Parte 4 - Os Homens de Preto (e Branco) e a Dama de Cinza!

Hiroshi Black estava ao lado de Kieran, tentando aliviar a dor do amigo, cujo braço estava virado em uma posição que não era normal. Claramente quebrado, o membro estava ficando roxo. Cada pequeno movimento que Kieran inevitavelmente fazia, causava-lhe uma agonia terrível. Hiroshi usava seu próprio corpo para apoiar Kieran, enquanto tentava arrastá-lo para longe do combate.
O primo de Hilbert Black, ex-Campeão da Região de Unova, e atual diretor da Blueberry Academy, a prestigiada escola submarina, colocou Kieran sentado sobre umas caixas, para evitar que o mesmo se encostasse diretamente sobre o piso congelado, e Kieran naturalmente utilizou a parede do frigorífico para apoiar suas costas.
Enquanto Hiroshi corria para pegar gelo e colocar sobre o braço do quinto marido de Rosa Grey, este olhava ao redor da arena desolada, pois com o tanto de dor que estava sentindo, era melhor tentar focar na paisagem do que na própria sensação em si. Nessas alturas do campeonato, o campo de batalhas já estava repleto de corpos dos Pokémon derrotados, que Rosa Grey havia sugerido que não fossem recolhidos enquanto a batalha não terminasse, e Mewtwo parecia resoluto, flutuando acima da altura da cabeça de todos, com seu corpo gigantesco se estendendo até o teto do depósito de alimentos.

Kieran gemeu de dor quando Hiroshi chegou colocando gelo em seu braço. A curvatura anormal era tão angustiante que Kieran até evitava olhar, pois sentia que perdia todas as forças se ficasse encarando aquela lesão por mais que dois segundos.

Mas Kieran sabia que nenhuma ajuda viria. O velho frigorífico de Unova estava completamente vazio, se não pela presença deles e do violento Lendário EX.

Kieran olhou para seu time, seu time o olhou de volta... E nada.
















A dor no braço de Kieran era insuportável. Era uma sensação intensa e esmagadora, como se seu osso estivesse em chamas, ele não queria discutir com Hiroshi agora, ele só queria mandá-lo a pu74 que o p4r1u! Mas não podia fazer isso. Neste momento, Hiroshi Black era a única pessoa que poderia ajudá-lo.
Comparado a outras dores que já havia sentido, esta era diferente - era profunda, penetrante, e parecia nunca diminuir. Era como se cada célula em seu braço gritasse de sofrimento, um coro de dor que ressoava em sua mente em pulsos incessantes.
Hiroshi, vendo o sofrimento do homem, então tornou a orientar:

Kieran pegou o pacote de gelo com a mão trêmula, pressionando-o contra o braço quebrado. A sensação fria era um alívio temporário, mas a dor ainda era esmagadora. Ele tentou respirar fundo, concentrando-se no frio penetrante do gelo.
E por falar em frio... O clima ao redor deles não ajudava. Eles estavam na câmara de um frigorífico, e o ar gelado fazia cada respiração sair em nuvens de vapor. A temperatura baixa tornava tudo ainda mais difícil, especialmente porque Kieran odiava o frio — Icirrus era a cidade que ele sempre dizia que jamais visitaria no inverno.

Hiroshi olhou para Kieran, preocupado. Sabia que precisava fazer algo, mas as opções eram limitadas.

Hiroshi se levantou, deixando Kieran sozinho. Ele caminhou até uma pequena janela na parede oposta da câmara. No entanto, quando o treinador de cabelos espetados espiou para fora...
O coração de Hiroshi saltou pela boca! Do lado de fora, não havia nada. Nadica de nada. Nada MESMO! Apenas uma vastidão branca que se estendia até onde sua vista alcançava, um vazio desolador e sem fim.
Aquele frigorífico era o limbo e eles estavam condenados a passar a eternidade batalhando contra Mewtwo, sem nunca vencer.

Ele recuou, suando frio, tentando processar o que havia visto. Voltou rapidamente para Kieran, a mente correndo em todas as direções.

Hiroshi olhou para Kieran, tentando encontrar as palavras. Ele tremia, com a testa escorrendo e pingando. A adrenalina estava a todo vapor em suas veias.





Kieran franziu a testa, a dor momentaneamente esquecida em face do que ele achava que era delírio de Hiroshi. Mas espere... Quem estava com dor era ele, e não o amigo... Foi então que lhe ocorreu uma ideia, que ele não pode deixar de compartilhar com Hiroshi, mesmo sem espaço para elaborar qualquer pensamento complexo que não envolvesse aquele maldito sentimento constante de dor.


A pergunta pairou no ar, e ambos os homens sentiram a gravidade da situação. Se estivessem realmente dentro da mente de Mewtwo, e não em um lugar físico real, escapar seria um desafio muito maior do que haviam imaginado...

Todos se estarreceram com a decisão de Rosa. Aquele era um movimento audacioso da treinadora.

Rosa Grey decidiu que precisava mudar de abordagem. A derrota de seus Pokémon e a força esmagadora de Mewtwo deixaram claro que derrotá-lo em combate direto era quase impossível. Então, faltando cinco minutos para a segunda batalha de Reide terminar, Rosa, Brown, Orange e Nathan mudaram de estratégia. Em vez de tentar derrotar Mewtwo, eles decidiram focar em restringir seus movimentos, dando a Rosa uma chance de capturá-lo com uma Pokébola.

Os treinadores assentiram, cada um convocando seus Pokémon restantes para a batalha final. Orange chamou Marill, o Pikachu macho chamado Pika e sua Eevee.
Nathan convocou Lucario, embora ele já estivesse visivelmente cansado de sua partida anterior contra o Zoroark de Hiroshi. Brown, por sua vez, trouxe sua Pikachu fêmea, Chuchu, e Rosa lançou Chandelure para o campo de batalha, finalizando seu time de 6.
Os Pokémon se posicionaram ao redor de Mewtwo, formando um círculo. A tensão no ar chegava a faiscar enquanto eles se preparavam para prender o tirânico Pokémon EX.
Marill começou criando bolhas de ar que se fecharam em torno de Mewtwo, tentando restringir seus movimentos. As bolhas flutuavam ao redor de Mewtwo, que olhava para elas com desdém. Com um movimento de sua mão, Mewtwo criou uma barreira psíquica, rompendo as bolhas com facilidade.
Os dois Pikachu, Pika de Orange e Chuchu de Brown, combinaram suas habilidades elétricas. Raios de eletricidade voaram em direção a Mewtwo, tentando paralisá-lo. A eletricidade crepitava ao redor de Mewtwo, que por um momento pareceu afetado. No entanto, ele rapidamente se livrou da paralisia com sua capacidade revigorante como Chefe de Reide.
Mesmo assim, Pika e Chuchu continuaram seus ataques incessantes, tentando manter Mewtwo paralisado pelo máximo de tempo possível.
Eevee, por sua vez, correu ao redor de Mewtwo, multiplicando-se para tentar distraí-lo. Com movimentos ágeis e rápidos, Eevee pulava e corria em círculos, atraindo a atenção de Mewtwo e dando aos outros Pokémon uma chance de atacar sem resistência direta.
Logo na sequência, Lucario, manipulando a aura, formou um campo de força em torno de Mewtwo, tentando prendê-lo. Mewtwo, no entanto, utilizou sua poderosa telecinese para criar uma pressão contrária, fazendo o campo de Lucario sucumbir. O esforço foi demais para Lucario, já cansado e enfraquecido, que caiu de joelhos, exausto.
Chandelure, com suas chamas etéreas dançando no ar, usou o Psíquico para enviar objetos adjacentes voando para cima de Mewtwo. Pedras, destroços e partes do chão se ergueram e voaram em direção ao Pokémon Lendário EX, tentando soterrá-lo por tempo suficiente para que Rosa pudesse lançar sua Pokébola. Mewtwo, com um olhar de puro desdém, no entanto, criou outra barreira psíquica, emanando suas vibrações mentais e desviando todos os objetos com um movimento de sua mão, incluindo a Ultra Bola de Rosa, que se espatifou, ficando inutilizável.


Mewtwo, vendo que seus oponentes não desistiriam facilmente, decidiu acabar com a resistência de uma vez por todas. Ele levantou ambas as mãos, e uma onda de choque psíquica poderosíssima emanou de seu corpo, espalhando-se pela arena e abalando as estruturas adjacentes. Aquele foi seu maior ataque até então, combinando a energia das rajadas elementais múltiplas, incluindo o Raio Solar, a velocidade de seu Ataque Rápido e a força devastadora de seu Mega Soco.
A onda de choque atingiu todos os Pokémon, levantando poeira e destroços. Marill foi lançado contra uma parede, desmaiando instantaneamente. Pika e Chuchu foram derrubados pelo impacto, suas pequenas bochechas elétricas piscando com a perda de energia. Eevee, apesar de sua agilidade, não conseguiu evitar o golpe e caiu ao chão, incapaz de continuar.
Lucario, já exausto, foi arremessado para trás, batendo com força e caindo sem se mover. Chandelure tentou resistir, mas a força do golpe foi demais, e ele caiu ao chão, suas chamas roxas fantasmagóricas diminuindo até quase se apagarem.
Rosa, Brown, Orange e Nathan ficaram de pé, observando a cena devastadora. Todos os seus Pokémon estavam derrotados. Mewtwo flutuava acima deles, intocado e vitorioso.




Rosa Grey verifica em seu Rotom Phone, enquanto a aura em torno de Mewtwo parece aumentar...

Imediatamente, os treinadores em conflito com o Pokémon Lendário EX pegam as melhores Pokébolas vazias que têm consigo e começam a arremessar na direção de Mewtwo.
Rosa Grey é uma máquina de arremessos, deveria se candidatar para os Yankees. Rica pra c4r4lh0, ela ostenta uma coleção de Ultra Bolas em sua bolsa. No entanto, ela rapidamente vê essa coleção diminuir, pois de segundo em segundo, era um arremesso contra Mewtwo, não dando margem de tempo para o Pokémon escapar.
Já Nathan White tinha poucas pokébolas vazias consigo. Afinal, ele estava todo vestido e preparado para batalhar em um torneio, e não para sair a caçar Pokémon selvagem. Mas uma pokébola, em especial, chamou a atenção. Ele tinha uma Bola Crepúsculo, boa para pegar Pokémon à noite. Talvez fosse útil numa situação como aquela...
Já Orange e Brown, ainda eram treinadores iniciantes, tanto que por mais que fossem autoridade ali, prestando serviços à Polícia Internacional, estavam recebendo ordens e conselhos de Rosa Grey, uma externa. As pokébolas mais avançadas que eles tinham eram Grande Bolas. No entanto, eles estavam cientes de que elas só serviam de sacrifício mesmo, uma vez que não tinham poder suficiente para trancar um Pokémon da magnitude de Mewtwo.
O calor da batalha havia se transformado em um confronto de pura sobrevivência - afinal, o time de todos os treinadores havia se esgotado antes mesmo do término da Batalha de Reide, mas isso não significava que aqueles treinadores iriam se dar por vencidos. Não. Muito pelo contrário... Rosa Grey, Nathan White, Orange River e Jamie Brown estavam agora lançando suas últimas pokébolas adoidados contra Mewtwo, desesperados para capturá-lo e encerrar aquela luta infernal. Cada pokébola lançada era rebatida com precisão cirúrgica por Mewtwo, que parecia mais enfurecido a cada tentativa.
Mewtwo flutuava no topo do almoxarifado, sua aura psíquica pulsando de raiva. Seus olhos brilhavam com uma intensidade ameaçadora. A frustração de Mewtwo com a insolência deles tornava-se cada vez mais palpável, o bestial Pokémon EX estava ficando zangado com a insistência, ou melhor dizendo, TEIMOSIA de seus adversários.
Ele levantou uma mão, e uma onda de energia psíquica se expandiu ao seu redor, fazendo os treinadores recuarem. Faltavam agora menos de 60 segundos para a batalha de Reide em si terminar, mas a situação estava se tornando desesperadora. As pokébolas de Rosa, Nathan, Brown e Orange se esgotavam rapidamente. Todo vez que uma pokébola era lançada, Mewtwo a desviava com um simples movimento de sua mão, como se fossem brinquedos inofensivos que ele simplesmente tirava do caminho. As pokébolas voavam para longe e batiam com força nas paredes, quebrando-se em mil pedacinhos.
A frustração e o desespero dos treinadores aumentavam, e Mewtwo, alimentado por sua raiva, começava a acumular uma quantidade imensa de energia. A aura ao redor de Mewtwo crescia, expandindo-se e pulsando de forma ameaçadora.
Então, de súbito, os quatro humanos foram erguidos do chão pela força telecinética de Mewtwo, seus corpos flutuando no ar de maneira desamparada. Eles sentiam a pressão psíquica aumentando, como se estivessem sendo comprimidos por uma mão invisível.

Com um gesto de suas mãos, Mewtwo então fez os treinadores levitarem mais alto, aumentando a pressão psíquica sobre seus corpos. Eles sentiam como se estivessem sendo esmagados por uma força invisível, cada segundo trazendo uma nova onda de dor e desconforto.
Jamie Brown, com o coração acelerado, olhou ao redor, tentando encontrar uma solução. Ele sabia que estavam à beira de um ataque devastador. Na ausência de Pokémon para enfrentá-lo, Mewtwo parecia que já ia atacar os próprios humanos, com mais uma onda de poder como aquela que varreu Marill, Lucario e os outros há alguns minutos atrás. E se isso acontecesse... Bom, ele não queria nem pensar...

Rosa Grey, lutando para manter a calma, começou a recolher todos os seus Pokémon desacordados (que estavam espalhados pelo chão), de volta às pokébolas. Ela se voltou para Nathan e Orange, seus olhos brilhando de determinação.

Nathan, com as mãos tremendo, conseguiu puxar seus Pokémon de volta às pokébolas. Cada movimento era uma luta contra a força que os mantinha no ar, mas ele perseverou. Enquanto isso, Orange estava tendo dificuldades. A sensação de levitação, combinada com a pressão psíquica, a deixava vertiginosa e com uma ânsia de vômito crescente.
A guria estava pálida, vendo estrelinhas! Ela tentava alcançar suas pokébolas, mas a vertigem era avassaladora. Seus olhos estavam desfocados, e ela sentia seu estômago revirando. Talonflame, Pika, Venusaur, Marill e Eevee ainda estavam espalhados pelo chão da arena, inconscientes.

Mas antes que Orange pudesse fazer qualquer coisa, o tempo da batalha de Reide se esgotou. Mewtwo, que estava acumulando uma energia imensa para um ataque final, de repente parou. Sua expressão mudou de raiva para algo mais calculista e frio. Em um instante, então, para a surpresa de TODOS, simplesmente se desintegrou, desaparecendo de forma misteriosa, como se tivesse se teletransportado.
Os treinadores caíram no chão, livres da levitação de Mewtwo. O impacto foi forte, e a confusão reinava. Eles se apoiavam (ou ao menos tentavam) com os braços no chão e reerguiam lentamente suas cabeças quando perceberam que haviam sido transportados de volta para a arena do Pokémon World Tournament, como num passe de mágica.
A arena estava iluminada novamente, e o público, já havia sido evacuado totalmente. Os guardas e seguranças começavam a retornar, confusos e apreensivos... Os treinadores olharam ao redor, tentando entender o que havia acontecido. Por um instante, eles sentiram um alívio imenso de saber que o pesadelo havia acabado e eles não precisavam mais ficar lutando contra aquele... MONSTRO!! No entanto, por mais que todos os humanos que estivessem lá tivessem retornado são e salvos para a sua realidade...
Orange olhou freneticamente ao redor, procurando qualquer sinal de seus companheiros. Não havia sinal de Crustle, Talonflame, Marill, Pikachu, Venusaur ou Eevee. Ela começou a correr em círculos, tentando encontrar alguma pista.



O mundo pareceu silenciar para Orange River. Naquele instante, a garota ficou fixamente olhando para o chão, sem a acreditar no que havia acontecido... E tudo por culpa dela!


Rosa, Nathan e Brown se aproximaram de Orange, tentando acalmá-la. Agora as lágrimas eram arremessadas de seus olhos como um Revólver d'água, enquanto ela tremia e soluçava de desespero!


Brown colocou uma mão no ombro de Orange, tentando oferecer algum conforto.
Rosa assentiu, sua determinação inabalável.

Mas Orange estava além das palavras de conforto. A perda de seus Pokémon era uma ferida aberta que nada parecia capaz de curar. Ela se afastou do grupo, correndo em direção às portas do Pokémon World Tournament.



De repente, diz Hiroshi, que voltava com Kieran se apoiando em suas costas. Os seguranças do PWT, assim que seu CEO todo acabado, se escorando em Hiroshi para poder se manter de pé, foram correndo socorrê-lo.

Kieran aliviou-se por um instante ao saber que a ajuda estava a caminho, mas quem não estava se sentindo aliviada era Orange, porque ela sabia das profecias de Akari Shining e sabia que o mundo estava se acabando bem ali, naquele ano... 2022! E aquela interferência, o surgimento repentino e inesperado de Mewtwo era só mais um sintoma das desgraças e vicissitudes que poluíam e tiravam o fôlego do mundo em seus agonizantes momentos finais.




Todos ficaram em choque com a explicação de Brown. Afinal, ninguém além da Associação tinha conhecimento das Profecias. A única coisa a qual os civis do mundo todo tinham acesso era as notícias preocupantes sobre os Pokémon (treinados e selvagens) manifestando Mecânicas de Batalha espontaneamente e atacando as pessoas (e os vídeos super hiper mega sensacionalistas de Gillian, a Repórter, mas isso é outra história...).
Além disso, se a Associação "tinha uma teoria" de que o mundo estava próximo do fim, então deveria ser uma teoria embasada com muitas evidências, pois se tratando da renomada Associação Pokémon, subsidiada pela Polícia Internacional, uma autoridade no mundo todo, eles não criariam expectativas em torno de fake news e conspirações. Se a Associação dizia que o Apocalipse estava acontecendo, é porque havia muitos indícios de que sim, ele estava, e Rosa Grey, Nathan White e Hiroshi Black, por sua própria percepção de como as coisas estavam andando, não poderiam concordar mais!!









Aquilo foi como um soco na boca do estômago de Nathan White. Ele se calou, ele jamais venceria qualquer discussão contra Rosa... Mas neste exato momento, Christoph e Nancy, os atuais de Nathan, vieram correndo abraçá-lo.


O trisal se abraçou, compartilhando um amor mútuo que poucos entenderiam, enquanto Rosa Grey revirou os olhos e voltou a preocupar-se com Orange River, que estava imóvel feito uma estátua, olhando para o além, como se nada mais fizesse sentido em sua miserável vida. Mas Orange não estava escutando Rosa...

A fotógrafa de Lental, originalmente da Região de Alola, deixou Rosa Grey falando sozinha. Com o peito dilacerado, sem solução para a perda de um time inteiro (sendo que dois Pokémon - Sapusaur e Pika - nem sequer eram dela, de fato!!), a menina desolada saiu correndo pelas portas, espalhando rastros de lágrimas por onde passava, deixando a todos para trás...
Brown, incrédulo e mais preocupado com Orange do que com seu próprio Crustle, começou a se inclinar para correr na mesma direção que a menina, mas foi interrompido pelo toque de Rosa em seu braço.



Brown estava se sentindo profundamente culpado naquilo tudo. Ele mesmo começou a chorar neste momento, não mais impedindo que as lágrimas criassem vales em seu rosto. A emoção era tanta que não podia mais ser contida. O peito de Brown parecia em chamas e ele precisa, PRECISAVA pôr toda aquela b0st4 de sentimento para fora!















Era verdade. O braço de Kieran estava intacto. Mas como? Tão rápido assim, era IMPOSSÍVEL. Por mais que os humanos tivessem o costume de aplicar o poder dos Pokémon em si próprios para curar feridas e até retardar o envelhecimento, as coisas não costumavam ser instantâneas!













Rosa então vira-se para Jamie Brown e o encara com um olhar de quem o mataria se ele não a matasse primeiro.

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Rosa Grey abriu as portas do estádio ela mesma, agora que não havia nenhum segurança para abrir para ela. Pegou a caixinha no bolso, abriu-a e foi se dirigindo às escadas, onde a jovem Orange River soluçava arrasada. Puxou um dos cigarros com seus dedos já experientes, apertou-o entre os lábios e parou ao lado da jovem, cujo nariz estava tão frouxo quanto seus olhos.

Como não obteve resposta, ela se sentou mesmo assim.

Disse Rosa, referindo-se aos cigarros.
Grey dá uma tragada, puxando a toxina lá no fundo do peito, depois sopra, preenchendo o ar ao redor com podridão, indiferente ao comentário de Orange.


Rosa então se levanta e coloca a mão sobre o ombro da menina, na tentativa de reconfortá-la, ainda que soubesse que qualquer esforço naquele momento seria em vão. Mas o que conta, é a intenção, não é mesmo? Orange precisava SABER que havia alguém ali por ela.

De repente, Orange levanta a voz, tentando se explicar, de uma maneira que parecia que ela estava tentando convencer Rosa Grey daquilo que estava falando. Ou talvez, ela só estivesse tentando convencer a si mesma de que não havia perdido todo o seu time nessa fatídica tarde.
Então Rosa, dando mais uma tragada que lhe acalmava a aflição gerada pela pressão do mundo externo, senta-se novamente, abraça a garota, limpa suas lágrimas gentilmente e diz, com uma voz suave:




O luto vem de qualquer lado, a qualquer momento... Quando menos estamos esperando... Nós podemos estar brincando de boa em nosso aconchegante lar e nosso pai simplesmente sair para comprar um cigarro e nunca mais voltar... Podemos estar em um carro, voltando para casa, e num momento de descuido, seja do motorista, seja do bêbado que não aprendeu que trago e direção não combinam, tudo terminar bem ali, para todos, menos você... Podemos, do nada, receber uma ligação dizendo que nossa mãe faleceu e nós passamos a nos culpar pelo resto da vida por não ter retornado a sua ligação... A vida é cheia de surpresas! Não temos como prever ou controlar tudo.
Carregar amor no peito, é carregar a dor de uma eventual separação. A necessidade que os humanos têm de se aproximarem uns dos outros é o que faz a despedida ser tão dolorosa. Mas aí eu lhe pergunto... Para evitar essa dor, você abriria mão de todas as coisas boas? Você deixaria de amar? Tornaria o seu peito um buraco negro, incapaz de se compadecer a nada nem ninguém?
Nós não podemos viver nossa vida com medo das perdas, mas podemos aproveitar o presente, cada pequeno instante, ao lado de quem amamos. A despedida é certa. Tudo eventualmente chega a um fim, e nós não podemos fazer nada a respeito disso, apenas aproveitar o que temos enquanto ainda temos.
Você é uma garota jovem, ainda tem muito pela frente. Não pode desistir agora. Vamos, eu vou lhe deixar sozinha, para que possa processar tudo o que aconteceu... Afinal, cada um vive o luto de uma maneira diferente e você ainda precisa encontrar a sua.
Mas saiba que, no que precisar, eu estou aqui.


Rosa Grey tragou mais uma vez, pegou a bituca do cigarro, amassou-a sob seus pés e antes de se afastar completamente da garota em prantos, concluiu:

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[ [ Fim ] ]
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