Pokémon Laços: prophecies — Nihon I: Do Outro Lado da Realidade

Anteriormente em Pokémon Laços: prophecies... Na tentativa de desfazer toda a desgraça que aconteceu em sua vida e na de seus amigos nos últimos tempos, Crystal está desesperada, buscando medidas extremas para consertar tudo. Ela então vai sozinha até a Ilex Forest, onde dizem que o Pokémon Mítico Celebi habita, capaz de viajar no tempo e, por conseguinte, alterar a realidade. Crystal quer pedir este favor a Celebi. Ela quer fazer tudo voltar a ser como antes, mas... Parece que ela tem um encontro com alguém que se parece MUITO com Celebi, mas não é ele... Seu nome é Mitei juuni, um ser misterioso que promete levar Crystal e sua parceira Meganium até a "coordenada" onde Celebi se encontra. No entanto, ao aceitarem o convite do Pokémon do além, elas são transportadas não apenas no tempo, mas também no espaço, indo parar em OUTRO MUNDO... 

Nihon I: Do Outro Lado da Realidade


Quando eu entrei no portal criado por Mitei, eu senti uma tontura. Meganium, ao meu lado, começou a gritar e eu sabia que deveria tentar acalmá-la, mas não conseguia, porque eu própria estava em desespero. O chão embaixo dos meus pés estava se desfazendo. O espaço-tempo ao nosso redor se contorcia e ao fazer isso, a própria luz se deformava, conduzindo-nos por uma trajetória praticamente infinita de uma psicodelia vertiginante que desnorteava os meus sentidos, ao ponto de eu desmaiar.

        Eu não sabia que uma viagem no tempo poderia ser tão desconfortável. E de fato, talvez não fosse. Isto porque quando eu me acordei (com muita dificuldade), eu levei um susto. Um susto que me fez entender que o que Mitei se referia como "coordenada", não era de um local nem de um tempo em meu mundo, mas em OUTRO.

        Eu estava olhando para mim mesma... Isto é, de pé à minha frente, erguia-se OUTRA CRYSTAL, uma versão alternativa de quem eu sou (ainda de cabelos tingidos e lentes de contato), e que me encarava com um ar de abominação, bradando em um tom rígido e severo, acusando-me de algo que parecia ser deveras grave:


        — Parada aí! Você está PRESA por Associação a Shinjuku Jack!

        Eu ainda estava tonta e tornei a apagar assim que ouvi isso.


        Quando eu me acordei, estava algemada a uma cadeira. Olhei para os lados e Meganium não estava por ali. Vasculhei o local muito rapidamente e não demorou mais que um segundo para entender onde eu estava: no Laboratório do Professor Carvalho, ou melhor, no MEU laboratório, na Cidade de Pallet. Tirando as coisas, que estavam totalmente fora de lugar (mas não de um jeito bagunçado, muito pelo contrário), as paredes eram basicamente as mesmas.

        Uma coisa curiosa era que o calendário, que deveria estar marcando o ano de 2021 d.Q., na verdade marcava uma data que me era totalmente estranha: "22 de Novembro de SW97". O que diabos era "ésse dáblio noventa e sete"?

        E o que mais me assustou, porém, foi o local onde rotineiramente eu me pegava observando o mapa do conglomerado Tohjo (Regiões de KanTO + JOhto) enquanto realizava meus afazeres diários no laboratório. Aqui, no entanto, havia algo peculiarmente chamativo.


        Era um outro mapa. Um mapa do Japão inteiro, mais especificamente. Mas ao contrário da geografia que estudei no Ensino Fundamental, a divisão política das regiões era OUTRA. Para falar a verdade, nem se parecia uma divisão por regiões, mas uma divisão por "metrópoles" ou grandes centros comerciais.


        Olhando melhor, era possível observar que junto a cada centro metropolitano, havia uma etiqueta com o nome daquela localização. E quando eu vi aquilo, imediatamente surtei.


        Kanto era a única que permanecia inalterada, embora olhando mais de perto, ela parecesse um tanto quanto pequena, pelo menos naquele mapa aéreo. No lugar de Johto, havia duas diferentes localidades: サイレント  "Sairento" e プりンス "Purinsu". E no lugar do imponente Mt. Silver, havia o フジヤマ "Mt. Fuji".

        No lugar de Hoenn, estava サウス "Sausu", uma comunidade com o que pareciam ser 4 pirâmides (ou montanhas, não dava para saber ao certo de longe), muito diferente do clima tropical e repleto de água da região de onde Ruby, Sapphire e Jade vieram. A região praticamente vizinha e lar dos Rangers, Fiore, aqui tinha o nome de バードン "Bādon".

        Movendo o olhar para o norte do mapa, identifiquei também que uma área próxima à Região de Almia estava identificada como ブルーフォレスト "Burūforesuto" ou "Floresta Azul". E mais ao norte ainda, onde antigamente ficava a região de Hisui, hoje Sinnoh, estava ノース "Nōsu", com destaque para as regiões nevadas, nas quais era possível observar com clareza a cidade de Snowpoint, que até estava em evidência no mapa (talvez fosse uma localização importante), mas tinha outro nome. Esforcei-me para ler, apertando os olhos para tentar enxergar as letras miudinhas, e lá estava outra grande diferença. Snowpoint era "Tipton City".

        Pelo Amor de Santo Arceus! Onde eu havia me metido?

        Comecei a me sentir enjoada, com o coração acelerando. Era a ansiedade batendo à minha porta e arrombando, sem esperar ser atendida. Eu já estava arrependida por ter feito tudo o que fiz em segredo. Cara, eu me sentia tão envergonhada agora. E acima de tudo... Tão PEQUENA. Onde eu estava? Em que planeta? Em que universo? Tudo o que eu conhecia havia mudado. Eu não pertencia àquela dimensão. Mitei me enganou e somente agora eu estava percebendo isso.

        Aquele serzinho deveras semelhante a Celebi não me transportou apenas no tempo. Transportou-me também no espaço e me trouxe para outro plano. Um local que parecia ser uma cópia do universo de onde eu vim, mas com algumas diferenças aqui e ali. E agora? Onde ele estava? Como eu faria para voltar para casa? Será que era fisicamente e, sobretudo, humanamente possível fazer esta viagem de volta? Porque eu me sentia fraca e sinceramente, parecia que já ia golfar.

        Mas eu não pude me deter a estes pensamentos por muito tempo. Isto porque eu não estava mais a sós. Ela voltou radiante em seu vestido transluzente, cuja barra cheia de cristais lembravam-me o pelo daquele que outrora eu confundira com um demônio: Suicune.

        — Ah... Finalmente acordou, Bela Adormecida... — disse-me então a outra EU.

        — Quem é você? — Perguntei, mesmo já sabendo da resposta. Aquela ali só poderia ser uma pessoa: Mind Crystal, o exato nome que me deram ao nascer. Ela era igualzinha a mim e eu sentia que isso não poderia ser só uma coincidência. Depois de passar pelo portal de Mitei, as luzes estavam diferentes. Era como se as cores fossem outras. E não apenas isso. De uma forma que eu não sei explicar, minha narrativa mudou quando fui parar do outro lado da realidade. Portanto, aquela só poderia ser outra versão de mim, de uma outra dimensão.

        — Eu sou a Professora Crystal. — disse-me ela. Bingo! Bem como eu imaginara. Então ela era MESMO eu! Mas a minha sósia não parecia estar muito contente. Tinha cara de poucos amigos e me olhava com desprezo. — E você VAI FICAR CALADINHA.

        — Hã?

        — Hoje é dia de entrega dos Pokémon Iniciais e eu não quero ouvir UM PIO sequer enquanto eu faço o meu trabalho, ok? Fique na sua que eu já venho falar com você.

        Ela era durona. Huh... Quem diria? Gostei dela. Queria ser assim também.

        Prometi então colaborar e resolvi ficar calada, enquanto a Professora Pokémon ajeitava meia dúzia de Pokébolas sobre uma mesa. Deduzi que aqueles deveriam ser os Pokémon Iniciais de onde quer que estivéssemos. Mas, ao contrário do meu mundo, aqui parecia haver o DOBRO de opções.


        Então, uma a um, os treinadores iniciantes foram chegando para receberem o seu primeiro Pokémon. A primeira pessoa foi uma menina de cabelos castanhos presos para trás em um rabo de cavalo com um lenço. Ela tinha um olhar afiado e estava preparada para o que desse e viesse. Vestia uma blusa branca com gola e minissaias. Uma clássica "Lass" das rotas iniciais. A diferença era que aquela não era uma garota comum... Eu a conhecia. Em meu mundo, seu nome era LEAF GREEN. Mas aqui, a outra Cristal a tratara simplesmente por Satoko.


        O segundo foi um menino de cabelos pretos, trajando um turbante no qual era possível identificar uma insígnia acoplada. Então ele não era tão iniciante assim? Fiquei extasiada por um minuto e até me senti mais calma, porque aquele ali, de onde eu vim, era chamado GOLDEN HEART. Sim. Meu querido marido, em uma versão mais jovem e mais "rebelde" por assim dizer... A outra Crystal o chamou de Jimmy, um nome que há muito perseguira o meu Gold.

        Era reconfortante enxergar a pessoa a qual eu mais amo, mas ao mesmo tempo, era assustador. Olhar para ele, do outro lado do balcão, sem que jamais me reconhecesse... Não havia no olhar daquele Gold o que havia no olhar do meu. Fogo. Paixão. Amor. Havia apenas indiferença e isso de certa forma doía, mas eu não podia me deixar abalar. Sabia que aquele ali não era ele. O meu estava em casa, me esperando. E talvez ficasse preocupado por eu não aparecer para jantar. Maldito dia em que eu resolvi fazer as coisas às escondidas. Por que foi que eu me deixei levar pelas emoções? Bom... Se eu não deixasse me levar, então não seria eu, não é? Acho que este é o maior problema de me conectar fácil aos outros: eu sou facilmente tomada pela irracionalidade do coração.


        Logo em seguida, chegou mais uma pessoa que eu também reconheci na hora. Era mais magro e o cabelo estava diferente, mas fora isso, só poderia ser ELIO SUNSTAR. Até mesmo as roupas eram idênticas. Tinha em seu pulso esquerdo o Z-Power Ring e isso entregava que havia vindo de Alola. Ou pelo menos, ele já havia viajado por lá. Mas aqui, seu nome era Ray.


        Elio não veio sozinho, no entanto. Estava acompanhado de sua namorada, SELENE MOONSTAR, que tinha um cabelo curtinho, diferente da Selene que eu conheço. Curiosamente, ao contrário de seu namorado, ela não portava um Z-Ring. Na verdade, estava de mãos vazias, o que eu achei estranho, já que ela era uma membro dos "Ultra Guardiões" de Eclipse e, portanto, tinha acesso à mecânica Alolana. Logo assumi que aquela a qual minha outra eu chamara de "Ailey", na verdade não tinha tido nenhuma conexão com o grupo de protetores, que talvez sequer exista neste mundo.


        Não demorou muito e mais um sujeito bateu à porta. Para a minha surpresa, lá estava ele, liberto de seu cárcere: FIRE RED, aqui chamado de Satoshi, entrou todo estiloso, com roupas novas e cabelos relativamente longos para os padrões masculinos. Ele não tinha um olhar sério, no entanto. Pelo contrário, era todo alegre e sorridente, e não hesitava em jogar conversa fora. Parece que este Red aqui ainda não havia se tornado CINZA por dentro. O mundo ainda não o havia consumido.


        E logo na sequência, enquanto estava todo mundo conversando e aguardando, chega então a última pessoa que faltava naquela rodinha para completar a entrega dos 6 iniciais. Esta eu tive uma dificuldade imensa para reconhecer. Era uma moça jovem, enfiada numa miscelânea de roupas que não combinavam de maneira alguma. Usava um sobretudo azul marinho todo estampado que não conseguia esconder suas horríveis calças verdes e xadrezes (nossa, como eu queria desver aquilo). Ela parecia estar trajada com roupas de inverno por todo o corpo, menos na cabeça. Isto porque usava um chapéu igualzinho ao de Moonstar e óculos de sol, em contraste com a quentura de suas peças de tecido.

        Seu cabelo era longo e ondulado. Lindo. Tinha um tom castanho como o de Red, só que mais escuro. E eu só fui compreender que aquela era VICTORIA SHIELD quando ela falou, deixando escapar seu sotaque de quem não possui o japonês como língua nativa. Seu nome, no entanto, de acordo com a outra versão de mim, era Gloria.


        Satoko, Jimmy, Ray, Ailey, Satoshi e Gloria. De certa forma, eu conhecia a todos eles, mas não conhecia a nenhum. Era estranho olhar para eles amarrada detrás daquela mesa e não receber nenhum gesto de reconhecimento de volta. Afinal, todos eles eram meus colegas de Associação. Mas aqui, eu era NINGUÉM para eles. Lógico. A verdadeira Crystal deste mundo estava do lado de lá do balcão, toda serelepe e sorridente, feliz pro ter organizado e reunido aquele grupinho de seis.

        Não pude fazer nada senão ficar em silêncio e prestar atenção no que diziam.

        A Professora que ocupava o laboratório, vulgo EU, então faz uma pequena introdução e logo parte para o que havia de mais interessante: as pokébolas sobre aquela mesa.

        — Meu nome é Marina. Digo... Professora Marina. É um prazer finalmente encontrá-los pessoalmente. — Então o nome dela era Marina? Poxa... Mind Crystal era tão mais legal... — Diante de vocês estão seis pokébolas. Nelas, estão o seus futuros parceiros para acompanharem-nos em vossa missão!

  

        Não deixei de reparar que aquelas pokébolas eram um pouco diferente das que eu trouxera comigo. Elas eram bem vermelhas e ao redor do lacre central, havia uma esfera preta bem saliente, ao passo que em seu entorno, não havia um contorno de mesmo tom. Mas não pude me ater mais a outros detalhes porque logo a Professora Marina começou a falar, e eu precisei escutar tudo para saber exatamente o que estava acontecendo.

        — Dentro destas Pokébolas há 6 Pokémon que lhes servirão de parceiros. Cada um poderá escolher apenas um, no entanto, já saliento que todos são igualmente poderosos. Quem quer começar?

        — Ahn... Professora, poderia nos explicar mais sobre eles? — Pede então Red, quer dizer, Satoshi.

        — Claro. Sem problemas. Em ordem, aqui temos Happa, do tipo Planta. Honōguma, do tipo Fogo. E Kurusu, do tipo Água.

  

        — As pokébolas da sequência contém Chikorino, também do tipo Planta. Depois temos Igaru, do tipo Gelo. E por fim, mas não menos importante, Totodile, do tipo Água.

  

        — Uau. — deixei escapar baixinho, esboçando minha surpresa ao ver aqueles Pokémon tão diferentes e ao mesmo tempo tão PARECIDOS com os que existem no meu mundo! Aquele Teddiursa em chamas era muito fofinho e o Totodile encouraçado parecia-se na verdade com um Feraligatr, sua última evolução, em miniatura. Agora um Cyndaquil cujos espinhos nas costas eram feitos de cristais de gelo ao invés das tradicionais labaredas pontiagudas... Isso o Gold jamais acreditaria se eu contasse!

        — Eu tenho uma dúvida, professora... — diz então Gloria, que levanta sua mão ao mesmo tempo em que chama a atenção de minha outra eu.

        — Só Marina já está bom, Gloria.

        — Tudo bem, então. Marina. Eu tenho uma dúvida!

        — Diga.

        — Qual é a diferença entre a Happa e o Chikorino?

        — Ora, ora... Esta é uma duvida pertinente. Que bom que perguntou. Happa é verde. Chikorino, é amarelo.

        — Só isso?

        — Lógico que não. Eu estava brincando. Tanto as Happas quanto os Chikorinos chegam ao final de seu ciclo evolutivo em um mesmo Pokémon: Hanaryū. Mas o caminho que percorrem para chegar lá é totalmente distinto.

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        — E a única coisa que diferencia as duas espécies (se é que podemos chamá-las de espécies distintas), é a sua coloração. Como dito anteriormente, Happa é verde, Chikorino é amarelo. Além disso, a folha na cabeça de Chikorino apresenta um intervalo, enquanto a de Happa é contínua. Mas estas são questões meramente estéticas. A real diferença está na evolução.

        — Bom, eu já me decidi, professora. Digo... Marina. — diz então Gloria, que é a primeira a se manifestar. — Eu quero Happa.

        — E eu Kurusu. — Diz então Satoko, na sequência.

        E assim, um por um, os iniciais restantes foram sendo pegos por cada um dos treinadores que estavam naquela sala, até não sobrar mais ninguém sem um par formado com um dos Pokémon dados pela Professora Marina.

        Gloria havia ficado com Happa;
        Honōguma foi pego por Satoshi;
        Kurusu havia encontrado uma companheira em Satoko;
        Ailey estava em posse da pokébola de Chikorino;
        Ray analisava seu escolhido, Igaru, como quem analisa uma Alolan Form;
        E por fim, Jimmy parecia pronto para ter uma batalha ao lado de seu feroz Totodile.

        — Muito bem. Agora que todos estão munidos de Pokémon, quero parabenizá-los. — diz então a Profª Marina. — Parabenizá-los porque vocês foram os vencedores da minha seleção e estão oficialmente aptos a participarem da "Sociedade".

        Hã? Do que ela estava falando?

        — Vocês sabem porque eu os reuni aqui. Afinal, todos tiveram de batalhar para chegar onde chegaram. E se hoje vocês estão com estes Pokémon em mãos, significa que são OS MELHORES. Com um objetivo como o nosso, eu não poderia escolher ninguém senão os mais aptos, não é mesmo? Afinal, a "Sociedade Pokémon" está na luta para combater o mal em todo Nihon. Mais especificamente para acabar com as atrocidades cometidas por aquele que consideramos nosso inimigo número 1... Aquele que é procurado em todo o globo e cuja cabeça está valendo uma fortuna. Sim. Eu estou falando de Shinjuku Jack, e é nosso objetivo capturá-lo e entregá-lo às autoridades!!!

        Espera, espera, espera! Então quer dizer que aquele grupinho ali recém-reunido era chamado de "Sociedade Pokémon". E qual outra palavra também significa sociedade? Sim... Associação.

        AQUELA ERA A ASSOCIAÇÃO DESTE MUNDO!

        Santo Arceus! E ao contrário do meu universo de origem, aqui eles pareciam caçadores de tesouro. Na verdade, estavam olhando exclusivamente para a recompensa oferecida para quem quer que capturasse esse tal de Shinjuku Jack. E foi por isso que Marina reuniu somente treinadores Poderosos, que passaram pela sua "seleção" (na palavras dela). Lógico. Se ninguém jamais conseguiu pegar tal bandido e ele é tão procurado assim por ter um valor exorbitante pela sua captura, deve ser preciso unir uma força de combate excepcional para fazê-lo!!!

        Eu não poderia estar mais chocada.

        Mas antes que eu pudesse raciocinar além do que eu já havia conseguido deduzir sozinha apenas observando a conversa daqueles treinadores, Marina então voltou-se para mim e disse alto e bom tom para que eu pudesse escutar:

        — E falando em Shinjuku Jack, meus caros. Eis aqui sua CÚMPLICE! — Marina estendeu sua mão para mim e me acusou de algo do qual eu juro, eu era inocente. Ela tinha um fogo no olhar. Queria me ver MORTA. Gelei na hora, com um arrepio violento me subindo pela nuca.


        — O que?! — Gritei de volta, embasbacada. Agora fazia sentido aquela algema no meu braço, prendendo-me à cadeira.

        — No Way! Você conseguiu capturar uma das comparsas de Shinjuku? — perguntou então Ailey, incrédula.

        — Pois sim. Eu a encontrei próxima a um dos buracos negros criados por Mitei juuni, o principal Pokémon visto nas mãos do homem mais procurado em todo o mundo: Shinjuku Jack. Por alguma razão, ela estava desacordada, então rapidamente a desarmei, retirando todos os Pokémon que ela carregava consigo (e uns bem esquisitos, só para constar). Mas eu estou pouco criativa ultimamente, portanto, gostaria de pedir sugestões a vocês, meus caros companheiros de Sociedade... O que devemos fazer com ela?

        Senti um calafrio. Algo me dizia que eu estava em uma posição muito, muito vulnerável ali.

        — Que tal se botarmos fogo? — Perguntou Red, digo, Satoshi.

        — Não, não. Ela também deve valer muito. — disse Jimmy, que por um momento fez com que eu pensasse que era o meu Gold, tentando me proteger daquela insanidade. Que nada. Ele só estava pensando no dinheiro da recompensa. Manter-me viva era mais vantajoso para ele. E apenas isso. Minha vida resumida em um valor puramente comercial.

        — Eu tive uma ideia melhor: Vamos torturá-la até ela nos levar ao seu líder! — Sugeriu Ray.

        — JÁ CHEGA! —Por fim, berrei, antes que mais alguém desse uma sugestão pior.

        — Olha só... Parece que a bandidinha está se rebelando... — diz Marina, com um olhar debochado.

        — Eu não sei quem DIABOS vocês pensam que eu sou, mas eu não vim daqui! — Gritei, furiosa. Em alguns momentos, quando o medo e/ou a tristeza me eram grandes demais para que eu pudesse suportar, meu corpo os transformava em raiva, para que eu conseguisse proteger tanto minha integridade mental quanto física. — Eu fui SEQUESTRADA. Na verdade, ENGANADA. Aquele tal de Mitei-sei-lá-das-quantas me trouxe para cá prometendo me levar até o Celebi!

        — Celebi? — Pergunta Marina, que parece nunca ter ouvido aquele nome antes.

        — Celebi é um Pokémon muito especial o qual estou procurando para ajudar a salvar meus amigos. — disse eu.

        — Algum de vocês já ouviu falar em Celebi, meninos e meninas? — Pergunta Marina, apenas para receber vários balançares de cabeça e ainda mais "nãos" como resposta.

        — Ela está inventando tudo isso!!! — Berra Satoshi, que tinha um olhar perverso de quem queria ATEAR FOGO em mim. Terrorista do car*lho!

        — Eu achei que você fosse mais inteligente, Professora Marina... — Digo eu então apelando pelo emocional de minha captora. Eu tinha que achar um jeito de me salvar. — Todo este tempo que eu estive aqui e você não foi capaz de ME RECONHECER! Olhe para si mesma no espelho, mulher, e depois olhe para mim! Me diga quem eu sou! Me diga que por trás desses cabelos verdes, dessas lentes de contato fajutas e desse aplique muito mal feito, você não se parece exatamente como eu! Até nossas vozes são iguaizinhas! Como você pode me atacar assim? Ou melhor... Como você pode atacar A SI MESMA desta maneira?! Não está vendo, criatura? EU SOU VOCÊ, SUA IGNORANTE!!!

        — Hã? — Senti então um choque de ideias na cabeça de Marina. Só então ela havia parado para pensar que estava se vendo do outro lado da realidade, só que um pouco mais velha, mais madura e sem tantas alegorias estéticas no corpo para mascarar sua dor. Só agora ela percebeu porque me achava tão... "esquisita".

        — A voz das duas... É realmente a mesma! — Diz Red Satoshi, que também parece só ter reparado nisso agora.

        — É possível que duas pessoas tenham o exato mesmo timbre? — Questiona-se Ailey.

        E aproveitando o ensejo, sigo metendo brasa, para não perder o pique e não deixar que me desconversem:

        — Eu sou VOCÊ, Marina. Só que de outro mundo. Meu nome é Mind Crystal e eu sou uma versão alternativa sua, vinda de outra realidade. Trazida para cá sem consentimento por aquele a quem vocês chamam de Mitei. Eu não faço ideia de quem Shinjuku Jack seja, eu só quero ir para casa e proteger aqueles a quem eu amo! Meus amigos, minha família!

        Apelei para o máximo de drama possível, no desespero de sair logo dali. Mas parece que até mesmo para um mundo Pokémon, aquilo parecia extraordinário demais. Marina não conseguia acreditar em minhas palavras. Ela se reconhecia em minha imagem, sem sombra de dúvida, mas não conseguia por fé no que eu dizia.

        — Como... Como eu posso saber se o que está dizendo é verdade? Especialmente após eu encontrá-la junto de um dos nossos maiores inimigos? O Pokémon Mitei de Shinjuku Jack?

        — É fácil. Você não disse que me encontrou inconsciente? Pois bem... Se o tal Mitei fosse mesmo meu comparsa, porque ele me abandonaria em um estado tão vulnerável? 

        — Talvez ele tenha escapado ao me ver e te deixou para trás tentando proteger a própria pele. Aqueles que servem a Shinjuku tendem a ser egoístas.

        — Bom... Se isto não te convenceu, então tem um jeito de fazer você abrir os seus olhos, Professora. Submeta-me a um procedimento psíquico.

        — Hã?

        Todo mundo na sala arregala os olhos. Um procedimento psíquico é algo extremamente invasivo e a maioria das pessoas JAMAIS daria consentimento para aquilo.

        — Pegue um Pokémon do Tipo Psíquico e o faça entrar em minha mente. Faça-o compartilhar a verdade para que a minha INOCÊNCIA seja provada. — Digo eu, furiosa. Eu queria MUITO escapar daquela situação embaraçosa. Muito mesmo. Eu não estava me sentindo confortável. Estava apavorada, e eu precisava fazer o que fosse para dar o fora dali e voltar para o meu lugar.

        — Espere! — Marina então mostra a palma da mão aberta para mim. — Você diz que veio de outra dimensão... E até tem o mesmo nome de família que eu... "Crystal", não é? Ademais, se parece muito comigo e tem até a mesma voz. Inclusive... A Sua Hanaryū tem um padrão floral diferente ao redor do Pescoço, algo que eu não consegui entender quando vi...


Hanaryū x Meganium

        — Hanaryū? Está se referindo à minha Meganium? Onde ela está?! 

        — Você a verá em breve... Escute... Me desculpe. — Marina suspira, constrangida. — Me desculpe por colocá-la nesta situação. Não é que eu não acredite em você, mas é que o que você está dizendo é algo que é deveras difícil de provar.

        — Então, por favor, me submeta a uma sondagem mental. Eu lhes dou meu consentimento! Eu só quero ir para casa!

        — Eu tenho uma ideia melhor. — Então diz Marina, pegando-me de surpresa. — Se você é mesmo de outro mundo... Então seus Pokémon e suas técnicas de combate devem ser no mínimo "exóticas". Se você DERROTAR todos estes 6 treinadores aqui, em uma batalha, então você poderá ir.

        — O QUE?! — Exclama Satoshi, triste por não poder me incendiar. — Mas você está louca, Professora? E se ela estiver mentindo? E se ela for MESMO uma das comparsas de Shinjuku Jack estiver tentando nos manipular? O nosso grupo... A "Sociedade"... Não foi criado justamente para ISSO? Para combater os crimes deste infeliz?

        E parece que Satoko concorda:

        — Como poderemos deixar uma peça tão valiosa no nosso quebra-cabeças simplesmente escapar?

        — Eu sei, eu sei que eu recrutei todos vocês com a intenção de que me ajudassem a capturar o TIRANO e sei também que esta sujeita foi encontrada JUNTO a um dos maiores suspeitos nesta investigação, Mitei juuni, o Pokémon de Shinjuku Jack, mas acho que devemos dar a ela o benefício da dúvida... O que ela está afirmando é algo fantástico. Uma pessoa advinda de outra dimensão... Bom, se ela estiver mentindo, então ficará evidente na batalha. E se ela tentar qualquer coisinha, somos sete e ela, uma só. Ela não vai conseguir fugir, mesmo que eu devolva todas as pokébolas que tirei de seu bolso. Portanto, posso dizer que é seguro deixá-la provar seu ponto através de uma partida. Afinal, se ela for inocente, então não a teremos feito passar pela experiência de uma varredura ment... — ela deu uma pausa na fala e então eu senti que Marina já havia passado por um procedimento psíquico, por isso, ela não queria submeter outra pessoa à tal situação torturante. — Quero dizer... Se ela for MESMO inocente, poderá nos processar por temos a feito passar pela sondagem invasiva.

        Então era isso? Novamente, fui reduzida a uma questão meramente monetária. Pelo menos dessa vez o medo de levar um processinho me salvou da tortura.

        — Mas, Professora--

        Satoshi então tenta contestar sua superiora Marina, mas é interrompido.

        — PSIU! Eu tomei minha decisão. Como líder da Sociedade, eu deixarei que esta mulher batalhe contra cada um de vocês para que prove sua inocência ou sua culpa. Esta é minha PALAVRA FINAL.


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