulheres guerreiras jamais desistiriam tão fácil assim...

Projeto NETFICs Apresenta:


Episódio 01 • Eu Estou Te Esperando!

Ano de 2020...
A grande região metropolitana de Tóquio, capital do Japão, estava agitada como sempre, mas naquela tarde em especial, o Senhor e a Senhora Orimoto haviam saído do trabalho para levarem a filha à psicóloga.

O Consultório da Doutora em Psicanálise Avançada Aishwarya Rai, que Zoe chamava de Kali, era sua confidente desde que se mudara de volta para o Japão, há dois anos. Os pais de Zoe sabiam que a garota gostava da terapia e se sentiam muito mais seguros por levarem-na semanalmente às consultas, mas, naquele dia, em específico, eles estavam bastante preocupados com a menina.

Eles sabiam que Zoe não estava se adaptando muito bem ao país depois de ter vivido a maior parte de sua infância na Itália, mas o que mais chamou a atenção deles e os fez saírem de seus trabalhos e levá-la com urgência à Dr. Kali, foi alguns relatos de sonhos estranhos... Sonhos esses que deixam seus pais muito, mas muito nervosos, e Zoe não entendia o porquê.
 Tudo bem, acho que nosso tempo encerrou. Zoe, você me dá uma licencinha enquanto eu vou ali falar com os seus pais?
 Tutto bene!
A Dra, Kali se levantou e foi em direção à sala de espera, onde o Senhor e a Senhora Orimoto estavam aguardando. Enquanto ela saiu, Zoe foi correndo até a mesinha da doutora roubar alguns pirulitos. Ela adorava aqueles doces.
 Senhor e Senhora Orimoto...
 Ah! E aí? Ela está bem?
 É algo que devemos nos preocupar?
 Eu entendo que a Zoe esteja um pouco fechada com vocês ultimamente, mas vocês não precisam se preocupar. A garota está no início da adolescência, é normal que ela comece a esconder coisas dos pais, pois está desenvolvendo sua personalidade e começando a ter suas próprias intimidades e segredos.
 Mas... E os sonhos, doutora?
 Bem, Zoe sempre foi uma menina muito criativa. Os sonhos são só a nossa mente projetando imagens e cenas aleatórias durante a noite, com acontecimentos do dia a dia, enquanto o cérebro faz uma limpa, escolhendo as memórias que deve manter e as que deve apagar.
 Mas nós vimos doutora... Saiu em todos os noticiários!
 Dois ou três meses atrás, em vários lugares do Japão, crianças, pré-adolescentes e adolescentes desapareceram misteriosamente, sem deixar rastros! Eles não levaram mochilas, não levaram celulares, não havia sinal de arrombamento em suas casas e as janelas pareciam todas trancadas por dentro. Não havia traço de sequestro, mas também não havia sinal de fuga. A polícia, no entanto, acredita que eles possam ter se envolvido em uma espécie de grupo online e forjado o próprio sumiço cuidadosamente.
 Após uma investigação que envolveu a polícia de diversas províncias, eles concluíram que havia uma ligação entre todos os jovens desaparecidos: Eles estavam tendo sonhos frequentes com algum tipo de criatura. Talvez esse fosse o "código" do grupo. Talvez isso fosse a forma deles se identificarem.
 Segundo as autoridades japonesas, todos os desaparecidos relataram semanas antes de seu desaparecimento, avistamentos de criaturas em seus sonhos. Segundo a descrição, essas criaturas eram semelhantes a "bebês" de diferentes animais e plantas.
 Bem... O que eu posso dizer? Crianças assistem animes o tempo todo. Não é porque a Zoe sonhou com alguma coisa do gênero que ela necessariamente esteja envolvida com os sumiços.
 Eu sei, eu sei... Mas... Eu estou tão preocupada.
 Não se preocupe, Sra. Orimoto. A Zoe teve um sonho com uma fada, não foi?
 S-sim.
 Então? Isso quebra a sua teoria de que ela estaria tendo os mesmos "sonhos que abduziram" tais crianças. A propósito, acho que vocês dois deveriam vir a uma consulta individual, qualquer hora dessas.
 Nós só estamos preocupados! Não queremos que a nossa Zoe fuja! Sabemos o quão difícil está sendo para ela se adaptar ao Japão depois de tanto tempo fora!
 Não se preocupem, eu não vou a lugar algum!
— diz Zoe, tirando o pirulito da boca. O de morango era o seu favorito.
 ZOE?
 Querida... Quanto da nossa conversa você ouviu?
 Praticamente tudo. Olha pai, olha mãe... Só porque eu mantenho a porta do quarto fechada, não quer dizer que eu esteja conspirando uma fuga de casa. Eu vou esperar vocês lá no carro.
E Zoe sai dali, sabendo que a terapia era muito mais para os seus pais do que para ela.
 A dica que eu tenho é que vocês devem dialogar mais abertamente sobre o que os chateiam com a sua filha e, ao mesmo tempo, entender que ela está se tornando uma jovem mulher e precisa de um pouco de espaço. Eu sei como é ser uma mãe super-protetora, acredite, mas às vezes, é bom deixarmos nossos filhos crescerem. Precisamos fazer isso, por mais que nos doa.
 ...
 Eu... Acho que você está certa, doutora. 
 Muito obrigado. Quanto lhe devo?
 Já não querem aproveitar e marcar uma consulta para vocês? Cobro metade do preço se vierem os dois! 😉
Eles acertam o valor da terapia e logo se despedem.
O Senhor e a Senhora Orimoto então voltaram para o carro e se encaminharam para casa. Zoe não falou nada o caminho inteiro, ela estava muito ocupada conversando com as amigas lá da Itália, pelo celular. Parte da razão pelo qual eles se preocupavam tanto com a menina é que ela havia ficado bastante quieta desde que se mudaram e já não conversava mais com eles, mas Zoe se sentia bem e não entendia a reação dos pais. Era como a Dra. Kali havia explicado. Ela estava se tornando uma moça e tinha agora suas próprias prioridades. Ela queria viver a sua própria vida.

Mas, talvez naquela ocasião, mesmo parecendo que eles estavam exagerando demais, eles estivessem certos. À noite, enquanto dormia, Zoe ouviu uma voz chamá-la pelo nome...
 Zoe... Zoe...
Zoe ouvia um barulho de asas de inseto batendo, um zunido muito forte. Ela estava rodopiando em seus sonhos, em um lugar com muita luz e muita cor, como se fosse um prisma natural. Uma natureza exuberante, algo que não era do seu mundo.
 Você!
Zoe fitou no horizonte, a figura da fada que recorrentemente estava aparecendo em seus sonhos. Os mesmos sonhos que deixavam seus pais tremendamente nervosos.
 Por favor, o tempo está acabando!
 Quem é você? O que você quer?
 Zoe! Venha até mim! Eu Estou Te Esperando!
 Por favor, me diga o seu nome! O que você quer?
 Zoe! ZOE! Siga a luz. Siga a luz.
E Zoe se acordou, de repente, sentando-se rapidamente na cama, toda ofegante. Quando abriu os olhos, seu coração acelerou mais do que quando estava dormindo. Ela viu a figura da belíssima Tinkermon à sua frente, envolta em muita luz e muito brilho e de repente, era como se ela estivesse se dividindo em duas e dessa divisão, eis que surge um portal, pairando do lado de sua cama.
 Me Salve, Zoe. Me salve.
 ...
Zoe hesita. O que era aquilo? O espaço-tempo parecia estar se desdobrando bem ali a sua frente.
 Zoe. Você vai me salvar? Sim, ou não?
 Acorda, Zoe. Acorda.
Zoe esfrega os olhos e "tenta acordar". Mas ela já estava acordada. Aquilo não fazia sentido. O que ela estava vendo era real? Fadas realmente existiam? Será que... Se ela entrasse ali, ela iria desaparecer, como as crianças que seus pais falaram? É claro que não. Ela não iria arriscar a própria pele. Ela não iria entrar no portal.
 Per favore!
Mas, então... Tinkermon fala em italiano, implorando "por favor". Zoe se surpreende.
 Zoe!
E então, algo no interior da menina começa a arder em chamas. Uma mistura de excitação com curiosidade. A vontade de viver uma aventura rumo ao desconhecido. De ser uma heroína.
 Zoe Orimoto... O que você está prestes a fazer?
Ela fala consigo mesma, mas seu subconsciente já tinha tomado a decisão. Zoe coloca um casaco, veste o gorro e avança, fitando aquele portal que clamava por sua entrada.
 Che emozione!
E, sem pensar muito, apenas se deixando levar pelo que estava sentindo naquele momento, ela salta para dentro do arco e desaparece sem deixar vestígios, assim como todas as outras crianças que tiveram o mesmo tipo de sonho.

Lembra que o fato de Zoe não conversar muito com seus pais e ter se fechado para eles era apenas uma parte de ela ter de ir à psicóloga? Pois é... A outra parte é porque Zoe não tinha medo de aprontar e tal qual os meninos de sua idade, ela tinha ZERO medo do perigo. Ela era diferente, ela não precisava ser salva, ela queria ser a protagonista do próprio resgate. Ela era Zoe Orimoto, uma aventureira, uma menina com espírito de MULHER!

Zoe sentia estar caindo, como em um pesadelo em que rapidamente se acordava, num pulo. Mas a garota não estava dormindo. Para falar a verdade, ela nunca estivera tão desperta. Seu sangue pulsava rapidamente e a adrenalina a mantinha entusiasmada para descobrir o que havia no fim do túnel.
Foi então que tudo começou a ficar claro e uma luz arrebatadora a cegou. Ela sentiu o ar ficar mais pesado e, de repente, a interminável queda teve um fim. Ela caiu sobre algo, mas era mais macio do que imaginava, enquanto o portal se fechava às suas costas.
 Aaaahhh!
Zoe demorou alguns segundos antes de adaptar os olhos à claridade ao seu redor. Onde quer que ela estivesse, era de dia e ela não estava sozinha.
 Ei! Quer fazer o favor de sair de cima de mim?
 Mamma mia! Mi Scusi!
Zoe não havia percebido, mas ela havia caído justamente em cima de outra garota. Estava agora montada sobre suas costas.
 Ela não fala a nossa língua!
— disse a garota desconhecida, se recompondo. Ela era bem alta, mais velha, e tinha cabelos tingidos de roxo e usava um lenço no cabelo. Suas vestimentas eram comuns e em seu rosto, usava enormes óculos redondos, o que a deixava bastante fofa.
 P-perdão! Perdão!
Zoe rapidamente se lembrou que italiano não era a língua mais comum de se falar no Japão. Mas aquele lugar... Não era o Japão, era?
Zoe olhou ao redor, junto dela havia mais quatro meninas: a que ela caiu em cima e mais três.
 Há quanto tempo estão aqui?
 Acabamos de chegar, assim como... Bem... Quem é você? Qual é o seu nome? Apresente-se.
 M-meu nome é Zoe Orimoto, e o seu?
 Eu sou Yolei Inoue. É um prazer.
Zoe então olhou para a próxima menina, e ela prontamente se identificou.
 Mimi Tachikawa.
Mimi utilizava roupas de cowgirl, incluindo um chapelão gigante que era pelo menos umas três vezes o tamanho de sua cabeça. Aparentava ser mais nova que Zoe e tinha uma voz doce e meiga, com uma personalidade (pelo menos à primeira vista) puxada para a timidez.
 Tachikawa? É sério?
 É...
Tachikawa era um sobrenome importantíssimo no Japão. As indústrias Tachikawa eram responsáveis pela fabricação e desenvolvimento de tecnologias de ponta.
 Eu sou Sora Takenouchi.
Sora era uma garota diferente das demais. Ela tinha cabelos curtos e utilizava um gorro. Além disso, vestia luvas vermelho-berrante que vinham bem a calhar naquele mundo. Parecia ser bastante animada e alegre.
 E você, como se chama?
A quarta e última menina ali presente tinha uma expressão fechada, com cara de poucos amigos. Prendia seu cabelo ruivo desgrenhado em um rabo de cavalo e não parecia muito a fim de cooperar.

 Ficar trocando figurinhas não vai nos tirar daqui.
— Respondeu ela, rispidamente.
 Poxa, eu só queria saber o seu nome. 😡
 Ruki.
 Ruki...?
Entoa Zoe, na intenção de obter o nome completo da garota, mas ela simplesmente disse:
 Só isso basta.
 Tudo bem, Srta. Ruki-Só-Isso-Basta! Mas... Onde é que estamos?

Pela primeira vez desde que caiu de dentro do portal que se abrira em seu quarto, Zoe pode olhar com atenção para o seu redor. Que lugar era aquele?
Tinha uma natureza exuberante. Havia árvores e mais árvores no que parecia ser uma floresta, mas o mais engraçado é que as folhas das árvores e também a grama pareciam ter pequenos filamentos quadriculados que pareciam ser pequenos pontinhos de luz, à distância, algo que ela nunca viu na Itália, no Japão ou em qualquer lugar no mundo de onde veio. Inclusive o céu e as cores da mata pareciam ser pixelados.
As plantas pareciam ser bastante exóticas, talvez até tropicais e o clima era bastante agradável. Apesar de parecer uma realidade virtual, aquilo era muito REAL e NATURAL como um todo.
 Isso aqui parece um lugar saído de um vídeo-game!
 É verdade. Olhe para esses traços quadriculados. Parecem píxeis de computador se formando na superfície das folhas!
 Será que estamos em uma realidade virtual?
 É bem provável que sim. Esta é a minha melhor hipótese.
 Que legal! Então isso também quer dizer... Que os nossos corpos não são mais de carne e osso e sim...  feitos de DADOS DE COMPUTADOR! (embora eu não sinta nenhuma diferença!)
 Então se os nossos corpos são apenas dados, então quer dizer que nós não morremos mais?
 Errado. Ainda assim devemos tomar cuidado! Lembrem-se que dados podem ser corrompidos,  clonados, deletados permanentemente, recortados, reescritos, sobrescritos e até infectados por malwares! Eu diria que as nossas chances de morrer são bem MAIORES agora!
 Ou talvez, assim como alguns videogames, tenhamos mais de uma vida aqui neste lugar.
 Eu não sei vocês, mas eu não quero testar para ter certeza...
 Aaaii... Eu tô com medo!
 Eu não. Eu vim porque alguém estava pedindo a minha ajuda! E este lugar parece bem REAL para mim! Eu até to cansada! Nunca vi dados cansados.
 É claro que não estamos em um videogame! Isso vai contra as leis da física, Ruki. A sua hipótese não passa de pura lenda urbana! Devemos estar em algum lugar do Japão, é só encontrarmos um adulto aparentemente confiável e pedir informações/ajuda para voltar para casa!
 SERÁ QUE VOCÊS NÃO ENTENDEM?!
 Hum?
 Isso não está me cheirando bem! Havia uns rumores de que crianças estavam sendo sequestradas por todo o Japão, ou que estavam desaparecendo sem deixar rastros... Eu tenho CERTEZA que não estamos mais no Japão e quiçá nem mais na própria Terra! E se estas mesmas crianças vieram para cá?
 Bom, nós temos de descobrir um jeito de voltar para casa em segurança, não?
 Essa não... A coisa é mais complicada do que parece... Olhem para aquilo!
Ruki, a garota rebelde, aponta para uma pequena criatura distante, semelhante a um lagarto cor-de-rosa de cabeça redonda se alimentando de ervas rasteiras. Mas, ao invés de arrancá-las com os dentes e mastigá-las, como qualquer ser vivo faria, ele simplesmente abre a bocarra e as desintegra, desfazendo-as em pequenos cubinhos e, por fim, absorvendo aqueles dados por completo.
 Mas o que é aquilo?
 Eu nunca vi nada assim!!!
A expressão na cara de Yolei e Sora era a mesma: de espanto.
 Aawwwn! Que bonitiiiinho!! 😍
Mas, para Mimi, aquele era só mais um bichinho fofinho.
 Estão vendo? Não estamos em nosso mundo MESMO! Estamos... EM OUTRA DIMENSÃO!!! Acordem!!!!
 Isso não é possível!
 É possível sim! Eu vim para cá através de um portal. Foi assim que vocês também vieram?
 Foi... Ainda assim, parece muito difícil de acreditar...
 Se o que eu estou pensando é verdade... Bem, eu não quero nem imaginar.
 O que foi? Pode falar.
 Aquelas crianças desaparecidas... Todas elas tiveram o mesmo sonho. Vocês não tiveram?
Zoe instantaneamente se lembrou de seus pais e de sua ida à psicóloga. Eles estavam certos, afinal.
 É verdade. Eu sonhei com uma criatura que me chamava para cá, para o outro lado do portal. Mas... Eu não estava mais dormindo.
 Comigo foi a mesma coisa.
 Comigo também.
 E comigo!
 Parece que havia algo ou alguém tentando nos atrair para cá. Mas quem? E por quê? Por que apenas crianças? E... Desta vez... Por que apenas meninas?
Então, naquele momento, algo aconteceu que surpreendeu todas as garotas.
 EI, VOCÊS AÍ! Eu não consigo comer com gente me olhando!
 GYAAAAAAHHHHHH!!!!
 E-ele fala!
 Mas é claro que eu falo! Vocês também falam, não é? Agora, por favor, se me derem licença...
Ruki então, com seu jeito de durona, resolveu ser incisiva.
 Quem é você? Foi você que nos trouxe para cá? Por que estamos aqui?
 Ei, qual é? Não vão deixar eu comer, não, é?
 Hmpf.
 É por culpa de humanos como vocês que o Digimundo se tornou um local isento de liberdade!
 O que? "Digimundo"?
 Outros humanos? Então tem outras pessoas aqui?
 As crianças...
 Escute, senhor... Qual é o seu nome mesmo?
 Ah, eu me esqueci de me apresentar. Eu sou o Bun e sou um Badmon, um Digimon.
 Digimon?
 Será que este "Digi" tem a ver com Digital?
 Eu não estou gostando nada disso...
 E nem eu...
 Ei, garotas... Vocês não estão achando meio silencioso demais? Onde está a Mimi?
Zoe e as outras olham para os lados. Mimi Tachikawa não estava mais ali.
 Ah, meu Deus! MIMI!
 MIMI!
 MIMI!
 Onde foi que essa pirralha se meteu?
As garotas então viram as costas para o tal "Digimon" que tentava se alimentar e vão procurar Mimi pela floresta, mas ele as adverte.
 Ei! Para onde estão indo? Não vão por aí! É perigoso!
 O que você disse?
 Ah! Ali está ela! Mimi!
Zoe encontra a garota acocada, escondida detrás de um arbusto. Ela parecia estar conversando com alguém. Parecia estar... Brincando?
 Mimi, o que você está fazendo?
 Olha, pessoal! Que bonitinhos! São filhotes!
Mimi sai da frente e é possível ver 4 pequenas CABEÇAS saltitantes de criaturinhas que eram meio plantas, meio animais, alegres e sorridentes, como se fossem bebês encontrando suas mães.
   
 Aaah! Fique longe deles! Podem ser perigosos!
 Não somos perigosos!
 R-respondeu!
 Nós estivemos esperando por vocês!
 Que bom que vieram!
 Eu queria tanto te conhecer... Ruki!
 Aaah!!!!
Ruki fica abismada. aquele... "Digimon" falou o seu nome. Então seu cérebro começou a registrar. Aquele tom de pelo amarelo, a cauda fofinha terminada em um tufo branco e o corpo arredondado, quase perfeitamente esférico...
Ela se lembrou da criatura que via em seus sonhos, a chamando. A mesma criatura que a persuadiu a entrar no portal e atravessar a barreira dimensional do mundo dos humanos para o Digimundo.
 Relemon, é você?
 Agora eu sou Pokomon. Eu digivoluí!
 Digivoluiu?
 Mimi... ♥ Eu te Amo!
 Me ama? Mas a gente nunca se viu antes!
 Nos vimos sim! Quando eu ainda era uma sementinha! :3
 Aaah! E você é a Yuramon!
Mimi olhou para a Digimon-planta parada à sua frente e se lembrou de já tê-la visto durante o sono, na forma de uma linda semente saltitante, felpuda como um caroço de manga.
Ela era branca e tinha partes do corpo em lilás, mas o branco que a revestia era o mesmo que dava molde ao rosto da pequena plantinha falante a qual Mimi Tachikawa fitava.
 Agora eu sou a Tanemon!
 Então isso quer dizer...
 Sim, Sora! Sou eu, a Nyokimon! Só que agora, eu atendo por Pyocomon!
Sora Takenouchi recorreu às lembranças dos sonhos recentes, ainda frescas no cérebro e reconstituiu com perfeição o rosto de Nyokimon, a criatura que lhe chamava.
Nyokimon era uma semente, com duas folhas saindo do topo de sua cabeça, que ela usava como hélice para "meio que" voar.
E por último, mas não menos importante...
 Então, você é o Pururumon? Não mudou nada...
O Digimon que Yolei sonhava era um pássaro pequenino cor-de-rosa, que lembrava um pintinho recém-nascido. A verdade é que Poromon ainda era muito parecido com o seu estágio anterior, e isso o frustrava.
 Aff! 😓
 Ué...
 Zoe, o que foi?
 Eu não vejo a Digimon que me chamou para cá.
Zoe olhava ao seu redor, e nada via.
 E que Digimon seria?
 Aaai, que susto!
 Eu não sou tão feio assim, sou?
 Bem...
 Vou fingir que não ouvi. Bem, se Pokomon, Tanemon, Pyocomon e Poromon estão certos, então vocês devem ser "As Digi-Escolhidas"!
 As Digi-o que?
 Escolhidas! Esses bebês estão há muito tempo esperando por vocês... Dia e noite chamando seus nomes!
 E por que vocês estão nos chamando? Como sabem os nossos nomes?
 Precisamos de vocês!
Pyocomon, que se parecia com uma cebola roxa, salta no ombro de Sora e a menina pira.
 Aaaah! Tira de mim! TIRA DE MIM!
 Não há razão para temer! Se vocês foram escolhidas, é porque têm potencial!
 Do que você está falando? O que nós devemos a vocês?
 Vocês não entenderam ainda! Este é o DigiMundo, lar dos Digimons!
 Bem, isso nós já entendemos!
 Como fazemos para voltar para casa? Eu não quero mais brincar disso!
 ESCUTEM COM ATENÇÃO! Reza a lenda que grupos de crianças do mundo humano são convocadas em tempos em tempos para ajudar o Digimundo a escapar de uma desgraça! Mas eu nunca pensei que fosse verdade, até toda essa crise acontecer.
 Crise? Que crise?
 Bem... Eu nunca pensei que fosse verdade que os humanos pudessem salvar o DigiMundo porque... Bem, foram os próprios humanos que acabaram com o equilíbrio que existia por aqui!

Há algum tempo atrás, crianças humanas foram convocadas para realizarem um trabalho para a realeza do Digimundo, mas ao verem o potencial que os Digimons escondiam, os humanos se apossaram de seus poderes e os utilizaram para governar esta Terra.

Os Digimons são seres que naturalmente são capazes de "digivoluir", ou seja, crescer para uma forma maior e melhorada de si, no entanto, naturalmente, este é um fenômeno que leva muitos anos para ocorrer a nível de indivíduo e, devido ao grande número de predadores naturais, muitos Digimon acabam deixando de existir bem antes de conseguirem ganhar braços e pernas. Mas, parece que os humanos, quando interagem com os Digimons, conseguem acelerar este processo!

Com isso, os humanos que para cá vieram, se apossaram de Digimons que foram digivoluindo até se tornarem muito mais fortes do que a grande maioria dos que habitam este planeta, pois conseguiram a digivolução muito mais rápido artificialmente. E agora, eles estão usando os seus poderes para causar horror e destruição. Eles querem "DOMAR" os Digimon para seu próprio uso.
 E por que você está nos contando isso? O que os faz pensar que não faríamos o mesmo com você ou com eles?
 Vocês são diferentes. Parecem ter uma aura boa que me lembra a antiga comandante deste reino!
Ruki estreita os olhos. Ela desconfia que aquilo não seja verdade. Mas, para ela, talvez não fosse legal confiar nem nas outras meninas humanas que estavam ali.
 Estamos dizendo!
 Estávamos esperando por vocês!
 Só vocês serão capazes de lutar ao nosso lado!
 E trazer paz para o Digimundo novamente!
 BUAAAAAH! 😭 Eu quero a minha mãe!
Tanemon então se gruda a Mimi.
 Não chore, Mimi! Você é forte, por isso foi escolhida!
 Lutar? Eu não quero lutar! Eu não sei lutar, eu jogo futebol! Eu nem sei quem são vocês e não entendo nada do que estão dizendo!
 SORA!
 Francamente... Eu tenho irmãos menores para cuidar! Por que é que eu estou aqui, discutindo com um bando de... Cabeças falantes estilo chibi*! Eu vou EMBORA!
Nota = Chibi é uma palavra japonesa dentro do contexto de animes e mangás utilizada para descrever um estilo de desenho caracterizado por personagens com cabeças grandes e desproporcionais ao tamanho do corpo, utilizando-se deste recurso e também de traços simples para deixá-los mais fofos ou cômicos e por vezes, até caricatos. O próprio "Bun" é um exemplo de Chibi.
 Mas, Yolei... Como você vai embora?
 Vocês não estão ouvindo? Há um barulho de água aqui por perto. É só seguirmos o curso do rio e, com certeza, acharemos alguém que possa nos resgatar!
 Oh, Yolei! Nós esperamos muito tempo por vocês! Não podem nos deixar aqui!
 Se virem!
 ...
 Eu quero voltar! To com medo!
 Mimi, não vá!
 Por favor, Ruki! Fique...
 Você sabe como abrir um portal para o mundo humano?
 Não. E se soubesse, eu não diria. Quem quer que se preze a abandonar bebês assim é desprezável.
 Ele está certo.
— Concorda Zoe, surpreendendo a todas as meninas.
 Nós todas viemos aqui devido aos sonhos, certo? E era esse pessoal nos chamando... Agora que chegamos aqui, vamos simplesmente desistir de tentar entender o que está havendo? Veja... Todas fomos guiadas até aqui, acredito eu, por curiosidade. Não vamos sanar essa dúvida? E além disso... Eles estavam nos pedindo ajuda... Não vamos atender ao pedido de quem pede por socorro? Simplesmente vamos virar as costas e ir embora?
 Yolei fica apreensiva.
Naquele momento, Mimi Tachikawa estanca o choro. Zoe tinha razão. A única ali, para falar a verdade, que ainda não estava 100% satisfeita com aquele discurso era Ruki.
 ...
 O que foi, Ruki?
 Eu entendo que você tenha esta vontade de descobrir o que se passa neste lugar.... Eu também tenho! Mas, não seria injusto convencer as meninas a ficarem e arriscarem suas vidas? Não deveríamos trabalhar JUNTAS com o propósito de sair daqui e voltar pra casa?
 Bem, resolver o propósito pelo qual fomos chamadas até aqui pode ser a saída.
 "Pode Ser", mas enquanto as únicas certezas que tivermos forem um "pode ser", eu acho que você deveria ficar calada.
Zoe começou a se irritar. Seu sangue começou a ferver. Mas, antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, a própria Ruki continuou...
 Bem... Façam o que quiserem, eu vou dar o fora daqui. Se não estiverem contentes, tudo bem, eu volto sozinha. Não preciso de ninguém pra me atrapalhar mesmo.
Irritada, Ruki abre caminho na vegetação com as mãos e começa a caminhar sozinha para longe dali. E, no mesmo instante, os Digimons que ali estavam, começam a ficar apreensivos.
 Ruki! ESPERE!
 NÃO VÁ POR AÍ!
 O que é isso? Que barulho é esse?
Mimi era boa de ouvido. Havia algo como um zumbido extremamente alto se aproximando cada vez mais.
 Eu disse que por aí era perigoso! Este é o lar... DOS INSETOS GIGANTES!!!
   O QUE?!
 V-você disse... Insetos Gigantes?
Então, naquele exato momento, Ruki, que estava bem à frente na mata, abrindo caminho por entre a vegetação, volta em direção às meninas, correndo.
 AAAAHHHHH!!!!
Ela deixa escapar um grito, percebe que não deveria estar esboçando uma reação FRACA como aquelas e em seguida tampa a boca comas mãos. Mas, de qualquer forma, foi um bom alerta para as meninas sobre o que estava por vir.
 RUKI!
 ABAIXEM-SE!
— Diz Ruki, se atirando no chão bem no momento em que um inseto vermelho de três metros de altura passa dando um rasante sobre o local onde estava sua cabeça, as pinças afiadas cortando as árvores e também tudo o que havia pela frente.

 O que é aquilo?
 K-KUWAGAMON!!!

Continua...

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