Mil Oitocentos e Quarenta e Seis. Cobalt Coastlands.
Liko jamais imaginou que poderia estar numa época destas, em que humanos e Pokémon não eram nada próximos. Mas lá estava ela, nos primórdios da civilização atual.
"Não queremos chamar atenção. Por mais que nesta época as grandes cidades Sinnohanas ainda não tivessem sido construídas, muitas pessoas já vivem por aqui. Tem como desligar as luzes dessa nave?"
"Aaah. Eu vejo porque a sua inteligência artificial não conseguiu fazer isso!"
"Hã?"
"Aqui no Brave Asagi fazemos as coisas de forma manual. Temos Pokémon para nos ajudarem nesta tarefa."
"O QUE?"
Sada se surpreende. Esse tempo todo elas não estavam sozinhas no dirigível? Havia mais tripulantes na nave?
"Venha. Eu vou lhe mostrar."
Liko leva Sada para a sala dos geradores. Lá, dois pequenos Pokémon estavam a postos, para exercerem suas funções, caso necessário. Mas antes, tratou de mostrar a Sada as fornalhas.
"Aqui nosso combustível é fabricado. E tudo isso graças ao Slugma e o Carkol."
"Sério que dois Pokémon não-totalmente-evoluídos conseguem produzir uma queima forte o suficiente para alimentar uma nave deste tamanho?"
"Dizem que um Magcargo em uma erupção de seu poder total pode gerar mais calor do que a superfície do sol. Por isso, um Slugma já é suficiente. Mas em momentos de crise, o Skeledirge do Roy e o Charizard do Prof. Friede também trabalham nas fornalhas."
"Interessante..."
"Além disso, o Alolan Muk aqui (disse Liko apontando para um terceiro Pokémon, que Sada não havia enxergado) cuida da questão ambiental, evitando que gases tóxicos resultantes da combustão poluam a atmosfera."
Depois, Liko foi para a cozinha, onde uma pequena Pokémon de chantili descansava, agora que o Chefe Murdock não estava.
"Nossas melhores receitas são preparadas com o auxílio da Alcremie."
Na sala de comando, Liko mostrou a Sada onde mais um membro oculto da tripulação se escondia.
"Este é Nosepass. Ele gosta de se enfiar dentro dos armários quando o Capitão Pikachu não está por perto, porque aparentemente, os dois travam uma eterna batalha de pique-esconde."
"O Pokémon cujo nariz sempre aponta para o norte, Nosepass... Então ele é uma bússola-viva, é isso?"
"Exatamente..."
Então, na sequência, a garota conduziu Sada à arena de batalhas na parte superior da nave, que estava recolhida. Em um poleiro por ali, estava um Noctowl adulto de olhos bem abertos e fixos, como se encarasse o nada, sem jamais piscar.
"Noctowl tem uma visão aguçada e nos auxilia quando os céus não estão limpos, observando os arredores do dirigível. Ele também é acionado quando hordas de Pokémon Voadores estão muito próximas, para evitar acidentes."
Sada olhou para Liko, julgando horrores. Sentia-se na era medieval, ou pior, eu um tempo mais primitivo ainda voando em uma nave a vapor. Ela tinha uma intensa e inexplicável apreciação pelo passado, mas ao mesmo tempo, era uma gênia da tecnologia. Tinha um sistema de inteligência artificial que rapidamente controlou a aeronave toda. Nada menos do que aquilo era considerado antiquado para ela.
De volta à sala dos geradores, onde Sada e Liko se encontram agora, a Professora pôde observar que pelo menos estas máquinas funcionavam sozinhas.
"Elekid está aqui apenas para caso tenhamos uma pane elétrica. Ele consegue recarregar os geradores rapidamente. E o Snorunt ali, ele pode resfriar os equipamentos em caso da nave superaquecer."
"Esses são todos os Pokémon que vocês têm?"
"Não. Ainda temos um Pawmi em treinamento médico para aprender a 'Bênção do Reviver', um movimento capaz de reviver um Pokémon que ficou fora de combate, caso precisemos de uma recuperação rápida e limpa. Mas digamos que a Mollie não goste muito de trabalhar e ainda não tenha resolvido essa questão..."
"Bem, do que é que ela gosta, afinal?"
"De reclamar. Disso eu tenho certeza."
"Hahahaha"
Na sequência, Liko vira-se para o pequeno Pokémon elétrico que comandava a sala dos geradores.
"Elekid, por favor, desligue as luzes do Brave Asagi. Vamos descansar agora."
Elekid baixa uma alavanca enorme e a eletricidade do dirigível cai. Tudo fica no mais absoluto escuro.
"O que faremos agora?" Pergunta a adolescente, já sonolenta. Quando Liko sentiu o silêncio da despovoada Região de Hisui, começou a bocejar. Estava cansada, afinal, Sada a havia acordado de madrugada. Ou melhor, ela ainda nem tinha conseguido dormir quando a professora invadiu o dormitório.
"Descanse" aconselhou Sada, em um tom mais de ordem do que qualquer outra coisa.
Não precisou dizer nem duas vezes. Liko estava exausta. A garota retirou-se para seu quartinho dentro do dirigível dos Trovonautas e assim que seu corpo sentiu o quentinho dos cobertores em sua tão amada cama, pegou no sono.
Mas antes disso, estava pensando que deveria ter oferecido à Professora:
"Temos suco fermentado de Shuckle" Mas logo chegou à conclusão que não seria uma boa ideia embebedar a pessoa que estava no controle da viagem do tempo, e dessa forma, deixou seus pensamentos correrem soltos, até estar completamente inconsciente, sonhando.
Enquanto isso, Sada começou a trabalhar em seu notebook que ainda tinha bateria para manter-se ligado, mesmo depois de os geradores terem sido cortados, tentando descobrir o porquê de ele estar mais pesado e lento no processamento.
Liko acordou aos gritos:
"GRUUUH! GRUUUH! GRUUUH!"
Seu coração disparou com o susto. Quando percebeu, ela já estava de pé ao lado da cama.
"Noctowl está agitado" Informou Sada, que veio correndo ao seu encontro. Mas nem precisava ter informado, porque Liko já conhecia aquele piado estridente, e sabia que boa coisa não era.
"Oh, oh... Isso é mau!" Diz então Liko. "Tem alguém se aproximando da nave. Mas... Quem?"
"Não consigo verificar. Ainda está escuro lá fora. Enquanto você estava dormindo eu tentei reparar o computador e precisei forçar uma reinicialização no sistema. Enquanto ele não reinicia, eu não consigo ter acesso às câmeras de segurança."
"Isso significa... Que teremos que verificar nós mesmas!"
"Sim".
"Será que é mais um Pokémon Selvagem Terastalizado?"
"Não sei. Só descendo da nave para saber..."
Do lado de fora do Brave Asagi era um breu total. Não havia nem sinal de civilização em quilômetros, exceto por uma pequena figura feminina acompanhada por um Pokémon flamejante cujas crinas incandescentes iluminavam os seus imediatos arredores.
"Eu achei que não viriam nunca... Viajantes do Tempo." Disse a garota, trajando roupas típicas da época, sem parecer se importar com o frio de lascar que estava fazendo.
"Q-q-quem é você?" Perguntou Liko, sentindo-se intimidada pela confiança da desconhecida.
"Eu sou a Inquisição do Espaço-Tempo. Vocês estão presas por alterarem o curso natural do tempo."
"Sério?" Surpreende-se Liko, cujos olhos se arregalam imediatamente. Mas aquela história jamais enganaria Sada. A garota tinha um sotaque muito característico daquele período da historia do Japão. Ela não era de uma 'polícia temporal' coisa nenhuma.
"Claro que não, sua boba. Eu estou brincando. Hahahah" Mas ninguém achou graça, apenas a estranha. Como ela sabia que Sada e Liko eram viajantes do tempo? Isso sim era intrigante.
"Quem é você e o que quer de nós? Diga seu preço." Pronuncia-se então Sada, que levantou o tom de voz em um certo quê de ameaça.
"O meu nome é Akari Shining. Shine, para os mais íntimos e vocês são... A Professora Sada e sua aprendiz Liko. É uma honra finalmente conhecê-las."
"Como você...?"
Liko se espanta. Ela não esperava que alguém que viveu um século e meio atrás pudesse saber quem ela era.
"Eu sou uma Homo sapiens potens, como vocês, pessoas do futuro, chamam a nós, aberrações." Respondeu então Akari.
"Uma vidente..." Concluiu Sada.
"Mística, paranormal, como quiser chamar..." Enfeitou Akari.
"Uau. Você previu a nossa chegada?! Isso é FANTÁSTICO!"
"É, os espíritos me disseram que vocês viriam, há algum tempo. E eu esperei pacientemente até este dia."
"Que incrível!" Os olhos de Liko brilham. Ela queria ter nascido uma humana com superpoderes, mas infelizmente o único poder que ela tinha desenvolvido era o de criar amizade com estranhos.
"Se você previu que nós viríamos, deve saber também o que está acontecendo... Por que não estamos conseguindo retornar..." Inferiu Sada, no que Akari responde:
"Infelizmente não sou eu quem decido as coisas que vejo ou deixo de ver... Eu só sabia que vocês pousariam aqui, neste tempo, em uma determinada data e local. Apenas."
"Isso é um pouco frustrante..." Disse Liko.
"Ah, nem me fale. Eu queria saber mais sobre como é o futuro. Como serão as aldeias daqui para a frente e como as pessoas e os Pokémon evoluíram..." Akari acaba revelando sua frustração em não conhecer o mundo do futuro, que para uma pessoa que vivia nas condições em que ela vivia, seria extremamente melhor.
"Nós e os Pokémon vivemos em harmonia, em uma troca constante de conhecimento." Diz Liko, lembrando-se do quanto Sprigatito ensinou a ela e do quanto ela pode ensinar Sprigatito.
Na sequência, Sada dá maiores detalhes:
"É graças à parceria entre humanos e Pokémon que pudemos desenvolver A inteligência artificial — Liko se arrepia, lembrando-se dos Beheeyem —, e até mesmo os computadores que muito em breve permitirão a colonização humana da lua."
"Computadores? O que é isso?" Questiona Akari, que realmente não parecia fazer ideia do que Sada estava falando. Mas antes que qualquer uma das viajantes do tempo pudessem respondê-la adequadamente, Akari atropela a si própria, dando-se por conta do que Sada disse: "Espera aí! Os seres humanos têm planos de colonizar a LUA?!"
"E Marte. Mas por enquanto, temos uma missão que decolará muito em breve, nos próximos anos, para criar uma colônia de humanos e Pokémon na lua."
"Que incrível! Eu queria muito ir para lá!"
"Eu também!" Concordou Liko, que rapidamente percebeu estar gostando da conversa com a estranha, e as coisas estavam fluindo. Se a Liko de um ano atrás estivesse vendo a Liko de hoje, jamais acreditaria.
"Hã? Um favor?"
"Quero que batalhem contra mim."
"Batalhar? Contra você?"
"Por favor! Eu sei que no futuro as batalhas Pokémon serão o esporte mais divertido que existe, mas aqui em Hisui, as coisas não são bem assim. As pessoas já me olham torto por uma série de motivos, mas me olham ainda mais por eu agora estar treinando um time de Pokémon."
"Desculpe, garotinha--"
"Espere, Professora Sada!" De repente Liko interrompe Sada, antes que ela diga que não. "Eu vou batalhar contra ela."
"Liko...?"
Sada se surpreende. Liko tinha gostado da garota vidente.
"Tudo bem, mas tem que ser uma batalha rápida. Precisamos concentrar nossos esforços mentais em nossos problemas agora, e não em diversão."
"Está tudo bem, vai ser só uma partidinha." Promete Liko. "Vamos fazer assim: cada uma de nós pode usar quantos Pokémon quisermos, e substituí-los à vontade. Mas assim que um só for nocauteado, a batalha se encerra e sua treinadora perde."
"Gostei." Disse Akari, puxando uma pokébola extremamente rudimentar feita de casca de Apricorn e que parecia ser movida à vapor, a julgar pelo bafinho que saía dela em contraste ao clima congelante da Região de Hisui.
"Eu serei a jurada, então." Diz Sada. "Podem escolher os seus primeiros Pokémon."
Liko escolhe sua segunda pokébola. Akari joga a que estava em sua mão.
"Fidough!"
"Froslass!"
"Hã? Fidough?" Sada se surpreende com o Pokémon escolhido por Liko. Era Fidough, um tipo Normal cuja composição corporal era basicamente massa de pão e fermento, muito fermento. Mas não era esta a razão de Sada se espantar. É que como o Pokémon inicial de Liko foi Sprigatito, um Pokémon Gato, ela jamais imaginaria que a garota também treinaria Fidough, um Pokémon cachorro.
"Fidough é tecnicamente o meu primeiro Pokémon, e não a Meowscarada. Bem... Basicamente, eu o ganhei quando era criança, mas ele nunca havia sido mantido em uma pokébola. Ele também não batalhava. Era um Pokémon de estimação. Quando eu deixei Paldea para ingressar na Academia Indigo, na Região de Kanto, precisei me separar de Fidough, mas esse não foi um processo nem um pouco fácil, para nenhum de nós. Então quando eu finalmente pude retornar à minha casa, depois que já fazia parte da tripulação de Friede, dos Trovonautas, eu o capturei e o trouxe comigo."
"Uau. Ele é mesmo muito fofo! Eu nunca tive a oportunidade de ver um desses antes! É de que tipo?" Pergunta Akari.
"Do tipo Normal, é claro."
Se você é um viajante do tempo, assim como Liko e Sada e está lendo isso do futuro, saiba que no ano 2005, o mundo Pokémon ainda não havia conhecido o tipo Fada. Bom, pelo menos não a sociedade moderna. O tipo só foi descoberto no ano de 2012, por Ruby, Sapphire e Emerald, depois que um fenômeno meteorológico estranho cobriu todo o planeta e alterou as características e o comportamento de várias espécies de Pokémon, incluindo Fidough, que tornou-se um tipo Fada. É que o poder deste tipo, anteriormente chamado pelos humanos de culturas muito, muito antigas, de "Tipo Amor", desaparece de tempos em tempos e depois ressurge quando o lendário Xerneas completa sua ressurreição, a cada mil e tantos anos.
"Podem Começar." Comanda Sada.
"Eu vou fazer o primeiro movimento. Froslass: Tapa do Despertar!
Sabendo que Fidough é do tipo Normal, um Pokémon imune ao tipo Fantasma, presente na maioria dos Pokémon de Akari, a jovem Hisuiana ataca com um movimento do tipo lutador, que é superefetivo no Pokémon cachorro.
"Fidough, não!"
O cachorrinho não soube se defender e tomou todo o dano para si.
"Boa!" Comemora Akari.
"Não tão rápido... Fidough, Bocejo!"
O doguinho então abre a boca e solta um enorme de um bocejo, criando uma bolha que rapidamente atravessa os campos úmidos e cheios de sereno de Hisui, acertando seu alvo: Froslass.
"O bocejo é um movimento que faz com que o alvo pegue no sono na rodada seguinte." Constata a Professora Sada. "Um sábio movimento."
"Froslass, volte." Akari coloca sua Pokémon de volta na pokébola. Liko a força a recuar. "Quilava, é com você! Vai!"
A próxima escolha da garota de Hisui é o Pokémon que a acompanhava do lado e fora, iluminando a escuridão daqueles campos.
"Estilo Ágil: Roda de Fogo! Agora!"
"Estilo Ágil?" Liko se surpreende porque não conhecia aquele estilo de luta. Mas aquilo não era nenhuma novidade para a estudiosa Sada, que explana:
"Utilizar movimentos no Estilo Ágil permite que vários golpes sejam usados consecutivamente, em detrimento da força do golpe."
Assim sendo, Quilava envolve todo o seu corpo em chamas, correndo para um ataque frontal contra Fidough.
"Evasiva!" Grita Liko, e o pequeno cãozinho salta, deixando que a roda incendiária passasse por baixo de si.
"Quilava, mais uma vez!"
No entanto, para a surpresa de Fidough, Quilava continua atacando, mesmo depois de ter sua "jogada" esgotada. Ele corre tão rápido que atinge Fidough por trás, no momento em que a força da gravidade venceu e o cãozinho estava sendo atraído de volta ao chão.
"FIDOUGH!" Liko se desespera. Ela acha que Fidough foi derrotado. Mas não. Ele se levanta rapidamente após o baque, latindo e rosnando.
Liko então coloca a mão sobre o peito, aliviada, só que ao fazer isso, ela encosta sobre o pingente que Sada a confiou.
"O Colar! É mesmo!" Pensa Liko. A garota então segura o cordão, tirando-o para fora da roupa e aquece o material cristalino que compunha o amuleto, desencadeando uma faísca após a outra...
"Fidough: Terastalizar!"
Um bulbo semelhante a uma lâmpada surge sobre a cabeça de Fidough, cujo corpo agora era mineral, cintilando em um tom dourado que valorizava seu corpo já amarelo. Acontece que ele tinha um Tera Tipo Raro para sua espécie: o Tera Tipo Elétrico.
Muito embora a mecânica do Terastal tenha sido descoberto muitíssimos anos no futuro, Akari não pareceu surpresa.
"Foi o que eu vi. Em minhas visões..." disse ela. "Este é o jeito como as pessoas batalham com Pokémon no futuro! Com mecânicas!"
"Ela está certa. Mas você também batalha usando uma mecânica, não é? O Estilo Ágil!"
"Mas não só ele... Digamos que eu tenha outras cartas na manga." Brincou Akari, mas falando sério, ao mesmo tempo.
"Agora, Fidough! Ataque Presas Trovejantes!"
Os dentinhos de Fidough, agora cortantes como vidro, são envoltos por uma camada externa de eletricidade, no que o mesmo parte para abocanhar Quilava, ficando suas presas sem dó.
"QUILAVA!"
Além de tomar dano extra graças à Terastalização do oponente, Quilava agora está paralisado.
Akari faz o certo e o retorna à pokébola. Fidough é agora a única luz iluminando o campo de batalhas.
"Eu escolho... Basculegion! Vai!"
A próxima escolha de Akari é um tipo Água, para a surpresa de Sada, já que este tipo tinha fraqueza aos ataques elétricos de Fidough. Mas Liko parecia não conhecer Basculegion.
"Que Pokémon é esse?"
"É Basculegion, não o conhece?"
"Esta é uma espécie extinta nos nossos dias." Explica Sada.
"Espécie extinta? O que quer dizer com isso?" Pergunta Akari, sem entender o termo espécie, tampouco extinta.
"Quer dizer que ela não existe mais. Todos os seus membros estão MORTOS." Sada despeja um balde de água fria. Mas Akari não se apavora.
"Basculegion já é um tipo Fantasma. Tem como ele estar MAIS MORTO do que isso? Agora, meu parceiro, use o Estilo Forte: Colisão de Ondas!"
"Estilo Forte?" Liko se surpreende. Então esta era a carta na manga de Akari?
"O Estilo Forte é o contrário do Estilo Ágil? O Pokémon concorda em atacar menos vezes, em torca de quando atacar, atacar bem mais forte que o usual."
Basculegion então envolve a si mesmo em um manto de água e parte para cima de Fidough, colidindo com o Pokémon agora do tipo elétrico e causando um montante de danos avassalador, considerando a tipagem do Pokémon terastalizado.
"Fidough, retorne!" Liko retorna seu Pokémon e pega mais uma pokébola... "Meowscarada, é a sua vez!"
"Sabe... O real motivo para, no início da minha jornada eu não ter me dado tão bem quanto deveria com Sprigatito é que... Eu sempre tive o Fidough em casa. Embora ambos domésticos, Cães e Gatos podem ser realmente diferentes. Fidough sempre foi doce, alegre e carinhoso. Sempre ficava feliz quando retornávamos para casa, pulando nos nossos pés, nos dando um banho com suas lambidinhas... Já Sprigatito... Ela tinha um comportamento bem distinto. Era independente, não gostava que a tocassem sem permissão, tinha hábitos noturnos e não tinha dó em fincar suas garras e dentes na gente. Se empoleirava na mesa e em outros lugares inadequados e sempre queria tudo para si. Roubava minha comida, furava minhas roupas e ainda se fazia de desentendida. Eu, que sempre fui dos Pokémon-cachorros, levei um tempo para me acostumar a isso. Mas uma vez que me alinhei com Sprigatito, nós nos tornamos verdadeiras amigas. Até que ela evoluiu. Primeiro para Floragato, depois para Meowscarada, e hoje é minha melhor parceira. Estamos sincronizadas!"
"Então... Ela é a sua ás. Eu estava esperando por isso. Basculegion, retorne."
Akari recolhe Basculegion. Seu próximo Pokémon é...
"Mismagius! Vai!"
A próxima escolha de Akari é Mismagius, um Pokémon Bruxa do tipo Fantasma e que já possuía um Chapéu próprio, que não o da Terastalização.
"Meowscarada, vai! Truque da Flor!"
Meowscarada então lança seu botão na direção de Mismagius, atingindo o Pokémon de Akari com uma explosão.
"Ugh! Isso não foi nada! Mismagius ainda tem bastante energia!"
"Ela pode até ter, mas lembre-se que você usou o Estilo Forte na última rodada, e se ele realmente é o contrário do Estilo Ágil, isso me permite atacar mais uma vez na sequência! Meowscarada, Truque da Flor!"
O segundo ataque de Meowscarada atinge Mismagius em cheio, baixando consideravelmente a energia que Akari acabou de se gabar de ter de sobra.
"Agora, Estilo Ágil: Onda Psíquica!"
Mismagius começa a projetar ondas vibratórias na direção de Meowscarada, mas a Pokémon de Akari permanece em sua pose elegante.
"O que foi, Mismagius? Mais forte! Mais Forte!"
Mismagius tenta aumentar a intensidade do golpe e tudo que a onda toca se explode...
...menos Meowscarada, que permanece ilesa!
"O quê? Por quê?!"
"Meowscarada é um Pokémon do tipo Sombrio, o que significa que ela tem total imunidade a taques do tipo Psíquico!"
O tipo Sombrio só foi estudado e comprovado muito recentemente, junto ao tipo Metal, na Região de Johto. Não tinha como Akari, que viveu há praticamente 160 anos atrás, saber disso.
"Mas eu ainda posso atacar! Graças ao Estilo Ágil, ainda é minha vez! Mismagius, Onda de Choque!"
Mismagius eletrocuta Meowscarada com um golpe limpo, rápido e conciso. Mas a gata bípede segue de pé.
"Sabe, uma vez que eu aprendi que diferentemente de um Pokémon cachorro como Fidough, Sprigatito não podia ser contida, mas sim, respeitada, nossa relação mudou. Eu aprendi que os Pokémon podem ser muito diferentes uns dos outros, assim como as pessas. E que o respeito é a única forma de lidar com as diferenças. Desde então, quando eu passei a respeitar o espaço pessoal de Sprigatito, ela passou a respeitar o meu. E agora, estamos juntas para vencer! Agora minha parceira! Acabe com isso de uma vez! Use Talho Noturno!"
Meowscarada então prepara suas garras, energizando-as à medida que um forte tufão toma conta do campo de batalhas. Com a agilidade que somente um felino poderia ter, ela se contorce no ar, pegando carona na onda de vento e acertando Mismagius em cheio com um super efetivo!"
"Mismagius! Não!"
O combatente de Akari está muito fraco, mas ainda mantém-se flutuante, acima do solo. Mismagius ainda pode lutar. Mas Akari não pode se arriscar. Ela opta por uma substituição.
"Mismagius, volte! Em seu lugar, eu escolho... Zoroark! Vaaaai!"
O próximo e último Pokémon de Akari é Zoroark, mas não um Zoroark qualquer, um que viveu exclusivamente nos tempos da Região de Hisui. Ou melhor... Um que MORREU nesta época, afinal, tal como a kitsune das lendas, seu poder místico era nada mais nada menos que uma manifestação da sua natureza fantasmagórica!
"Agora, Zoroark! Está na hora da Ilusão!"
"Hã? Ilusão?" Liko fica assustada. Zoroark começa a criar cópias fantasmagóricas de si mesmo, enchendo a planície da Região de Hisui com a sua própria imagem.
"E agora? Qual é o Real?"
"E elas podem se tornar SÓLIDAS, se ele assim o quiser! Hahahaha!" Blefa Akari. Embora Liko não pudesse distinguir se aquilo era mesmo verdade ou só mais uma "ilusão".
"Meowscarada, retorne!" Liko decide fazer uma substituição, colocando a Pokémon que já havia levado dano de volta na pokébola. Em seu lugar, ela manda... "Fidough, volte ao jogo!"
Assim que deixa a pokébola, Fidough volta a iluminar o campo de batalhas, pois o Fenômeno Terastal ainda estava ativo. Mas Zoroark não gostava de coisas brilhantes. Pelo contrário, seu rancor por ter perdido a mãe o tornava um Pokémon frio e cruel, que preferia enterrar-se no gelo e no silêncio da escuridão a enxer-se de luz.
"Fidough, tente descobrir quem é o verdadeiro usando o seu olfato!"
"Boa!" Pensou Sada. "Utilizando um Pokémon Cachorro para farejar o verdadeiro Zoroark! Este é o contra-ataque perfeito para uma poderosa técnica de Ilusão como aquela!"
"Ainda não!" Grita Akari, em retorno. "Até o seu cachorrinho faiscante descobrir quem é o verdadeiro, será tarde demais! Estilo Forte!"
Zoroark concentra toda a energia possível dentro de si.
"Rancor Reprimido." Completa Akari, convidando o Pokémon já extinto nos dias atuais a utilizar sua técnica mais poderoso.
Ao redor de si, Zoroark começa a acumular uma tremenda quantidade de energia, criando um tufão tal e qual Meowscarada havia acabado de criar com o Talho Noturno, só que talvez até mais vigoroso...
E então, em um rosnado de raposa, todo aquele vento nefasto é mandado, de uma só vez, para cima de Fidough, em um acerto crítico...
"Cain, cain, cain!"
A Terastalização se desfaz e o corpo mineral de Fidough se quebra como vidro. A batalha estava decidida.
"Fidough não pode mais lutar. A vitória é de Shine."
"Yeeeeeeaaah!" Akari dá pulos altos de alegria, enquanto Liko corre até seu Pokémon desmaiado, pegando-o no colo.
"Você foi muito bem, Fidough. Agora descanse."
Com Fidough de volta à pokébola, Liko se levanta e vai até a oponente.
"Poxa, por essa eu não esperava."
"Eu suspeitei que você fosse usar o olfato do Fidough para tentar descobrir quem era o verdadeiro Zoroark. E você caiu direitinho. Se tivesse continuado com a Meowscarada em jogo, teria me vencido."
"Este foi apenas um truque causado por uma habilidade. Não foi nem um movimento! E você está certa: eu realmente caí direitinho!"
Então, Akari segura as mãos de Liko, olha no fundo dos olhos da garota do presente e fala, com todo o seu coração:
"Não se deixe ser enganada, mesmo por aqueles ou aquelas que se dizem ser amigos. Você ainda é ingênua, Liko. Tanto quanto no dia em que conheceu Sprigatito. Suas habilidades de batalha podem ter mudado, mas... Você ainda é a mesma garota que não sabe o que quer para si, e que insiste dia após dia tentar descobrir quem é, quando na verdade, ignora o que já está sendo."
Liko fica de queixo caído. Que insulto foi aquele? Por que Akari estava lhe despejando palavras tão afiadas logo agora?
Akari então sorri e pisca o olho esquerdo para Liko.
Liko fica sem entender nada.
"GRUUUUUH!"
Noctowl se agita mais uma vez, no topo do Brave Asagi. Ele avistou algo se aproximando.
"Ah! É mais um Pokémon Selvagem Terastalizando?" Questiona-se Sada.
"Não! É um Alfa." Responde Akari.
"Alfa?" Liko fica sem entender, até que um enorme Garchomp de olhos vermelhos surge, derrubando duas ou três árvores no processo.
"GROOOOAAAAR!"
A criatura ruge, arrepiando os pelos da nuca de Liko.
"Vocês duas precisam ir! AGORA!" Aconselha Akari, em um tom de ordem.
"O que? Mas... Akari..." Liko não concebe a ideia de deixar Akari sozinha com aquela criatura à solta.
"Eu estou acostumada a lidar com esses Alfas. Não é nada demais." diz a Hisuiana, convicta de sua fala. "Vocês precisam entrar na nave e partir imediatamente! O sol está nascendo. Em breve, meu irmão estará de pé! Vocês não têm muito tempo!"
"Mas... Mas..."
"Você a ouviu. Vamos. Hisui ainda não é lugar para nós." Diz a Professora Sada, que se aproxima de Liko e põe a mão sobre o ombro da menina, puxando-a em direção ao Brave Asagi.
Liko está vivendo tudo de novo.
A maneira como ela teve de abandonar o Professor Friede jovem... E agora como está abandonando Akari...
Por que Sada continuava fugindo? Ou melhor... Por que ela continuava obrigando Liko a fugir?
Quando percebeu, Liko já estava dentro da aeronave, cujas portas se fecharam enquanto Akari e Zoroark lutavam contra aquele Garchomp selvagem sozinhos. Elekid havia reiniciado os geradores e a nave guiada pela inteligência aritficial estava com toda a energia necessária para mais um salto no tempo.
"Já Chega!" Diz Liko, explodindo. "Vamos para casa!"
A adolescente exige aquilo que Sada prometeu. Ela não quer mais ficar se colocando em situações perigosas (e pior: colocando outros nestas mesmas circunstâncias fatais) e depois fugindo. Ela quer retornar para a segurança do tempo que é seu: o tempo que Deus lhe deu.
Mas antes que Sada pudesse dizer qualquer coisa, o dirigível já no ar trepidou e num trovão, simplesmente desapareceu.
"Argh! Onde estamos?" Pergunta Liko, percebendo que Sada já havia se lançado novamente no tempo. Elas estavam agora em outra época.
Era tardinha. O pôr do sol iluminava o oceano abaixo e tingia os céus com lindos e tênues gradientes de Escarlate e Violeta.
"Liko... Infelizmente não podemos voltar para casa. Pelo menos não até eu conseguir reparar o computador"
"O que? Por quê?"
"Olhe." Sada aponta para o notebook, que não só estava quilos mais pesado, como também agora apresentava algumas protuberâncias minerais brilhantes atravessando a casca.
"E-e-esse padrão cristalino..." Liko reconhece na hora, mas não quer acreditar no que está vendo. "Não pode ser!"
"Sim. O Computador está Terastalizando!"
"M-M-Mas Como...?"
"Eu não sei, minha pequena. Eu não sei." Sada estava sendo sincera. Ela realmente desconhecia o motivo do computador estar agindo como estava agindo. "Mas enquanto eu não descubro, precisamos vir para uma época em que ninguém nos encontrasse. Nem videntes nem nenhum ser humano..."
"Em que ano estamos, Sada?"
"E isso faz alguma diferença?"
Sada não parecia abalada com nada. Na verdade, ela mal piscava. Liko não conseguia entender como aquela mulher não parecia esboçar reação para nada.
"Sada, em que ANO nós estamos?"
A garota insistiu.
Sada fecha os olhos, cruza os braços e simplesmente diz:
"Olhe pela janela."
O coração de Liko quase parou quando tudo o que ela pôde observar do lado de fora foram Pokémon Dinossauros andando sobre a Terra.
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