Artigo de Opinião: Digimon Ghost Game foi um Terror!


Digimon Ghost Game, a última animação da Toei lançada pela franquia chegou ao seu fim no último dia 26. Após 67 episódios e 1 especial, será que a série cumpriu com o que prometia? Clique sobre o título desta postagem e bora conferir o que eu penso a respeito.

Sinopse
Digimon Ghost Game conta a história de Hiro Amanokawa, um estudante que vê sua vida virar do avesso no momento em que seu misteriosamente pai desaparece, deixando para trás apenas um relógio misterioso (o Digivice -V-). E é mexendo neste relógio que Hiro conhece Gammamon, um Digimon que aparentemente foi deixado por seu pai para que Hiro o cuidasse como um irmão mais novo.

A trama se desenrola em um futuro não muito distante no qual a tencologia dos hologramas é extremamente comum por todo o Japão, e diversos incidentes relacionados (ou não) a isso começam a ocorrer. As pessoas começam a chamar tais eventos de "fantasma de holograma". Junto de Gammamon e também de seus amigos Ruli e Kiyoshiro, Hiro embarca em uma aventura diária de combate aos fantasmas de holograma, só para descobrir que todos eles eram na verdade Digimons que foram enviados para o Mundo Humano e agora estão a causar problemas.


Prós
Diferentemente da série que veio antes, Digimon Adventure: (o reboot da série clássica), Digimon Ghost Game trabalha com poucos protagonistas. Apenas 3 humanos e 3 Digimons, facilitando o roteiro no quesito desenvolvimento de personagens, afinal, com mais tempo de tela disponível para cada personagem, podemos ver mais sobre a personalidade de cada um, seus medos, seus traumas, seus sonhos, suas aspirações...

A série também atua num formato de 1 caso por semana. Ou seja, a cada novo episódio, eles precisam enfrentar um novo inimigo. E isso é ótimo, porque traz bastantes Digimons diferentes para as telinhas.

Tal como a série promete, ela entrega casos de "terror" ou "horror" e conforme os episódios vão passando e os Digimons vão ficando mais fortes, as histórias vão ficando cada vez mais macabras. O episódio que mais me causou repulsa foi sem sombra de dúvidas, o episódio de Chamblemon, no qual cogumelos começavam a crescer na pele das pessoas. E o som que os cogumelos faziam quando eram arrancos? Argh! Simplesmente NOJENTO. Ativou todos os meus gatilhos de tripofobia.


Esta é também a primeira vez que um menino protagonista tem uma Digimon feminina (Kiyoshiro e Jellymon). E não apenas isso, Jellymon demonstra ser uma Digimon totalmente independente de seu Domador, ela até tem o seu próprio negócio (embora isso sempre acabe em uma furada). O que eu tenho a dizer? Um ponto para o Japão, quebrando os tabus que o ocidente já vem quebrando há muito tempo.


Outro pró é um Digimon que se juntou à turma e deu de si para ajudar. Estamos falando de Espimon. Ao contrário de Bokomon e Neemon de Digimon Frontier, por exemplo, que eram Digimons que acompanhavam a turma de Digi-Escolhidos, mas no final só serviam de alívio cômico e em nada ajudaram, Espimon ainda conseguiu Digivoluir (tá certo que só para o Nível Adulto), mas isso ainda salvou a turma quando todos precisaram, o que também levanta a questão: será que depois do Digivice ter emparelhado com Espimon, o Hiro tem agora 2 DIGIMONS?!


Outro ponto a destacar com relação a Espimon é: como a Toei conseguiu transformar um bicho tão FEIO em algo tão fofo e agradável aos olhos? Estão de parabéns, porque a arte oficial da Bandai de Espimon é um resquício de Chernobyl:


Contras

Digimon Ghost Game quer nos fazer acreditar que haverão Digi-Escolhidos/Domadores tardios como aconteceu em Digimon Tamers, volta e meia trazendo Kotaro, Aoi e Mika como personagens recorrentes e muito próximos de descobrirem que os hologramas de Hiro, Kiyoshiro e Ruli não são hologramas, mas sim criaturas vivas, de verdade: Digimons.


E isso até mesmo é trazido à tona quando Mika se oferece para levar Espimon para a sua casa e passar a cuidar dele, depois que ele salva todo mundo, nos episódios mais próximos do final. No entanto, a promessa fica por aí mesmo, e os três jovens humanos jamais se conectam a nenhum Digimon, deixando o protagonismo apenas com os três domadores originais.

Outro ponto a destacar é que cada Nova Série de Digimon SEMPRE introduz algum elemento novo que resulta em uma evolução e/ou em uma troca de formas dos Digimons dos protagonistas. Em Digimon Adventure, tivemos as evoluções clássicas. Em Digimon Adventure 02, as Evoluções de Armadura e também as Fusões. Em Digimon Tamers, tivemos a fusão dos Domadores com seus Digimons para alcançar o Nível Mega. Em Digimon Frontier, não temos Digimons, mas espíritos que se fundem com as crianças humanas. Em Digimon Savers/Data Squad, temos o Modo Explosivo. Em Digimon Xros Wars/Fusion, temos a DigiXros. Em Digimon Universe: Appmon, temos todo um novo método de evolução, com novos níveis, já que em teoria, Digimon e Appmon são criaturas diferentes. Mas e Digimon Ghost Game, o que ela traz de novo? NADA.

Digimon Ghost Game flerta com duas possibilidades de termos uma nova mecânica de evolução nas telinhas:

A primeira é a TROCA de Digimon com Digi-Escolhidos. Inicialmente, os fãs teorizaram de que isto aconteceria na série após vermos TeslaJellymon emparelhando e recebendo comandos de Ruli. E posteriormente, até mesmo o Hiro deu comandos a Jellymon, mas isso não resutou em nada. E os demais membros do trio de Digimons (Gammamon e Angoramon) também não fizeram nenhuma troca de Domadores/Digi-Escolhidos durante a série.

Ruli conectando-se a TeslaJellymon

Hiro conectando-se a Jellymon

Já a segunda é um método de evolução ainda pouco conhecido sobre o qual ouvimos falar em descrições oficiais de alguns Digimon: a do BlackDigitron, um composto misterioso que transforma Digimons comuns em suas versões BLACK. E mais: Os Digimons que têm o "Black" no nome são também IMUNES ao vírus GRB de GulusGammamon/Regulusmon, que também transforma os Digimon em versões pretas, porém descontroladas. Nesse sentido, os protagonistas poderiam ter encontrado a substância e criado versões Black de seus próprios Digimon para protegerem-se do vírus, e esta teria sido a nova mecânica... Mas mesmo os Digimon Black que apareceram na série (BlackTailmon, BlackGalgomon, BlackAgumon e BlackGrowmon) desempenharam um papel ínfimo na história. Para falar a verdade, eu sequer me lembrava deles no momento em que Quantumon explicou sua presença no mundo humano sempre que GulusGammamon atacava, no episódio final.

 

Apesar de Digimon Ghost Game ter uma história principal (o plot de GulusGammamon e da misteriosa vinda dos Digimons para o mundo humano), o tema SEMPRE ficou em segundo plano devido o formato semanal de 1 caso por episódio. E no final, eles pareceram acelerar TANTO para entregar o final em 67 episódios, que muita coisa pareceu ficar faltando. Ou melhor, não PARECEU. Faltou, de fato.


Arcturusmon, a evolução final de GulusGammamon não apareceu como um vilão final, e o último inimigo (Regulusmon) acabou sendo só mais um Digimon do nível PERFEITO, e não do nível Mega, o que deixa a trama pouco verossímil, afinal, a turma já vinha enfrentando inimigos do nível Perfeito desde os primeiros episódios da série (vide Mummymon e Yatagaramon, por exemplo, ainda que eles não tenham sido vencidos em batalha). Em outras palavras, o inimigo final era de um nível INFERIOR ao de Siriusmon, o que não faz o menor sentido. Por mais que Regulusmon seja forte, por natureza, um Digimon de Nível Mega deveria se sobrepor a ele, por mais que a descrição no perfil oficial do inimigo o retrate como alguém muito poderoso.


Além disso, a fusão de Arcturusmon com Siriusmon, chamada de Proximamon, ficou com Deus... Se o próprio Arcutursmon não deu as caras na série, que dirá a fusão do mesmo com o seu maior inimigo, Siriusmon...

Outra coisa que ficou faltando foi o próprio desenvolvimento de personagens. Embora a série tenha tido a oportunidade de trabalhar com apenas 3 protagonistas e desenvolvê-los com bastante tempo de tela, isso não acontece de fato, e aqui vão alguns motivos:

Hiro raramente demonstra alguma emoção negativa (como saudade, dificuldades financeiras, etc) com relação ao sumiço de seu pai, tampouco com relação à sua mãe, que é totalmente AUSENTE na série.

Sobre os pais de Ruli e Kiyoshiro, nem temos o que comentar, não é? Não temos NADA sobre eles.

Ruli raramente toca no seu hobby, que é a música, apesar de ser parceira de Angoramon, que é um ótimo poeta. Música e poesia deveriam andar sempre lado a lado, afinal, a lírica das canções é feita em rimas.

Outra coisa que me incomodou bastante foi o fato que os protagonistas irem para o Digimundo no último momento possível. Como nós sabemos, a cada série, um Digimundo diferente é visto, mas este sequer teve tempo de ser explorado. Tudo o que vimos do Digimundo foi uma floresta, um castelo localizado em um vale flutuante e só. Lembra como o Digimundo era um lugar tão cheio de desdobramentos e sociedades exclusivamente formadas por Digimons em Digimon Frontier? Ou como o Digimundo era um lugar hostil e cheio de camadas em Digimon Tamers? Ou então o Digimundo de Xros Wars que era todo dvivido em zonas?

A impressão que eu tenho é que o Digimundo de Digimon Ghost Game é só um copia e cola e do último Digimundo que vimos: o do Reboot, pois tudo o que podemos ver desse lugar é um monte de selva e paisagens naturais, e isso não me agradou nem um pouco. Eu queria ver MAIS. Porque durante toda a série, vimos inúmeros cenários do mundo humano, mas quando chegou no final, vimos só a pontinha do iceberg de um Digimundo totalmente inexplorado e desconhecido.


Conclusão

Como entretenimento, Digimon Ghost Game foi uma série que me prendeu do início ao fim. Eu achei muito superior ao Reboot e a Digimon Universe, por exemplo. Quem me conhece sabe que terror e horror são meus gêneros favoritos. A cada episódio tínhamos um problema diferente que era causado por um Digimon diferente, e isso era divertido, porque as problemáticas que esses Digimon causavam no mundo humano eram terríveis, assustadoras. Eu não queria que tivesse acabado. Queria que a série tivesse ganhado mais uma temporada. Mas as coisas são como são...

Com o roteiro apressando para nos entregar o final depois de ter ficado muitos e muitos episódios enrolando com casos de fantasmas de holograma que não agregaram em nada para a trama principal, despedimo-nos da série não com um gostinho de quero mais, mas com uma sensação de que ficou faltando algo. E no final de tudo, essa história de que o GulusGammamon era bonzinho e só estava tentando se preparar para combater um inimigo que destruiu seu digi-planeta de origem, me pareceu balela. Não me comprou, Não aceitei.

Porque afinal, que inimigo é esse que só vai surgir daqui a distantes 2000 anos? E por que não tivemos nenhum indício deles antes? Além do mais, porque não tivemos NADA sobre o espaço sideral nessa série, sem ser o nome de alguns Digimons e de seus ataques?

GulusGammamon deveria ter evoluído e se separado de Gammamon há muito mais tempo. Arcturusmon deveria ter nascido, e no final, quando GulusGammamon cedesse e dissesse que só estava tentando criar um Digimundo mais forte, que sobrevivesse à vinda do "devorador" ou qualquer que seja o nome da tal criatura que ninguém viu, Gammamon poderia ter se fundido a ele e assim surgir Proximamon.

Maaas, como nada disso aconteceu e a série se apressou em encerrar da forma mais doida possível (a criação de um segundo Digimundo, onde tanto humanos quanto Digimons têm acesso - sendo que nem o primeiro Digimundo foi explorado direito), acho que Digimon Ghost Game como um todo deixou a desejar. Ainda assim, esta foi a melhor série de Digimon que tivemos desde Xros Wars (e eu nem gosto de Xros Wars, viu?). Para mim, ela até supera a série das DigiXros. Nesse sentido, acho que esta ainda é a que mais se aproxima das séries mais clássicas (de Adventure até Data Squad) no quesito qualidade. Porém, é como eu disse anteriormente, as coisas são como são. O final não entregou tudo o que deveria ter entregado e para mim, isso prejudicou o meu conceito com relação à série como um todo.

Nota 8. Eu sei que estou sendo generoso. Talvez não merecesse depois desse final, mas eu ainda gosto de uma boa história de terror e ao menos isso, Digimon Ghost Game conseguiu fazer. Pelo menos para mim (que arrepiei até a alma com os malditos cogumelos de Chamblemon)...

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