A Vida e a Jornada de Ash Ketchum #50 = Lumiose: Cidade das Luzes e das Catacumbas!



O avião pousa suavemente na pista, e logo Ash, Rosa e Nate desembarcam no aeroporto de Lumiose, na Região de Parisia, onde dizem ser a Terra da Megaevolução, e a provável fonte de todas as Mega Pedras. Assim que passam pelas portas de vidro, a cidade enche seus olhos… É gigante!




Edifícios altos de pedra cinza e mármore branco competem para ver quem chama mais a atenção, enquanto ruas largas e avenidas apinhadas de gente serpenteiam entre os blocos. No centro da cidade, uma torre de metal se erguia como um gigante de ferro: a Torre Prisma, o marco de Lumiose City, reluzente com luzes que piscavam em tons de azul e dourado.




Ao redor, cafés com mesas na calçada estão lotados de turistas e moradores locais. Grifes famosas exibem seus produtos de luxo em vitrines brilhantes, onde Rosa já se vê refletida, seus olhos arregalados de empolgação, diga-se de passagem. A cada esquina, telões exibiam uma mesma cena de algum filme requintado estrelando uma pomposa atriz sobrancelhuda (a última moda do momento!), com LEDs tão fortes, que se você olhasse fixo por muito tempo, acabaria adquirindo algum problema na visão.


Mas Ash sente algo diferente... um aperto no peito. Ele respira fundo, tentando ler a aura... De repente, sua visão se ajusta para aquilo que poucos percebem (ou melhor dizendo, ninguém, exceto ele)... Nos cantos das ruas, montes de lixo se acumulam, chamando miseráveis Trubbish e um tipo específico de Burmy e Wormadam que se alimentam dos restos...


Ele sente a fumaça que se espalha pelos céus, vinda de veículos e fábricas que vomitam poluição sem parar. Um rio escuro corre entre as ruas, quase sem vida... Inviável para o banho, quem dirá para beber! Um verdadeiro esgoto a céu aberto que certa vez, um determinado presidente disse que limparia para as Olimpíadas, mas apenas para os atletas pegarem bactérias e passarem mal...

Um trânsito impossível formava filas de quilômetros de engarrafamento, enquanto motoristas zangados sentavam a mão nas buzinas, gritando e xingando, contribuindo ainda mais para a poluição sonora, que por si só, já era de enlouquecer.

Enquanto madames encasacadas desfilavam com seus Furfrou exibindo caríssimos cortes em sua pelagem, pedintes lotavam as calçadas e semáforos implorando por uns trocados para comprar comida. E havia também aqueles que já se cansaram de serem ignorados pelos que passam, e se afundavam na cachaça, amaldiçoando a vida sub-humana que levam...


Debaixo dos seus pés, porém, há algo mais sinistro. Ash sente a presença de algo no subsolo... Catacumbas. Ossos antigos empilhados em corredores subterrâneos infinitos, uma cidade mortuária tão grande quanto a parte superior, onde ele estava... A aura que emana de debaixo da terra é pesada, cheia de rancor, como se muitos dos cadáveres estivessem insatisfeitos por seus restos mortais estarem sendo exibidos daquela forma... Ali certamente havia memórias de milhões de vidas passadas que nunca encontraram paz. Ash franze o cenho, murmurando para Pikachu, em seu ombro...

 Lumiose, cidade das luzes... Tsc! Nem é tão bela assim...
Rosa mal nota o desconforto de Ash. Ela está exageradamente empolgada, admirando uma loja de chapéus na esquina ("Como se ela já não tivesse uns quinhentos" — sussurrou Nate).
 Acho que vou torrar todo o meu dinheiro em umas compri-i-inhas! ♥
— diz ela, rindo, antes de sair correndo em direção às vitrines. Nate, por outro lado, parecia mais interessado em testar suas habilidades. 
 Ei, Ash. Eu vou procurar alguns treinadores gringos para batalhar. Nos vemos depois!
 Tá bom, se cuid--
Mas Nate já estava longe.
 Poxa vida, ele nem deixou eu terminar de falar...
 Pika...

Acompanhado apenas por Pikachu em seu ombro e Charizard descansando na pokébola, Ash caminha sem rumo pela cidade à medida que vai ficando mais escuro e os estabelecimentos vão ligando suas luzes, que piscam para todos os lados, uma alegoria que acabava maquiando o caos generalizado que marca o antropoceno... Ele observa uma rua onde uma multidão se aglomera. Protestos.

Um grupo grita palavras de ordem e carrega faixas e cartazes, um movimento separatista se espalha por Lumiose, desafiando o governo local... Ele suspira, tentando se concentrar em outra coisa, quando uma estranha névoa cor-de-rosa começa a surgir sem que ninguém dê muita bola... A névoa sobe pelos becos, pelas esquinas... E o céu lentamente se cobre enquanto a noite cai...
 Essa névoa... É uma aura também!
Ash respira o ar cor-de-rosa, deixando que seus pulmões se enchessem com aquela estranha, porém revigorante substância.
 Eu me sinto cheio de VIDA! Você não se sente, Pikachu?
 *Concordando* Pika, Pika!



Na manhã seguinte, Ash acorda com o som dos gritos na rua... Os barulhos dos protestos continuam a todo vapor, as pessoas furiosas, lutando por algum tipo de reivindicação política que ele não entendia muito bem. Ele se levanta devagar, ainda meio grogue, e espreita pela janela do Centro Pokémon, através da qual ele avista uma multidão raivosa, correndo pelas ruas, incendiando lixeiras, pichando paredes com palavrões e dedos do meio... Alguns manifestantes jogaram o que pareciam ser sacos de fezes nos policiais, que tentavam dispersá-los a todo custo com bombas de gás lacrimogêneo. O cheiro acre do gás começa a invadir o ar, irritando seus olhos e o nariz. Ash nunca tinha visto uma manifestação tão VIOLENTA antes...!!

Já no saguão do Centro Pokémon, a televisão está no volume máximo. Ash percebe a presença de dezenas de treinadores vidrados, acompanhando o noticiário, que exibe imagens de um ônibus sendo engolido pelas chamas (incendiado pelos próprios protestantes), enquanto a repórter narra a situação caótica que tomou conta da cidade de Lumiose. Ash se aproxima do balcão onde uma Enfermeira Joy muito semelhante àquelas encontradas em Unova, está acompanhada de uma Aromatisse, enquanto assiste atenta ao noticiário debruçada sobre o balcão.


 O que está acontecendo, Enfermeira? Por que todo esse caos?
A Enfermeira Joy suspira, seus olhos estão cansados.
 Na Região de Parisia, as pessoas são muito engajadas politicamente... Neste momento, o país está completamente polarizado.
 Polari... o que?
 Polarizado... Dividido! No momento atual que o país está vivendo, a extrema direita e a extrema esquerda estão ativamente disputando território, enquanto os cidadãos, divididos entre Capitalismo e Socialismo, tentam reivindicar suas terras e suas propriedades em um movimento separatista.
 Err...
Ash fica embasbacado. Ele tenta processar aquelas palavras, mas política nunca foi o seu forte. 
 Você não sabe o que isso significa, não é?
 Não.
 Apenas tenha cuidado ao sair nas ruas. Os manifestantes podem te confundir com algum membro da oposição e te atacar.
 Nossa!
 Estamos à beira de uma guerra civil, mas eu confio que a Campeã Diantha possa dar um fim nesses manifestos logo, determinando de uma vez a separação de terras que estes grupos reivindicam, antes que os conflitos evoluam para um combate armado.
 Santo Arceus! (Aonde eu fui me meter?)
De repente, o noticiário para de cobrir a revolta e muda para um assunto diferente: "E agora, novas informações sobre a névoa misteriosa que cobre Kalos há mais de uma semana...", diz o âncora do noticiário, chamando a atenção de Ash, que rememora a aura revigorante que  sentiu na noite anterior. A imagem muda para uma transmissão ao vivo. A famosa repórter Gabby, da Região de Hoenn, segura um microfone enquanto entrevista uma figura familiar para Ash... Sapphire, sua antiga companheira de viagem!


"Anna May Sapphire Birch, a Presidente da Liga Pokémon da Região de Hoenn acaba de me chamar para uma entrevista exclusiva! Parece que ela tem uma declaração a fazer, e isso tem a ver com a névoa misteriosa que está deixando as pessoas assustada. Há até mesmo uns boatos de que o nevoeiro está espalhando uma doença entre os Pokémon e a Liga Pokémon está tentando esconder esse fato! Seria verdade? Vamos descobrir aqui e agora!" diz Gabby, chamando a atenção para a matéria com o bom e velho sensacionalismo midiático que as massas tanto adoram. Mas só a presença de Sapphire já é o suficiente para pregar Ash ao televisor.


Ele presta atenção a cada detalhe da matéria (que pode ser lida na íntegra aqui), que pelo menos trouxe algo de bom para alegrar o seu dia: Sapphire estava anunciando a descoberta de um novo Tipo Pokémon!!!
 Tipo Fada...? Puxa vida! Isso sim parece interessante...


O Novo/Velho Tipo estava se espalhando como um vírus para determinadas espécies de Pokémon que fossem expostas à névoa. Assim, por exemplo, um Togekiss que entrasse em contato direto com a neblina, tornar-se-ia dos tipos Fada e Voador, enquanto um que tivesse permanecido em sua pokébola, sem contato com o mundo exterior, manter-se-ia dos tipos Normal e Voador, criando uma variedade sem precedentes de possibilidades quando se trata de Batalhas Pokémon, o assunto preferido de nosso herói.


Após a entrevista completa, retorna o âncora do noticiário, mas a mente do treinador de Pallet/Littleroot já está longe, bastaaaaante longe, tentando juntar todas as peças... É neste momento que chegam Rose e Nate, de mãos dadas, despertando Ash de seus próprios pensamentos.
 Então é isso? Chegou o momento em que dizemos adeus?
 Eu queria que as coisas fossem diferentes, mas... Estamos muito longe de casa.
 As Ilhas Decolore eram pertinho de Unova, mas Parisia é do outro lado do mundo!
 Precisamos voltar. Nossos pais sentem saudades, e nós também. Eu sinto muito por não podermos te ajudar a desvendar o mistério por trás da Megaevolução de Charizard.
 Não se preocupem com isso! Continuamos amigos...
 Aqui, Ash. Nós compramos uma coisinha para você, ontem à noite.
 É só uma lembrancinha, para você nunca se esquecer da gente.
 Hã?
Rosa entrega-lhe um embrulho, o qual Ash rasga imediatamente, retirando de dentro do pacote, uma pulseira de metal, toda preta, com um encaixe circular na parte central.
 É chamado Mega-Anel, serve para você acoplar a sua Pedra-Chave.
 Puxa!!! Rosa! Nate! Não precisava!!
Ash acopla imediatamente a pulseira em torno do punho, experimentando o item que agora soma em seu visual.
 Você gostou?
 Eu amei! Muito obrigado!
 Pika, Pika!
Ash ficou verdadeiramente feliz com o item, primeiro porque ele seria útil em batalhas e segundo porque ele tinha uma preferência por acessórios estilosos, porém com design "liso", simples, sem muito "frufru", e o Mega-Anel se encaixava nessa categoria.
 Muito, muito obrigado mesmo!
 Não tem de quê! Vamos sentir saudades, Ash!
 Nós também...
 Pika...
 Quando vocês partem de Lumiose?
 Vamos continuar "turistando" mais um pouco pela cidade, talvez mais alguns dias, e depois retornaremos para Unova.
 Entendi. Assim que eu desafiar o Ginásio Lumiose, eu quero dar o fora desse lugar! A aura daqui me dá calafrios... Então, não pretendo ficar mais do que o necessário nessa cidade.
 Então você já vai hoje?
 Esse é o plano.
 Boa sorte em sua Batalha de Ginásio, Ash!
 Obrigado. E Boa sorte para vocês também... Que você continue coletando cada vez mais medalhas, Nate... E que você continue colecionando muitas e muitas espécies de Pokémon, Rosa!
 Ah, e por falar nisso... Muito obrigada por Serperior, Ash! Eu o cuidarei como se fosse um dos meus próprios Pokémon! Como se fosse o meu INICIAL!!!
 Não tem de quê, Rosa... É só que eu não podia ignorar a amizade que você e Serperior nutriram durante nossa viagem pelas Ilhas Decolore, e com você, eu tenho certeza de que ele está em boas mãos!
 Obrigada. Você não vai se arrepender. Eu vou treiná-lo tão bem quanto Cilan está treinando seu Sceptile. E sempre que precisar de Serperior, não hesite em me ligar. Meu Xtransceiver está sempre ao meu lado!
 Pode deixar!
Ash se aproximou e abraçou Rosa. Na sequência, ele fez o mesmo com Nate. Cada despedida era como uma faca que atravessava seu coração, mas Ash sabia que precisava seguir em frente. Ele veio até Parisia com um objetivo... E precisava cumpri-lo! Nate e Rosa queriam voltar para Unova depois das Ilhas Decolore, mas Ash insistiu para que viessem junto (ele não gostava de viajar de avião sozinho). Agora, era hora de cada um seguir o seu próprio caminho, e Ash estava ciente de que isso envolvia tomar decisões difíceis, como deixar companheiros muito especiais para trás...



A Torre Prisma... O símbolo da Cidade Lumiose e também o ginásio local. Ash está se dirigindo para lá, na esperança que conquistar mais uma Insígnia de Ginásio, porém... A uma quadra de distância, Ash já começa a ouvir os gritos de protesto dos manifestantes. O local está TOMADO por pessoas, as ruas estão abarrotadas de gente. Milhares de cabeças, erguendo cartazes, soprando vuvuzelas e fazendo muito, mas muito barulho. Não há como chegar à torre.
 Santo Arceus... Eu só queria uma insígnia...
 Veio desafiar o Ginásio Lumiose, meu rapaz?
 Hã?
De repente, Ash se vira e dá de cara com um garoto cujas feições não lhe eram estranhas. Ele lembrava Cilan, de certo modo, mas era loiro, tinha olhos azuis e usava um óculos redondo que só lhe reforçava o estereótipo de nerd. Vestia um macacão todo sujo de graxa, e estava acompanhado por uma pequena garotinha, que a julgar pela aparência, devia ser sua irmã mais nova.
 O meu nome é Clemont Miare, eu sou o Líder. Esta aqui é minha irmãzinha, Bonnie.
 Prazer!
 O prazer é todo meu. Meu nome é Ash Ketchum e este aqui é o Pikachu.
 Pika, Pika!
 Você está aceitando novos desafios?
 Infelizmente, nem nós conseguimos chegar no ginásio... Tivemos que fechá-lo por tempo indeterminado. Até que os protestos cessem, acho que será impossível para qualquer um se aproximar da Torre Prisma.
 Poxa vida... Mas eu vim de tão longe...
 Eu sinto muito... De verdade... Mas esses protestos estão cada vez mais ferozes, e eu não posso arriscar a segurança da Bonnie... Nem a dos meus desafiantes. Até que essa confusão passe, Bonnie e eu vamos partir em uma jornada Pokémon, para eu me preparar a Convenção de Inventores Pokémon que acontecerá em breve.
 Inventores Pokémon?
 É... Eu gosto de inventar novos itens Pokémon, especialmente pokébolas, e tudo o que a ciência me permite criar!
 Como as invenções do meu irmão costumam explodir, é importante que ele as monte em locais abertos...
 BONNIE!!!
 O que foi?
 O que ele vai pensar de mim???
 Que você é um inventor ruim...?
 Exatamente!!!
 Mas você é!
 Não sou não!
 É sim!
 Não sou não!
Ash apenas deu uma risadinha, sentindo-se sobrando em meio à briga de irmãos. É então que nosso herói sente um pulsar que o traz de volta à realidade. Um tipo de aura palpitante que parece estar pedindo socorro. E isso é o que basta para fazê-lo correr em meio à multidão em polvorosa, desaparecendo rapidamente em meio ao povo...
 ESPERE! Aonde você vai?!
 Ele tá maluco?!
 VOLTE AQUIIII!!!!
Percebendo a besteira que Ash havia acabado de fazer, Clemont sai correndo atrás dele, e Bonnie também.



No meio da multidão, Ash simplesmente para de correr em frente a uma tampa de esgoto, olhando fixamente para ela. Clemont chega correndo, todo cansado, mal conseguindo falar, enquanto Bonnie não parece ter gasto nem um milionésimo de sua energia.
 Está vindo daí...
 O que está vindo de onde?
 Me ajuda a abrir!
 O que? Ficou maluco?
 Não. Tem um Pokémon precisando de ajuda! Vamos! Me dê uma mãozinha...
Ash tenta abrir a tampa, mas ela era de metal maciço, era muita pesada. Então Clemont se ajoelha e começa a ajudá-lo, até que juntos eles conseguem remover a tampa, abrindo uma passagem para o profundo subterrâneo...

O cheiro que sobe pela entrada é quase insuportável, fazendo-os cobrir o nariz com as mãos. Bonnie engasga um pouco, o cachorro-quente que ela havia comido há poucos minutos voltando acima...
 BLERG! Acho que vou vomitar!
 Eu não tenho escolha. Posso ser a única pessoa que está vendo/ouvindo essa aura. Eu posso ser a única chance de salvação para este Pokémon...
E lá vai o Ash agindo como um super-herói salvador da pátria novamente. Mas dessa vez ele tinha razão... Ninguém mais estava ouvindo os lamentos do pequeno Pokémon, apenas ele, graças a sua impressionante habilidade de ler a aura.

O som dos passos dos três ecoou pelas paredes úmidas, enquanto gotas de água suja pingavam de tubulações velhas e quebradas... Se eles não pegassem uma leptospirose ali, certamente pegariam um tétano. O lugar parecia um labirinto sem fim, com corredores que se cruzavam em todas as direções, escuros e claustrofóbicos, mas Ash parecia ter um mapa mental do lugar, pois ele andava no escuro se guiando pela aura.
 Por aqui.
— Ele diz, seguindo o caminho à sua frente sem hesitar, virando um corredor à direita, depois outro à esquerda, até que...

Ali, diante dele, está o Pokémon que ele procura, enfrentando sozinho ninguém mais ninguém menos do que a Equipe Rocket!!!

Jessie com seu Pumpkaboo, James com seu Phantump, Meowth atacando com unhas e dentes... e Wobbuffet, pronto para refletir qualquer golpe que viesse... Todos estão focados em um único alvo: um pequeno Froakie, acuado, recuando contra a parede de concreto, ofegante, com olhos cheios de medo.

 Froooooaaaa...

 Ei! Parem com isso!
Ash grita, chamando a atenção da Equipe Rocket...
 "Jessensacional", "Jamesquinho" e "Miauspicioso"... O que fazem por aqui?!


 Nós viemos caçar o Mega Mewt-- Quer saber? Deixa pra lá...

Percebendo a presença de Ash para (outra vez) frustrar seus planos, eles tiram os casacos, óculos, chapéus e luvas que utilizavam para se camuflar entre a população Parisiense e se revelam, ditando seu pavoroso "lema" de boas-vindas...


 O que fazemos por aqui é a questão? É o pirralho que temos então!
 A resposta vem conforme a atração!
 Levando a luz branca ofuscante do mal para o futuro...
 Batendo o martelo da justiça sobre o vasto e infinito universo escuro...
 E esculpindo nosso nome de um modo seguro!
 A impetuosa e arrasadora Jessie!
 Elegante e trovejante, eu sou o James!
 E o mais sábio dos sábios, eu, o Meowth!
   Agora juntos, com o R da Equipe Rocket!!!
 Uóóóóbofet!
 
Ao final daquela patifaria, Clemont e Bonnie já estavam ao lado de Ash...
 Ash, você os conhece?
 Mais ou menos... Nós já nos esbarramos vez ou outra no passado! Eles são da Equipe Rocket, uma organização criminosa que costuma roubar Pokémon!
 É aí que você se engana, pivete! Nós não estamos cometendo crime nenhum ao tentar capturar um Froakie SELVAGEM!
 Em uma batalha de 4 x 1? Isso é INJUSTO!
 E quem liga para o que é justo?
 Bom, a população de Parisia em peso, pelo visto...
— Diz Ash, rememorando os protestos.
 Seja como for, este pobre Pokémon está acuado! E eu, como um futuro Mestre Pokémon, lhes digo que não é assim que se faz uma captura!
 Acho que tive uma amnésia... Não consigo me lembrar de quando foi que eu pedi a sua opinião...?
 Jessie, James, vamos continuar com o plano ou o Froakie vai fugir... Esses bobocas só estão lhes distraindo!
 Tem razão, Meowth!
 Não vamos deixar barato... Pumpkaboo, ataque esses pirralhos intrometidos! Pulso Sombrio!
 Meu precioso, gracioso, adorável e cativante Phantump... Use a Bola Sombria!
 ASH! CUIDADO!!
Clemont salta sobre Ash, derrubando-o para desviá-lo dos ataques de Pumpkaboo e Phantump, que explodem na água do esgoto, levantando uma nuvem fétida, que respinga por todos os lados.
 UGH!
 Shinx, vamos precisar de você!
 Dedenne, faça-os parar!


 Nennenne!
Ash se perguntou como Bonnie podia ter um Pokémon, com aquela idade, mas ele logo concluiu que aquele Dedenne havia sido um presente de Clemont. Sem perder tempo, Ash enviou seu próprio Pokémon elétrico para o campo...
 Pikachu, vamos ajudar aquele Froakie!
 Pika, Pika!

E a disputa estava formada. Agora sim era uma luta justa, de 4 contra 4. Entretanto, antes que Ash e seus novos amigos pudessem fazer qualquer coisa, o pequeno Froakie joga suas “Frobolhas” para todos os lados, prendendo Ash, Clemont, Bonnie, Pikachu, Shinx e Dedenne.
 FROOOAAA!!!
 
 
Ash se debate tentando se soltar, completamente surpreso.
 Ele não quer ajuda...
Mas aquele era um comportamento contraditório, pois sente através da aura que Froakie, no fundo, está desesperado... Ele precisa de ajuda, mesmo que não queira admitir!


De repente, então, Froakie toma a iniciativa... Ele salta alto, usando suas Bolhas como degraus improvisados. Ele gira no ar e acerta Pumpkaboo e Phantump com um Pulso d'Água Duplo, rápido e certeiro, jogando-os para cima ao mesmo tempo em que lhes infligia Confusão. Os dois Pokémon caem pesados sobre Meowth, que tropeça e rola direto para cima de Wobbuffet...


Jessie fica furiosa, gritando:
 Seu Froakie insolente!
Mas antes que a embolada Equipe Rocket pudesse fazer qualquer outra coisa, Pikachu, com um brilho intenso, se liberta e os ataca com sua Investida Trovão.
 Pika, Pika, Pika, Pika, Pika, Pika, Pika, PIKAH!!!


Pikachu passa zunindo, como uma descarga elétrica que rasga o ar, atingindo a Equipe Rocket e lançando-os pelos esgotos, fazendo-os desaparecer na escuridão.
 Oh, oh!
 Que sensação estranha é essa?
 Seria só um Flashback ou seria nostalgia?
 Parece que a Equipe Rocket...
   Está decolando de novoooo!!! *miau*
 Uóóóóbofet!

Ash, desvencilhando-se do material pegajoso ao aplicar um pouco mais de força em seus músculos, então corre até o Froakie, preocupado. 
 Ei, você está bem?
Ele estende a mão, mas Froakie, com um olhar de desprezo, dá um TAPA nela, recusando qualquer gesto de ajuda. E então, sem aviso, o pequeno Pokémon vira-se e dispara por um corredor estreito, rapidamente sumindo na escuridão dos esgotos.
 EEEEI! Froakie, espera!
Ash grita, começando a correr atrás dele...



O ar fica ainda mais pesado e o cheiro, ou melhor dizendo, FEDOR, fica mais intenso. Ash continua, seguindo Froakie cada vez mais fundo, entrando na parte mais labiríntica dos esgotos... Até que o ar fica mais frio e pesado... A escuridão se aprofunda... A quantidade de degraus não parece ter fim... Ash só se dá por conta de onde indo está quando vê uma placa na entrada de uma câmara... Ele não precisava saber francês para entender o que estava dizendo: "Pare! Este é o Império da Morte"!


Les Catacombes de Lumiose... As catacumbas de Lumiose! A história do sepulcro coletivo subterrâneo começa no final do século XVIII, quando Lumiose enfrentava uma grave crise de saúde pública devido à superlotação dos cemitérios. Em 1786, as autoridades parisienses decidiram esvaziá-los e transferir os ossos para as antigas pedreiras de calcário abaixo da cidade. Inicialmente, os ossos eram jogados de qualquer maneira nos túneis. No entanto, com o passar do tempo, houve a preocupação de fazer um percurso artístico, com os ossos dispostos de maneira organizada. Assim, as ossadas maiores foram colocadas à frente, onde recebiam esculturas formadas por crânios. E hoje, a mais de 100 degraus de profundidade, os mais de 300 quilômetros de catacumbas se tornaram ponto turístico de Lumiose, a cerca de 20 metros abaixo de terra. 

A partir dali, Ash podia sentir a energia descer lá embaixo, suscitando-lhe arrepios... Aquele lugar era infestado por ratos e (mais assustador ainda) moradores de rua... Logo mais à frente, onde o agora c*g*do treinador de Pallet havia visto Froakie se esconder, havia ossos empilhados em montes ao redor, formando uma escultura bizarra em formato de Pikachu, ao final de um corredor estreito submerso em sombras.


Nessas alturas do campeonato, Ash ouvia sussurros que imploravam por ajuda, e enxergava vultos de consciências humanas que estavam onde não deveriam estar.




Então, o treinador para de súbito e grita por cima do ombro:
 Clemont! Não deixa a Bonnie se aproximar!
Sua voz ecoa nas paredes úmidas até chegar no Líder de Ginásio, que rapidamente entende o recado.

Froakie para ao pé de uma pilha de ossos, com os olhos estreitos e desconfiados. Ash respira fundo, abaixa-se lentamente, tentando parecer menos ameaçador.
 Calma, Froakie... Eu só quero te ajudar...
Froakie está agora entre uma pilha de fêmures, e Ash. O treinador, por sua vez, está acocado em frente ao Pokémon, estendendo-lhe a mão com cuidado... Um movimento em falso e Froakie pode sair correndo... Está dando certo... Está dando cert--

Mas Froakie não quer conversa!!! Ele lança suas Bolhas direto no rosto de Ash, a espuma estourando com força, cegando-o por um momento. Ash recua, limpando os olhos rapidamente, enquanto Froakie salta bravamente por entre as ossadas, tentando escapar mais uma vez.


 Pikachu, use a Cauda de Ferro!


Mesmo paralisado de medo, Pikachu corre em direção ao anfíbio, sua cauda brilha num tom metálico e, num movimento rápido, ele acerta Froakie, prensando-o contra o chão suavemente, sem usar toda a sua força.
 Eu não quero machucar você!
— diz Ash, com urgência na voz. Ele estava todo borrado, queria sair logo daquele pesadelo infernal.

Froakie, no entanto, se recusa a ouvir. Ele lança um Pulso d'Água direto em Pikachu, que esquiva com um salto rápido para trás. Froakie continua a atacar, agora usando o Cortar, suas patas afiadas cortando o ar em direção a Pikachu, que se desvia por pouco!


Pikachu reage com a Velocidade Extrema, correndo em um borrão amarelo ao redor de Froakie, tentando cansá-lo. Froakie tenta acompanhar, lançando uma sequência de Ataques Rápidos, mas Pikachu é ágil demais, desviando de cada golpe.


De repente, Froakie usa uma manobra improvisada, o Pulso d'Água Duplo que Ash o viu realizar anteriormente! Duas bolas de água em alta pressão disparam das mãos do sapinho em direções diferentes, cruzando-se e forçando Pikachu a recuar, se esquivando por um fio. Pikachu, agora no contra-ataque, prepara uma Bola Elétrica, formando um pequeno orbe de eletricidade na cauda, o qual ele arremessa com força.


Mas Froakie é ágil e usa suas "Frobolhas" para criar uma barreira pegajosa, que diminui o impacto da Bola Elétrica como se uma sequência de "Refletir" e "Tela de Luz" tivesse sido usada, filtrando o ataque.


 Já chega de brincadeira! Pikachu, use a Investida Trovão (Mas com calma)!
Pikachu concentra sua energia, o corpo começando brilhando tanto, que iluminava por entre a Cavidade Orbitária daqueles zilhões de caveiras dispostas em sequência. Então, o roedor dispara numa velocidade controlada, apenas o suficiente para atordoar Froakie sem machucá-lo. Froakie tenta se esquivar, mas é atingido de leve, e cambaleia, ainda tentando se manter em pé.

Froakie, exausto, prepara um último ataque... Mas suas pernas fraquejam, e ele cai de joelhos, respirando com dificuldade, e só então cede, completamente incapacitado. Ash não perde tempo. Ele lança uma Pokébola, que atinge Froakie e o envolve em um brilho vermelho.


A Pokébola treme no chão uma, duas, três vezes... E então, se fecha com um clique. Ash suspira de alívio e corre até ela, pegando a Pokébola em suas mãos.
 Eu vou levá-lo para a superfície e cuidar de você. Eu prometo.
 Que legal! Que legal! Ash capturou o Froakie, maninho!
 Aaaaaah! Bonnie, o que faz aqui?!
 Ela... Ela c-c-correu! Puff, puff... Não consegui... Segurá-la!
 Bonnie, você não tem medo de vir até aqui?
 Claro que não! São só um monte de ossos!
Bonnie dá um tapinha em Ash, como quem diz "eu não sou mais criança". Mas de fato, ela era a única que não parecia incomodada ali. Sorte a dela que ela não tinha o poder de sentir a aura. Caso contrário, ela veria aquela moça com um vestido do século XVIII flutuando ali atrás...
 Essa menina é o próprio diabo, Ash! Ela não tem medo de nada!
 Mas EU tenho! Vamos dar o fora daqui!



De volta ao Centro Pokémon, a Enfermeira Joy cura o Froakie sem sequer precisar tirá-lo da pokébola, em uma daquelas máquinas ultra modernas de recuperação instantânea. Ela o entrega para Ash e o parabeniza pelo novo membro em seu time. Ash, porém, segue intrigado. Por que diabos aquele Froakie era tão arisco e tão hostil?
 Bom, foi um prazer conhecê-los, Clemont e Bonnie. Eu vou indo nessa. Lumiose não é para mim...
 Ei! Ash, para onde você vai?
 Para a Cidade Galatan. Dizem que há um ginásio por lá também.
 Ei! Nós também estamos indo para lá!
 Estão?
 Sim, eu encomendei algumas peças para trabalhar na minha mais nova invenção, o Robô Clembot, para me substituir no ginásio quando eu não puder batalhar...
 Uau! O poder da ciência é incrível!
 Por que não vem com a gente, Ash? Vai ser divertido!
 É, podemos te dar uma carona...
 CARONA?

Por que Ash foi perguntar?


Ash precisou ir agarradinho à cintura de Clemont em um Gogoat de aluguel, enquanto Bonnie trotava livre na frente, em um Skiddo igualmente pago, rumo ao sul da cidade das luzes. O solavanco era desagradável e suas nádegas provavelmente ficariam doloridas da sela, mas Ash concluiu que poderia ser pior. Quer dizer... Nada poderia ser pior do que entrar sozinho nas catacumbas atrás de um Pokémon, certo? Ceeeeerto? É, talvez não.


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