Side Story - O Que Aconteceria Se: Humanos e Pokémon nunca tivessem se aproximado? — Um Crossover Especial entre Pokémon Laços: Teal & Indigo e Palworld (Antes que a Febre Passe!)


Side Story:
O Que Aconteceria Se: Humanos e Pokémon nunca tivessem se aproximado?
Não recomendado para menores de 18 (dezoito) anos
Pode conter: Apologia à violência; Crueldade.

>> Castelia City, Região de Unova, passado o meio-dia...
Friede está de barriga cheia, completamente estufado, atirado em um sofá no Laboratório do Professor Cedric Juniper e da Professora Fennel, descansando enquanto aguarda o próximo barco que o levará até a Blueberry Academy.
 Ooh, acho que exagerei! 😰 Eu não deveria ter comido tanto!
 Pegue leve consigo mesmo, Friede! É a sua primeira vez experimentando o Fast Food de Unova!
 Aqueles Castelia Cones estavam de matar! Eu comi tanto, que agora estou caindo de sono!
Reza a lenda que Cynthia está até hoje escolhendo o sabor do sorvete...
 Oh, não se preocupe! Você pode descansar aqui no Laboratório!
 Posso mesmo?
 É lógico, meu rapaz!
 Eu tenho medo de perder o barco...
 Oh, não se preocupe! Nós o acordamos quando estiver próximo da hora. Além disso, ainda falta bastante tempo até a partida, não falta?
 É, tem razão... Então posso me deitar aqui mesmo?
 E já não está deitado?
 Fique à vontade. Vou buscar um cobertor.
Friede está totalmente desconfortável em dormir ali, no meio do laboratório de pesquisa dos Professores Cedric e Fennel, mas está extremamente exausto, não apenas pela comida, mas pela série de acontecimentos que o levaram até aquele local... Ele já não tinha energia para mais nada... No entanto, apesar da resistência e a tentativa de manter uma formalidade social, seu corpo sucumbe diante do cansaço e ele rapidamente apaga, desaparecendo da face da terra.
 *Cochichando* Será que ele já dormiu?
 *Cochichando* Parece que sim! Como uma Pedra, inclusive.
 *Cochichando* Finalmente, Musharna! Finalmente! Temos a cobaia perfeita!
 Muuuusha...
Fennel se aproxima de Friede e cuidadosamente coloca um capacete cheio de fios, semelhante ao cérebro do Professor X em X-men, sobre a cabeça do treinador inconsciente. Os fios estão ligados a uma máquina, que por sua vez, é controlada por um computador de última geração, rodando um programa desenvolvido pela própria Fennel utilizando as ondas neurais emitidas por Musharna quando ao expelir sua névoa do sono.
 *Cochichando* Tem certeza de que isto funcionará, Fennel? Eu me sinto extremamente mal por ter concordado com essa sua loucura!
 *Cochichando* Relaxa, Professor! Não vai doer nadica de nada! Musharna e eu só vamos transportá-lo para o Dream World, o Mundo dos Sonhos!
 *Cochichando* Se der errado, eu não quero ser enquadrado como seu cúmplice!
 *Cochichando* Don't worry, Professor Juniper! Qualquer coisa, foi só um "sonho"...
 *Cochichando* Você é doida! Eu jamais deveria deixar você andar com a minha filha!
 *Cochichando* Não sabe de nada, inocente! Foi ela quem me levou para o mal caminho... .... ... Agora observe: Musharna entrará na mente de Friede enquanto ele dorme.
 Musha, Musha!
 *Cochichando* Assim que Musharna começar a comer os sonhos de Friede, ela emitirá a névoa dos sonhos, que sai pela sua testa. Esta névoa vibra em uma frequência muito, muito específica. Ao amplificar o comprimento de onda com este programa, então eu consigo sincronizar o sonho que Friede está tendo e utilizar a habilidade psíquica de Musharna para teletransportá-lo ao Dream World, o local para onde a consciência de todos os Pokémon vai quando estão dormindo! Basta eu clicar nesses botões aqui, ajustar a intensidade, a frequência e... voilà! Friede acaba de ser teletransportado!

Fennel estava certa... E errada... MUITO errada, ao mesmo tempo!

Friede fora de fato teletransportado, não para o Mundo dos Sonhos, mas para um lugar bem mais hostil...

Acontece que um pequeno erro passou despercebido na programação da cientista e a frequência "muito, muito específica" a qual ela havia mencionado estava com algumas casas decimais equivocadas... Um eufemismo para não dizer que Fennel cagou no pau! E com isso, podemos concluir que Friede foi levado sim para outra dimensão, só não para a pretendida...



Friede se acordou sem camisa, praticamente desnudo, com três criaturas tentando ENTRAR em seu rosto, querendo identificar se ele estava vivo ou não.
Assim que Friede despertou, os três curiosos levaram um susto e, gritando à beça, correram em disparada, desaparecendo de vista.
 Aaargh! Que dor de cabeça! Mas o que-- Onde eu estou?
Friede está totalmente consciente, como em um sonho lúcido, no total controle de seu corpo e ações. Ele sente seu cérebro queimar, mas ele estava na dúvida se era um efeito do sol que estava de rachar ou do naufrágio...
Espera aí! Naufrágio?! Friede olha ao seu redor e percebe que se envolveu em MAIS UM acidente na água. Deitado na areia da praia, junto a destroços de uma velha embarcação de madeira, Friede estava trajando apenas uma bermuda esfarrapada, todo esfolado e sem nenhuma proteção contra o sol escaldante. Estava sem nenhuma de suas Pokébolas e seu braço Terastalizado permanecia imóvel e pesava quilos, como se fosse um estorvo.
 Que lugar é esse?!
Friede olhou ao redor e, apesar de achar a paisagem extremamente estonteante, não conseguiu identificar onde estava. Ele tampouco tinha lembranças de como havia vindo parar ali. Tudo o que sabia era que estava cansado, com dor e com fome.
Então, enquanto seus olhos vasculhavam a vastidão verde que se estendia até o infinito ao seu redor, Friede avistou algo que parecia não combinar com a natureza exuberante que florescia de maneira assustadoramente bela ao seu redor: um aparelho eletrônico de tela fina semelhante a um tablet jogado na areia da praia, bem próximo de onde ele estava.
Com muita dificuldade e um braço que há muito deixara de ser funcional, Friede se levanta e vai até o item, mas ao se aproximar do mesmo, percebe que há "instruções" tremeluzindo na tela...
 O que diabos é isso?
"As Torres são a chave..."
"...A Árvore Esconde a Verdade"
Friede pega o item e decide mover-se dali, na esperança de encontrar alguém que possa lhe explicar o que está acontecendo. Rapidamente, o treinador de Lucario mira nos aclives à sua frente e se manda nessa direção. O que Friede não sabia era que alguém o observava à distância... Alguém que também carregava um aparelho eletrônico como aquele...


Não demora muito e nosso protagonista chega a um local que lembra as ruínas de um antigo castelo. Uma placa escrita à mão com um pigmento vermelho que escorria pelas paredes de pedra (seria sangue?) revelavam o nome do local: Planalto do Começo.
Mas que diabos de lugar era aquele? Friede nunca havia ouvido falar de nenhum lugar com esse nome em Unova antes... Isto é... Se é que ele ainda estava em Unova... Mas onde quer que fosse, ele precisava achar alguém. Por tudo o que era mais sagrado, Friede tinha um pressentimento ruim, uma sensação de que sua vida estava por um fio e que ele teria que lugar pela sobrevivência... E como ele estava certo!
Alguns minutos caminhando pelo local pedregoso e Friede avista uma das criaturinhas que estavam lambendo seu rosto no momento em que ele acordou. Ela era redondinha e fofinha, com um corpo coberto de lã branca e macia.
 Mééé!
Assim que cravou os olhos na criatura, o Professor Pokémon determinou:
 Aquilo ali... É uma Wooloo? Eu nunca vi uma de perto...
Friede tenta se aproximar do "Pokémon", mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, o Professor desajeitado pisa sobre um graveto que imediatamente se quebra, assustando a criaturinha. Ela sai rolando para longe dali, deixando Friede a ver navios.
Mas de qualquer modo, isso foi útil, porque ao rolar em fuga, a "Wooloo" acabou lhe mostrando o caminho da saída daquelas ruínas!
Seguindo o rastro da ovelhinha fofa, Friede acaba parando em um campo aberto, cheio de declives. Ele ainda não conseguia reconhecer nada familiar naquela paisagem e não havia nenhum sinal de humanos por perto. Nenhum sinal, exceto...

...UMA FOGUEIRA!!!

Havia alguém cozinhando próximo dali. Friede rapidamente se apressou em direção a esta pessoa e logo pode identificar que era uma mulher descansando debaixo da sombra de uma das paredes das ruínas, enquanto apreciava uma vista incrível para o vale logo abaixo.
No entanto, assim que se aproximou, a mulher se levantou e Friede desejou jamais ter corrido em direção a ela. Isto porque a diaba estava armada até os dentes, com um rifle gigantesco, artilharia pesada.
A mulher logo percebendo sua presença, dirigiu-se a ele:
 Ué, por acaso você veio do mundo lá de fora?
 ???
 Eu pude pressentir, você não cheira a Pal.
Friede então espiou suas bermudinhas esfarrapadas, deu uma fungadinha no ar, olhando para baixo, e disse:
 Cheiro sim.
A mulher ignorou o comentário desnecessário e foi logo dando um conselho de sobrevivência. Ela parecia ter vivido muito, muito mais do que Friede jamais poderia imaginar:
 Se ficar comendo mosca por aí vai acabar batendo as botas, viu? Tó, pode ficar com isto, vá logo fazer uma arma para você.
A mulher então entrega uma pilha de madeiras para Friede, que mal consegue segurá-las com o braço cristalizado praticamente inútil. Ele se surpreende com a boa ação da sujeita, mas não questiona, ele simplesmente agradece e sai de perto da mesma, com medo de ser alvejado. Onde quer que ele estivesse agora, ele só precisava achar um lugar seguro para ficar e pensar, achar um jeito de sair dali.




Friede se sentou abaixo de uma árvore longe o suficiente da mulher armada e rezou a Arceus para estar em segurança. Ele olhou para todas as direções e não viu ninguém. Parecia ser um bom momento para se acalmar, respirar e refletir. Somente a razão poderia tirá-lo dali e se ele não se acalmasse em primeiro lugar, ele jamais conseguiria raciocinar com juízo.
A primeira coisa que ele fez foi atirar as madeiras dadas a ele pela mulher amada longe. Pra que diabos ele precisaria daquilo, não é mesmo?
Então ele se colocou em uma posição confortável e enquanto pensava, observava os arredores com surpresa...
 Puxa, que planta linda! As árvores de onde eu venho não têm essa textura!
Mas admiração de Friede pela natureza extremamente rica e farta daquele mundo não pode se completar, porque naquele mesmo momento, os arbustos às suas costas começaram a se mover e uma moça jovem, mais ou menos da sua idade, com cabelos ruivos berrantes, irrompe do meio das folhas, chamando-o com um assovio:
 Psiu! Idiota!
 Hã?
Friede se vira na direção da mulher, finalmente percebendo sua presença.
 Ih, ele olhou! Isso confirma... É um idiota mesmo! (Vamos embora daqui!)
A mulher estava acompanhada de um homem de cabelos igualmente vermelhos que era a cópia dela! Seu irmão-gêmeo!
 O que diabos você está fazendo?!
 E-e-eu?
 É, por acaso tá vendo outro maluco andando desarmado por aí?!
Friede engoliu a seco. A pergunta que não queria calar era:
 E por que eu deveria andar armado...?
 Tsc. Você não sabe de nada! Jogou aquela rica madeira montanha abaixo!! Vai morrer rapidinho se não se atinar!!! Venha com a gente, antes que eu DESISTA de ter pena de você!
A mulher e o irmão se viram, em direção às árvores, caminhando depressa e esperando que Friede simplesmente os acompanhasse.
 Esperem! Para onde estão indo?! Onde estamos?!
Então, o irmão-gêmeo se vira e aponta o dedo para o peito de Friede.
 Isso aqui é Palpagos Islands, mermão! Se tu quer sobreviver, é melhor dar um jeito nessa sua boca e fazer silêncio, ou eu mesmo me encarrego de arrancar sua língua!
 !!!!!
Friede já estava cagado de medo antes de receber essa ameaça, agora ele estava ainda mais. Quem era aquela gente? E por que estava sendo tão agressiva com ele?!
 Não queremos chamar a atenção de nenhum Pal poderoso que não possamos lidar, queremos?
 Pau? Mas o que diabos é pau? Por que todo mundo nesse lugar tá com o "pau" na boca?
 O que foi? Você perdeu a memória? Está com amnésia ou algo do tipo? Não é "pau" com "-u"! É "Pal" com "-l"! Todo mundo sabe o que é um Pal!
 Ahn... Licencinha, irmã...
O ruivo então pega a irmã pelo braço e a conduz gentilmente para uma conversa em particular.
 *Cochichando, mas não o suficientemente baixo para que Friede não pudesse ouvir* Esse cara não bate bem! Nós deveríamos deixá-lo aí.
 *Cochichando* Ele não vai sobreviver sem a gente...
 *Cochichando* Eu não entendo o que você viu nele! Estamos o seguindo desde a praia e até agora, tudo o que esse cara fez foi sair por aí gritando, desperdiçando suprimentos e se arriscando a tomar um tiro!
 *Cochichando* Se queremos construir uma vila para nossa família, ele pode ser útil! Pode ajudar a carregar madeira e suprimentos!
 *Cochichando* Com o braço daquele jeito?! O cara é ALEIJADO! Só vai nos dar trabalho!!!
 EEEEEI! Não me chame assim! 😡
Friede fica possesso. Ele não era nenhum "aleijado". Só porque seu braço estava cristalizado e, portanto, completamente imóvel, não significava que ele merecia ser desmerecido com tal adjetivo. O termo "pessoa com deficiência física" era mais adequado. Bom... Na verdade, QUALQUER COISA era mais adequada que "aleijado".
 O que foi que eu falei sobre NÃO GRITAR?!
 Você mesmo está gritando!
 Ah, é? E quem foi que te deu autorização para levantar o tom de voz comigo?!
 Se você quer EXIGIR que eu fique calado, então deveria ao menos DAR O EXEMPLO, e não ficar falando abobrinhas!
 Escuta aqui, seu arrom--
 CALEM A BOCA!! OS DOIS!!!
A mulher se enfurece. Suas bochechas adquirem um tom rubro que, em adição aos seus cabelos já naturalmente muito vermelhos, fazem com que ela fique parecendo um pimentão.
 Chega! Eu estou farto disso! Eu não vou a lugar ALGUM com vocês! Eu nem sei quem vocês são!!!
 Oh, perdão por isso! Meu nome é Thalassa.
 *Emburrado* E eu sou Caelum.
 E você, como se chama, estranho?
 Eu me chamo Friede. Vocês querem POR FAVOR me explicar o que está acontecendo?!
A mulher de cabelos vermelhos, ou melhor, Thalassa, respira fundo, como se estivesse precisando liberar a tensão. Seus olhos verde-esmeralda tornavam nítido que ela estava sobrecarregada.
 Nós somos do povo descendente do Náufrago.
Friede se arrepia dos pés à cabeça ao ouvir aquela palavra.
 Náufrago?
 Foi o cara que descobriu as ilhas perdidas de Palpagos.
 Nós fundamos uma Vila, a "Pequena Colônia", mas ela foi devastada em um ataque furtivo ONTEM à noite.
 Um ataque? 😧
 Um exército de Pals mal-intencionados atacou a vila e a destruiu, deixando-a em Ruínas... Nós perdemos nossa mãe na luta e nosso pai desapareceu enquanto tentava conter o avanço das tropas. É por isso que estamos com os nervos à flor da pele. Peço perdão pela atitude do meu irmão.
 Hmpf! Eu não preciso ser desculpado!
 Mas... O que diabos é um "Pal"?
 Pal significa "amigo", um nome curioso, dado pelo náufrago, visto que nem todos os Pals são amigáveis. De fato, pouquíssimos são.
 Pals são criaturas selvagens e sanguinárias! Elas podem te comer VIVO se você der mole! Por isso eu te aviso, mané, jamais baixe sua guarda enquanto estiver aqui!
 Então os Pals são como Pokémon... Só que é como se... Como se os eventos da Região de Hisui nunca tivessem acontecido! E por conseguinte... Como se Humanos e Pokémon nunca tivessem se aproximado!
 Pokémon? Hisui? Do que você está falando?!
 N-n-nada. Desculpem-me por interromper. O que você ia dizendo...?
 As tropas que invadiram nossa colônia eram de um Pal chamado Cawgnito. Mas eles não são espertos os suficiente para comandar um ataque contra humanos naquelas proporções...
 Eles estavam sendo comandados por um Pal maligno, um ser de puras trevas chamado Shadowbeak.
 Com suas garras sanguinárias, ele... Ele...
Thalassa não consegue terminar a frase. Friede sente que ela está prestes a chorar. As feridas ainda estavam abertas.
 Ele agarrou e destripou a nossa mãe! Bem na nossa frente!
Friede fica boquiaberto, sem reação, enquanto Thalassa cai no choro. Caelum, por outro lado, não parece ceder e demonstrar a tristeza que está sentindo. Ele esconde muito bem suas emoções, mascarando-as com um semblante de raiva.
 M-m-me desculpe por isso...
 Não, está tudo bem!
 Como você veio parar aqui? Você é forasteiro, não é? Seu sotaque não me engana...
 Até por aqui as pessoas dizem isso? Bom, eu... Não sei como acabei chegando aqui. Eu... Não me lembro de nada, exatamente.
 Tsc, então você vai ter que dar um jeito nessa sua memória aí. Se você quer sobreviver, é melhor nos acompanhar para nossa nova base. Está entardecendo, daqui a pouco será noite e os Pals famintos virão para te comer.
Friede não tem escolha senão acompanhar os gêmeos para essa sua tal "nova base", ainda que agora ele esteja um pouquinho mais afeiçoado aos dois, depois de ouvir sua história e se colocar no lugar deles.
Aquelas eram pessoas tristes. Pessoas tristes tendem a se proteger de diferentes maneiras. Thalassa tentava cuidar do irmão da melhor maneira que podia, enquanto Caelum se defendia atacando, isto é, colocando-se em uma posição ofensiva para não demonstrar "fraqueza".

E assim, o Professor Pokémon, sem saber como havia parado naquele lugar ou porquê, decide seguir o caminho dos irmãos até sua base em construção...
Em cerca de 5 a 10 minutos, eles chegam a um local conhecido como "Colina do Vento Alçante". A paisagem era composta por árvores esparsas e uma gramínea que cobria boa parte do chão, mas não todo. Havia várias pedras espalhadas pelo chão que era todo desnivelado, cheio de elevações e perigosos abismos que terminavam no mar.
Caminhando pela Colina, Thalassa e Caelum só pararam sua incursão (na qual juntavam todos os tipos de materiais pelo caminho - Paus e Pedras) quando avistaram um tipo de equipamento eletrônico de alta tecnologia, que contrastava gritantemente com o ambiente selvagem e hostil ao redor.
Ao lado do dispositivo misterioso, havia uma bancada rústica feita de madeira. Esta sim combinava com a aura campestre daquele lugar.
 Seja Bem-vindo à nossa base, Friede.
 BASE? Aonde?
Friede olha para os arredores e não consegue ver mais nada além daquelas duas "mesas", a tecnológica e a de madeira.
 Isso foi tudo o que conseguimos construir.
 Se está achando ruim, talvez seja a hora de você PROVAR que merece ser protegido pela gente!
 Eu preciso construir uma fogueira... Ou vamos CONGELAR aqui. O mar traz uma brisa algente à noite, então precisamos de algum tipo de acondicionamento. Mas para isso, eu vou precisar de mais madeira...
 E a que vocês trouxeram para cá?
 Eu vou utilizar para criar Bastões. Afinal, precisamos de algum tipo de arma...
Com muita destreza, Thalassa começa a trabalhar sobre a bancada de madeira, utilizando os paus que coletou em sua viagem até a "base" para construir porretes vigorosos, grandes e pesados, uma arma perfeita para nocautear alguém.
 Aqui, Friede. Um para você, um para o Caelum e um para mim.
Thalassa divide os itens recém construídos entre os três integrantes da base, enquanto o sol se punha n horizonte, tingindo o céu de um laranja arroxeado que gradualmente tornava o ambiente cada vez mais escuro.
 Ótimo. Agora que eu estou armado, vou buscar mais madeira.
 Certo. Eu ficarei aqui para proteger a base, já que está escurecendo e os ataques são mais comuns à noite. E eu vou improvisar uma panela de cerâmica com barro. O que significa que... Friede, sobrou para você a missão de buscar alimento.
 Alimento? Claro, deixa comigo!
Friede achava sensato dividir as tarefas entre o grupo, e aceitou de bom grado o serviço que lhe foi delegado. No entanto, quando Thalassa falou em "buscar alimento", ele logo pensou em colher frutas e berries, algo do tipo... Mas não era isso o que os gêmeos estavam querendo.
 Aonde está indo? Pegue aqui o seu taco.
Thalassa alcança o item de madeira para Friede.
 E por que eu precisaria disso?
 De que forma você vai abater a comida? Com os próprios punhos?
 Eu disse que esse cara era louco...
 Espera aí... Você disse... ABATER?!
 É. Tá esperando o que? Vai lá e traga um Pal para o jantar!
Friede arregalou os olhos. O que?! Aqueles humanos COMIAM os Pals? No mundo Pokémon, comer um monstrinho não era visto com bons olhos. Embora houvesse quem fizesse isso, não era o caso de Friede, que comia no máximo dos máximos, ovos de Chansey (que eram gentilmente DOADOS por elas próprias), sua única fonte de alimento de origem animal.
 M-m-mas...
Friede olhou para Caelum, e percebia que o gêmeo o estava julgando de cima a baixo. Então ele engoliu a seco e decidiu ir... Quem sabe ele não encontrava alguma fruta por ali e dava o migué neles dizendo que não achou nenhum Pal no caminho?

Mas Friede estava FRITO! Isso porque as árvores da Colina do Vento Alçante pareciam todas estéreis, nenhuma delas era frutífera. Isso o deixou preocupado. Ele então TERIA que matar algum Pal para comer... Só de pensar nisso, seu estômago se revirou. Mesmo que ele conseguisse executar um Pal com sucesso, quem diz que ele seria capaz de comê-lo?

O coração de Friede estava acelerado. Ele já estava há vinte e cinco minutos, aproximadamente, caminhando colina acima enquanto ficava cada vez mais escuro e até agora, ele não havia avistado nada além de galhos e pedras espalhados pelo chão. Não havia nem sinal de fruta. Ele não tinha escolha. TINHA que fazer o que Thalassa havia dito. Seu estômago roncava, ele estava faminto e presumia que os gêmeos também. Friede tinha agora duas opções: Ou ele matava um Pal e voltava para a base junto dos irmãos que tinham conhecimento sobre aquele mundo e podiam protegê-lo ou desistia de fazer isso e tentava sobreviver SOZINHO, afinal, ele não poderia voltar para o acampamento de mãos abanando... Era matar um Pal para comer ou deserdar o grupo. E Friede sabia que ele não conseguiria sobreviver muito tempo só. Estava começando a ficar frio, tal como a ruiva havia falado e ele não conhecia NADA daquele mundo. Que escolha ele tinha?

Morrer ou colaborar com o grupo e ser protegido?

Friede estava tomado pelo impasse ético, mas algo lhe dizia que se ele não agisse logo, ele estaria morto... E seus instintos, seu corpo inteiro, GRITAVA por sobrevivência... Ele não podia falhar.

Eis então que uma criaturinha fofa surge à frente de Friede. É um Pal que lembra um gato bípede, cor-de-rosa... Ele está de costas e não percebe Friede se aproximar.
Assim que o Professor Pokémon se aproxima o suficiente, o dispositivo eletrônico que ele havia encontrado na praia começa a emitir informações sobre aquela espécie...

"Cattiva, Tipo Neutro. Número 02. À primeira vista parece confiante, mas na verdade é fraco e covarde. Ser feito de bobo pela Cattiva é, em muitos aspectos, a maior das desgraças."
 *Pensando* Oh! Então é para isso que serve esse tablet?!
Interessado, nosso herói começa a fuçar no dispositivo, tentando encontrar mais informações e aprender como se usa.
 *Pensando* Não, não, não, Friede! Você está tentando adiar o inadiável... Está se distraindo propositalmente porque não quer fazer o que PRECISA fazer...
Friede está com um peso no coração. Suas mãos, envoltas no bastão, suam frio enquanto ele se aproxima furtivamente na retaguarda de Cattiva.
 *Pensando* É agora ou nunca... Seja o que Arceus quiser!
Friede fecha os olhos. Ele não quer ver o que está prestes a fazer. Então, reunindo a coragem que nem sequer possuía (e se segurando para não vomitar), ele desferiu um golpe de bastão na cabeça do Pal, que urrou e se pôs ereto de frente para ele.
Friede abriu os olhos, pensando ter terminado. Que nada. Cattiva estava viva, MUITO viva. E também furiosa.
Com suas garras brilhantes, o Palzinho danado pulou na cara de Friede e começou a arrombá-lo violentamente, tirando sangue.
Friede sentiu sua vida se esvair conforme Cattiva lhe fincava as garras concentrando "Socos Incessantes" contra sua pele desprotegida. Cada estocada era um gemido de horror e agonia.
 Miaaaaaaaah!
 Au! Au! Aaaau!
Cambaleando, o Professor deu passos para trás, tentando fugir das investidas coléricas do gato endiabrado. Friede percebeu que havia feito cagada. Ele não havia matado o Pal, só o havia deixado furioso. E agora, o Palzinho estava querendo ENTRAR nele! Digo... Fincar as garras em seus olhos, e quiçá até furar seus olhos.

Não deu outra! Friede saiu correndo, com o máximo de fôlego que pode reunir. Enquanto dava pernadas longas para longe de Cattiva, ele olhava para trás e percebia que o gato enraivecido ainda o seguia. Mas conforme ele foi se afastando, acabou perdendo a criatura de vista e por fim, sossegou, respirando aliviado.
 Ufa! Essa foi por pouco...
Eis então que, parado bem à frente de Friede se encontra outro Pal. Uma criaturinha redonda, de olhar calmo e tranquilo e que não parecia oferecer nenhum perigo a ele.
 Póóó, pó, pó, pó, pó!

"Chikipi, Tipo Neutro. Número 03. Extremamente fraco e delicioso demais. É um dos Pals mais fracos ao lado de Lamball. Não importa quantos sejam caçados, eles continuam aparecendo."
 *Pensando* Amiguinho, me desculpe por isso. Não fui eu que disse... Mas se essa "Pokédex" de Pals estiver certa e você realmente for DELICIOSO, não há o que eu possa fazer. Vou levá-lo para a base!
Friede então se aproxima de Chikipi, que estava posicionado de frente para ele, e embora o estivesse vendo se aproximar com o bastão em mãos, não tentava fugir nem atacar, como Cattiva.
No entanto, aqueles olhinhos redondos... Aqueles lindos olhinhos que observavam Friede com uma inocência absoluta, quase como uma criança que observa maravilhada um adulto desenhar, mesmo sem saber que esse adulto jamais pegou num lápis na vida.
Ele não podia fazer isso! NÃO PODIA! Friede hesitou... Ele não ia matar aquela criatura, nem nenhuma outra! Isso era desumano! Mas então...
 *Aproximando-se por trás* O que está fazendo?!
 Hã? Thalassa? O que faz aqui?!
 Eu já construí a fogueira e a panela de barro. E como você estava demorando... Eu decidi vir ver o que estava acontecendo?
 E-e-eu...
Mas antes que Friede pudesse explicar porque seus valores éticos o impediam de assassinar qualquer criatura viva, Thalassa passou à sua frente e, empunhando o próprio bastão, sentou a porrada na pobre Chikipi, que cacarejou com dor conforme a ruiva batia e batia com vários golpes em sequência, sem demonstrar qualquer tipo de empatia, compaixão ou mesmo remorso.
 Puta que pariu!!
Friede assistiu dolorosamente enquanto a criatura era espancada até a morte, com requintes de crueldade, e não segurou mais. Caiu de joelhos, vomitando tudo o que tinha em seu estômago: água.
Então, quando a galinha finalmente parou de gritar, Thalassa a pegou pelos pezinhos, de ponta-cabeça, os olhinhos girando em sua órbita, como um Pokémon derrotado, e a entregou para Friede.
 Prontinho. Carregue-a para nós.
 EEEEEU?!
Friede se cagou, ele DETESTAVA tocar em coisas mortas! Ainda mais algo que ainda estava quente... Ele não queria ter esse desprazer. Mas Thalassa o olhou como se fosse trucidá-lo com aquele porrete. Friede imaginou a ruiva descendo-lhe o cacete por dizer que não, então se conteve e fez o que não estava a fim de fazer, por pura necessidade de sobrevivência: agarrou a galinha morta pelos pés e começou a carregá-la conforme os dois avançavam lentamente de volta ao acampamento.
 Você nunca caçou antes, não é?
 N-n-não...
 Eu sei como é. Ainda me lembro da minha primeira vez... "Seja matando outros homens ou Pals, esta ilha tem um jeito de fazer esquecer sua ética."
 O que?! Vocês também matam pessoas?
 Eu estou apenas recitando um dos versos dos diários deixados pelo antigo Náufrago.
 Esse mundo... É mesmo selvagem...
Friede de repente se pegou pensando em como as coisas seriam em seu próprio mundo se humanos e Pokémon não coexistissem em harmonia... Será que as pessoas teriam que CAÇAR os Pokémon para comer? Será que os Pokémon também não caçariam as pessoas, em contrapartida?
Qualquer que fosse a era em que estivessem vivendo, Friede se sentia um bárbaro, uma besta incivilizada, incapaz de compreender a dor e respeitar o outro. Ele sentia sujo, para não dizer IMUNDO. Aquilo parecia uma regressão em termos de sociedade... Aquilo era um verdadeiro inferno na Terra, um mundo antigo e rudimentar regido pela lei da selva, onde sobrevive apenas o mais forte. Friede se sentia condenado a viver no PASSADO, como se tivesse sido teletransportado para uma época muito, muito anterior à qual ele havia nascido, ainda que a tecnologia avançada desse mundo lhe provasse o contrário.
Então, conforme caminhava com pesar, segurando com nojo a galinha cujo sangue aquente lhe encharcava as mãos, Friede se via cada vez mais perdido em pensamentos... Por que diabos aquilo havia acontecido com ele? Que punição divina era aquela? Ele já não havia sofrido o suficiente com a morte de Liko, Charizard, Raichu e o desaparecimento de seus Trovonautas?
Subitamente, entretanto, Friede viu sua onda de pensamentos ruins ser varrida para longe quando ele avistou uma criatura belíssima... Um Pal liso e grosso vagando tranquilamente pelos campos rochosos, a uma distância próxima do acampamento.
 *Encantando* Q-q-que lindo! O rosto e as cores são de uma Meganium, o corpo de um Kalosian Goodra, folhagens na cauda como as de um Serperior, e a flor na cabeça, de uma Unovan Lilligant! Que Pokémon... Digo, que Pal é esse?!
 Oh, aquele é um Dinossom!
 Dinossom?
A "Paldeck" de Friede então começou a emitir dados sobre o monstro, que apesar de parecer tranquilo, tinha um comportamento vicioso, assim como todos os outros naquela ilha.
"Dinossom, Tipo Grama e Dragão. Número 64. Um Pal que uma vez irritado não pode ser pacificado. Ele continua e continua como um inferno. A frase 'pisar no rabo de um Dinossom' passou a significar enfurecer alguém."
 Ih, acho melhor eu manter a distância, certo?
 Você aprende rápido, bonitão...
Mas Friede ainda era um Professor e havia se graduado porque nutria uma paixão incontrolável por estudar espécies de Pokémon... No caso daquele mundo, Pals.
Friede ficou chateado por não poder se aproximar demais daquele Pal enorme, mas isso abriu porta para um questionamento que começou a invadir sua mente: quantos Pals haviam naquele mundo? Pals grandes, Pals pequenos, Pals peludos, Pals lisos, Pals dotados, Pals desprovidos, Pals cabeçudos, Pals obedientes, Pals de todas as cores... Friede ficou maravilhado. Aquela sensação PENETRANTE o dava forças para continuar a caminhada, mesmo que estivesse enojado de ter que segurar o Pal morto e ainda mais enojado de saber que precisaria colocá-lo na boca e comê-lo se quisesse sobreviver...




A base já estava bastante próxima... Friede pode avistar a fogueira que Thalassa havia feito manualmente e seu irmão gêmeo mal-humorado se esquentando ao redor do fogo. Por mais que não houvesse um teto ou uma cama por ali, aquilo parecia aconchegante.
Então, quando ninguém estava esperando, Friede sem querer tropeça em uma pedra ao caminhar, e despenca de uma altura elevada, desaparecendo da vista de Thalassa.
 FRIEDE!!!
 E-e-eu estou bem... Eu acho!
 Ai, não!
Friede havia caído sentado em cima de algo muito, muito fofo. A princípio, aquilo parecia uma boa coisa, mas o olhar de Thalassa era de preocupação.
 *Barulho de Elefante*
Friede estava montado em um Palzão lanudo de proporções colossais, a tromba possante e veiuda pendendo vertiginosamente para baixo.
 F-F-Friede! Saia já daí! Esse é... Um MAMMOREST!!!!
 E como é que eu faço isso?!
O Pal começou a veaquear com Friede sobre suas costas. Furioso, o mamute se contorcia violentamente, sacudindo como um touro mecânico e Friede, desesperado, tentava se segurar nas duas protuberâncias pedregosas que se projetavam do lombo do bicho.
 Aaaaaah!!!
A Paldeck então apitou no bolso das bermudas de Friede:

"Mammorest, Tipo Grama. Número 90. A vegetação em suas costas varia entre os indivíduos. Há uma longa história de apreciação deste verdadeiro Pal-jardim, e há até especialistas em poda de Mammorest."
 AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH!!!!
 *Barulho de Elefante - incessantemente*
Friede gritava em desespero e quanto mais ele gritava, mais o mamute tentava derrubá-lo. Mas se Friede fosse arremessado ao chão, ele tinha certeza de que seria fatal. Não pela queda em si, mas pelo pisotear massivo daquele Pal gigante que deveria pesar toneladas.
Percebendo a situação inusitada que acontecia ali perto, Caelum deixou a fogueira sozinha e correu para ajudar.
 Aquela é... A Besta Colossal de Grama!!!!
 SOCORROOOOOO!!!!!
Abespinhado, Mammorest finalmente conseguiu arremessar Friede de suas costas.
 Aaargh!
Friede cai raspando no chão, esfolando seriamente todo o lado esquerdo de seu corpo, que ardeu como se estivesse em chamas. Por pura sorte, no entanto, o Professor Pokémon foi jogado com tanta força, que caiu relativamente longe do alcance mortal das patas do mamute. Mas uma vez enfurecido, aquele Pal feroz não se contentaria até socar suas patas no rabo de quem quer que o estivesse tirando do sério. A própria galinha morta já havia se espatifado, enquanto Caelum simplesmente observava com tristeza e desaprovação...
 Já era, o nosso jantar...
Nisso, Mammorest muda sua rota e, com os olhos efervescendo, começa a correr na direção de Friede. Para um Pal daquela proporção, ele era muito, mas muito veloz. Friede logo percebeu que correr de uma Cattiva era uma coisa, correr de um Mammorest, era outra.
 FRIEDE! SAIA JÁ DAÍ!
Grita Thalassa, de cima da elevação por onde Friede escorregou e caiu. De repente, Caelum chega correndo e se reúne com a irmã.
 Temos que atraí-la para longe ou a Besta vai matá-lo!
 Mas c-c-como?! Nós só temos bastões! Precisaríamos chegar perto para bater nela e então chamar sua atenção!
 Droga! Todo mundo sabe que esse Mammorest é pancada! Ele está no Nível 38! Se essa coisa se dirigir para a nossa base, já era! Tudo virará pó! (Inclusive nós!)
 Acho que não temos escolha...
Corajosamente, Thalassa se joga de cima do morro onde se encontrava e cai de pé no chão, sentindo um forte impacto nas pernas (afinal, não havia nenhum Pal embaixo para amortecer a queda). Então ela brada seu bastão e grita, na tentativa de distrair o gigante para que Friede pudesse ao menos ter uma chance de se levantar e escapulir.
 AÍ, SEU RABUDO! VEM ME PEGAR!!
Mammorest ergue a tromba e parece farejar na direção contrária. Ele identifica Thalassa e então se vira para atacá-la.
 *Barulho de Elefante*
Parece que o plano deu certo. Thalassa CONSEGUIU atrair Mammorest para longe de Friede e agora o Professor Pokémon tem tempo de se levantar e correr... Uma lástima que seu corpo todo esfolado arde como se toda a pele do seu lado esquerdo tivesse sido arrancada.
 Uuugh!
 AQUI, AQUI! VENHA!!!
Thalassa continua gritando, tentando (e conseguindo) atrair Mammorest em sua direção. Mas o Mamute, que não era bobo nem nada, não correu. Dessa vez, ele ousou dar um pulinho. Sim, um pequeno salto, de altura mínima, mas de proporções estratosféricas. Ao cair de volta no chão, o mamute lanoso provocou uma onda de impacto que se propagou pelo ar em todas as direções, num raio de 5 metros, atingindo não só Thalassa como também Friede.
 AAAAAHHHH!!!
 Thalassa, você ficou louca?!?!
 Ele ia MORRER se eu não fizesse NADA!!!
 Que morresse, então! Antes, seria só ele! Agora todos nós iremos para o saco!!!
 Cala a boca! Isso não é hora de ficar discutindo!
Thalassa se apoia nas rochas ao seu redor para se levantar e começa a correr. Caelum não precisa de convite para fazer o mesmo. Enquanto isso, Friede cambaleia para fora do alcance do mamute, que está possesso, com sede de sangue. Ele não iria parar enquanto não os destruísse. Então...
 Ah, não! Friede está correndo em direção à base!
 O que está fazendo, seu bastardo! Não vá para aí!
Friede nem está pensando mais. Tudo o que ele quer é se proteger. Talvez o fogo afastasse Mammorest. Se ele era um Pal de Grama e a mesma lógica do Mundo Pokémon se aplicasse aqui, então ele estaria em uma tremenda desvantagem lutando contra as chamas... Mas a verdade é que uma única pisada de Mammorest poderia extinguir aquela fogueira em uma fração de segundo. Seu pé era tão grande que sozinho poderia abafar o fogo, cortando o oxigênio e assim acabando com as chamas. Se isso acontecesse, a base estaria destruída. Eles morreriam de Frio... Isto é, se Mammorest não os assassinasse brutalmente antes.
 *Barulho de Elefante*
 FRIEDE!!!
 Me ajudem! Me ajudem!
Mammorest segue correndo em direção a Friede, que está perigosamente perto do perímetro da base. Se Mammorest entrar lá, já era.
 *Barulho de Elefante*
O Pal em frenesi põe para fora toda a sua fúria e convoca rapidamente dois "Tornados de Grama". Eles conseguem ser ainda mais rápidos do que o Pal e avançam velozmente contra Friede, um pela direita e outro pela esquerda. O movimento parecia-se muito com a "Tempestade de Folhas" dos Pokémon de Tipo Planta, exceto pelo fato de que era um ataque DUPLO, o que causava muito, mas muito mais danos.
Enquanto os furacões rodopiavam violentamente visando o fim de Friede, o gêmeo marrento tem uma ideia...
 Eu não tenho escolha, Thalassa! Eu vou ter que fazer AQUILO!
 Mas... Caelum! Você sabe que é PROIBIDO!
 Não dá! Por alguma razão, eu não posso deixar esse homem morrer!
Contradizendo as expectativas, parece que Caelum não era mesmo uma pessoa má, afinal, e não queria que Friede se lascasse. Ele tinha um certo senso e pretendia salvar o Professor, de uma maneira ou de outra... Assim, Caelum puxou de sua bolsinha um objeto estranhamente familiar... Um orbe que emitia uma intensa luz azul em contraste com a escuridão da noite, uma ESFERA DE PAL.
 CAELUM, NÃO!!!
 Me desculpe por isso, irmã! Mas eu preciso salvá-lo e salvar o acampamento...
Caelum então arremessa a Esfera. Mas se você pensa que ele mirou em Mammorest, está muito enganado. Ele jogou a Esfera nas costas de Friede, no último instante antes que os tornados pudessem atingi-lo. E para a surpresa do Treinador e Professor Pokémon, a Esfera fez efeito.
 *Atônita* Caelum, o que você fez?!?!
 *Ofegante* Eu o salvei...
No menor contato, a Esfera de Pal se abriu e começou a capturar, para a surpresa de todos, um HUMANO! Com o coração saindo pela boca e o medo da morte tomando conta de si, com a adrenalina à mil, Friede viu seu próprio corpo se transformar em uma luz azul e ser sugado por completo para dentro da Esfera, por uma força que era impossível de lutar contra. A sucção era tanta, que Friede não conseguia conter, exatamente como tentar controlar a morte... Uma vez que sua hora chega, sua alma escapa de dentro do seu corpo, mesmo que você tente se segurar desesperadamente à carne. Era como tentar segurar água com as mãos... Querendo ou não, o líquido escapa por entre os dedos! E exatamente assim, subjugado pela força descomunal do item mágico, Friede é involuntariamente sugado para dentro, desaparecendo de vista e deixando Mammorest confuso...

E então... Tudo ficou PRETO.
 AAAAAAHHHHHHH!!!!
Com um pulo, Friede despertou!
Seu coração estava a mil, ele mal conseguia respirar. Musharna estava olhando fixamente para o Professor, enquanto ele dormia, tal como aqueles três Palzinhos o observavam acordar junto aos destroços do barco naufragado.
 Mushaaa...
 F-f-foi... Foi só um sonho...?
Friede está boquiaberto. Seu coração está tão acelerado, que chega a doer, como se fosse sair para fora do peito. Ele se sentia tonto e tinha vontade de vomitar (outra vez).
 *Psicopata* Ora, ora! Vejam só quem acordou!!! Me conta, vai... Com o que você sonhou?!
Era difícil de acreditar que tudo o que ele havia vivido havia sido apenas um sonho, mas ao que tudo indicava, era o que parecia, não é?
 *Com medo de ser entregue à polícia* Fennel, vamos! Deixe o homem! Friede, você está bem?!
 E-e-estou... Eu acho...
 O que aconteceu?! Você está todo suado... (E eu adoro homens suados!)
 E-e-eu...
Friede engoliu a seco. Aquilo estava longe de ter sido um sonho... Estava mais para um pesadelo. Mas mesmo estava palavra parecia insuficiente para qualificar tudo aquilo que ele havia vivido do lado de lá. Tinha sido real demais... DEMAIS!!

Mas no fim das contas, Friede sabia que agora estava em casa, em sua verdadeira vida, em seu verdadeiro mundo, então não havia porque ficar remoendo uma alucinação criada pela sua própria cabeça...
 Deixa pra lá... Foi apenas um pesadelo... Eu realmente não deveria ter comido TANTO!

[Fim]

Disclaimer: Oi, o meu nome é Kevin e eu sou um homem adulto que gasta horas e horas de seu precioso tempo escrevendo e editando fanfictions de Pokémon por pura diversão! Eu não recebo um centavo por isso! Nunca recebi uma doação sequer para apoiar minha produção! Todo o meu trabalho é movido puramente por amor à franquia e eu o faço para me sentir feliz, o que geralmente acontece toda vez que eu termino um capítulo, e mais ainda, quando eu termino uma história. Então, se você chegou até aqui, não esqueça de deixar um comentário abaixo, caso contrário, não tem como eu saber se estão gostando ou não, nem receber sugestões de melhoria. Vamos lá, comente! Assim como eu escrevo sem receber nada por isso, comentar também é de graça e ajuda o autor a entender melhor os seus erros e aprimorar a escrita.

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