Dois longos anos haviam transcorrido desde a tragédia que marcara a vida de Liko e seu pai. Durante esse tempo, Alex, apesar de ser constantemente convocado para comparecer às reuniões escolares de sua filha, raramente havia aparecido. Em vez disso, ele havia optado por se envolver em sua nova vida, construída ao lado de sua nova esposa, deixando para trás os vestígios do passado doloroso.
O relacionamento entre pai e filha havia se tornado mais distante do que nunca, uma sombra das memórias felizes que compartilhavam antes da perda trágica de sua esposa e mãe. Liko enfrentou os desafios da escola, do crescimento e do luto praticamente sozinha, enquanto seu pai estava ocupado com as demandas de sua nova família.
No entanto, em um dia aparentemente comum, algo inesperado aconteceu. Por razões desconhecidas, o pai de Liko tomou a decisão de quebrar sua rotina de ausência nas reuniões escolares. Talvez tenha sido um lampejo de consciência, uma saudade silenciosa que o havia assombrado, ou quem sabe uma crescente preocupação com o bem-estar emocional de sua filha.
Independentemente do motivo, ele finalmente escolheu comparecer à reunião escolar naquele dia. Seu coração estava repleto de uma mistura complexa de emoções enquanto se dirigia à escola, sabendo que este era um momento crucial para sondar se Liko tinha ou não condições de ser mandada para o exterior em breve.



Alex sentou-se em frente a Clavell, cruzou os braços e ficou encarando o diretor, como se Clavell lhe devesse desculpas ou algo assim.






Naquele momento tenso, Clavell notou algo na maneira como Alex se expressava, algo que enviou um arrepio por sua espinha. Foi como se uma sutil, mas inquietante intuição atravessasse sua mente. Era um pressentimento, uma suspeita incômoda que começava a tomar forma. Clavell começou a considerar a possibilidade de que Alex estivesse causando danos físicos à sua própria filha.
As imagens dos hematomas que ele ocasionalmente notava nos braços e pernas de Liko piscaram em sua mente como peças de um quebra-cabeça que começavam a se encaixar. O que antes parecia ser meros acidentes de criança, agora assumia uma nova perspectiva sinistra.
No entanto, Clavell era um homem de princípios, alguém que acreditava na justiça e na necessidade de evidências sólidas antes de fazer qualquer acusação. Liko jamais havia feito uma queixa sequer sobre seu pai, muito pelo contrário, ela sempre o descrevia com carinho e admiração, mesmo após tudo o que havia acontecido. Clavell sabia que uma acusação tão grave como essa exigiria um cuidadoso e minucioso processo de investigação. Ele teria que reunir provas concretas e substanciais antes de considerar qualquer ação legal.
O diretor compreendeu que estava diante de um dilema doloroso e complexo. Enquanto o pressentimento persistia, ele também sabia que precisava ser paciente e cauteloso em suas ações, buscando proteger o bem-estar de Liko sem cometer injustiças. O caso, agora nascente, estava repleto de sombras e incertezas, e Clavell estava determinado a buscar a verdade, independentemente do quão difícil e dolorosa essa jornada pudesse se tornar.













Quando Alex revelou sua decisão de se casar novamente, as palavras de Clavell congelaram em sua garganta e seus olhos se arregalaram em surpresa. A notícia o atingiu como um raio, deixando-o momentaneamente sem palavras. Ele se esforçou para processar a informação inesperada e as complexas emoções que surgiram com ela.
Após um breve momento de silêncio, tudo o que o diretor conseguiu articular foi um trêmulo "Parabéns." A palavra saiu de seus lábios de forma mecânica, quase como um reflexo condicionado, enquanto ele lutava para encontrar as palavras adequadas para expressar seus sentimentos contraditórios.
Por trás daquelas palavras simples, havia uma miríade de pensamentos e preocupações que Clavell preferiu manter para si mesmo naquele momento. Ele desejava o melhor para Alex, mas também não podia deixar de se perguntar como essa nova reviravolta afetaria a já complexa dinâmica familiar, especialmente a fragilidade emocional de Liko.
Enquanto Clavell tentava sorrir de maneira genuína, sua mente estava ocupada com questões não resolvidas e um sentimento inquietante de que as coisas poderiam ficar ainda mais complicadas no futuro. Ele estava disposto a apoiar Alex, mas sabia que, mais uma vez, estava diante de uma situação desafiadora que exigiria sua atenção e cuidado constantes.


Aquele discurso parecia ter vindo do nada. O que um casamento tinha a ver com adotar um Poké-Pet?

Doía no peito de Clavell dizer aquelas palavras, mas ele estava tentando manipular o pai de Liko. Ele precisava entrar na cabeça de Alex e pensar como ele pensa, para falar como ele fala.










Clavell estava determinado a encontrar uma maneira de amenizar o sofrimento de Liko, que parecia cada vez mais isolada e triste. Ele ponderou sobre uma ideia que, se bem executada, poderia trazer algum conforto à vida da menina. A proposta era simples: Alex poderia adotar um Pokémon. Clavell acreditava que a presença de um companheiro Pokémon poderia preencher parte do vazio deixado pela ausência da mãe de Liko, oferecendo-lhe companhia e apoio emocional.
No entanto, Clavell sabia que convencer Alex a adotar um Pokémon não seria tarefa fácil. Alex, como muitos homens, tinha uma masculinidade frágil e era relutante em demonstrar suas emoções. Ele ainda sofria profundamente com a perda de sua esposa, mas escondia isso sob uma fachada de força e independência, temendo demonstrar vulnerabilidade ao expor seus sentimentos.
Clavell compreendeu que, para que sua ideia funcionasse, ele teria que abordar a situação com sensibilidade. Ele precisava encontrar uma maneira de quebrar as barreiras emocionais de Alex, manipulando-o para que ele fizesse alguma coisa para amenizar o sofrimento de sua filha e fazê-la compreender que não precisava enfrentar essa dor sozinha.
Clavell estava determinado a reunir essa família fragmentada e oferecer a Liko e Alex a oportunidade de encontrar consolo, mesmo em meio à dor que os envolvia.
Ao final da reunião, que foi mais produtiva do que o esperado, Alex estendeu a mão para cumprimentar Clavell. Ele havia decidido adotar o Pokémon, no fim das contas, e aparentemente estava faceiro em dar uma "distração" para a filha com a qual ele não sabia lidar.






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