Sabe quando você está tendo um pesadelo que parece interminável e de repente você se acorda e percebe que tudo não passou de um sonho, sentindo um alívio enorme por estar de volta ao seu quarto? Você conhece essa sensação? Pois é exatamente o que Friede está sentindo.
Ele respira aliviado, sabendo que seus Trovonautas estão vivos e bem, embora três anos mais velhos, devido à diferença de tempo entre o mundo para o qual foram e seu mundo de origem, e pareciam mais sábios e resilientes também... Mas ao mesmo tempo, era assustador dar-se por conta que não se tem o controle de NADA na vida, todas as coisas que acontecem, sejam boas ou sejam ruins, escapam por entre seus dedos e você não pode freá-las.
Era a sensação mais esquisita de todas...
Agora, a bordo do Old Castle, no caminho de volta para a Blueberry Academy, o Professor Pokémon se pega preso em um dilema moral e ele sabe que quanto mais tempo demorar para resolver isso, pior será...
Orla, poderíamos conversar em particular?
Hã? Mas é claro, meu amor.
O coração de Friede está inundado em emoções extremas, que puxando-o de um lado para o outro com tanta força, que é como se ele fosse rasgar ao meio. Enquanto Mollie cuida de Celebi e de Roy com o kit de primeiro socorros encontrados no velho castelo de Diana, Friede convida Orla para conversarem a sós.
Faz três meses que eles não se veem. Quer dizer... Para Friede, este foi o tempo que passou. Para Orla, foram três anos... Uma diferença brutal. Quando Orla foi levada para a dimensão paralela, ela era mais nova que Friede, tendo 26 anos. Agora, ela é MAIS VELHA que ele, com 29. Friede segue tendo 27 anos. Não é bizarro?
Mas ainda mais bizarro é ter todas essas emoções condensadas dentro de si e não saber como lidar propriamente com elas... Mais bizarro é sofrer sozinho, sem ninguém para com quem se abrir e compartilhar suas dores e experiências.
Neste momento, por mais que Friede estivesse extremamente feliz de ter seus amigos de volta, ele sabia que precisava ser honesto, ou continuaria com aquela sensação de que fez algo errado dentro de si, corroendo-o e destruindo-o toda vez que olhava para eles e se lembrava de tudo o que havia acontecido durante o período em que eles não estavam por aqui.
Eu... Preciso te contar uma coisa.
Hã?
As mãos do Professor estavam tremendo e suadas, ele parecia genuinamente nervoso com a situação. Tão nervoso como quando ele estava prestes a enfrentar a Elite dos 4 da Blueberry Academy pela Bolsa de Mestrado. Mas ele sentia que DEVIA isso a Orla, então precisava falar para ela o mais rápido que conseguisse, para não se sentir um canalha, cafajeste traidor, como sua cabeça volta e meia o fazia se enxergar.
Depois que vocês se foram, eu não te esperei, se é que você me entende. Eu... Fiquei com outras pessoas...
Oh, e você me chamou para me falar isso? Friede, qual é? E você acha mesmo que durante TRÊS ANOS eu não fiquei com ninguém por lá também?!
Orla estava sorridente e não dava a mínima para aquela confissão. O coração de Friede foi de um sufoco para uma sensação de alívio em instantes, como se um peso enorme tivesse sido removido de seus ombros.
Hã? O que isso quer dizer?
Que está tudo bem, ora! Nós não tínhamos nenhum relacionamento sério, nem nada do gênero. E mesmo que tivéssemos, estávamos a um mundo de distância! Na verdade... Não havia garantia nenhuma de que voltaríamos a nos ver! Fico feliz que tenha encontrado maneiras de seguir em frente e viver a sua vida ao lado de outras pessoas.
"Seguir em frente" não é bem o termo correto... E foram só três meses, então... Eu não sei, estou começando a me sentir um pouco culpado.
Não se sinta. Eu ficaria frustrada se alguém que não estivesse mais presente na minha vida, ainda estivesse tentando controlar minha sexualidade.
Bom, isso quer dizer que você me perdoa?
Perdoo, mas agora que estamos aqui novamente, eu te proíbo de sair com outras pessoas! De agora em diante, você vai ser meu cachorrinho!
QUÊ?!?!?
HAHAHAH! Eu estou brincando, Friede!
Aaaah, sua boba!
Mas... Você sabe... Se quiser tentar de novo... Eu ainda estou para jogo.
De volta à Blueberry Academy, no Dia seguinte...
Friede pediu autorização à Srta. Briar e o Diretor Cyrano para ocupar uma sala de aula vazia. Afinal, agora que seu grupo estava novamente reunido, ele precisava entender o diabos havia acontecido, onde eles haviam ido parar e como eles estavam três fuck*ng anos mais velhos!
Agora que estamos todos aqui, acho que podemos dar início à nossa reunião!
Reunião? Quem você pensa que é Friede? Nosso líder agora é o vovô Ludlow! GYAHAHAHAH!
Hum? Sério?
Que foi? Não confia nas minhas capacidades, meu neto?
Não foi o que eu disse!
Tá tudo bem, a gente tá zoando!
*Pensando* Santo Arceus! O velhote está até usando gírias agora! Que car*lh* aconteceu enquanto eles estavam fora?!
Olha só pra cara dele!
Parece que alguém chupou limão!
Hahahahah!
Eu senti tanta falta de vocês, caras... Vocês nem sabem o quanto!!
A gente também sentiu sua falta, Friede. Nós fizemos de tudo para retornarmos para cá. Nós jamais desistimos de voltar. Por mais que as condições fossem um tanto quanto adversas na linha do tempo em que fomos parar, nós nunca paramos de tentar.
As coisas eram realmente difíceis por lá. Mal tinha água... Havia racionamento, e a sociedade parecia estar por um fio de colapsar... Se é que já não havia colapsado.
Mas ainda bem que aqui estamos novamente! Os Trovonautas, como nos velhos tempos!
Eu tento tanta coisa para contar... Mas antes, preciso apresentá-los aos meus novos amigos!
Novos amigos? Poxa! Nem bem desaparecemos e você já nos SUBSTITUIU, Friede?
Nada disso, Orla! Nada disso!
Era só um brincadeira! 😅
Orla percebeu que por mais que houvessem se passado apenas três meses do lado de cá, Friede já não era mais o mesmo. Ele estava muito mais sério e controlado. Antes, ele era um cara apaixonado por batalhas, um professor-treinador orgulhoso, que jamais recusava um desafio, mesmo que seu oponente fosse um ameaça que ele jamais poderia dar conta, sempre sorridente, sem jamais baixar a cabeça. Friede agora parecia mais cansado... Seu rosto tinha olheiras e marcas de expressão que antes não eram visíveis e seu cabelo branco estava menos vívido... Estava se tornando verdadeiramente grisalho.
Está tudo bem, eu só... Ainda não me recuperei totalmente do que aconteceu. Vai levar algum tempo ainda até que tudo possa estabilizar, mas... É bom ter vocês novamente aqui comigo. ♥
Oh, Friede...
Se eu pudesse, eu te dava um abraço agora...
Como assim "se eu pudesse"? Por que você não pode?
Tá brincando? Agora eu tenho 17! Já sou um homem!
Minha nossa senhora! Que masculinidade frágil...
É mentira, era só pra descontrair!
Ufa...
Mas como eu ia dizendo... Eu preciso que vocês conheçam estas pessoas que agora fazem parte da minha vida. A primeira é a Srta. Briar. Ela pesquisa o Fenômeno Terastal e é minha orientadora de Mestrado aqui, na Blueberry Academy!
É um prazer finalmente conhecê-los, Trovonautas!
O próximo é Lang. Ele vem da Região de Paldea e estudava na Academia Uva por lá, até vir para Unova fazer intercâmbio!
Hola!
E por fim, mas não menos importante... Amethio, o meu namorado!
Vai tomar no c*!
É um doce de pessoa, não?
Filho da mãe! Tomou meu título e ainda fica me tirando para louco!
Sinto que já estou entrando na vibe dos Trovonautas novamente! Hahahah!
É bom você se endireitar ou eu...
Ou você NÃO VAI FAZER NADA, porque eu digo e repito: você é um doce de pessoa!
*Revirando os olhos* Aff!
É brincadeira, ele é só meu colega de quarto (e rival!). Mas voltando à reunião... Temos algumas pautas para debater hoje... Que tal começarmos por vocês me contando QUE RAIOS ACONTECEU?! Como é que o Roy partiu daqui com voz de criança e agora já tá com voz de homem?!
Aaaah! Você acha?!?!?!
Não se anima muito que ela ainda dá uma falhada!
...
Bem, acho que eu posso começar falando. Tem uma coisa que você precisa saber sobre nós, Friede.
Hum? Nós quem?
Eu e a Mollie. Nós agora somos um casal.
O QUEEEEEEE?!?!
Bizarro, não é?! Mas com o tempo, você se acostuma...
O que você quer dizer com bizarro, pivete?!
É sério, isso? Vocês não estão tentando aplicar em mim outra vez, estão?
Não, desta vez é sério. Murdock e eu nos aproximamos muito depois que partimos... Estamos juntos há dois anos, pelo menos.
Uaaau! Eu fico muito feliz por vocês! Muito feliz mesmo!
Obrigado, parceiro!
Mas e a Dot e a Blanca? Elas já sabem?
Bom, foi meio estranho contar isso a elas, mas foi mais de boas do que eu pensei!
Mas e você, vovô... Me conta... Como você se tornou o Líder dos Trovonautas?!
Bom, quando tudo aconteceu, estava todo mundo desesperado. Mas eu já estou muito velho para me desesperar... Se eu me enervasse com isso, eu já teria tido um infarto. Então, como eu era o mais experiente, eu comecei a aconselhá-los e boom! Quando eu vi, eu já os estava liderando!
Foi algo natural... Pouco a pouco, fomos seguindo o vovô e quando percebemos, já havíamos o elegido como o novo líder do grupo!
Mas agora que voltamos, passo de novo essa responsabilidade para você, Friede, meu neto. Eu já estou velho demais para trabalhar...
No seu lugar, eu faria o mesmo!
Ah, e inclusive, fui eu quem enviou a mensagem em Código Morse para as coordenadas da Área Zero!
É verdadeiramente um milagre que a Diana estivesse lá na hora certa para receber a transmissão! Se não fosse por ela, vocês não estariam aqui hoje! E falando em estar aqui... Por onde é que vocês andaram, afinal? E como é que foram parar lá?
Bem, esta é uma história um tanto quanto complicada...
Complicada? Por quê?
Celebi, o Pokémon viajante do tempo acabou nos levando para uma linha do tempo alternativa... Isto é, para uma dimensão diferente ou universo paralelo, como preferir chamar. Ele nos enviou direto para Ultramegalopolis, uma cidade futurista em ruínas que estava sofrendo com calamidades causadas pelos próprios seres humanos daquele mundo... À princípio, fomos recepcionados com rifles e fuzis, mas depois de os habitantes de lá se certificarem de que éramos boas pessoas, eles nos ajudaram em nossas incansáveis tentativas de regressar para casa.
E como é que Celebi fez isso? Digo... Como ele os levou para outro mundo? Pelos mitos da Região de Johto, eu pensei que Celebi só pudesse viajar na nossa linha do tempo, consertando-a e reparando-a de eventuais danos e estragos.
A princípio, nós formulamos várias hipóteses para tentar explicar isso e chegamos à conclusão que talvez algo ou alguém tenha DESVIADO a rota de Celebi no momento em que ele tentou nos levar para o futuro...
Será que... Terapagos? Não pode ser!
Tera o que?
Terapagos, o Pokémon que é a origem do Terastal e aquele que transformou Liko em pedra!
E por falar em Liko, ela continua...?
Sim. E eu também.
Friede arremangou seu casaco e mostrou a todos o que havia acontecido ao seu braço, que agora se encontrava cristalizado tanto quanto Liko.
Que horror!
Oops! Desculpe-me por isso! Eu... Não quis ofender! Me escapou!
Está tudo bem, Roy. Eu ainda não me dei por vencido. Eu pretendo encontrar Terapagos, onde quer que ele esteja, e restaurar não só o meu braço, como também a pobre Liko... E os meus Pokémon, o Charizard e o Capitão Raichu, que se encontram na mesma situação.
Capitão RAICHU?
É, eu acabei fazendo umas mudanças no meu time durante esse tempo... Vocês perderam MUITA coisa.
Mas e o dirigível? Vocês recuperaram?
Não.
Isso quer dizer que os nossos Pokémon...?
Até agora, nem sinal deles, Murdock... A sua Alcremie, o Elekid da Orla, o Pawmi da Mollie, o meu Noctowl e o meu Nosepass... E até mesmo os Pokémon selvagens que viviam no Brave Asagi: Alolan Muk, Carkol, Slugma, Shuckle, Snorunt... Todos eles continuam desaparecidos. Eu não tive uma notícia sequer. Parece que eles continuam perdidos no tempo, e só quem pode nos contar o que houve realmente com eles é a Liko. Afinal, quando Sada a raptou, levou consigo tanto o dirigível quanto os Pokémon tripulantes!
Mas que merda!
Nem me fale... Eu tenho lutado sozinho para recuperar TUDO o que eu perdi naquele dia... A nave era material, dá para construir outra... Mas vocês, pessoal, são insubstituíveis... Todas as aventuras que vivemos juntos, as risadas que demos, as lições que aprendemos, os sonhos que construímos e as lembranças que compartilhamos... Nada disso pode ser substituído. Então eu meio que ENLOUQUECI tentando reaver o que foi tirado de mim naquela noite, na Área Zero.
Não foi fácil para a gente também.
E nem para os nossos Pokémon... Lembra da Nidoqueen, Friede?
A do seu avô?
É... Ela ficou muito triste por não ver mais ele. Passava "uivando", chorando de saudades.
Pokémon também podem sofrer de depressão, assim como os animais. Eles têm sentimentos! E às vezes, esses sentimentos podem levá-los a conflitos internos, tal como acontece com a gente.
A coitadinha nunca mais foi a mesma... Ela realmente sentia muita saudade de casa! Quando eu estava aqui, eu fazia videochamadas com a minha família diariamente e ela sempre via o meu avô, mas depois, quando a gente foi para o outro mundo, nunca mais tive contato com ninguém que eu conhecia, então eu presumo que ela tenha achado que ele faleceu. E depois de certo tempo, eu comecei a achar também... Fiquei com medo de voltar para cá e descobrir que, pela idade avançada, ele já tivesse falecido quando eu finalmente regressasse...
Mas ele está bem! E estava te procurando, preocupado com você, Roy! Durante esse tempo todo!
É... Assim que eu o reencontrei ontem, fiquei tão feliz, mas tão feliz, que eu nem pude acreditar!
E ele também estava, tenho certeza!
Sim! E aproveitando nosso reencontro, fiz questão de deixar Nidoqueen sob seus cuidados novamente! Afinal, ela sempre foi dele, e ele só me emprestou para levar comigo em minha viagem para se certificar de que eu ficaria bem! Mas agora, depois de tudo o que eu passei, eu já tenho um time forte e poderoso para me defender. Não que eu não vá sentir saudades de Nidoqueen, principalmente depois de ela ter passado uns quatro anos na minha equipe, mas... Eu acho que a solidão foi muito angustiante para ela. A coitada não se sentiu bem durante tanto tempo, que nada mais justo do que levá-la de volta para casa, isto é, para nossa ilha natal, na costa da Região de Kanto.
Entendo. Talvez agora, Nidoqueen possa se sentir menos aflita.
É o que a gente espera...
Mas e o Celebi? Como ele está?
Eu consegui reanimá-lo, mas ele precisou ser transferido para um Centro Especializado. Foi enviado para uma Enfermeira Joy próxima de um local chamado Giant Chasm, aqui em Unova. Ela poderá cuidar dele melhor do que a gente.
Bom, isso eu já sei, mas o que eu não entendo é... Como foi que ele ficou daquele estado?
Bom, desde que a gente chegou em Ultramegalopolis, Celebi se manteve fechado dentro da cápsula, digo... Da Pokébola Ancestral. Não havia nada que abrisse aquela porcaria!
Mas depois que eu aprendi a utilizar a tecnologia do futuro, foi fácil destravar a tranca e soltar Celebi.
Porém, as coisas começaram a ficar estranhas depois disso...
Hã?
Celebi começou a ficar doente. Muito doente. Parece que a Energia que fluía naquele mundo era diferente da que flui aqui. Ele não podia mais utilizar seus poderes psíquicos e também não conseguia nos trazer de volta. Para falar a verdade, ele começou a ficar cada vez mais e mais fraco, como se estivesse adoecendo só por estar em um mundo que não lhe pertencia.
A fonte do poder dos Pokémon de Tipo Psíquico são as estrelas. Como estávamos em um cosmos diferente, alguma coisa deve ter afetado a capacidade psiônica dele. Esta é minha teoria.
Mas e o seu Metagross, Orla? Ele também é do Tipo Psíquico... Que efeitos você pode observar nele?
Metagross manteve-se firme e forte. Acho que por ele ter um cérebro de supercomputador e ser feito de Aço orgânico, ele deve ser mais resistente, de alguma forma.
E como Celebi é literalmente um ser vegetal que vive em harmonia com as florestas, estar em um lugar como Ultramegalopolis, que não tinha uma árvore sequer, isso só agravou a situação.
Mas nós precisávamos utilizar o poder de teletransporte de Celebi para ativar a máquina que a Orla construiu para abrir a Ultra Fenda Espacial. Então, mesmo doente, ele deu o máximo de si para nos ajudar a voltar para casa, e por isso, parou de respirar quando chegamos aqui. Ele... Estava exausto.
Por sorte, Celebi ficará bem. Eu não confio muito nas Enfermeiras Joy enquanto pessoas, mas confio nelas enquanto Enfermeiras e profissionais da saúde. Tenho certeza de que Celebi está em boas mãos agora, por isso, fique tranquilo, Roy.
Obrigado, Orla.
Roy sentiria saudades de Celebi e de Nidoqueen, mas sabia que para o bem de ambos os Pokémon, era melhor deixá-los sob os cuidados de outra pessoa, pelo menos por enquanto.
Então, foi você quem construiu o aparelho a laser que trouxe vocês de volta para cá, Orla?
Aham. Eu aprendi muita coisa estudando a engenharia do futuro! Quer dizer... Do futuro daquele mundo.
Ninguém daqui jamais vai se comparar à Orla, agora.
Ela realmente aprendeu a construir coisas absurdas! Você não faz ideia, Friede...
Se há um lado bom em termos ficado presos naquele lugar, foi isso.
A mamãe tá poderosa!
Nunca pensei que eu viveria para te ouvir falar isso!
PSIU! Caladinho, Friede! Agora eu sou mais velha que você! Me respeite!
Essa mulher ainda vai me matar!
Mas voltando ao assunto... E quanto à Liko? Sem ela, não estamos completos... Ainda está faltando uma cadeira a ser preenchida!
É, tem razão!
O que podemos fazer por ela?!
Ah, Roy... Eu realmente não sei... A Srta. Briar e eu, bem como o Amethio aqui, temos estudado o Fenômeno Terastal. Vocês nem sabem o quanto eu aprendi nesses últimos meses! Mas quando descobrimos que o Terapagos era a fonte dos nossos problemas, ele simplesmente desapareceu...
Hã? Desapareceu?
Se teletransportou no tempo, assim como Celebi faz (ou deveria fazer).
Ele pode estar em qualquer lugar do mundo agora.
Eu gostaria de poder aprender mais sobre Terapagos.
Orla, minha querida... Você irá. Disso, eu tenho certeza! Enquanto eu estiver matriculado na Blueberry Academy, eu estarei estudando soluções para trazê-la de volta.
Se ao menos eu pudesse construir uma máquina para trazê-la de volta...
É mais complicado do que isso. Vocês querem vê-la de novo? Digo... Querem ver o corpo dela mais uma vez?
Mas é claro! Onde ela está?
No Castelo da Diana.
O que?! O corpo dela estava dentro do castelo esse tempo todo?!
Sim. Foi o que ela me contou. Eu ainda não tive coragem de ir até lá vê-la. Ainda é muito difícil para mim assimilar tudo o que aconteceu...
Mas agora você irá! Por favor, Friede! Leve-nos até ela!
Está certo. É justo que eu leve vocês para verem-na.
Os Trovonautas deixam a sala de aula e pegam o elevador para o topo da escola, na área acima do nível do mar. Lá, eles se dirigiram até o Castelo da avó de Liko, que flutuava suavemente estacionado junto ao portão da instituição de ensino.
Por mais que Liko fosse uma jovem problemática. (SIM, ela tinha suas questões), Friede jamais deixou de acreditar no potencial da menina. Ele sabia que ela era uma jovem traumatizada e com muitos abalos que acabaram por fragmentar sua personalidade, dividindo-a em duas: a menina boazinha e quietinha, que se sente insegura em demonstrar suas emoções para os outros, e a menina má que aperta as mãos em torno do pescoço de quem quer que a esteja incomodando, com a intenção de m4t4r.
Mas ainda assim, Liko não tinha culpa de nada daquilo. Ela era só uma adolescente, uma menor de idade, e não entendia completamente o que era a vida. Para falar a verdade, ela não sabia de nada... Era ingênua demais para entender a crueldade do mundo e dar-se bem com a ideia de que sua inocência lhe foi arrancada muito cedo. Ela tinha dores demais para suportar, e jamais conseguia reagir a isso de maneira positiva, com seu cérebro ainda não tendo se desenvolvido por completo.
Mesmo com todos os "poréns", no entanto, Friede ainda era um professor e sempre iria defendê-la.
Liko precisava de proteção. De carinho. De amor. E isso Friede sabia que poderia oferecer a ela. Ele nunca seria o PAI da garota, mas poderia ser a boa influência que faltava na vida da menina...
E agora, com tudo o que aconteceu... Vê-la naquela situação era triste demais! Briar e Lang, que a estavam vendo pela primeira vez congelada por detrás da parede de cristais, recortada das profundezas da Área Zero por Diana e os Troublenautas, estavam atônitos. Suas faces exibiam um misto de horror com melancolia, lamentando com profundo pesar a perda de uma moça tão jovem e bonita quanto Liko.
Mas nada superava o semblante de remorso profundo que Amethio, pela primeira vez desde que Friede o conheceu, completamente sem palavras, estava deixando transparecer.
E-e-eu... gulp!
Amethio estava boquiaberto. Completamente perplexo. Atônito. Ele jamais imaginou que por trás das motivações de seu rival estava salvar uma moça tão bela e tão jovem.
Me desculpa, Friede.
Hum?
S-s-se eu tivesse visto ela antes... Não teria relutado tanto em te ajudar a entender o Fenômeno Terastal...
O que era aquilo? Compunção? Arrependimento? Friede ficou se coçando para jogar a verdade na cara de Amethio nesse momento, mas como um homem adulto e ciente de que as pessoas não têm culpa de seus defeitos, ele se segurou e aceitou as desculpas sinceras do mal-humorado e rancoroso Amethio, pois sabia que se ele estava baixando a guarda desse jeito e se mostrando sensível, é porque REALMENTE havia sido impactado, caso contrário, ele jamais deixaria o personagem...
Está tudo bem agora, Amethio. Você foi um c*zão? Foi sim. Mas já passou. Você me levou até o Terapagos da primeira vez e por mais que as coisas tenham dado errado, eu te agradeço por isso.
Falando em Terapagos... Esse Pokémon que causou tudo isso à Liko... Como ele é?
Bem, neste caso, a Srta. Briar pode explicar melhor, afinal, ela o conhece mais do que eu.
Terapagos é um Pokémon Quelônio muito, muito antigo. Sua concha, que é feita do mesmo material cristalino que reveste o corpo dos Pokémon Terastalizados, emite a energia de todos os tipos Pokémon, mesmo aqueles que ainda não conhecemos... Eu acredito que essa concha, e na verdade todo o corpo dele, possa ser feito inteiramente da energia que dá origem ao Fenômeno Terastal.
Espera aí!
Hã?
Você disse que o corpo de Terapagos é feito da Energia do Terastal e que a concha emite a energia de todos os tipos Pokémon?
Isso mesmo. Por quê?
Vocês já ouviram falar de engenharia reversa?
Hã? Aonde você quer chegar, Orla?
É que... Eu acabei de ter uma ideia. Se Terapagos é a fonte do Terastal, isso significa que eu talvez possa destrinchar o funcionamento de um Tera Orb e a partir disso, modificá-lo para rastreá-lo.
E como você faria isso?
O Cérebro de Orla trabalhava como uma máquina. Se Metagross era um Pokémon com um supercrânio, o de Orla era um hipercrânio.
Eu poderia inverter sua funcionalidade. Ao invés de o Tera Orb captar a energia do Terapagos que flui pelo mundo para gerar a Terastalização, o Tera Orb irá DEVOLVÊ-LA ao Pokémon, e assim poderemos rastreá-lo, seguindo a emissão de energia reversa do Tera Orb.
F*CK! Essa é uma ótima ideia!!
Espere um pouquinho... Talvez o Tera Orb, por ser muito pequeno, não tenha um alcance tão grande. Por que você não tenta utilizar um objeto maior?
Que objeto?
Friede havia acabado de sair de um aula de Didática com o próprio Diretor Cyrano quando se dirigiu para a Central Plaza no Centro do Terarium...
Orla estava trabalhando em conjunto com a Srta. Briar na praça.
E aí? Como está o progresso?
Quase pronto.
Só precisa de mais um ajustes...
O núcleo do Terarium havia sido baixado do topo do domo e após passar pelas mãos mágicas de Orla, havia se transformado em algo mais. Uma espécie de arma, capaz de disparar energia e rastrear a fonte do Terastal à distância...
C4c3t3! O que é que é isso?!
Se eu estiver certa, esta máquina será capaz de fazer o processo inverso e rastrear Terapagos. Eu usei um pouco de IA do futuro para me ajudar a construí-la.
UGH! Inteligência Artificial?
É, a tecnologia que eu trouxe comigo me permite desenvolver protótipos de máquinas em segundos. Algo que levaria muito mais tempo de outra maneira.
Desde a Sada Robô, eu não sei como me sentir com relação a IA's.
No futuro... Quer dizer... Na dimensão em que nós estávamos, que parecia ser uma versão futurista de Alola, as IA's não eram vistas com maus olhos. A sociedade já havia superado essa questão. Ei, acho que acabo de finalizar o equipamento!
Sério?
Seriíssimo! Olha só!
Orla clica em uma série de botões em um painel que ela havia construído do zero e faz com que o Núcleo do Terarium comece a operar de forma inversa. Na tela, um mapa como o de um sonar aparece, enquanto o aparelho fazia uma varredura, procurando por algum sinal de Terapagos.
Está funcionando!
Ahá! A Orla sempre foi 10/10!
Se você dissesse o contrário, eu te asfixiaria enquanto estivesse dormindo...
... ...... ....
Espere! Gente, o que é aquilo ali?
A Srta. Briar de repente percebe uma anomalia encontrada no sonar, a apenas alguns quilômetros de distância no oceano.
Hum?
Tem uma zona atípica aqui no mar de Unova. Será que... Finalmente o encontramos?
Não. Não pode ser. Do jeito que o mundo é grande, levaria anos pra gente conseguir detectar Terapagos! Além disso, que coincidência do car***o ele ter sido detectado logo aqui, no nosso quintal! Essa máquina deve estar com defeito!
FRIEDRICH OLIVINE WHITESTONE! O SENHOR ESTÁ DUVIDANDO DA MINHA CAPACIDADE?!?!?!
Bem, só tem uma maneira de sabermos se a máquina está certa ou não... Vamos até lá!
Briar tem razão! O que você me diz, Friede?
Vale a pena investigar. Vou reunir os Trovonautas E os Troublenautas. Partimos hoje à noite.
Naquela noite, então, sob a luz das estrelas, o Velho Castelo de Diana partiu da Blueberry Academy uma vez mais, desta vez mirando no oceano de águas profundas, onde não se enxergava terra em nenhuma das direções às quais se lançava o olhar. A parceria repentina entre os Trovonautas e os Troublenautas se deve ao fato de que agora, o primeiro grupo está a pé, sem o seu amado dirigível para poder percorrer o mundo. Por outro lado, a própria avó de Liko estava interessada em ir atrás do suposto Pokémon que teria feito sua neta de fóssil.
À todo vapor!
Avante! Avante! Avanteee!
*Tímida* ...
*Dot falando através da boneca* Novas aventuras nos aguardam!!
Nas camadas inferiores do castelo, na qual vários Pokémon selvagens habitavam, cinco deles faziam o papel crucial de manter a estrutura de pedras voando ao utilizar seu ectoplasma de Tipo Fantasma para gerar uma espécie de antigravidade que repelia o castelo do próprio planeta Terra, colocando-o assim no ar.
E enquanto o castelo se deslocava rapidamente sobre as águas salgadas, afastando-se cada vez mais da Unova continental, Briar, a maior entusiasta de Terapagos, lia uma passagem de seu próprio Livro, "O Tesouro Escondido da Área Zero", para as duas equipes de aventureiros...
Nesta parte, eu destaco a imensa conexão entre Terapagos e a lenda japonesa do "minogame", uma criatura mitológica extremamente longeva que viveu por mais de 10.000 anos, presente na lenda de Urashima Taro. Em geral, os Minogames se comportam como tartarugas comuns, vivendo a maior parte do tempo na água e tendo por hábito tomar sol em cima de troncos ou rochas. Minogames são considerados criaturas muito auspiciosas em todo o leste da Ásia. Em resumo, a lenda conta mais ou menos assim...
Era uma vez um jovem pescador chamado Taro. Em um belo dia, enquanto caminhava pela praia, ele viu um grupo de crianças que estavam machucando uma tartaruga. Taro correu para resgatar a tartaruga e a soltou no oceano.
No dia seguinte, ele voltou à praia e encontrou um Minogame que surgiu do oceano e lhe disse que ele havia salvado a filha do imperador do mar (Ryūjin) e que o imperador queria vê-lo e agradecê-lo. O Minogame magicamente deu guelras a Taro e o levou ao fundo do mar, onde entraram no Palácio do deus Dragão. Lá, Taro conheceu o imperador e a tartaruga que ele havia salvado, que se transformou em uma linda princesa.
Taro ficou lá por 3 dias, mas quando chegou a hora de ir embora, a princesa do mar Oto-hime (乙姫) deu a ele uma caixa misteriosa (tamatebako). Ela disse que a caixa o protegeria de qualquer perigo, mas ele não poderia abri-la.
Quando Taro voltou, tudo era diferente: sua casa tinha desaparecido, sua mãe tinha ido embora e tudo e todos que ele conhecia se foram. Então ele perguntou a um homem que estava perto dele: ‘Você conhece alguém chamado Urashima Taro?’ O homem respondeu: ‘Ouvi dizer que um homem com esse nome desapareceu no mar há muito tempo.’
Taro descobriu que 300 anos haviam se passado desde que ele partiu, ficou com raiva e abriu a caixa. Então, de repente, ele ficou mais velho e ouviu a voz da princesa vinda do oceano: ‘Eu disse para você não abrir a caixa, era o seu tesouro'”.
O Minogame (蓑亀 ou みのがめ, "tartaruga capa de chuva") é uma espécie de yokai do folclore japonês, descrito como uma tartaruga com longos fios de algas crescendo em sua concha. As algas caem de sua concha e lembram a capa de chuva de palha de um agricultor (mino), da qual ele recebe o seu nome.
Isso faz eu me lembrar de quando vimos Terapagos se transformar. A "cauda" que ele possuía era fluida como se fosse feita somente de pelos como uma longa barba ou mesmo de algas!
Isso mesmo! O longo “cabelo” em suas costas é uma reminiscência das longas barbas de sábios. Por causa disso e de sua longa vida útil, eles são um símbolo de vida longa e prosperidade e aparecem com frequência em pinturas, esculturas e artesanatos. Muitas vezes, aparece nas artes acompanhando o deus Jurojin, um dos sete deuses da sorte do Japão.
Existe também uma velha lenda em Kitakami que fala sobre três jovens que pescavam em um lago quando, de repente, um enorme minogame com cabelo cobrindo toda a sua cabeça e corpo surgiu da água. Repentinamente, ele abriu sua boca e expeliu uma nuvem de gás tóxico sobre os jovens. Eles ficaram apavorados e correram de volta para suas casas. No entanto, pouco tempo depois, todos os três acabaram morr3ndo envenenados.
No dia em que nós nos encontramos com Terapagos, ele foi extremamente hostil...
Mas ele estava tentando se defender, assim como tentava defender Ogerpon!
Exato. Ainda assim, é um Pokémon muito perigoso. Não podemos baixar a guarda enquanto estivermos lidando com ele!
Não se preocupe com isso! Enquanto eu não tiver certeza de que minha neta está segura, não vou cessar fogo!
Atacar! Atacaaar!
Continua...
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